Espiritismo, busca pela Verdade e catolicismo

Espiritismo, busca pela Verdade e catolicismo

Recebemos do leitor Marcelo Olaia a seguinte mensagem:

Olá,

Achei interessantes as publicações aqui colocadas.
Algo que aprendi é de que o catolicismo é uma teologia e que o espiritismo é uma filosofia, ou seja, o catolicismo parte de uma verdade absoluta (Bíblia) e o espiritismo da busca pela constante pela verdade.
A questão é que a Bíblia foi escrita em parábola, e já em algumas vezes, as verdades absolutas tiveram que ser redefinidas, pois a ciências provou que a interpretação estava equivocada. Apenas como exemplo posso citar: O universo foi criado em 6 dias, A Terra é o centro do universo, Adão e Eva foram os únicos e primeiros habitantes do planeta, dentre outras. 
Com relação aos tratamentos espirituais, se algum lugar, que se diz centro espírita, pediu ou orientou que se larga-se o tratamento material para apenas usar o tratamento espiritual, com certeza este lugar não é um centro espírita que segue a doutrina codificado por Kardec.
Os mesmos santos venerados pelo catolicismo, também são reconhecidos pelos espíritas, assim como reconhecemos o valor inestimável de Madre Teresa de Calcutá, de Dalai Lama, dentre outras, não por sua religião, mas porque dedicaram a sua vida em prol da humanidade.
A base do espiritismo é a mesma do catolicismo, e de qualquer outra religião Cristã, ou seja, os ensinamentos deixados por nosso Mestre Jesus.
O verdadeiro espiritismo reconhece Jesus como nosso maior modelo a ser seguido e, não contraria nenhuma outra religião que tem como meta, a melhora do ser humano. Dizer que o espiritismo renega Jesus é o mesmo que dizer que Deus não é grande coisa, pois não criou o mundo em 6 dias, mas em 6 eras. Acreditar que Deus, esteja acima de tudo, como está, e que por isso mesmo não precisa seguir suas próprias leis, não é algo que me conforta, me parece mais uma questão de egoísmo e de mesquinharia, e que contraria o fato dEle nos ser superior em tudo.
(...) A razão me diz que não é possível acreditar que apenas uma existência é suficiente para poder evoluir e ter direito a uma vida eterna. Se isso fosse verdade qual o sentido em nascerem crianças deficientes? De algumas crianças serem estupradas? De tanta gente viver na miséria enquanto tão poucos têm tudo o que quiser? Por que Deus se daria ao “luxo” de ficar observando tanta barbárie, se na média, em menos de 70 anos estaríamos mortos e seriamos acordados para ter uma vida plena na eternidade? Quantos bilhões de seres estariam esperando para acordar? Adão e Eva ou mesmo Abel, estão dormindo há mais de 6 mil anos? Se alguns forem para o inferno, então Jesus mentiu? Algumas ovelhas se perderam no meio do caminho. Por que não tenho liberdade de acreditar em uma doutrina que tem uma explicação muito mais racional? Que não dogma ou mistérios? Se tudo aquilo que ela me mostra é que preciso estar sempre me melhorando, sempre praticando o bem, ter pensamentos voltados para o bem de todos, jamais julgar alguém, mesmo aqueles que cometem crimes hediondos, pois eles estão doentes e precisam de ajuda, não de quem os condene, qual é o problema que isso pode me causar?
Acredito que ao invés de ficarmos procurando o que há de negativo em cada religião, sugiro que nos concentremos na busca por aquilo que é positivo. Uns precisam estudar mais, outros ser menos egoístas, mas afinal, se todas tem como base a melhora do ser humano, qual é a dificuldade em aceitar que cada um se sente melhor com determinada religião?
Abraços

- Nossa resposta

Prezado Marcelo Olaia,

Agradecemos pela participação e confiança em nosso apostolado. Comentaremos as suas considerações ponto a ponto, já que o seu comentário é grande e contém diversos pontos-chave. Para facilitar a compreensão do texto, replicaremos os seus comentários em partes, em itálico, entre aspas. Deus nos ajude a sermos justos e fiéis à verdade. Segue:

"Algo que aprendi é de que o catolicismo é uma teologia e que o espiritismo é uma filosofia, ou seja, o catolicismo parte de uma verdade absoluta (Bíblia) e o espiritismo da busca pela constante pela verdade."

Com todo o respeito e humildade, se você "aprendeu" isso, trate de desaprender, urgente! Brincadeiras à parte, você realmente entendeu tudo errado. Primeiro, como sempre dizemos por aqui, o catolicismo não é "religião do livro". A Igreja não se fundamenta exclusivamente, - e muito menos literalmente, - naquilo que está escrito na Bíblia para elaborar a sua doutrina. E ao contrário do que você imagina, a Igreja não tem nenhum problema em dialogar com a ciência para formar a sua visão das realidades do mundo (como você mesmo reconhece em seu comentário). A Bíblia é para nós sagrada, mas não é tratado científico e não se presta à interpretação do mundo natural, e nem foi escrita com essa finalidade. Aprender isso é essencial.

