quarta-feira, 11 de dezembro de 2013
Beato Hugolino Magalotti
Hugolino Magalotti nasceu em Camerino, nas Marcas, de uma antiga e nobre família. Em pequenino ficou órfão, primeiro de mãe e depois também de pai. Na juventude sentia gosto por obras de piedade e leitura de livros santos. Integrado na Ordem Franciscana Secular, distribuiu pelos pobres todos os seus haveres e foi viver para um eremitério.
Na sua vida solitária foi provado por violentas tentações e aparições monstruosas. Mais aflitiva para ele foi a fama resultante dos milagres, a ponto de várias vezes se ver obrigado a mudar de poiso para se livrar do contínuo assédio dos curiosos. De vez em quando ia a um mosteiro próximo para receber os sacramentos. Tinha por leito habitual uma simples tábua, sobre a qual fazia o seu descanso.
Desde os primeiros anos da sua vida eremítica foi celebrado e venerado por graças que obtinha de Deus. Pedro de Brunfort, paralítico desde infância, com extrema dificuldade conseguiu aproximar-se dele, e foi por ele instantaneamente curado com uma simples benção. E uma pobre mulher, atormentada por terríveis dores e convulsões, foi levada junto do eremita, que rezou por ela e a libertou de todos os sofrimentos. E muitas outras pessoas, de todas as condições, em especial doentes da alma ou do corpo, iam ter com ele para ouvirem a sua palavra inspirada, para se encomendarem às suas orações ou pedirem ajuda para as necessidades.
No intuito de evitar tais peregrinações que dificultavam a sua união com Deus, Hugolino resolveu escolher outro eremitério. Foi para o lado oposto do mesmo monte, para um sítio rodeado de penedos e de faias muito antigas. Aí pôde intensificar as formas de penitência e de meditação. Não pôde porém, evitar assaltos por parte do demônio, que uma noite tentou mesmo tirá-lo à força para o eremitério.
Por outro lado, novas peregrinações de pessoas devotas acudiam a ele, a fim de obterem alívio para as mais diversas necessidades, tanto espirituais como materiais. São célebres alguns prodígios por ele realizados neste novo eremitério, como o de por meio da oração fazer brotar uma nascente de água cristalina que ainda hoje é recolhida e usada com devoção por muitos crentes.
Desgastado por abstinências e penitências e pelo peso dos anos, sentiu que não tardaria a soar a sua última hora, e preparou-se para a visita da irmã morte, recebendo com devoção os sacramentos. Carinhosamente assistido por alguns devotos e por um sacerdote do mosteiro próximo, reclinado sobre a tábua nua que durante muitos anos lhe servira de leito, entregou a alma a Deus, no dia 11 de dezembro de 1373.
A veneração popular às suas relíquias, bem como os milagres que operou em vida e os que o tornaram glorioso o seu sepulcro, levaram o papa PIO IX a aprovar o seu culto público, a 4 de dezembro de 1856.
Beata Vilburga, reclusa de São Floriano
A figura desta Beata, uma vida de reclusa em extrema penitência, é difícil de ser compreendida pela mentalidade moderna voltada para uma liberdade e um prazer desenfreados. Vilburga (também conhecida como Wilburgis, Wilberg), que nasceu no território da Áustria atual, viveu durante quarenta anos em uma cela.
Vilburga nasceu nas proximidades da Abadia de São Floriano. O pai, Henrique, morreu durante uma peregrinação a Jerusalém; ela foi educada sob os cuidados da mãe e da governanta. Aos 16 anos, com a amiga Matilde, fez uma peregrinação, longa e corajosa para aqueles tempos, sobretudo por uma jovem sozinha, a São Tiago de Compostela, na Espanha, uma das grandes metas de peregrinação na Idade Média.
De volta a sua terra natal, a amiga Matilde desejava fazer com ela uma outra peregrinação, desta vez a Roma. Mas Vilburga já fizera uma escolha mais definitiva e completa de sua vida. Renunciando ao mundo, no dia da Ascenção de 1248, se fechou solenemente em uma cela junto à igreja dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho de São Floriano. A Abadia de São Floriano era já renomada e ainda hoje sua fama persiste.
