A LÍNGUA LATINA NA LITURGIA - LITURGIA DIÁRIA , 02 DE MAIO DE 2013
A LÍNGUA LATINA NA LITURGIA
ERRONEAMENTE, MUITAS PESSOAS ACREDITAM QUE O CONCÍLIO VATICANO II INAUGUROU UMA NOVA ERA NA IGREJA CATÓLICA E QUE, DENTRO DESSA NOVA MENTALIDADE TRAZIDA POR ELE, O LATIM TERIA SIDO ABOLIDO . O LATIM É, SEM DÚVIDA, A LÍNGUA MAIS ANTIGA DA LITURGIA ROMANA : UTILIZA-SE, DE FATO, DESDE HÁ MAIS DE DEZESSEIS SÉCULOS, OU SEJA, DESDE QUE SE DEU, EM ROMA, NO PONTIFICADO DO PAPA DÂMASO (+384), A PASSAGEM DO GREGO PARA ESTA LÍNGUA
A Liturgia Latina sempre foi conhecida pela sua beleza, reverência e mistério. Talvez isso explique porque tantas pessoas são atraídas para esta forma de culto. De fato, devido ao crescente número de pedidos de Missa, O PAPA JOÃO PAULO II, EM SUA ENCÍCLICA ECCLESIA DEI, encorajou a celebração freqüente da liturgia Latina tradicional por aqueles católicos que a desejassem . Mais recentemente, o PAPA BENTO XVI por meio do Moto Proprio Summorum Pontificum decretou a reintrodução da Missa Gregoriana - ou Tridentina - que nunca foi ab-rogada - na vida da Igreja como o rito Romano em sua Forma Extraordinária
Muitos dizem, inclusive, que João Paulo II e seu antecessor, deixaram de lado o uso do latim e que o Papa Bento XVI quer agora voltar atrás. Todas essas afirmações não são verdadeiras . Muitos citam o CVII sem ao menos terem lido os seus documentos, criando-se assim uma expectativa que não corresponde à realidade. Em primeiro lugar, portanto, é preciso ir às fontes, ou seja, ler e entender o que dizem os documentos e o que o Papa Bento XVI pensa, de fato, por meio de seus escritos
O latim na liturgia e sua relação com o documento Sacrosanctum Concilium
O uso do latim na liturgia da Igreja está retido há anos por ser uma língua morta e reprovada pelo concílio Vaticano II? Errado. O latim sempre foi e é a língua oficial na liturgia da Igreja. O que acontece é que com o passar dos anos pós reforma litúrgica feita por este concílio, á língua bimilenar da liturgia da Igreja – o latim - foi abolida e deu lugar somente ao vernáculo (português).
Em parte alguma deste documento, que digamos ser o documento por excelência da reforma litúrgica, fala da dissolução do latim, mas pelo contrário, pede-se para conservar o uso dele
O uso do latim na liturgia da Igreja está retido há anos por ser uma língua morta e reprovada pelo concílio Vaticano II? Errado. O latim sempre foi e é a língua oficial na liturgia da Igreja. O que acontece é que com o passar dos anos pós reforma litúrgica feita por este concílio, á língua bimilenar da liturgia da Igreja – o latim - foi abolida e deu lugar somente ao vernáculo (português).
Em parte alguma deste documento, que digamos ser o documento por excelência da reforma litúrgica, fala da dissolução do latim, mas pelo contrário, pede-se para conservar o uso dele
Vejamos então o que fala neste documento em relação á língua latina e o uso da língua vernácula (português) : “A língua litúrgica: traduções
36. § 1. Deve conservar-se o uso do latim nos ritos latinos, salvo o direito particular
§ 2. Dado, porém, que não raramente o uso da língua vulgar pode revestir-se de grande utilidade para o povo, quer na administração dos sacramentos, quer em outras partes da Liturgia, poderá conceder-se à língua vernácula lugar mais amplo, especialmente nas leituras e admonições, em algumas orações e cantos, segundo as normas estabelecidas para cada caso nos capítulos seguintes
§ 3. Observando estas normas, pertence à competente autoridade eclesiástica territorial, a que se refere o artigo 22 § 2, consultados, se for o caso, os Bispos das regiões limítrofes da mesma língua, decidir acerca do uso e extensão da língua vernácula. Tais decisões deverão ser aprovadas ou confirmadas pela Sé Apostólica
§ 4. A tradução do texto latino em língua vulgar para uso na Liturgia, deve ser aprovada pela autoridade eclesiástica territorial competente, acima mencionada. D. Normas para a adaptação da Liturgia à índole e tradições dos povos”.
