Blog Alma Missionária

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domingo, 2 de junho de 2013

Apologetica
A Comunhão dos Santos e a Igreja
Fonte: Lista Exsurge Domini
Autor: John Nascimento
Transmissão: Rogério SacroSancttus
Desde o princípio sempre o Povo de Deus acreditou na Comunhão dos Santos, isto é, na união dos que já nos precederam na morte, com os que ainda fazem parte do Corpo de Cristo na Terra.
Sempre consideraram que as orações oferecidas a Deus pelos que já morreram, como pelos que ainda vivem, têm aceitação efectiva perante a Providência de Deus pelo Seu Povo.
Temos evidência disto desde as primeiras décadas da Igreja e também a Bíblia lhe faz referência no livro dos Macabeus quando diz que - é santo e salutar orar pelos mortos.. (2 Mac. 12,45).
Todavia a crença dos Cristãos na Comunhão dos Santos, como ainda outras, não é primariamente baseada nas Escrituras.
Ela vem da inspiração do Espírito Santo, tal como a Igreja reflecte gradualmente no que Jesus fez e ensinou, para um caminho de vida.
Jesus também não escreveu, nem mandou aos seus discípulos que o fizessem, pelo que, muitas coisas que Ele ensinou se não baseiam só no que a Bíblia tem escrito, mas nos costumes e tradições que nos vêm da primitiva Igreja que nos fazem fé.
Está neste caso a oração pelos que já morreram, ou seja, a Comunhão dos Santos.
A própria ressurreição de Cristo não teria sentido sem um conceito de Comunhão dos Santos, nem a Igreja entenderia nem recomendaria a oração pelos que já morreram ; e ela ensina que os santos que estão no Céu podem interceder por nós, que ainda vivemos na Terra.
Segundo o que nos ensina o Credo ou Símbolo dos Apóstolos, a Igreja fundada por Cristo existe em três diferente estados :
- Igreja militante na Terra.
- Igreja sofredora ou purifícante no Purgatório.
- Igreja triunfante, no Céu.
No último dia após o Juízo Final, haverá apenas a Igreja Triunfante, na glória eterna.
É compreensível que haja uma intercomunicação entre as almas que se encontram nestes três estados da vida da Igreja, ou três estados do Corpo Místico.
Diz-nos o Concílio Vaticano II :
- Esta venerável fé dos nossos maiores acerca da nossa união com os irmãos que já estão na glória celeste ou que após a morte, estão ainda em purificação, aceita-a este Concilio com muita piedade... (LG.51).
Nós que ainda vamos no primeiro estado, a Igreja Militante, podemos invocar os santos que já se encontram na glória e podemos também ganhar méritos e oferecê-los pelas almas que se encontram ainda no Purgatório.
As almas que já pertencem à Igreja Triunfante, podem interceder pelas que se encontram ainda cá na Terra, como pelas que estão no Purgatório.
Elas podem obter graças para nós que ainda lutamos, e graças que ajudem as almas do Purgatório a caminho do Céu.
Finalmente as almas do Purgatório podem também invocar as do Céu em seu proveito próprio ou em nosso favor, que ainda lutamos contra o mundo, contra as fraquezas da carne e contra o espírito do mal.
Assim podemos considerar a Comunhão dos Santos como uma união e cooperação, entre si, de toda a Igreja.
Todos em conjunto formamos o Corpo Místico.
Nós partilhamos as nossas orações e os nossos méritos uns com os outros para uma maior glória de Deus e para a edificação do Corpo Místico de Cristo que é a Igreja.