Os eremitas daquele século escolhiam esta forma de isolamento, isolavam-se em pequenas construções erigidas no exterior dos conventos, mas bastante próximas para que eles usufruíssem da direção espiritual dos monges. Às vezes até monges do mesmo convento escolhiam esta forma de penitência para um período de maior mortificação e dedicação à ascese.
Através de uma janela que defrontava na igreja conventual, Vilburga participava da liturgia dos monges. Sua amiga Matilde também tomou uma cela vizinha, num regime de semi-liberdade, podendo providenciar mantimentos e fornecendo-os também a Vilburga.
Esta vida de reclusa durou 40 anos, até sua morte. Ela só deixou sua cela uma vez, e por pouco tempo, quando em 1275, para fugir dos soldados de Rodolfo de Asburgo (1218-1291), imperador do Sacro Império Romano desde 1273, acompanhou os monges agostinianos na fuga para dentro dos muros da cidade de Enns, que tem o mesmo nome do rio que a atravessa, afluente do Danúbio.
Pelos méritos de sua união com Deus, teve dons sobrenaturais, como a visão dos acontecimentos contemporâneos. Era tal sua fama de espiritualidade e vida interior, que leigos e religiosos, pecadores e pessoas piedosas, gente de todas as classes sociais, postavam-se diante da janela de sua cela para pedir conselhos e orações àquela mulher que era um exemplo de penitência.
A fama de Vilburga ultrapassou os limites da Áustria, tendo sido convidada pela Beata Inês de Praga († 1282 ca.), depois por Catarina, sobrinha do Beato Gregório X, que a convidou a fundar um convento na Itália, mas em ambos os casos a Beata não quis abandonar sua cela, o silêncio e o recolhimento.
Manteve uma correspondência epistolar com o célebre monge cisterciense Gustolfo de Viena.
Com 56 anos morreu em sua cela, no dia 11 de dezembro de 1289. Foi sepultada na igreja do vizinho convento de São Floriano, onde ainda repousa em um sarcófago da cripta.
O seu culto continuou ininterruptamente nestes séculos; peregrinos da Áustria e da Alemanha continuam a fluir para venerá-la. Já em vida foi considerada uma santa e no aniversário de sua morte uma Missa solene é celebrada, embora não tenha sido oficialmente beatificada pela Igreja.
Sua vida foi inspiração literária de alguns escritores alemães.
Abadia de São Floriano, Áustria |
Santa Eulália, virgem e mártir na Espanha
Santa Eulália de Mérida (finais do século III - inícios do século IV), festejada a 10 de dezembro, é com frequência confundida com Santa Eulália de Barcelona, cuja hagiografia é semelhante.
Santa Eulália é uma das mais famosas santas da Espanha. Os dados sobre sua vida e sua morte são encontrados em um hino escrito em sua honra pelo poeta Prudêncio no século IV. Ela também é cantada na célebre Sequência de Santa Eulália (ou Cantilena de Santa Eulália), o primeiro texto poético em língua francesa de fins do século IX.
Eulália nasceu em Emerita Augusta no ano 292. Quando completou 12 anos, o imperador Maximiliano decretou a proibição do culto a Jesus Cristo pelos cristãos e ordenou que eles adorassem os ídolos pagãos. A menina sentiu um grande desgosto por leis tão injustas e se propôs protestar junto aos delegados do governo. Sua mãe a levou para viver no campo, pois temia que a jovem pudesse correr algum perigo de morte afrontando a perseguição dos governantes, mas ela deixou seu lar e se dirigiu à cidade de Mérida, indo enfrentar Daciano, o governador.
Assim narra o martírio de Eulália de Mérida o poeta Prudêncio:
''De madrugada, antes da saída do sol, chegou à cidade, e, corajosa, se apresentou diante do tribunal, em meio de cujos leitores bradou aos magistrados: "Dizei-me, que fúria é essa que os move a fazer perder as almas, a adorar aos ídolos e a negar o Deus criador de todas as coisas? Se buscais cristãos, aqui me tendes a mim: sou inimiga de vossos deuses e estou disposta a pisoteá-los; com a boca e o coração confesso o Deus verdadeiro. Isis, Apolo, Vênus e até mesmo Maximiliano são nada: aqueles porque são obra da mão dos homens, este porque adora coisas feitas com as mãos. Não vos detenhais, pois: queimem, cortem, dividam estes meus membros; é coisa fácil quebrar um vaso frágil, porém minha alma não morrerá, por maior que seja a dor".
