Blog Alma Missionária

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domingo, 17 de novembro de 2013

17/11/2013  |  domtotal.com

O papa como um cidadão comum no tráfego da capital


Andrea Tornielli
O tráfego não foi bloqueado, e por assim o utilitário pontifício, sem as bandeirinhas da ordenança, percorreu um trecho de estrada ao lado de um ônibus turístico, cujos passageiros se encontraram com Francisco quase ao alcance das mãos. Também foram excluídos os guardas a cavalo, que acompanhavam o carro papal até dentro do Quirinal.

O papa chegou como um simples bispo, não como chefe de Estado. Ele estava vestido de branco, sem a mozeta vermelha e a estola, mas isso não é nenhuma novidade depois dos primeiros oito meses de pontificado. Apesar da oficialidade das honras militares e dos hinos, Francisco começou imediatamente a conversar com o presidente, que passou a lhe explicar quem são os guardas de Estado. Para evitar a procissão de carros, as chegadas e os "desembarques", a comitiva papal tinha chegado ao Quirinal com antecedência e de forma discreta.

No seu aflito discurso, Napolitano mostrou apreciar o estilo do papa, a sua capacidade de diálogo, a sua proximidade com as pessoas. E, em uma passagem, pareceu quase dizer: a política italiana envenenada por um clima desestabilizador deveria aprender com o senhor!

O presidente fez tudo para que o clima fosse o mais sincero e familiar possível: "Eu não gostaria que a solenidade formal desta cerimônia – disse ele na sua saudação – ofuscasse os sentimentos de genuíno afeto que a sua figura despertou". Uma confirmação disso foi quando Francisco, antes de tomar a palavra, se levantou e agradeceu Napolitano por aquilo que ele tinha acabado de dizer: "Obrigado pela sua generosidade!", sussurrou-lhe. O chefe de Estado respondeu reafirmando mais uma vez que não se tratava de apreciação de circunstância.

O próprio presidente, juntamente com o novo Ordinário militar, no momento da troca de presentes, quis depois ilustrar ao papa o Codex Purpureus Rossanensis, preciosíssimo código manuscrito do século VI, proveniente da Calábria, atualmente em restauração em Roma. O Quirinal quer que ele seja declarado patrimônio da humanidade pela Unesco.

Outro toque de novidade foi representado pelos convidados que participaram do encontro entre o papa e o presidente: interpretando as prioridades de Francisco, o Colle convidou, além de expoentes do mundo da cultura, também pessoas envolvidas no voluntariado.

Totalmente inédito, por fim, foi o encontro do papa com os funcionários do Quirinal e as suas famílias. Diante das crianças sentadas no chão na frente dele, o papa se derreteu, lembrou que, por trás de cada função pública, sempre há a família e pediu aos seus pequenos interlocutores: "Rezem por mim, porque eu preciso".
La Stampa, 15-11-2013

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