Reflectindo sobre estes três estados da Igreja podemos tirar como conclusão que a Igreja é como uma grande família; a Igreja é a Família de Deus.
Isto não é uma metáfora, mas a pura realidade.
Jesus revelou-nos que Deus é nosso Pai e os membros da Igreja são os Seus filhos adoptivos.
Nós somos irmãos e irmãs do Filho de Deus, Jesus Cristo, que nos ensinou que - todo aquele que fizer a vontade de Meu Pai que está nos Céus, esse é Meu irmão, Minha irmã e Minha mãe. (Mt. 12,50).
Isto significa que todos os membros da Igreja, sejam vivos ou mortos, são irmãos entre si, são irmãos e irmãs de Jesus Cristo e são filhos e filhas de Deus nosso Pai.
É a este conceito de Igreja Família de Deus que os Teólogos chamam Comunhão dos Santos.
Como Família de Deus, todos os membros da Igreja, a que S. Paulo já chamava Santos, estão em comunhão de amizade uns com os outros.
E isto é verdade, quer estejamos ainda na Terra (Igreja militante, ainda lutando em favor da nossa fé),quer estejamos na situação intermediária de purificação no Purgatório (Igreja sofredora dos que esperam a sua entrada no Céu a que já têm direito).
Todos são parte da Igreja, da Família de Deus, unidos uns aos outros em Jesus Cristo Salvador e no amor do Espírito Santo.
Os Católicos acreditam que é muito importante considerar esta larga visão da Igreja.
Primeiro é necessário ter uma visão da Igreja como uma família unida de crentes, empenhados em amar e servir uns aos outros, em virtude da grande realidade de sermos filhos de Deus, irmãos de Jesus Cristo e habitação do Espírito Santo.
Segundo, ser membro da Igreja não está limitado aos que ainda vivem na Terra.
Jesus disse :
- Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, pois, para Ele, todos estão vivos. (Lc.20,38).
Este conceito de Igreja, Família de Deus, deveria ser para todos os Cristãos, motivo de um grande encorajamento.
Nós não estamos sós porque fazemos parte de um vasto exército de crentes que pertencem a todas as idades.
S. Paulo exorta-nos assim :
- Deste modo, cercados como estamos de uma nuvem de testemunhas, devemos sacudir todo o peso e pecado que nos cerca e correr com perseverança a carreira que nos é proposta, com os olhos fixos em Jesus, autor e consumador da fé, o Qual, pela alegria que Lhe fora proposta, suportou a Cruz, desprezando a ignomínia, e está agora sentado à direita de Deus.(Heb.l2,l-2).
A Comunhão dos Santos foi reconhecida ultimamente pelo Concílio Vaticano II e pelo papa Paulo VI, no seu Credo do Povo de Deus, e ainda no seu documento Indulgentiarum Doctrina.
Citando o Concílio Vaticano II, o Catecismo da Igreja Católica diz, sobre a Comunhão dos Santos :
957. - A Comunhão dos Santos. "Não é só por causa do seu exemplo, que veneramos a memória dos bem-aventurados, mas ainda mais para que a união de toda a Igreja no Espírito aumente com o exercício da caridade fraterna. Pois, assim como a comunhão cristã entre os peregrinos nos aproxima mais de Cristo, assim a comunhão com os santos nos une a Cristo, de quem procedem, como de fonte e Cabeça, toda a graça e a própria vida do Povo de Deus".(LG.50).
O que nunca nos foi revelado é o “modo” de Comunicarmos uns com os outros, para além dos méritos que podemos ganhar e oferecer uns pelos outros.