Daciano tentou a princípio oferecer presentes e prometeu ajudar a menina se mudasse de opinião, porém ela continuou profundamente convencida de suas convicções cristãs. Enfurecido mandou torturá-la e a submeteu a sofrimentos atrozes. Mas nada fez com que ela deixasse de louvar ao Senhor.
O poeta Prudêncio narra que ao morrer a santa, as pessoas viram uma pomba mais branca do que a neve que subindo tomou o caminho das estrelas: era a alma de Eulália, branca e doce como o leite, ágil e incontaminada.
O culto de Santa Eulália se tornou tão popular, que Santo Agostinho fez sermões em honra desta jovem santa. Já em uma antiquíssima lista de mártires da Igreja Católica, o Martirológio Romano, constava a seguinte frase: “em 10 de dezembro se comemora Santa Eulália, mártir da Espanha, morta por proclamar sua Fé em Jesus Cristo”.
Sepultada em Mérida, capital da Lusitânia, cidade da qual é patrona, parece que algumas das suas relíquias terão ido para Barcelona, donde a confusão com a santa homônima, Santa Eulália de Barcelona. Ela é também patrona da Arquidiocese de Oviedo, em cuja catedral repousam os seus restos.
São Dâmaso, papa
São Dâmaso era de origem espanhola e nasceu por volta do ano 305. Era irmão de Santa Irene. Foi o sucessor do papa Libério, ocupando a cátedra de Pedro de 366 a 384. A sua eleição foi marcada por lutas violentas entre as diversas facções, deixando num só dia o saldo de 137 mortos.
Abalada pelo arianismo, a Igreja vivia momentos difíceis de dissenções internas que colocavam em perigo a sua unidade. Uma das primeiras medidas de São Dâmaso foi depor todos os bispos vinculados ao arianismo, estabelecendo como sinal de reconhecimento de um bispo legítimo a sua comunhão com o bispo de Roma. Ou seja, a Igreja universal está submetida a Pedro, por conseqüência a Igreja de Roma exerce jurisdição sobre todas as demais. Para isto, São Dâmaso evoca a palavra de Jesus: "Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja."
Seu pontificado foi deveras profícuo: a vida espiritual floresceu, recobrando seu primitivo vigor. Graças a ele, o texto da Sagrada Escritura começou a ser revisto, e São Jerônimo procedeu à versão da Vulgata, ou seja, a nova versão da Bíblia em latim. Devotou aos mártires grande admiração.
Morreu aos oitenta anos e foi sepultado num túmulo que ele mandara construir, afastado da chamada Cripta dos Papas, nas Catacumbas de São Calisto, onde ele afirmava no fim de uma longa inscrição:"Aqui eu, Dâmaso, desejaria mandar sepultar os meus restos mortais, mas tenho medo de perturbar as piedosas cinzas dos santos."
Santa Maravilhas de Jesus, religiosa
Fiel filha espiritual de Santa Teresa de Ávila no seu amor à Religião e à Ordem carmelitana, Madre Maravilhas de Jesus, carmelita descalça, lutou tenazmente no século XX para que permanecessem intactas as regras, os usos e costumes legados pela grande Santa de Ávila, Reformadora do Carmelo. Sua festa transcorre no dia 11.
Maria de las Maravilhas Pidaly Chico de Guzmán nasceu em Madri no dia 4 de novembro de 1891, filha de Luís Pidal e Cristina Chico de Guzmán y Muñoz, Marqueses de Pidal. Seu pai exerceu os cargos de ministro de Fomento, embaixador da Espanha junto à Santa Sé e presidente do Conselho de Estado.
Os Marqueses de Pidal eram muito religiosos e esmoleres, rezavam o terço diariamente em família e cumpriam com a maior exatidão seus deveres de estado. Num ambiente familiar assim, Maravilhas sentiu-se desde cedo predisposta à virtude. Além disso, beneficiava-se da boa influência de sua avó materna, Da. Patricia Muñoz Dominguez, piedosa e austera, com quem compartilhava a habitação.
