Por: + Tomé Ferreira da Silva
Ano novo, uma afirmação e uma interrogação. A dinâmica do início e fim do ano civil carrega consigo uma magia singular, natural ou obrigatoriamente: para uns, momento de festa e confraternização, numa decorrência natural do processo e da personalidade; para outros, hora de associação compulsória ao primeiro grupo, sob o risco de ficar alienado. Um novo ano não significa necessariamente um ano novo, o que poderá ser comprovado apenas ao seu término.
Os primeiros e últimos dias do ano são ocasião propícia para uma série de atitudes que podem fazer bem à vida pessoal e à sociedade, talvez mais à primeira e menos à segunda, uma vez que esta está necessariamente vinculada a estruturas regidas por princípios e organizações com interesses próprios e muito determinados que não são influenciáveis. Por isso, o novo ano pode ser um ano novo para as pessoas, enquanto motivação, mas poderá não sê-lo de fato para a sociedade.
Pensar e viver o ano de 2013 à luz da fé na pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, tal como é apresentado pela Igreja Católica Apostólica Romana, é um modo de inovar o novo ano fazendo dele um ano novo. Nosso Senhor Jesus Cristo, único e insubstituível Salvador, é o caminho para Deus, sem outras alternativas; Ele é a última palavra, e encarnada, da revelação divina, n'Ele Deus comunicou de si o que desejava; Ele é o portador da vida de Deus para a humanidade, o mundo e a história. Só Ele pode renovar e inovar fundamentalmente a pessoa e a sociedade. Tudo o mais será remendo em roupa velha, cuidados paliativos.
Uma atitude simples e preliminar pode e deve ocupar nossa atenção nestes dias: uma boa revisão de vida, passando em nossa mente e coração os capítulos da novela da qual participamos ao longo do ano que finda, na qual certamente não fomos atores coadjuvantes ou figurantes, mas atores principais. Responder ponderadamente a perguntas simples e complexas pode ajudar na elaboração de um projeto ou perspectivas para o ano vindouro: O que fiz? O que deixei de fazer? O que foi bom? O que poderia ter sido melhor?
As decisões e propósitos que ajudam a delinear e podem fazer o novo ano ser um ano novo devem estar fundadas no que fomos e fizemos no ano anterior, pois o contrário seria edificar a casa de nossa vida em terreno movediço e sem os fundamentos necessários para uma existência consistente e substanciosa. Elaborar projetos, estabelecer metas, buscar estratégias para alcançar objetivos são atitudes necessárias e imprescindíveis para a pessoa e a sociedade. Estas projeções não podem ser imediatistas, desconsiderando o passado ou ignorando os sinais dos tempos que descortinam o horizonte futuro.
Ações pessoais acabam por influenciar, pouco ou muito, a vida em sociedade, embora esta, na sua complexidade, não seja o somatório de ações individuais, mas é também resultante de forças ocultas e ações estruturais e globais que fogem ao controle das pessoas singulares. Valores como verdade, integridade, honestidade, justiça, solidariedade, laboriosidade, entre outros, não devem faltar nos propósitos para que o novo ano seja um ano novo, em âmbito pessoal e a influenciar a vida social. Como o Brasil precisa de agentes públicos decentes e estruturas que não estejam a serviço de interesses privados e corporativos, mas voltados para o conjunto da sociedade.
É preciso olhar com carinho para a juventude, que aspira por boas e bem constituídas famílias, por educação de qualidade que a capacite para o mercado de trabalho, por chances de integração ativa e efetiva na sociedade sendo corresponsável pela sua consolidação. É grande o número de jovens que não possuem acesso ao ensino profissionalizante e universitário. É significativa a quantidade de jovens que não estudam e não trabalham. O que será de uma nação que não cuida de seus jovens?
Formulo votos de que iluminados pela luz que é Jesus Cristo sejamos construtores de um novo ano que seja um ano novo, único, singular, que corresponda ao que precisamos como filhos e filhas de Deus e cidadãos do Brasil, um país em construção que deve oferecer aos jovens o que eles precisam e têm direito.
+ Tomé Ferreira da Silva Bispo Diocesano de São José do Rio Preto.
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