Blog Alma Missionária

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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012


AS MÃES E O ESTADO


Afirmava o Correio Braziliense de 29.8.10 que em Brasilia, de cada quatro crimes um era cometido sob o efeito do crack. Se a lei protegesse os filhos contra os traficantes, as mães não teriam que agir. Mas na guerra contra o tráfico nem sempre o Estado vence. A lei que protege os adolescentes e proíbe que se bata neles ou que sejam presos em cárceres privados é bonita no papel. Na realidade é difícil de executar. E, como a lei não funciona porque não tem força para vencer o traficante, algumas mãe decididas entram em ação. Melhor ser condenadas por terem feito alguma coisa do que por não terem feito absolutamente nada para salvar seus meninos. Algumas delas, para libertar os filhos do tráfico, do crack e da morte desesperadamente os algemam. Teoricamente, o Estado deveria protegê-los em fazendas e clínicas de recuperação. Não hádinheiro nem pessoal. O Estado também deveria proteger os comerciantes, mas muitos deles são mortos por bandidos. E deveria proteger as escolas, mas é lá que os traficantes seduzem os adolescentes e os drogam. Em diversas estâncias, o Estado falha. Ou não há dinheiro, ou não há agentes, ou não há prioridade e vontade política. Bandidos atuam livremente e os Estado não tem força para vencê-los.
Não se justifica, mas entende-se o desespero da mãe que algema dois filhos em casa para libertá-los da rua onde certamente envelhecerão dez anos em seis meses e onde morrerão nas mãos dos enlouquecidos pelo tóxico.
Doe ver a triste cena dos dois irmãos de pés acorrentados e o desespero da mãe que fez o que a lei não pode fazer. Diante da perda de autoridade pela persuasão e da perda de autoridade do Estado ela se fez policial e juíza dos próprios filhos. Sentenciou e prendeu até que se libertassem do vicio. Não acreditou que o Estado fizesse melhor do que ela que viu no seu bairro o que acontece com os filhos das outras. Usou do direito, do dever e do poder de mãe diante do Estado que deveria ter mais força e poder do que ela.
Será punida? E quem punirá o Estado que não protege os filhos adolescentes enviados à escola e fugitivos de casa ,às vezes sem culpa alguma da mãe?
Acompanhei recentemente o drama de uma boa mãe cujo filho sumiu e foi visto num crackódromo. Ameaçada de morte, não conseguiu chegar perto do filho. Disposto a enfrentar os traficantes ela insistiu até que percebeu que teria que viver pelos outros filhos. A policia lhe disse que agiria. Mas uma policial confessou que uma das coisas mais difíceis é libertar alguém do crack. Exige esforço conjunto do Estado e de outros grupos e igrejas. É guerra difícil de vencer. Disse-me ela que, se achasse o filho o algemaria até ele se curar. Sua frase foi contundente: Eu o pus o mundo, eu o perdi, eu o consertarei com a graça de Deus porque o Estado não pode me ajudar. Ele também não sabe o que fazer. Parece que neste assunto os únicos que sabem o que fazem são os traficantes. Matar é mais fácil do que salvar!
Disse quase tudo! As igrejas poderiam orar e acolher. Algumas fazem. Algumas…
Pe. Zezinho scj

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