Madre Maravilhas de Jesus afirmará que sentiu o apelo divino para a vida religiosa com o despertar da razão. Aos cinco anos de idade, fez voto de castidade. Diariamente ia com sua avó à santa Missa e, apesar de seu desejo, não pôde fazer a primeira comunhão senão depois dos 10 anos de idade, como era costume na época. Dirá ela a seu diretor espiritual: “O dia de minha primeira comunhão foi felicíssimo. Só falei com o Senhor de meus anelos de que chegasse o dia de poder ser toda sua na vida religiosa”.
Nesse tempo, foi recebida como filha de Maria. A adolescente escreveu na primeira página de seu manual francês, também nesse idioma: “Maravilhas, filha de Maria! Ó Santa Mãe de Deus, obtende-me um coração ardente para desejar a Jesus; um coração puro para recebê-Lo; um coração constante para não O perder jamais”.
Em 1913 morre seu pai, e no mês seguinte sua avó materna. Como seus irmãos já se haviam casado, tocava a Maravilhas ficar com a mãe, o que tornava mais difícil para ela a entrada no convento.
Anos depois, indo passar uma temporada com seu irmão e cunhada em Torrelavega, foram até Covadonga, onde Maravilhas suplicou muito à Virgem ali venerada que lhe concedesse a graça de entrar o quanto antes num carmelo. Nossa Senhora a ouviu. Pouco depois, tanto seu diretor espiritual quanto sua mãe concederam-lhe a esperada permissão. Entrou no carmelo de El Escorial no dia 12 de outubro de 1919. A obediência a fizera esperar até os 27 anos para consagrar-se toda a Jesus!
Em junho de 1911 realizou-se em Madri o Congresso Eucarístico Internacional. Como conclusão do mesmo, foi organizado um ato de consagração da Espanha ao Coração de Jesus Sacramentado. Alguns fervorosos católicos tiveram a idéia de erigir um monumento a esse Divino Coração no Cerro de los Angeles, a 14 quilômetros da capital, solenemente inaugurado no dia 30 de maio de 1919, com a presença de toda a família real e ministros, tendo então o jovem rei Alfonso XIII lido o ato de consagração.
No entanto, não havendo boas estradas, o monumento do Cerro foi caindo no esquecimento. Certo dia Nosso Senhor, por meio de inspirações interiores, comunicou à então Irmã Maravilhas seu desejo de que fosse edificado um carmelo naquele local, para velar pelo monumento e se imolar pela Espanha. Também inspirou outra freira do mesmo convento a secundar a Irmã Maravilhas nessa empresa.
Depois de mil e uma dificuldades, as duas religiosas com sua antiga Mestra de Noviças e uma noviça fundaram o carmelo no Cerro de los Angeles. Este depressa prosperou, tendo recebido muitas vocações. A Irmã Maravilhas, apesar de ter feito os votos solenes pouco tempo antes, foi designada Mestra de Noviças, e logo depois priora do novo carmelo.
Enfrentando a revolução comunista de 1936
Era necessário um pulso forte para enfrentar a tormenta que se avizinhava, e que resultou numa das mais cruentas perseguições à Religião de que se tem notícia — a revolução comuno-anarquista de 1936 a 1938, que produziu um número imenso de mártires.
Não coube a Madre Maravilhas e às suas filhas espirituais, embora o desejassem ardentemente, darem a vida pela Fé. Foram expulsas do convento e passaram um ano em Madri, mantendo a vida de comunidade num apartamento, sob constante risco. Até que ela e suas 20 freiras, com alguns leigos que a ela tinham se confiado, conseguiram sair da Espanha para nela reentrar na região não dominada pelos comunistas. Assim surgiu o convento de Batuelas, onde se estabeleceu a comunidade até a liberação do país do jugo vermelho. Então, como havia muitas pretendentes para o carmelo, foi possível voltar ao Cerro de los Angeles deixando uma comunidade em Batuelas.
Madre Maravilhas, que em 1933 já havia enviado religiosas para a ereção de um convento carmelita em Kottayan, na Índia, fundaria ainda mais 10 na Espanha. Enviou também freiras suas para reforçar o carmelo de Ávila, onde tinha vivido Santa Teresa, bem como outro no Equador.
