Blog Alma Missionária

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segunda-feira, 23 de junho de 2014

  Acampamento do Sagrado Coração de Jesus

Conquiste o coração de Jesus 
Padre Adriano Zandoná
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Meus irmãos e minhas irmãs, este acampamento tem como tema: “Meu coração se compadeceu de ti”. A palavra “coração” expressa intimidade. Este evento é, para nós, um momento de construirmos a nossa intimidade com Deus e, por consequência disso, com nós mesmos. Nesta busca de alcançar intimidade com o Coração de Jesus, busquei, na leitura dos Evangelhos,saber como o Coração do Senhor interage com o nosso coração, aprendizado que partilharei com você.

Quando eu era adolescente, eu gostava de uma jovem, mas demorou um bom tempo para eu saber o que se passava no coração dela e descobrir se ela também gostava de mim. Os adolescentes entram, por vezes, numa empreitada do amor, os meninos querem desvendar o coração das meninas; o mesmo vale para as meninas. Já quando adultos somos convidados a entrar numa empreitada semelhante para termos intimidade com o Coração de Deus.

Ao tentar sondar o Coração de Jesus nesta semana, descobri que o Senhor não é um "oferecido"; por isso nós precisamos aprender a conquistá-Lo. Por onde passava, Jesus não saía gritando: “Venham até mim, pois a cura chegou!” Não! As pessoas eram convidadas a conquistar o Coração d'Ele. Descobri também que existe uma realidade que é capaz de conquistá-Lo: a humildade. O nosso mísero coração conquista, pela humildade, o Coração misericordioso de Jesus.

Nos três Evangelhos sinóticos da Sagrada Escritura, temos várias demonstrações de como as pessoas pessoas foram capazes, pela humildade, de conquistar o Coração do Senhor. No Evangelho de São Lucas 7,36-39, vemos a história de uma pecadora pública: “Um fariseu convidou Jesus a ir comer com ele. Jesus entrou na casa dele e pôs-se à mesa. Uma mulher pecadora da cidade, quando soube que estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um vaso de alabastro cheio de perfume; e, estando a seus pés, por detrás dele, começou a chorar. Pouco depois suas lágrimas banhavam os pés do Senhor e ela os enxugava com os cabelos, beijava-os e os ungia com o perfume. Ao presenciar isto, o fariseu, que o tinha convidado, dizia consigo mesmo: Se este homem fosse profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que o toca, pois é pecadora”. 

Por ela ser de uma cidade pequena, todos os moradores sabiam que ela era um prostituta. Mas nós já nos perguntamos o que levou aquela mulher a se tornar uma prostituta? Geralmente, a prostituição é a consequência de uma vida sofrida ou de uma família completamente destruída. Será que essas mulheres são felizes?

Mesmo necessitando ser alcançada por Jesus essa mulher do Evangelho não chegou altiva, gritando e exigindo de Jesus a libertação, não! Aquela mulher prostrou-se aos pés de Cristo, reconhecendo ser menor do que Ele. Aquela mulher foi justificada por sua humildade!
"Você precisa reconhecer o poder de Jesus!", exortou padre Adriano Zandoná
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Em Lucas 8, 40-55 lemos a história de Jairo que foi aos pés de Jesus e clamou pela cura da filha, que estava quase morta: “À sua volta, Jesus foi recebido por uma multidão que o esperava. O chefe da sinagoga, chamado Jairo, foi ao seu encontro. Lançou-se a seus pés e rogou-lhe que fosse à sua casa, porque tinha uma filha única, de uns doze anos, que estava para morrer. Jesus dirigiu-se para lá, comprimido pelo povo. Ora, uma mulher que padecia dum fluxo de sangue havia doze anos, e tinha gasto com médicos todos os seus bens, sem que nenhum a pudesse curar, aproximou-se dele por detrás e tocou-lhe a orla do manto; e no mesmo instante lhe parou o fluxo de sangue. Jesus perguntou: Quem foi que me tocou? Como todos negassem, Pedro e os que com ele estavam disseram: Mestre, a multidão te aperta de todos os lados... Jesus replicou: Alguém me tocou, porque percebi sair de mim uma força. A mulher viu-se descoberta e foi tremendo e prostrou-se aos seus pés; e declarou diante de todo o povo o motivo por que o havia tocado, e como logo ficara curada. Jesus disse-lhe: Minha filha, tua fé te salvou; vai em paz. Enquanto ainda falava, veio alguém e disse ao chefe da sinagoga: Tua filha acaba de morrer; não incomodes mais o Mestre. Mas Jesus o ouviu e disse a Jairo: Não temas; crê somente e ela será salva. Quando Jesus chegou à casa, não deixou ninguém entrar com ele, senão Pedro, Tiago, João com o pai e a mãe da menina. Todos, entretanto, choravam e se lamentavam. Mas Jesus disse: Não choreis; a menina não morreu, mas dorme. Zombavam dele, pois sabiam bem que estava morta. Mas segurando ele a mão dela, disse em alta voz: Menina, levanta-te! Voltou-lhe a vida e ela levantou-se imediatamente. Jesus mandou que lhe dessem de comer.”

Vem ao meu coração que esta menina foi ressuscitada, ou seja, ela estava morta e não poderia mais pedir por sua própria cura, mas seu pai teve a ousadia de ir até o Senhor Jesus e clamar por ela. Amados, o que conquista o Coração de Nosso Senhor Jesus é a humildade, palavra que aparece umas setenta vezes na Bíblia. Não são as ordens que Lhe damos, mas a capacidade de reconhecermos que não somos nada.

