Blog Alma Missionária

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segunda-feira, 3 de março de 2014

Carnaval: Alegria cristã convive bem com entrudo

Frei dominicano Filipe Rodrigues destaca exemplo dado pelo Papa Francisco

Lusa
Lisboa, 03 mar 2014 (Ecclesia) – O frei dominicano Filipe Rodrigues considera que a alegria própria dos dias de carnaval “em nada” contraria o espírito de alegria cristã, pedida pelo Papa Francisco.
“A base é a mesma porque é uma alegria que respeita, sem magoar. Evangelho significa mesmo boa nova, uma notícia alegre. Essa é a atitude que o Papa pede que o cristão tenha todos os dias”, afirma o dominicano à Agência ECCLESIA.
A origem dos festejos de entrudo é pré-cristã, ligando-se posteriormente à Quaresma, que começa na quarta-feira de cinzas, após a terça-feira de carnaval, palavra que segundo algumas interpretações deriva da expressão latina ‘carne vale!’ (adeus, carne), prenunciando a entrada num tempo marcado pelos apelos a uma prática mais intensa do jejum, esmola e oração.
Segundo o frade dominicano o perigo é “usar máscaras todo o ano”, explica, aludindo à tradição de as pessoas que festejam o Entrudo esconderem o rosto.
“A Deus, não vamos com máscaras. Os cristãos usam uma máscara que toda a vida são chamados a viver na verdade” pois é a “autenticidade de vida que liberta e dá felicidade”.
O Papa Francisco, na exortação apostólica «A alegria do Evangelho», “pede aos cristãos para não usem a máscara de «cara de vinagre», uma expressão própria do documento”, que alerta para a “cara triste que muitos cristãos têm inclusivamente na missa”.
“Quem anda triste na Igreja tem de rever a sua forma de estar, porque é incompatível: ou essa pessoa não fez ainda a experiência de Deus ou não se quer envolver na dinâmica do reino de Deus. Com Deus tem de se falar a sério mas não com uma cara séria”, observa.
O frei Filipe, capelão no Hospital da Luz, alerta para o perigo de transformar a religião num «picar o ponto»: “Quando vamos à missa, quando cantamos e participamos, quando a palavra de Deus entra em nós e sentimos conversão, só pode haver espaço para a alegria. Todas as histórias de conversão terminam em alegria”.
O cultivo da alegria na vida não faz dos cristãos “pessoas alienadas ou iludidas”, mas deve ser resposta contra o desespero que, explica o dominicano, “manifesta uma falta de confiança em Deus”.
O convite à alegria feita por Francisco traduz uma “recuperação da originalidade de Jesus descrita nos evangelhos”, pedindo aos cristãos uma “alegria e autenticidade, não uma alegria vazia”.
A exortação apostólica é para o frei Filipe Rodrigues um documento programático: “Tenho dito a algumas pessoas que andam mais afastadas e que antigamente criticavam a Igreja que a instituição está a mudar. E nós? Estamos a mudamos com ela? Vemos mudanças no Papa e nós que o criticávamos, mudámos com ele?”.
O sacerdote aponta as palavras e os gestos do Papa próprios de uma pessoa “cheia de esperança” que acredita na mudança da Igreja.
As ações do Papa Francisco correspondem “não apenas à sua personalidade mas à sua ideia de renovação a introduzir na Igreja” e, por isso, acredita o frei Filipe Rodrigues “quem não dança esta música está a estragar a festa”.
LS

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