Pela Constituição Sponsa Christi, Pio XII propunha aos religiosos a formação de federações de mosteiros com noviciados comuns, madres federais e religiosos para as assessorar. Isso trazia como conseqüência reuniões, visitas dos dirigentes da federação etc., o que alterava muito a vida de um convento de contemplativas como são as carmelitas. E não se coadunava com o que Santa Teresa estipulara para seus carmelos, que deveriam ser comunidades autônomas e estáveis, com número limitado de monjas, clausura estrita etc.
Madre Maravilhas, que não desejava nenhuma alteração naquilo que Santa Teresa legara, fez o possível para evitar modificações que alterassem a vontade da grande reformadora do Carmelo. Consultou o Geral da Ordem do Carmo, o Padre Silvério de Santa Teresa, a quem já conhecia e com quem tratara por ocasião da fundação do carmelo de Cerro de los Angeles. Dirigiu-se mesmo ao Secretário da Congregação dos Religiosos, o espanhol Padre Arcádio Larraona. Os dois concordaram com o ponto de vista da Madre. Mobilizou ela todos os contatos que mantivera, tanto no campo civil quanto no eclesiástico, em favor de sua aspiração.
Para ela, tratava-se de uma verdadeira batalha, para a qual tinha que usar todos os recursos da piedade, mas também da argúcia, da tenacidade e da sua extraordinária vitalidade.
Tenaz defensora da Ordem carmelitana
A todo momento lemos em sua correspondência da época as palavras milagre, salvar a Ordem, e outras que externam suas profundas preocupações, bem como sua sensação de que se entrava em difíceis tempos.
Assim, quando o embaixador da Espanha junto à Santa Sé, Fernando Castiella, comunicou-lhe boas notícias a respeito do andamento de suas gestões no Vaticano, escreveu à priora do Cerro em 5 de junho de 1954: “Isto foi um milagre verdadeiro. A Santíssima Virgem quis salvar sua Ordem”. Em outra carta à mesma, três meses mais tarde, afirmava: “A Santíssima Virgem, em seu Ano Mariano [1954], vai nos salvar”. A essa Madre, ela já afirmara pouco antes: “Minha Madre! Quanto temos que pedir à Santa Madre Teresa que livre sua Ordem! A Santíssima Virgem no-lo concederá”.
A Frei Victor de Jesus Maria, O.C.D., canonista e Definidor Geral da Ordem, escreveu ela em 4 de julho de 1956: “Já sei que V. Revma. não nos esquecerá e pedirá muitíssimo para que não permita o Senhor que a Ordem de sua Mãe seja tocadaem nada. Já não nos resta mais que a oração, mas realmente é a arma mais poderosa”.
Resistindo aos ventos dos novos tempos
A questão arrasta-se, sobretudo com o início do Concílio Vaticano II. Em carta escrita em abril de 1967 ao Preposto Geral da Ordem, Frei Miguel Ângelo de São José, diz ela: “A eleição de V. Revma. nos encheu de alegria, e vimos como Nossa Mãe Santíssima vela por sua Ordem, pondo-a em suas mãos nestes tão difíceis e delicados momentos”.
No dia de São Miguel, 29 de setembro de 1967, volta a escrever ao mesmo:“Faça tudo quanto seja necessário para salvar a ‘Ordem da Virgem’ nestes tão difíceis tempos. Com a ajuda de Cristo, nosso Bem, e de sua Mãe Santíssima, não podemos duvidar de que assim será”.
O tempo foi passando, e um dos decretos do Vaticano II, o Perfectae Caritatis, voltou com a proposta de Pio XII, recomendando às religiosas contemplativas a formação de federações, uniões ou associações, como um meio de ajuda mútua entre os mosteiros. Madre Maravilhas vê no número 22 do decreto a saída que buscava. Recomenda esse item que “os Institutos e Mosteiros autônomos promovam entre si [...] uniões, se têm iguais constituições e costumes e estão animados do mesmo espírito, principalmente se são demasiado pequenos”.
Discernia ela aí uma saída: fundar uma união de carmelos (dos por ela fundados e mais alguns que pediram sua admissão) sem ter que alterar em nada a vida desses mosteiros. A finalidade de tal associação era a de que esses carmelos pudessem ajudar-se com facilidade, espiritual e economicamente, e até com o pessoal necessário, sem saídas nem entradas, sem visitas nem visitadoras etc.