John Nascimento
Os santos e nós
Fonte: Lista Exsurge Domini
Autor: Livro Saiba defender sua fé
Transmissão: Taly
Queridos Irmãos Católicos:

O Santo Padre beatificou e canonizou uma grande quantidade de homens e mulheres ao longo de toda a Igreja Universal. Com isto a Igreja reconheceu oficialmente seu testemunho de santidade. Desta forma eles se convertem para os crentes num modelo de santidade e em intercessores a nosso favor. É claro que a Igreja Católica não obriga ninguém a invocar e a ter devoção aos santos.. Somente os propõe como modelos para serem imitados.

Agora bem, muitos católicos percebem que os irmãos não católicos rejeitam energicamente os santos, dizendo que não necessitamos de outros modelos de santidade, já que temos o modelo de Jesus. E menos necessitamos dos santos como intercessores, pois Cristo é o Único mediador ante o Pai. Muitos católicos não sabem o que responder e estão duvidosos frente a estas opiniões.

1- Que devemos responder aos que pensam assim?

Os irmãos evangélicos dizem: Não precisamos de outro modelo de santidade se já temos o modelo do próprio Jesus.

Queridos Irmãos: Esta é uma verdade pela metade. Em seguida me vem à mente os textos bíblicos do Apóstolo Paulo: “Para mim a vida é Cristo, e a morte é ganho...Irmãos, sigam meu exemplo e observem também os que vivem de acordo com o exemplo que nós lhes temos dado”.(Fl 1,21 e 3,17).

Em outra parte o Apóstolo diz: “Sigam vocês meu exemplo como eu sigo o exemplo de Cristo Jesus”.(1Tm 1,16).

Nestes textos vemos claramente que Paulo se coloca a si mesmo como exemplo de seguidor de Cristo, e incita os crentes a serem seus imitadores, como ele o é de Cristo.

Tomemos outro exemplo da Bíblia: Maria, a Mãe de Jesus.
Ela é a mulher “que Deus bendisse mais que a todas as mulheres” (Lc 1,28 e 1,42), como disseram o anjo Gabriel e sua prima Isabel. E no cântico de Maria(Lc 1,46-55), ela se apresenta também como exemplo de humilde servidora e de escrava, “de hoje em diante todos os homens me chamarão bem-aventurada”(Lc 1,48).

A Bíblia, então, põe claramente Maria como modelo de santidade para todas as gerações. E é isso o que a Igreja Católica celebra ao venerar Maria. A veneração a Maria nunca pode ser culto de adoração; a veneração é um culto de honra e de profundo respeito para com a Mãe de Jesus.

Quando lemos com atenção as Escrituras, percebemos que a Bíblia nos oferece muitos modelos de santidade; por exemplo: o apóstolo Tomé, que era um homem com grandes dúvidas sobre a fé mas, que no fim,proclamou Jesus como seu Senhor e seu Deus (Jo 20,26-28).
Assim também a Igreja Católica apresenta o exemplo de João Batista que com grande valentia deu testemunho de Jesus até derramar seu sangue pelo Senhor(Mt 14,1-12). De
Igual maneira,a Igreja Católica apresenta agora os santos de nossos tempos como exemplo de fé cristã. Eles nos assinalaram um caminho e muitos vêem neles a graça do senhor Jesus, que foi tão eficaz em suas vidas. Os santos são para nós verdadeiros modelos de fé cristã o que tocou de diversos modos o coração de muita gente. A fé nos irmãos evangélicos, mas um estímulo para seguir a Cristo. São três diferentes modelos de santidade que Deus presenteou à sua Igreja ultimamente.

Naturalmente devemos evitar excessos; os santos não são semideuses e a santidade de tal ou qual pessoa nunca pode obscurecer o seguimento de Cristo. Ao contrário, a verdadeira santidade dos santos sempre anima para uma maior busca de Deus.

2- Os santos como intercessores

Muitos irmãos evangélicos têm problemas para aceitar os santos como intercessores a nosso favor. Simplesmente dizem que Jesus Cristo é o único Mediador entre Deus e os homens e que não necessitamos de novos intercessores. “Há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens:Cristo Jesus”(1Tm 2,5; Hb 8,6 e 9,11-14).

Nós, os católicos, proclamamos também que Jesus Cristo é o Único Mediador entre Deus e os homens. Mas os santos não são um obstáculo para nos dirigirmos diretamente a Jesus Cristo, a Deus Pai ou ao Espírito Santo. Os santos não nos afastam de Deus; simplesmente eles, com seu exemplo de fé cristã, nos estimulam a nos aproximarmos de Deus com a única mediação de Jesus Cristo.

Agora bem, quando a Igreja Católica diz que os santos são nossos intercessores diante de Jesus Cristo, isto não quer dizer que eles são os que fazem os milagres. É sempre Deus Pai, Jesus Cristo ou o Espírito Santo, os que fazem maravilhas entre nós, ainda que os milagres possam ser feitos “por intercessão” destes santos.