A Igreja tem como fundamento a Revelação Divina, que se manifesta e se traduz na Sagrada Tradição (tema muito mais vasto e mais complexo do que se imagina), na Sagrada Escritura (que precisa ser corretamenteinterpretada) e pelo Magistério da Igreja (instituído diretamente por Nosso Senhor Jesus Cristo).

É fundamental compreender que essa Revelação diz respeito a verdades de fé: estamos tratando de espiritualidade e não de ciências naturais. Os exemplos de interpretação literal da Bíblia que você cita, portanto, não tem razão de ser quando se fala de Igreja Católica. Em eras passadas, os homens da Igreja, assim como também fizeram os homens da ciência (importante que se diga), interpretaram a natureza de modo bem mais ingênuo do que se faz hoje. A ciência progrediu e continua progredindo, e a Igreja soube acatar as descobertas científicas, dentro da sua área de atuação própria.

O que a Igreja não admite é que determinados grupos, em nome da ciência, venham a ditar novas regras de moral para a sociedade. Curioso é que, nesse ponto, estamos acompanhados até pelos espíritas, que também se posicionam contra o aborto e a clonagem humana, por exemplo.

Quanto à sua conclusão, de que o catolicismo parte de certezas enquanto o espiritismo busca constantemente a verdade, nada mais distante da Verdade. A realidade é o exato oposto: a Igreja adota uma postura 100% científica ao reverenciar o Mistério de Deus e dos seus desígnios. Já o espiritismo faz o contrário, oferecendo "explicações" para tudo, descrevendo as leis e planos espirituais em todas as minúcias, e até determinando o que Deus deve ou não deve fazer. Não é o conhecimento abrangente que faz o cientista, mas sim a ignorância reconhecida. É exatamente o que faz a Igreja , que, modesta,  limita-se a crer e contemplar. Adiante, veremos melhor esse assunto.

"...se algum lugar, que se diz centro espírita, pediu ou orientou que se larga-se o tratamento material para apenas usar o tratamento espiritual, com certeza este lugar não é um centro espírita que segue a doutrina codificado por Kardec."

[Aqui, o leitor Marcelo Olaia se refere a uma resposta que demos a um outro leitor, identificado como 'Marlon', em que citamos o caso de uma mocinha que deixou tratamento médico para submeter-se a 'tratamento espiritual' num centro espírita; o resultado é que teve o seu quadro bastante agravado, e por esse erro teve que enfrentar penosas complicações.]

Veja, Marcelo, que em resposta ao leitor Marlon, falamos em espiritismo, de modo geral, sem especificar a linha. Sabemos da existência dos chamados "alto" e "baixo espiritismo", mas tudo se inclui numa só corrente espiritual, que tem a comunicação com os "espíritos desencarnados" como regra principal. Além disso, em nosso exemplo, não dissemos que partiu do centro espírita a orientação de interromper o tratamento médico. Mas a partir do momento em que uma pessoa portadora de transtornos mentais é induzida a acreditar que o seu mal não é caso médico, e sim de "obsessão espiritual", ela tende a deixar de procurar a ajuda dos profissionais de saúde e a concentrar esforços em afastar os tais espíritos.

"Os mesmos santos venerados pelo catolicismo, também são reconhecidos pelos espíritas."

Aí você comete um erro grave. O que seria "reconhecer" um santo? Honrar a sua memória? Vou dar um exemplo: dar a um  centro espírita o nome "São Francisco de Assis", como vemos tão comumente, é ofender a memória do santo. Por que São Francisco tornou-se santo? Só porque praticou a caridade? Não. Francisco de Assis é santo porque santificou a sua vida, crendo em tudo que crê a Igreja, defendendo a fé da Igreja, crendo em Nosso Senhor Jesus Cristo como Deus e Salvador, crendo nos Sacramentos, pregando o Evangelho... De tanto amor a Cristo, morreu estigmatizado!

Aí você usa o nome dele para designar um grupo que não crê na Igreja, não crê que Jesus é Salvador, muito menos Deus, que despreza os Sacramentos e a fé da Igreja pela qual ele dedicou toda a sua vida?.. Isso é "reconhecer" o santo?

"A base do espiritismo é a mesma do catolicismo, e de qualquer outra religião Cristã, ou seja, os ensinamentos deixados por nosso Mestre Jesus. O verdadeiro espiritismo reconhece Jesus como nosso maior modelo a ser seguido..."

Mais uma vez, completamente errado. Para o católico, Jesus é infinitamente mais do que um exemplo, um "modelo a ser seguido". Jesus é Deus, Salvador, Redentor de toda a humanidade, e pelo seu Sangue derramado na cruz somos salvos. A "base" do catolicismo, portanto, não são os ensinamentos de Jesus, embora eles sejam essenciais; a Base é o próprio Cristo, sua Pessoa, seu Nascimento em forma humana, da Virgem Maria, sua Morte Sacrifical e sua Ressurreição. Em cada celebração da Santa Missa, é renovado este Sacrifício Redentor, que nos salva. Os espíritas não creem em nada disso. Para o espiritismo, basta fazer boas ações para ser considerado "cristão". Deturpação completa.