Realização do desejo de “não mudar nada”
Depois de muitas dificuldades, tensões e argúcias da Madre, finalmente Roma aprovou essa união em 14 de dezembro de 1972, com o nome de Associação de Santa Teresa, sendo Madre Maravilhas eleita sua presidente por unanimidade, em 12 de março de 1973.
Numa carta enviada a Madre Luísa do Espírito Santo, priora de Arenas, em 22 de março desse mesmo ano, mostra Madre Maravilhas seu contentamento ao mesmo tempo em que indiretamente aponta as principais conquistas: “Como vêem, já nos concedeu o Senhor esta graça que lhe vínhamos pedindo, se essa fosse sua vontade, e já temos aprovada a nossa Associação de Santa Teresa na Espanha. Foi como um milagre que o Senhor tenha feito que a aprovassem tal como a havíamos pedido. Para nossos conventinhos tudo isso não supõe nenhuma novidade, pois o vínhamos vivendo, com a ajuda do Senhor, desde há tantos anos; mas é muito que o Senhor, pondo em nossa maneira de viver o selo e a aprovação da Igreja, parece dizer-nos, pelo caminho mais seguro, que está contente com isso e que aprova nossos desejos de não mudar nada, e que sigamos adiante pelos mesmos caminhos que nossa Santa Madre nos traçou. [...] De vários conventos nos pedem para entrar em nossa união, mas por agora nos parece que não convém aumentar o número”.
Madre Maravilhas de Jesus morreu em 11 de dezembro de 1974, sendo beatificada por João Paulo II em 1998, e por ele canonizada em 3 de maio de 2003.
Santo Daniel, o Estilita, eremita
Biografia
Nasceu numa aldeia com o nome de Maratha na Mesopotâmia superiorperto de Samósata, hoje em dia uma região da Turquia.
Entrou para o convento com a idade de doze anos e viveu lá até ter trinta e oito. Durante uma viagem que ele fez com seu abade a Antioquia, ele passou por Tellnesin e recebeu a bênção e encorajamento de Simeão Estilita. Em seguida, ele visitou lugares santos, ficando em vários conventos, e aposentando-se em 451 nas ruínas de um templo pagão.
Ele estabeleceu sua coluna quatro milhas ao norte deConstantinopla. O proprietário do solo onde ele colocou a sua coluna, que não tinha sido consultado, apelou para o imperador e ao patriarcaGenadio I de Constantinopla. Genadio propôs despejá-lo, mas de alguma forma foi dissuadido. Genadio estabeleceu-o como um padre contra a sua vontade, ao pé de sua coluna. Daniel viveu na coluna por 33 anos. Por continuamente ficar de pé, seus pés estava cheios de feridas e úlceras: os ventos da Trácia, por vezes, retiraram-lhe a sua pouca roupa.
Ele foi visitado por dois imperadores, Leão I e Zenão I. Comoteólogo, ele foi contra o monofisismo.
Santo Daniel é comemorado no dia 11 de dezembro nos calendários litúrgicos da Igreja Ortodoxa Oriental, bem como na Igreja Católica dos ritos Oriental e Ocidental.
Passagens
O seguinte é a sua oração, antes que ele começasse sua vida na coluna:
"Eu te rendo glória, Jesus Cristo, meu Deus, por todas as bênçãos que tens empilhado em cima de mim, e para a graça que tu me deu que eu deveria abraçar esta forma de vida. Mas tu sabes que esta coluna em ordem crescente, eu me inclino em ti só, e que só a Ti eu olho para a emissão feliz de meu compromisso. Aceite, então, meu objetivo: fortalece-me que eu termino esse curso doloroso: me dê graça para terminá-la em santidade."
O seguinte é um conselho que ele deu aos seus discípulos antes e morrer:
"Manter firmemente a humildade, praticar a obediência, o exercício da hospitalidade, manter os jejuns, observar as vigílias, a pobreza de amor, e acima de tudo manter a caridade, que é o primeiro e grande mandamento; manter-se estreitamente ligada a tudo o que respeita à piedade, evitar o joio do hereges. Separe nunca da Igreja sua Mãe; se você fizer essas coisas tua justiça será perfeita."
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