3- O exemplo de Maria

Vejamos o exemplo de Maria nas bodas de Cana. È Maria a Mãe de Jesus a que convida discretamente seu Filho para fazer um milagre dizendo: “Já não têm vinho”. E Jesus lhe faz entender que a hora de fazer sinais ainda não chegou. No entanto, pela intercessão de sua Mãe Maria, Jesus faz seu primeiro milagre (Jo 2,1-12).
Este é o sentido bíblico da intercessão dos santos. Há muitos outros exemplos da intercessão dos santos ante Deus. Vejamos alguns textos: Moisés ora a Deus pela intercessão de Abraão, Isaac e de Jacó (Ex 32,11-14).
Jesus manda seus Apóstolos curar enfermos, ressuscitar mortos, limpar leprosos e expulsar demônios (Mt 10,8). Pedro e João, em nome de Jesus, curam um homem encurvado(At 3,1-10). Na cidade de Trôade, o apóstolo Paulo devolve a vida a um jovem acidentado (At 20,7-11).
Quando o apóstolo Pedro passava pela rua, o povo trazia os doentes e os punha em macas para que , ao passar Pedro, pelo menos sua sombra caísse sobre alguns deles, e todos eram curados (At 5,15-16).
Deus fazia grandes milagres por meio de Paulo, tanto que até os lenços ou as roupas que haviam sido tocados por seu corpo eram levados aos enfermos e os espíritos maus saíam destes (At 19,11-12).
Todos estes textos nos dizem que Jesus Cristo fazia milagres por meio de seus discípulos. “Vocês receberam este poder de graça; dêem também de graça” disse Jesus (Mt 10,8).

4- Deus aceita a oração dos santos

A Bíblia nos ensina também que devemos ajudar-nos mutuamente com a oração. “A oração dos santos é como perfume agradável ante o trono de Deus” (Ap 8,4).”Agora me alegro, diz o Apóstolo Paulo, no que sofro por vocês, porque desta maneira vou completando em meu próprio corpo o que falta aos sofrimentos de Cristo pela Igreja, que é seu corpo.” (Cl 1,24).
“A oração fervorosa do homem bom tem muito poder. O profeta Elias era um homem tal como nós, e quando pediu em sua oração que não chovesse, deixou de chover sobre a terra durante três anos e meio e depois quando orou outra vez, voltou a chover e a terra deu sua colheita” (Tg 5,16-18).
“Os quatro seres viventes e os 24 anciãos puseram-se de joelhos diante do Cordeiro. Cada um dos anciãos tinha uma harpa e levavam taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos” (Ap 5,8).
Em todos estes textos notamos que a oração fervorosa ou a intercessão dos santos tem muito poder diante do trono de Deus. Não podemos duvidar de que estes santos, que agora estão diante de Deus, vão interceder por nós, como o fez Moisés ao falar com Deus para aplacar sua ira, invocando Abraão, Isaac e Jacó (Ex 32,13).
Ao invocar os santos sempre contemplaremos as virtudes que Deus operou neles. Deus está sempre no mais profundo de nossa invocação ou veneração aos santos. Os santos não nos afastam de Deus, mas nos convidam a colocarmo-nos diretamente em contato com Ele, com a única mediação de Jesus Cristo.

5- Devemos evitar os excessos na veneração dos santos?