Como podemos perceber, não há nenhuma dissolução do latim na liturgia e sim uma promoção da língua vernácula (o português) para a melhor participação da assembléia
Sobre a língua a ser utilizada na Liturgia
§ 4. A tradução do texto latino em língua vulgar para uso na Liturgia, deve ser aprovada pela autoridade eclesiástica territorial competente, acima mencionada. D. Normas para a adaptação da Liturgia à índole e tradições dos povos”.
Como podemos perceber, não há nenhuma dissolução do latim na liturgia e sim uma promoção da língua vernácula (o português) para a melhor participação da assembléia
Sobre a língua a ser utilizada na Liturgia
54. A língua vernácula pode dar-se, nas missas celebradas com o povo, um lugar conveniente, sobretudo nas leituras e na «oração comum» e, segundo as diversas circunstâncias dos lugares, nas partes que pertencem ao povo, conforme o estabelecido noart. 36 desta Constituição. Tomem-se providências para que os fiéis possam rezar ou cantar, mesmo em latim, as partes do Ordinário da missa que lhes competem
Se alguns lugares parecer oportuno um uso mais amplo do vernáculo na missa, observe-se o que fica determinado no art. 40 desta Constituição”
Art. 40 : Casos especiais
"40. Mas como em alguns lugares e circunstâncias é urgente fazer uma adaptação mais profunda da Liturgia, que é, por isso, mais difícil:
1) Deve a competente autoridade eclesiástica territorial, a que se refere o art. 22 § 2, considerar com muita prudência e atenção o que, neste aspecto, das tradições e génio de cada povo, poderá oportunamente ser aceite na Liturgia. Proponham-se à Sé Apostólica as adaptações julgadas úteis ou necessárias, para serem introduzidas com o seu consentimento. 2) Para se fazer a adaptação com a devida cautela, a Sé Apostólica poderá dar, se for necessário, à mesma autoridade eclesiástica territorial a faculdade de permitir e dirigir as experiências prévias que forem precisas, em alguns grupos que sejam aptos para isso e por um tempo determinado
1) Deve a competente autoridade eclesiástica territorial, a que se refere o art. 22 § 2, considerar com muita prudência e atenção o que, neste aspecto, das tradições e génio de cada povo, poderá oportunamente ser aceite na Liturgia. Proponham-se à Sé Apostólica as adaptações julgadas úteis ou necessárias, para serem introduzidas com o seu consentimento. 2) Para se fazer a adaptação com a devida cautela, a Sé Apostólica poderá dar, se for necessário, à mesma autoridade eclesiástica territorial a faculdade de permitir e dirigir as experiências prévias que forem precisas, em alguns grupos que sejam aptos para isso e por um tempo determinado
3) Como as leis litúrgicas criam em geral dificuldades especiais quanto à adaptação, sobretudo nas Missões, haja, para a sua elaboração, pessoas competentes na matéria de que se trata”
Prosseguimos em relação aos outros sacramentos e sacramentais :
“63. Pode ser frequentemente muito útil para o povo o uso do vernáculo na administração dos sacramentos e sacramentais.Dê-se-lhe, por isso, maior importância segundo estas normas :
a) Na administração dós sacramentos e sacramentais pode usar-se o vernáculo, segundo o estatuído no art. 36; b) A competente autoridade eclesiástica territorial, a que se refere o art. 22 § 2." desta Constituição, prepare o mais depressa possível, com base na nova edição do Ritual romano, os Rituais particulares, adaptados às necessidades de cada uma das regiões, mesmo quanto à língua. Procure-se que sejam postos em vigor nas respectivas regiões depois de aprovados pela Sé Apostólica. Na composição destes Rituais ou especiais «Colecções de ritos» não devem omitir-se as instruções que o Ritual romano coloca no início de cada rito, quer sejam de carácter pastoral, quer digam respeito às rubricas, quer tenham especial importância comunitária”
