Como São João Evangelista resgatou um cristão caído que tinha se tornado chefe criminoso
O Apóstolo lega aos seus sucessores bispos um alto patamar de comprometimento com a salvação das almas perdidas
Randy OHC
10.05.2014 // IMPRIMIR
Depois de correr atrás de um pecador pelos telhados do Vaticano, o papaFrancisco foi visto pegando um atalho pela Torre de Nicolau V e abordando o anônimo blasfemo de surpresa, logo antes de ambos caírem, por entre vitrais espatifados do século XV, diretamente num confessionário logo abaixo de onde estavam.
Todos nós sabíamos que o papa Francisco era incrível, mas esse episódio é mais do que impressionante! O relato completo da perseguição, com uma foto da ação no momento em que acontecia, pode ser lido no site norte-americano The Onion.
Agora, acalmem-se: o site é humorístico e o relato é, obviamente, fictício.
Mas esta brincadeira me lembrou uma surpreendente história real sobre São João Evangelista, registrada pelo bispo Eusébio, do século IV, no Livro III, Capítulo 23, da sua História da Igreja:
"uma narrativa sobre João, o Apóstolo, que foi transmitida de voz em voz e atesourada na memória", conta Eusébio.
João acaba de retornar do exílio na ilha de Patmos e está viajando por vários lugares para ordenar bispos. Em uma das cidades, ele mostra especial preocupação com o bem-estar espiritual de um jovem e exorta o bispo local: "Este jovem eu confio a você com toda a seriedade na presença da Igreja e com Cristo como testemunha". O bispo aceita a missão e João volta para casa, em Éfeso.
O bispo repassa então a um dos seus presbíteros a tarefa de instruir e batizar o jovem. Julgando erroneamente que o jovem agora é forte na fé, porém, o sacerdote relaxa a disciplina muito cedo. É quando as coisas começam a ir ladeira abaixo.
Seduzido por "entretenimentos caros", o jovem começa a andar em más companhias que o convencem a roubar com eles. Sua consciência, no entanto, sabe que os seus atos são graves. Vendo o quanto os seus crimes foram sérios, ele começa, infelizmente, a perder a esperança na misericórdia de Deus. Julgando-se assim perdido para sempre, ele se atira ainda mais fundo no crime, e, como Eusébio descreve, se torna "um chefe criminoso ousado, o mais violento, truculento e cruel de todos eles".
Algum tempo depois, João visita aquela igreja de novo e pede ao bispo: "Restaura-nos o depósito que tanto eu quanto Cristo confiamos a ti, tendo por testemunha a igreja que presides".
No início, o bispo fica confuso, pensando que João se refere ao dinheiro, mas o Apóstolo esclarece que fala "do jovem e da alma do irmão". O bispo explode em lágrimas e confessa: "Ele está morto, morto para Deus. Ele se tornou mau e agora é um bandido. E, em vez de frequentar a igreja, ele assombra as montanhas com um bando de iguais a ele".
João, de acordo com Eusébio, "rasga as suas vestes e, batendo a cabeça com grande lamentação", clama: "A que bom guardião eu confiei a alma de um irmão! Mas trazei-me um cavalo e que alguém me mostre o caminho". João monta e parte em busca do esconderijo do agora criminoso.
Quando chega perto, é feito prisioneiro por alguns dos ladrões. Ele não resiste, mas exige encontrar o líder. O jovem está de pé, armado, quando João se aproxima. Ao reconhecer João, ele "foge, cheio de vergonha".
João, que estaria então em seus 70 ou 80 anos, "se esquece da idade, o persegue com todas as suas forças" e grita para ele: "Por que, meu filho, foges de mim, teu próprio pai, desarmado e ancião? Tem piedade, meu filho; não temas; ainda tens a esperança da vida. Eu darei contas de ti a Cristo. Se necessário, suportarei de bom grado a morte, como o Senhor sofreu a morte por nós. Por ti eu darei a vida. Levanta-te, crê; foi Cristo que me enviou".
O jovem para, abaixa o olhar, solta as armas e começa a "tremer e chorar amargamente". Quando João o abraça, o jovem confessa os seus pecados, "batizando-se", como diz Eusébio, "pela segunda vez com as lágrimas".
Vamos deixar Eusébio contar o resto da história:
"João, comprometendo-se e assegurando-lhe sob juramento que ele iria encontrar o perdão do Salvador, ajoelhou-se diante dele, beijou-lhe a mão direita como se agora purificada pelo arrependimento e o levou de volta para a igreja. E intercedendo por ele com orações abundantes, e lutando junto com ele em jejuns contínuos, e fazendo à sua mente várias declarações, ele não se afastou, como se costuma dizer, até reintegrá-lo à igreja, provendo um grande exemplo de verdadeiro arrependimento e uma grande prova de regeneração, um troféu de visível ressurreição".