É claro que em nossa veneração aos santos devemos evitar os excessos. Por exemplo, existe gente que não busca os santos como um modelo de fé cristã, mas somente como remédio para suas enfermidades, angústias e dificuldades, ou para encontrar um objeto que perdeu.
Sabemos muito bem que há pessoas que se aproximam dos santos com uma fé quase mágica. Não nos corresponde julgar os sentimentos de nossos irmãos que têm uma fé fraca. Mas estou certo de que Deus respeita a consciência de cada um.
Penso naquela mulher da Bíblia que sofria hemorragias de sangue durante tantos anos, a que se aproximou de Jesus talvez com uma fé mágica, pensando que com apenas um tocar em seu manto se curaria, e a senhora com esta fé que nos parece meio mágica curou-se. Mas, em seguida, Jesus buscou aquela mulher e quis dar-lhe mais que um simples remédio para suas doenças. Jesus desejava um encontro pessoal com aquela enferma e esclarecer a verdadeira razão de sua cura: a fé. “Filha, foste curada porque acreditaste” (Lc 8, 43-48).
Acredito que existe muitos católicos entre nós que se aproximam de Cristo e dos santos com esta atitude tímida, com esta fé não muito clara, talvez com crenças meio mágicas. Mas não temos direito de humilhar ou esmagar esta pouca fé que o povo simples tem. É um pecado muito grave zombar da fé débil de um de nossos irmãos. Devemos ajuda-los com muito amor e purificar sua fé, como Jesus fez com aquela mulher enferma. Um pouco de fé basta para Deus agir.

Queridos irmãos católicos, termino este texto dando graças a Deus pelas grandes maravilhas que fez nos santos, e por ter-nos dado o bonito presente de nossos santos latino-americanos. Oxalá que nós, contemplando seus exemplos, consigamos também a santidade.
E termino recordando que a Igreja não obriga ninguém a invocar e a ter devoção aos santos. Isto depende do gosto, da cultura e da liberdade de cada cristão. É um caminho que se oferece, e felizes de nós se o aceitamos com humildade e agradecimento.

Todos somos chamados à santidade?
Sim, todos os batizados, tanto os que pertencem à hierarquia, como os leigos, todos somos chamados à santidade.

Quem são os santos?
Os que já chegaram à pátria e gozam da presença do Senhor. Eles não cessam de interceder por nós, apresentando a Deus- por meio do único Mediador Jesus(1Tm 2,5), os méritos que alcançaram na terra.

Para que Deus nos chama?
Deus nos chama para responder ao desejo natural de felicidade que Ele mesmo colocou dentro de nós. E esta felicidade somente podemos consegui-la com a santidade de vida. O santo é aquele que vive sua vida em plenitude, servindo a Deus e seus irmãos.

Que é a comunhão dos santos?
A comunhão dos santos significa que assim como todos os crentes formam entre si um só corpo, assim também o bem de uns se comunica a outros.

Aprofundamento do tema
Ap 8,4: “A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo com as orações dos santos, diante de Deus”
Mt 5,44 : “Sede por tanto perfeitos, assim como vosso Pai Celeste é perfeito.”
Rm 1,7: “A todos os que estão em Roma, queridos de Deus, chamados a serem santos...”
Ex 19,6: “Vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa”
1Tes 4,3:"Esta é a vontade de Deus, vossa santificação.”
2 Tm: “Deus nos salvou e chamou para a santidade.”