Percebemos que a promoção da língua vernácula (português) permanece muito ativa no documento, mas o latim ainda é o patrimônio e de um grau importante a ser considerado
Percebemos que a promoção da língua vernácula (português) permanece muito ativa no documento, mas o latim ainda é o patrimônio e de um grau importante a ser considerado
Quanto ao ofício Divino :
“101. § 1. Conforme à tradição secular do rito latino, a língua a usar no Ofício divino é o latim. O Ordinário poderá, contudo, conceder, em casos particulares, aos clérigos para quem o uso da língua latina for um impedimento grave para devidamente recitarem o Ofício, a faculdade de usarem uma tradução em vernáculo, composta segundo a norma do art. 36. § 2. O Superior competente pode conceder às Monjas, como também aos membros dos Institutos de perfeição, não clérigos ou mulheres, o uso do vernáculo no Ofício divino, mesmo na celebração coral, desde que a versão seja aprovada.
§ 3. Cumprem a sua obrigação de rezar o Ofício divino os clérigos que o recitem em vernáculo com a assembleia dos fiéis ou com aqueles a que se refere o § 2, desde que a tradução seja aprovada”
§ 3. Cumprem a sua obrigação de rezar o Ofício divino os clérigos que o recitem em vernáculo com a assembleia dos fiéis ou com aqueles a que se refere o § 2, desde que a tradução seja aprovada”
Notamos mais uma vez o grau de importância da promoção da língua vernácula, mas o latim ainda ocupa o seu lugar
Quanto á música:
“113. A acção litúrgica reveste-se de maior nobreza quando é celebrada de modo solene com canto, com a presença dos ministros sagrados e a participação activa do povo . Observe-se, quanto à língua a usar, o art. 36; quanto à Missa, o art. 54; quanto aos sacramentos, o art. 63; e quanto ao Ofício divino, o art. 101.”
No documento SacrosanctumConcilium não é encontrado nenhuma obrigação da retirada do latim na Liturgia da Igreja. Sabemos sim, que a Língua vernácula foi promovida para ter o seu lugar e também se tornou uma riqueza de inestimável valor para a Igreja (mesmo com alguns erros de tradução), mas excluir totalmente o latim não condiz com o documento apresentado
No documento SacrosanctumConcilium não é encontrado nenhuma obrigação da retirada do latim na Liturgia da Igreja. Sabemos sim, que a Língua vernácula foi promovida para ter o seu lugar e também se tornou uma riqueza de inestimável valor para a Igreja (mesmo com alguns erros de tradução), mas excluir totalmente o latim não condiz com o documento apresentado
Documentos posteriores enfatizaram mais a promoção da língua vernácula na liturgia, tanto que o que vemos hoje é somente a Missa sendo celebrada toda na língua vernácula. Então, para onde foi o latim? Sendo uma língua de quase de dois mil anos de tradição na Liturgia da Igreja
Não cabe aqui recorrer ás razões sociais, movimentos e tendências relativistas, porque estamos tratando de um assunto linguístico litúrgico; mas o que se sucedeu foi á extinção por completo do latim na Liturgia, com toda a sua história, riqueza e originalidade. Quando o Senhor foi crucificado na cruz, estava o latim entre as três línguas escritas no cartaz colocado por Pôncio Pilatos no alto do madeiro, e Pôncio Pilatos não atendeu as reivindicações das autoridades religiosas (farizeus) para retira-lo desta placa