Pode ser que você seja muito importante e tenha muitos títulos, mas você também precisa reconhecer o poder de Jesus.

Também no Evangelho do Filho Pródigo, vemos a humildade daquele jovem ao se reconhecer não merecedor de ser chamado de filho por seu pai; do mesmo modo vemos o pai que cerca de amor aquele filho que agiu com humildade.

São João Paulo II, em sua encíclica Dives in Misericórdia” – Sobre aMisericórdia Divina – nos fala sobre a narrativa do Filho Pródigo: “Nem mesmo os maiores erros daquele menino, nada lhe roubaram a dignidade de filho”. Mesmo que você esteja vivendo uma vida longe de Deus, saiba que você é filho do Pai e, no momento em que você se reconhece humilde diante dele, este está disposto, por compaixão, a abraçá-lo! Se Deus morreu na cruz para nos salvar, quem somos eu e você para negar isso?

Em Lucas 18, 9-14 lemos a parábola do fariseu e do publicano: “Jesus lhes disse ainda esta parábola a respeito de alguns que se vangloriavam como se fossem justos, e desprezavam os outros: Subiram dois homens ao templo para orar. Um era fariseu; o outro, publicano. O fariseu, em pé, orava no seu interior desta forma: Graças te dou, ó Deus, que não sou como os demais homens: ladrões, injustos e adúlteros; nem como o publicano que está ali. Jejuo duas vezes na semana e pago o dízimo de todos os meus lucros. O publicano, porém, mantendo-se à distância, não ousava sequerlevantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador! Digo-vos: este voltou para casa justificado, e não o outro. Pois todo o que se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado.”
"A oração que mais conquista o coração de Deus é a humildade", lembra padre Adriano
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Este fariseu era muito melhor do que muitos de nós, porque ele jejuava duas vezes por semana, mas foi corrigido por Jesus ao ser tão cheio de si, orgulhoso e soberbo. Já o publicano teve atitude de se ajoelhar e se reconhecer pecador, por isso agradou ao Senhor. O vencedor não é aquele fica de pé, mas aquele que se ajoelha e se reconhece necessitado da misericórdia do Pai.

No Evangelho de São Lucas sobre o cego Bartimeu,  capítulo 18, 35-46, lemos: “Ao aproximar-se Jesus de Jericó, estava um cego sentado à beira do caminho, pedindo esmolas. Ouvindo o ruído da multidão que passava, perguntou o que havia. Responderam-lhe: É Jesus de Nazaré, que passa. Ele então exclamou: Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim! Os que vinham na frente repreendiam-no rudemente para que se calasse. Mas ele gritava ainda mais forte: Filho de Davi, tem piedade de mim! Jesus parou e mandou que lho trouxessem. Chegando ele perto, perguntou-lhe: Que queres que te faça? Respondeu ele: Senhor, que eu veja. Jesus lhe disse: Vê! Tua fé te salvou. E imediatamente ficou vendo e seguia a Jesus, glorificando a Deus. Presenciando isto, todo o povo deu glória a Deus.”

Aquele cego não ficou preocupado com o que as pessoas iriam achar dele. O nosso orgulho nos impede de receber as graças que o Senhor tem para nós. É o jeito que você reza que atrai e agrada o Coração de Deus. Agumas vezes, estamos mais preocupados com o que as pessoas acham do nosso jeito de rezar do que com o que o Senhor quer. Um famoso psicanalista do Rio de Janeiro disse uma vez: “Na maioria da vezes gastamos o dinheiro que não temos, compramos coisas das quais não precisamos, para impressionar pessoas que não conhecemos”. 

Por que Jesus encontrou, no meio da multidão, o coração daquele cego? Porque este homem se humilhou. Pode ser que alguém da sua família necessite de oração, mas não se humilha, por isso você está aqui para orar e se humilhar por ele.

Deus resiste aos soberbos, mas concede a Sua graça aos humildes. É triste ver tantas pessoas que não querem se humilhar diante de Deus, porque, mais tarde, elas vão ser humilhadas diante da vida! A Palavra é clara, pois na hora oportuna seremos ouvidos. A oração do humilde chega ao céu. E a oração que mais conquista o Coração de Deus é a mais humilde. Conquiste o Coração do Senhor com a perseverança do seu coração. Reze com persistência.

No dicionário Aurélio, a "humildade" significa ter conhecimento e sentir a própria fraqueza. Quem não se conhece não saber ser humilde. São Bernardo dizia que “a humildade é o mais perfeito conhecimento de nós mesmos”. O fariseu, no fundo, não se conhecia, por isso se julgava melhor do que o publicano. Dentro de nós tem muito de pecado e de santidade. O que mais vai crescer é o que nós mais alimentarmos.

Para o escritor C. S. Lewis : “A humildade começa no reconhecimento do próprio orgulho”. Você se conhece? Você não é só fraco, mas também não é só forte. Todos nós trazemos a mancha do pecado original. É muito mais fácil ressaltar o defeito do outro do que assumir a nossa própria fraqueza. A humildade é o reconhecer-se fraco. A ausência de misericórdia, no fundo, é ausência de autoconhecimento.

São Bernardo também afirma: “A humildade é reconhecer-se necessitado de Deus”. Somos dependentes do Todo-poderoso! Tenha a humildade de reconhecer seus erros. É tão mais fácil assumir-se errado. Não tenha medo de ser humilde, pois você vai atrair muitas bênçãos para a sua vida.

Transcrição e adaptação: Luana Oliveira


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Padre Adriano Zandoná 
Missionário da Comunidade Canção Nova


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21/06/2014 - 14h15

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