Blog Alma Missionária

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domingo, 22 de dezembro de 2013

"Ao tornar-se Ele um de nós, nós nos tornamos eternos"

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Dom Jaime Pedro Kohl
Bispo de Osório(RS)


Esse tema da “Campanha para a Evangelização” no Rio Grande do Sul, tirado do prefácio do Natal, foi um convite a preparar-nos para o Natal, tanto em nível pessoal como familiar e também como Grupos de Famílias. As tradicionais noveninhas que tanto bem fazem a quem se dispõe a caminhar com a comunidade certamente foram um jeito bonito de acolher o “Deus que vem”, o “Verbo da Vida” permitindo que ele entre em nossas casas pela presença de irmãos e irmãs que chegam para juntos escutarmos a Boa Noticia: “Hoje nasceu para vós o Salvador, Cristo Jesus”.
Se o advento é tempo de espera confiante, própria dos simples e puros de coração que na fé aguardam coisas novas que brotam do tronco de Jessé, o Natal é a concretização da promessa feita aos nossos pais na fé e anunciada pelos profetas: a vinda do Messias, o Salvador da humanidade, a Encarnação do Filho Unigênito de Deus.
Deus não teve medo de tornar-se um de nós. E porque nos ama desde a eternidade não teve receio de arriscar assumir nossa carne humana, obra de suas mãos, para que fosse reconduzida a sua glória original.
Embora, façamos memória todos os anos dos mesmos acontecimentos os sentimentos são sempre novos. Sempre experimentamos um nuance novo. É a vida do Salvador entrando em nosso coração e gerando o homem novo. Deus é sempre NOVO! E aos poucos vai mostrando-nos sua eterna novidade. Como afirma o papa Francisco: “toda ação evangelizadora autêntica é sempre NOVA”.
O Deus que veio, vem e virá deseja entrar em nossa casa, morar conosco, habitar nossas vidas, a de nossas famílias, comunidades e povos. Para os que andam nas trevas oferece sua luz, aos desanimados o consolador aconchego da manjedoura.
Um menino envolto em faixas nos lembra que: Natal é Jesus! Natal, portanto, é momento de aproximação entre o céu e a terra; é o Filho Unigênito de Deus descendo e os filhos dos homens subindo através Dele. É comunicação, esperança e vida. É momento de encontro, gozo, canto, louvor, momento de brindar a PAZ.
Deixemo-nos provocar por esse acontecimento que transformou o mundo e abriu para a humanidade um caminho de eternidade feliz. Deixemo-nos olhar e envolver por esse amor apaixonado do Senhor e não ficaremos confundidos.
Abramos nossas portas a Cristo Salvador e deixemos a luz do céu entrar com seu poder libertador e santificador. Assim nossa vida ficará iluminada por centelhas de eternidade.
“Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, eu entrarei na sua casa e tomaremos a refeição, eu com ele e ele comigo”.
Para nós cristãos, a ceia Eucarística é a forma por excelência para vivenciarmos essa comunhão humano divina. Façamos, também, da nossa ceia de Natal um momento santo e memorial da comunhão entre o céu e a terra; entre nós, pobres filhos e o Filho amado do Pai. Como é bom e bonito encontrar-se em família, trocar presentes, brindar o aniversário do nascimento do Menino Deus, Jesus.
Que tal oportunizar nesse tempo de paz um encontro com aquela pessoa – parente, vizinho, familiar ou amigo – afastada, as vezes por motivos mesquinhos: um mal entendido, uma ofensa involuntária e que continuam gerando magoa e ressentimento. Sentimentos estes que não fazem bem a nenhuma das partes. Sei que não é fácil dar o braço a torcer, mas faz tão bem quando conseguimos vencer nosso orgulho e restabelecer a comunhão. Um simples cartão de boas festas, um panetone ou um vinho dados de coração podem servir para quebrar o gelo. Um gesto de reconciliação e fraternidade vale muito mais do que presentões de joias e outros produtos de consumo inútil.
Não tenhamos medo de dar o primeiro passo. Como o anjo encorajou os pastores: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria que será para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2,10-11) encorajemo-nos uns aos outros, pois com ele um novo mundo é possível, um mundo de paz e unidade, onde as pessoas se acolhem e se estimam como irmãos.
Essa “grande alegria” é tema central da recente encíclica do Papa. Abre sua exortação apostólica dizendo: “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria”.
Acolhamos, pressurosos, a vinda do Salvador, certos que nos atende apaixonadamente para o convívio consigo. “Convido todo cristão a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de procurá-Lo dia a dia sem cessar”.
E para ver como o Papa nos quer alegres: “Um evangelizador não deve ter constantemente uma cara de funeral. Recuperemos e aumentemos o fervor de espírito, a suave e reconfortante alegria de evangelizar”.
Neste dia Santo, não percamos a oportunidade de encontrar nossos familiares e saborear com eles, mais uma vez, a alegria e a paz que se depreendem do Natal do Senhor.
Unamo-nos ao coro dos anjos e aos humildes pastores de Belém cantando com alegria de coração: “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens por ele amados” (Lc 2,14).
Aos irmãos e irmãs de nossa amada Diocese, aos visitantes veranistas que partilham conosco sua fé, nosso augúrio de um FELIZ NATAL.

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