"Acreditar que Deus, esteja acima de tudo, como está, e que por isso mesmo não precisa seguir suas próprias leis, não é algo que me conforta, me parece mais uma questão de egoísmo e de mesquinharia, e que contraria o fato dEle nos ser superior em tudo."

Dizer que Deus obriga-se ou está obrigado a seguir as leis da física, como dizem os espíritas, é absurdo tremendo; é o cúmulo da arrogância humana pretender definir o que Deus pode e o que não pode, o que deve ou o que não deve fazer. É renegar o mais primário fundamento do próprio conceito do Ser Divino: a Transcendência. Deus está além das nossas capacidades de compreensão, e é exatamente por isso que a Igreja adota uma postura bem mais científica do que o espiritismo: a Igreja reconhece e se curva ante o Mistério inefável de Deus.

Já os espíritas pretendem explicar Deus, defini-Lo, dizer como Ele age, explicar em detalhes como são os planos espirituais, etc, etc. Tudo fundamentado naquilo que dizem supostos "médiuns", que falam pela influência de supostos espíritos cuja origem desconhecemos. Se o espiritismo tivesse mesmo algum caráter científico, já teria desistido de confiar nesses meios de informação/instrução há tempos, pois o tanto de bobagens que supostos "espíritos de luz" sopraram aos ouvidos de Kardec daria para escrever um outro livro. Não há nada mais contraditório do que ciência e espiritismo. Bastam alguns minutos para entender que o Livro dos Espíritos, por exemplo, traz uma série de erros, alguns tremendos absurdos, grandes bobagens ditas com palavrório pseudocientífico, difundindo doutrinas que estavam em voga na época do Kardec mas há muito descartadas pela ciência. Destacamos, brevemente, alguns exemplos:

• Desde o final do século XIX a ciência provou que não existe a "geração espontânea", afirmada como verdadeira no Livro dos Espíritos;
  
• O Livro dos Espíritos diz que a espécie humana surgiu em vários pontos da terra, que cada raça apareceu num continente, num lugar específico do planeta. A ciência desmente essa dourina absurda, provando, inclusive geneticamente, que a espécie humana teve uma origem comum, mais provavelmente na região centro-africana, e que raças começaram a se formar muito tempo depois, aproximadamente nos últimos 100 mil anos;
  
• O Livro dos Espíritos afirma que o Universo, o Tempo e o Espaço são infinitos. Desde os anos 50 do século XX, porém, a ciência sabe que o Universo é finito e está em expansão, e o Tempo e o Espaço também não são absolutos;
  
• O Livro dos Espíritos diz que o mundo foi criado segundo a célebre teoria de Laplace. Mas a teoria de Lapalace foi completamente desmentida ainda no século XIX;
  
• O Livro dos Espíritos surgiu antes do advento da psiquiatria e da psicologia. Assim, rapidamente atribui todos os fenômenos insólitos relacionados ao psiquismo humano como obra de "espíritos desencarnados". Desde a consolidação da psiquiatria, ainda no século XIX, nenhum homem de ciência considera viáveis as doutrinas espíritas, e inúmeros casos explicados como "obsessão" foram comprovadamente demonstrados como distúrbios mentais e/ou desordens emocionais, esquizofrenia, fragmentação de personalidade, etc.
  
• Diz o Livro dos Espíritos: "Por que há selvagens e homens civilizados? Se tomarmos uma criança hotentote recém nascida e a educarmos nas melhores escolas, fareis dela, um dia, um Laplace ou um Newton? (...) Sem dúvida que o hotentote é de uma raça inferior; então, perguntaremos se o hotentote é um homem ou não. Se é um homem, por que Deus o fez, e à sua raça, deserdado dos privilégios concedidos à raça caucásica (raça branca)? Se não é um homem, porque procurar fazê-lo cristão?" (KARDEC, Allan. Livro dos Espíritos, São Paulo: Inst. Difusão Espírita de Araras, sem data, cap 5, p. 126,-7). Allan Kardec, inspirado pelos "espíritos de luz" que o orientaram a "codificar" o espiritismo, afirma com todas as letras que uma criança hotentote (africana), ainda que educada nas melhores escolas, não teria possibilidade natural de alcançar o nível de um branco. Verdades científicas ou puro racismo?!

Esses são apenas alguns exemplos, sem falar de civilizações evoluídas habitando outros planetas do nosso sistema solar... Na época em que as "obras magnas" do espiritismo foram escritas, as pessoas eram mais ingênuas e não tinham como saber o tamanho destes e de muitos outros disparates. Hoje, a realidade é diferente. Mas as questões que realmente se impõem são: como podem "espíritos de luz", supostamente muito "evoluídos", dizerem tantas tolices no que se refere à ciência e astronomia? E, sendo assim, como poderíamos confiar no que eles dizem com relação aos outros assuntos?

Leia aqui a continuação...

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