Até hoje há muitos textos sagrados em latim, podemos citar a oração de exorcismo. Esta só pode ser pronunciada em latim, pelo fato de ser uma língua morta e conter nela toda a originalidade e sem erros de interpretação. Quando é citado este assunto “a volta do latim”, muitas pessoas sentem calafrios, demonstram medo e repugnância como se fosse algo de muito errado que aconteceu e que vai retornar a Igreja. Mas isso é um absurdo! Se colocarmos na balança de toda a história da Igreja,sendo de um lado todos os santos, papas, mártires, leigos e fiéis que morreram em estado de santidade, que rezaram a Missa em latim e do outro, todos os santos, papas, mártires, leigos e fiéis que morreram em estado de santidade, mas que rezaram a Missa em vernáculo, a balança quebrará de tanto peso que será colocado do lado dos que rezaram a missa em Latim. Não houve uma ruptura da Igreja depois do concílio, a Igreja é e sempre foi a mesma de sempre e o latim era antes de tudo uma ferramenta de unidade
Há uma história da segunda guerra mundial em que num determinado dia, dois soldados estavam rezando uma missa em Latim em uma Igreja, eram um francês e um alemão, inimigos de guerra. Ambos sabiam da rivalidade, mas a língua os unia naquela sagrada liturgia
Esta não é uma provocação ou reivindicação para a volta do uso do latim na Liturgia, e sim um aviso prévio de respeito. Não é uma fomentação para retirar tudo o que foi conquistado pela Liturgia nestes anos pós Concílio Vaticano II em relação á língua vernácula, até porque esta conquista é importante para a Igreja. O vernáculo vai continuar a permanecer, mas o latim, como nos cânticos (Gregoriano), merece o seu devido respeito. O Papa Bento XVI promoveu a reforma da reforma Litúrgica, sendo com isto, uma possível volta das riquezas (raízes) perdidas
Por tanto, fica uma recordação e uma valorização para o que o futuro nos aguarda. Quanto ao uso do latim, o povo não se assuste, mas tenha orgulho de saborear o que milhares de santos saciaram ao longo de nossa história.
36. §1. Linguae latinae usus, salvo particulari iure, in Ritibus latinis servetur.
Referências na Introdução Geral do Missal Romano
36. §1. Linguae latinae usus, salvo particulari iure, in Ritibus latinis servetur.
Referências na Introdução Geral do Missal Romano
“12. O Concílio Vaticano II, reunido para adaptar a Igreja às necessidades de seu múnus apostólico nos nossos dias, examinou em profundidade, como o Concílio de Trento, o aspecto catequético e pastoral da sagrada Liturgia15. E, como nenhum católico negue a legitimidade e a eficiência de um rito sagrado realizado em língua latina, ele pôde reconhecer que "não raro o uso da língua vernácula seria muito útil para o povo" e conceder a licença para usá-la16. O ardente entusiasmo com que esta deliberação foi acolhida por toda parte fez com que logo, sob a direção dos Bispos e da própria Sé Apostólica, todas as celebrações litúrgicas participadas pelo povo pudessem realizar-se em língua vernácula para que mais plenamente se compreendesse o mistério celebrado
13. Contudo, como o uso da língua vernácula na sagrada Liturgia é apenas um instrumento, embora de grande importância, pelo qual mais claramente se realiza a catequese do mistério contido na celebração, o Concílio Vaticano II ordenou que algumas prescrições do Concílio de Trento, ainda não cumpridas em todos os lugares, fossem postas em prática, com a homilia nos domingos e dias de festa17, ou a introdução de algumas explicações durante os ritos sagrados18”
41. Em igualdade de condições, o canto gregoriano ocupa o primeiro lugar, como próprio da Liturgia romana. Outros gêneros de música sacra, especialmente a polifonia, não são absolutamente excluídos, contanto que se harmonizem com o espírito da ação litúrgica e favoreçam a participação de todos os fiéis50