A Comunhão dos Santos, a Igreja e os protestantes
Fonte: Lista Exsurge Domini
Autor: D. Estevão Bettencourt - ed. Lumen Christi
Transmissão: Rogério SacroSancttus
Reproduzimos, abaixo, o documento conhecido como Declaração de Malta, assinado por um grupo de teólogos católicos, ortodoxos, luteranos, calvinistas e anglicanos, em 15 de setembro de 1.983, ao final do Congresso de Malta, realizado entre os dias 8 e 15 de setembro do mesmo ano:
"Em prosseguimento dos cinco Congressos Mariológicos Internacionais precedentes, o Congresso de Malta (8-15 de setembro de 1983) permitiu a um grupo de teólogos anglicanos, luteranos, reformados e ortodoxos reunir-se com um grupo de teólogos católicos para refletir sobre a Comunhão dos Santos e sobre o lugar que Maria ali ocupa. Reconhecidos ao Senhor pelos encontros precedentes, e pelas convergências que surgiram, acreditam poder apresentar ao Congresso as conclusões do seu diálogo.
1. Todos reconhecemos a existência da Comunhão dos Santos como comunhão daqueles que na terra estão unidos a Cristo, como membros vivos do seu Corpo Místico. O fundamento e o ponto central de referência desta comunhão é Cristo, o Filho de Deus feito homem e Cabeça da Igreja (Ef 4,15-16), para nos unir ao Pai e ao Espírito Santo.
2. Esta comunhão, que é comunhão com Cristo e entre todos os que são de Cristo, implica uma solidariedade que se exprime também na oração de uns pelos outros; esta oração depende daquela de Cristo, sempre vivo para interceder por nós (cf. Hb 7,25). 3. O fato mesmo de que, no céu, à direita do Pai, Cristo roga por nós, indica-nos que a morte não rompe a comunhão daqueles que durante a própria vida estiveram pelos laços da fraternidade unidos em Cristo. Existe, pois, uma comunhão entre os que pertencem a Cristo, quer vivam na terra, quer, tendo deixado os seus corpos, estejam com o Senhor (cf. 2Cor 5,8; Mc 12,27). 4. Neste contexto, compreende-se que a intercessão dos Santos por nós existe de maneira semelhante à oração que os fiéis fazem uns pelos outros. A intercessão dos Santos não deve ser entendida como um meio de informar Deus das nossas necessidades. Nenhuma oração pode ter este sentido a respeito de Deus, cujo conhecimento é infinito. Trata-se de uma abertura à vontade de Deus por parte de si mesmo e dos outros, e da prática do amor fraterno.
5. No interior desta doutrina, compreende-se o lugar que pertence a Maria, Mãe de Deus. É precisamente a relação a Cristo que, na Comunhão dos Santos, lhe confere uma função singular de ordem cristológica. Além disso, a oração de Maria por nós deve ser considerada no contexto cutual de toda a Igreja celeste descrito no Apocalipse, ao qual a Igreja terrestre quer unir-se na sua oração comunitária. Maria ora no seio da Igreja como outrora o fez na expectativa do Pentecostes (cf. At 1,14). Por outro lado, quaisquer que sejam as nossas diferenças confessionais, não há razão alguma que impeça unir a nossa oração a Deus no Espírito Santo com a da liturgia celeste e, de modo especial, com a da Mãe de Deus.
6. Esta inserção de Maria no culto ao redor do Cordeiro imolado (aspecto cristológico), associada a toda a liturgia celeste (aspecto eclesiológico), não pode dar lugar a alguma interpretação que venha atribuir a Maria uma honra que é devida só a Deus. Além disso, nenhum membro da Igreja saberia acrescentar qualquer coisa à obra de Cristo, que é a única fonte de salvação; não é possível passar senão por Ele, nem recorrer a uma via 'mais cômoda' que a do Filho de Deus, para se chegar ao Pai. Ao mesmo tempo, é claro que Maria tem o seu lugar na Comunhão dos Santos.
Ao término destas reflexões, nós desejamos dar um testemunho público da fraterna experiência vivida nestes dias. Ela não se limita à atmosfera em que o diálogo se realizou, mas estende-se a todas as atividades do Congresso e à mentalidade religiosa do povo maltês que, no fervor da sua oração com Maria, nos acompanhava. Conscientes de que há muitos problemas teológicos aos quais o diálogo deverá ainda levar, nós declaramos a nossa vontade de continuar as nossas reflexões no Nome do Senhor. Não é supérfluo recordar, como se fez ao término do Congresso de Saragoça em 1979, que os signatários, como membros da Comissão Ecumênica do Congresso, não querem senão empenhar-se, bem que tenham trabalhado com a preocupação constante de exprimir a fé das suas respectivas Igrejas.
Malta, 15 de setembro de 1.983. Wolfgag Borowske, luterano Henry Chavannes, reformado John de Satge, anglicano Johannes Kalogirou, ortodoxo John Milburn, anglicano Howard Root, anglicano John Evans, anglicano Franz Courth, SAC Theodore Koehler, SM Charles Molette, Sac Enrique Llamas, OCD Stefano de Fiores, SMM Pierre Masson, OP - secretário "


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