MENSAGEM DO DIA
Pe. Zezinho, scj
O título é longo, mas a realidade é de fácil entendimento. Passei um tempo admirando a Pietá, a Monalisa e o Davi. Vi pessoalmente e, depois, tornei a vê-las com mais detalhes, num vídeo que adquiri sobre obras monumentais e seus autores. As obra são maravilhosas, a vida, nem tanto!
De fato, são obras que resistem ao tempo. Como aqueles artistas Michelangelo Buonarotti e Leonardo da Vinci conseguiram fazer o que fizeram, temperamentais, cheios de caprichos, disputas, invejas e ressentimentos como eram? Aí entra a obra e o autor. O autor humano nem sempre dura mais do que a sua obra e tem manchas e rachaduras que assustam. Não, suas obras!
Deus existiu antes e durante e existirá depois do Universo, se este acabar. O ser perfeito fez uma obra imperfeita, e as faz, porque se fizesse alguma obra perfeita teria feito outro deus. Neste caso, ele não seria o Deus único, mas apenas o deus numero um. Cairíamos na concepção dos gregos, que em sua mitologia, faziam de Uranos o deus numero um, mas não o Deus único, nem o Todo Poderoso. Para os gregos o todo poderoso era Zeus, um dos descendentes de Urano. Entre os latinos o nome era Júpiter.
Para os hebreus, mais tarde, israelitas e, mais tarde, judeus, bem como para nós cristãos, só há um Deus. No nosso caso, dizemos que ele é um só, mas é três pessoas. Jesus é o Filho encarnado. Outras religiões nos confrontam e discordam de nós. Nós, deles. Mas um fato permanece: cremos no perfeito que criou o imperfeito este, com tendência a aperfeiçoar-se.
Já, o ser humano é o imperfeito e cheio de defeitos que consegue criar algo quase sem defeitos. Isso mostra nossas contradições. Paulo, o excelente pregador, fala dessa dor que, como carvão em brasa, doeu em Isaias e Jeremias e dói fundo em cada pregador: a dor a incoerência e do sentir-se aquém da sua missão. Assim diziam Isaias, Jeremias e Paulo:
E com a brasa tocou a minha boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniqüidade foi tirada, e expiado o teu pecado. (Isaías 6, 7)
Não faço o bem que quero, mas o mal que odeio... Não sou, pois eu que o faz, mas o pecado que me domina. Em minha carne não habita o bem, porque o querer o em está em mim, mas nem sempre me vejo capaz de realizá-lo. Assim, não acabo sem fazer o bem que deveria fazer, e fazendo o mal que não quero. (Cf Rm 7, 14-19)
Assim veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta. Então disse eu: Ah, Senhor DEUS! Eis que não sei falar; porque ainda sou um menino. Mas o SENHOR me disse: Não digas: Eu sou um menino; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar, falarás. Jr 1,4-7
Na mística de todo pregador há que entrar esta realidade. Não somos o que pregamos. Falamos bonito, mas nem sempre vivemos bonito. Cabe aos fiéis saber a diferença entre o que ouvem e o que vêem e analisá-las. Abandonarão a fé por causa do pregador? Sua consciência o levará à decisão de ficar ou ir embora.
Jesus dá uma resposta ao dizer:
Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus. Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem; pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los; 5 E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes, e amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas, e as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens; Rabi, Rabi.
O maior dentre vós será vosso servo. ( Mt 23,2-11)
Pregadores que falam bonito, mas não vivem de maneira admirável são convidados à conversão. Seus ouvintes são chamados ao discernimento. Uma religião não pode se assentar sobre a pessoa do pregador. Ninguém é tão modelo de vida que possa fazer discípulos cegamente fiéis a ele. Bom pregador é o que ensina seus fiéis a falar abertamente quando discordam dele. Quando a jovem é mandada embora da comunidade porque ousou corrigir o líder que ensina uma doutrina errada, sabemos quem está errado. O que se considera inquestionável. Quem está acima da catequese está fora do catolicismo!
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