41. Em igualdade de condições, o canto gregoriano ocupa o primeiro lugar, como próprio da Liturgia romana. Outros gêneros de música sacra, especialmente a polifonia, não são absolutamente excluídos, contanto que se harmonizem com o espírito da ação litúrgica e favoreçam a participação de todos os fiéis50
Uma vez que se realizam sempre mais freqüentemente reuniões internacionais de fiéis, convém que aprendam a cantar juntos em latim ao menos algumas partes do Ordinário da Missa, principalmente o símbolo da fé e a oração do Senhor, empregando-se melodias mais simples51 . Citações no Codigo de Direiro Canônico
"Cân. 928 — Realize-se a celebração eucarística na língua latina ou em outra língua, contanto que os textos litúrgicos estejam legitimamente aprovados
Cân. 249 — Nas Normas da formação sacerdotal proveja-se a que os alunos não só aprendam cuidadosamente a língua pátria, mas dominem também a língua latina e tenham conhecimentos das línguas estrangeiras que sejam necessárias ou úteis à sua formação e ao exercício do ministério pastoral"
Cân. 249 — Nas Normas da formação sacerdotal proveja-se a que os alunos não só aprendam cuidadosamente a língua pátria, mas dominem também a língua latina e tenham conhecimentos das línguas estrangeiras que sejam necessárias ou úteis à sua formação e ao exercício do ministério pastoral"
O Papa Bento XVI, em sua sabedoria, diz que é preciso que o CVII seja visto em seu lugar original, ou seja, ele é o XXIII Concílio Ecumênico da Igreja Católica e deve ser lido em consonância com todos os outros anteriores a ele, na chamada “hermenêutica da continuidade”
Não como se ele fosse o primeiro de uma nova era e que a Igreja tivesse se tornado outra ou rompido com a antiga. Não. A Igreja é uma só desde sempre e é de suma importância manter a tradição, repetindo na Sagrada Liturgia as palavras pelas quais tantos santos e santas deram a vida para defender
O PAPA BENTO XVI, ao publicar a sua nova Exortação Apostólica “Sacramentum Caritatis”, aborda uma questão polêmica, mas oportuna à Igreja: o uso do Latim na Liturgia. A imprensa mundial– mais precisamente a brasileira – deturpou gravemente as palavras do Santo Padre, as quais se apresentam abaixo ipsis litteris em relação ao original : “A língua latina 62 . O que acabo de afirmar não deve, porém, ofuscar o valor destas grandes liturgias; penso neste momento, em particular, às celebrações que têm lugar durante encontros internacionais, cada vez mais frequentes hoje, e que devem justamente ser valorizadas. A fim de exprimir melhor a unidade e a universalidade da Igreja, quero recomendar o que foi sugerido pelo Sínodo dos Bispos, em sintonia com as directrizes do Concílio Vaticano II: (182) exceptuando as leituras, a homilia e a oração dos fiéis, é bom que tais celebrações sejam em língua latina; sejam igualmente recitadas em latim as orações mais conhecidas (183) da tradição da Igreja e, eventualmente, entoadas algumas partes em canto gregoriano
A nível geral, peço que os futuros sacerdotes sejam preparados, desde o tempo do seminário, para compreender e celebrar a Santa Missa em latim, bem como para usar textos latinos e entoar o canto gregoriano; nem se transcure a possibilidade de formar os próprios fiéis para saberem, em latim, as orações mais comuns e cantarem, em gregoriano, determinadas partes da liturgia.(184)”. (Benedicti XVI, In Sacramentum Caritatis, 2007) . Destarte, percebe-se que o Papa não solicitou o retorno do Latim às cerimônias litúrgicas, como falsamente noticiou grande parte da imprensa, mas apenas reafirmou algumas decisões tomadas no Concílio Vaticano II que haviam sido“esquecidas”. O que há de novo? Nada