Isto é um Apóstolo.
Encorajo os caros leitores a orar pelos nossos bispos, para que, como sucessores dos Apóstolos, eles tenham a sabedoria e a coragem de acompanhar o exemplo de João. E o mesmo peçamos para nós próprios.
Todos nós sabíamos que o papa Francisco era incrível, mas esse episódio é mais do que impressionante! O relato completo da perseguição, com uma foto da ação no momento em que acontecia, pode ser lido no site norte-americano The Onion.
Agora, acalmem-se: o site é humorístico e o relato é, obviamente, fictício.
Mas esta brincadeira me lembrou uma surpreendente história real sobre São João Evangelista, registrada pelo bispo Eusébio, do século IV, no Livro III, Capítulo 23, da sua História da Igreja:
"uma narrativa sobre João, o Apóstolo, que foi transmitida de voz em voz e atesourada na memória", conta Eusébio.
João acaba de retornar do exílio na ilha de Patmos e está viajando por vários lugares para ordenar bispos. Em uma das cidades, ele mostra especial preocupação com o bem-estar espiritual de um jovem e exorta o bispo local: "Este jovem eu confio a você com toda a seriedade na presença da Igreja e com Cristo como testemunha". O bispo aceita a missão e João volta para casa, em Éfeso.
O bispo repassa então a um dos seus presbíteros a tarefa de instruir e batizar o jovem. Julgando erroneamente que o jovem agora é forte na fé, porém, o sacerdote relaxa a disciplina muito cedo. É quando as coisas começam a ir ladeira abaixo.
Seduzido por "entretenimentos caros", o jovem começa a andar em más companhias que o convencem a roubar com eles. Sua consciência, no entanto, sabe que os seus atos são graves. Vendo o quanto os seus crimes foram sérios, ele começa, infelizmente, a perder a esperança na misericórdia de Deus. Julgando-se assim perdido para sempre, ele se atira ainda mais fundo no crime, e, como Eusébio descreve, se torna "um chefe criminoso ousado, o mais violento, truculento e cruel de todos eles".
Algum tempo depois, João visita aquela igreja de novo e pede ao bispo: "Restaura-nos o depósito que tanto eu quanto Cristo confiamos a ti, tendo por testemunha a igreja que presides".
No início, o bispo fica confuso, pensando que João se refere ao dinheiro, mas o Apóstolo esclarece que fala "do jovem e da alma do irmão". O bispo explode em lágrimas e confessa: "Ele está morto, morto para Deus. Ele se tornou mau e agora é um bandido. E, em vez de frequentar a igreja, ele assombra as montanhas com um bando de iguais a ele".
João, de acordo com Eusébio, "rasga as suas vestes e, batendo a cabeça com grande lamentação", clama: "A que bom guardião eu confiei a alma de um irmão! Mas trazei-me um cavalo e que alguém me mostre o caminho". João monta e parte em busca do esconderijo do agora criminoso.
Quando chega perto, é feito prisioneiro por alguns dos ladrões. Ele não resiste, mas exige encontrar o líder. O jovem está de pé, armado, quando João se aproxima. Ao reconhecer João, ele "foge, cheio de vergonha".
João, que estaria então em seus 70 ou 80 anos, "se esquece da idade, o persegue com todas as suas forças" e grita para ele: "Por que, meu filho, foges de mim, teu próprio pai, desarmado e ancião? Tem piedade, meu filho; não temas; ainda tens a esperança da vida. Eu darei contas de ti a Cristo. Se necessário, suportarei de bom grado a morte, como o Senhor sofreu a morte por nós. Por ti eu darei a vida. Levanta-te, crê; foi Cristo que me enviou".
O jovem para, abaixa o olhar, solta as armas e começa a "tremer e chorar amargamente". Quando João o abraça, o jovem confessa os seus pecados, "batizando-se", como diz Eusébio, "pela segunda vez com as lágrimas".
Vamos deixar Eusébio contar o resto da história:
"João, comprometendo-se e assegurando-lhe sob juramento que ele iria encontrar o perdão do Salvador, ajoelhou-se diante dele, beijou-lhe a mão direita como se agora purificada pelo arrependimento e o levou de volta para a igreja. E intercedendo por ele com orações abundantes, e lutando junto com ele em jejuns contínuos, e fazendo à sua mente várias declarações, ele não se afastou, como se costuma dizer, até reintegrá-lo à igreja, provendo um grande exemplo de verdadeiro arrependimento e uma grande prova de regeneração, um troféu de visível ressurreição".
Isto é um Apóstolo.
Encorajo os caros leitores a orar pelos nossos bispos, para que, como sucessores dos Apóstolos, eles tenham a sabedoria e a coragem de acompanhar o exemplo de João. E o mesmo peçamos para nós próprios.
sources: Aleteia
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