Blog Alma Missionária

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quarta-feira, 19 de março de 2014

MENSAGEM DO DIA


19/03 Eu vi...



Eu vi... Eu vi um homem com fome.
Não parecia mais homem.
Seus olhos esbugalhados, cabelos desmazelados.
Seus ossos apareciam. A pela era encarquilhada.

Eu vi um homem com fome; 
com fome de muitos anos.
De tanto comer pouco, foi ficando menos homem.
Não é que ele não quisesse. É que não tinha dinheiro.
Comia do que lhe davam; um pouco, uma vez por dia.
Ganhava 30 reais e tinha mulher e filhos. Por isso, perdera o brilho!

Eu vi um homem com fome, lá no leito do hospital.
Depois eu vi outro homem, na foto de uma revista.
E uma mulher e seu filho, lá no deserto africano. 
Era só pele e só osso. Não pareciam humanos.
Depois eu vi a comida, que se perde nas cidades 
e os grãos de soja e de trigo, 
que se perdem no transporte e as verduras e as frutas, 
que se perdem lá nas feiras.

Vi um homem com fome, cambaleando na rua.
Pensei que fosse um drogado, mas era um esfomeado.
E me lembrei da comida que as crianças jogam fora, 
que os adultos menosprezam e os restaurantes esbanjam.
Comida de matar a fome, que a gente paga e não come.
Que aqui nós temos de graça, e eles nem na desgraça.

Eu vi mil homens com fome 
quebrando a porta da escola.
Eu vi alguns incitando, por motivos nada nobres,
o desespero dos pobres.
E o governo se explicando, meio sem graça e sem jeito
porque não fez, meses antes, o que devia ter feito.

Eu vi mil homens com fome. 
E disse: O que vou fazer?
Eu vi crianças doentes, e a doença era fome.
Existe um antes da fome, um durante e um depois.
Se o governo não faz antes, a fome não vai embora.
E se o governo demora, quem passa fome o devora!
Se a Igreja não socorre, esta Igreja também morre.
E se eu também não doar, não faz sentido rezar.

Foi Nosso Senhor quem disse, que o altar pode aguardar.
Mas que o irmão ofendido, este não pode esperar.
E quando a ofensa é fome, não dá para filosofar.
Pra onde eu mando a comida, se ninguém vai lá levar?
Se quem pode não se move? E nem sequer se comove?

Eu vi um irmão com fome.
Daqui da minha cidade, eu quis lhe mandar comida.
Não tive como mandar.
Às vezes me dá vergonha de não saber ajudar!


Pe. Zezinho, scj

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