Neste artigo, entretanto, pretender-se-á defender o retorno do uso do Latim na liturgia católica, uma vez que se entende que a sua supressão total da liturgia não representou, ao contrário do que muitos acreditam, um avanço para a Igreja. A volta do Latim repararia o equívoco da instituição do vernáculo nas celebrações em geral, cujo pretexto fora torná-las mais acessíveis ao povo. Ora, o argumento de que “o povo não compreendia o que era dito” não se sustenta, uma vez que havia o ORDO MISSÆ CUM POPULO - Ordinário da Missa Com o Povo” – um livrinho bilíngüe (Latim-Vernáculo) através do qual se acompanhava a Missa e, assim, compreender perfeitamente o que era dito; havendo dúvidas em relação ao Latim, podia-se recorrer imediatamente à tradução vernácula, que estava ao lado
Se a questão era o acesso, a medida mais acertada seria a elaboração de folhetos bilíngües e sua distribuição aos fiéis, como é feito com o folheto em vernáculo. Até porque, o livrinho de que se falou antes era vendido
A catolicidade eclesiástica encontra caríssima significação no Latim, uma vez que, por meio dele, se unifica a celebração em todo o mundo, lingüística e ritualmente. O Latim é ainda um “MOTU PROPRIO” da Igreja Católica, cuja ausência a descaracteriza e a torna, em determinados casos, pouco diferente das outras no que tange às celebrações. Assim como os Ortodoxos não abrem mão do uso da língua grega e os Judeus da língua hebraica, os Católicos não podem abrir mão do Latim. Ademais, os excessos, nitidamente perceptíveis em certas cerimônias, encontrariam nele certa resistência, o que também contribuirá para com a manutenção e reforço da unidade da Igreja
Fato é que muitos católicos ainda não compreendem o verdadeiro sentido das celebrações católicas. Daí se originam aqueles que vão à Santa Missa, recebem os sacramentos et cætera ou para se proteger ou porque os pais o desejam, ou por tradição familiar, ou por outros motivos que não a consciência da fé e dos sacramentos – sinais caríssimos que Cristo legou à Igreja. Neste caso, não há vernáculo que dê jeito, nem Latim que atrapalhe!Todavia, a implementação do“RITUS TRIDENTINUS” não deve se dar da forma radical como fora a sua extinção. Defende-se aqui a adoção do Latim em uma das celebrações dominicais, em um horário em que todas as Igrejas Católicas do mundo assim o façam, e nas celebrações solenes como as do Natal, da Semana Santa, CORPUS CHRISTI e outras
Como “CATHOLICA”, a Igreja deve manter celebrações dominicais em vernáculo e as que se celebram durante a semana também, a fim de que os adeptos do vernáculo não sejam excluídos da comunidade paroquial a que pertençam . Por fim, resta aguardar até que tal equívoco seja reparado e a língua do Lácio volte a ocupar o lugar de prestígio que há muito ocupara nas cerimônias da Igreja Católica, que é a única instituição no mundo que mantém vivo o Latim
1 - DE SÃO FRANCISCO DE SALES , FINAL DO SÉCULO XVI, CONTRA OS ENSINAMENTOS DOS REFORMADORES PROTESTANTES QUE, AINDA DENTRO DA IGREJA CATÓLICA, DEFENDIAM A UTILIZAÇÃO DO VERNÁCULO NA LITURGIA: "EXAMINEMOS SERIAMENTE PORQUE PRETENDEM TER O SERVIÇO DIVINO EM LÍNGUA VULGAR. SERIA PARA ENSINAR A DOUTRINA?" (...) "PARA ISTO HÁ A PREGAÇÃO, NA QUAL A PALAVRA DE DEUS, ALÉM DE LIDA, É EXPLICADA PELO SACERDOTE... DE MODO ALGUM NÓS DEVEMOS SIMPLIFICAR NOSSOS OFÍCIOS SAGRADOS EM LINGUAJAR PARTICULAR, POIS, COMO NOSSA IGREJA É UNIVERSAL NO TEMPO E NO ESPAÇO, ELA DEVE TAMBÉM CELEBRAR OS OFÍCIOS PÚBLICOS EM LÍNGUA TAMBÉM UNIVERSAL NO TEMPO E NO ESPAÇO." (CONTROVERSES, 2ÈME PARTIE, DISCOURS 25)
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