PARA COMUNGAR BEM.
Dom José Cardoso Sobrinho
Arcebispo de Olinda e Recife - PE.
Nossa Santa Igreja, desde o início, adverte os fiéis sobre a responsabilidade
de receber dignamente – isto é, em estado de graça – o Santíssimo
Sacramento da Eucaristia. Já no início da Igreja, São Paulo Apóstolo
exortava severamente os cristãos da comunidade de Corinto, com as
seguintes palavras:
“Todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice anunciais
a morte do Senhor até que ele venha. Eis por que todo aquele que
comer do pão ou beber do cálice do Senhor indignamente, será réu do
corpo e do sangue do Senhor. Por conseguinte, que cada um examine
a si mesmo antes de comer desse pão e beber desse cálice, pois aquele
que comer e beber sem discernir o Corpo, come e bebe a própria
condenação.” (1 Cor. 11,26-29).
Aprendemos no catecismo da infância que, para receber dignamente a
Eucaristia, é necessário encontrar-se na graça de Deus, ou seja, não ter
consciência de nenhum pecado grave. Quem teve a fragilidade de cometer
uma falta grave, deve primeiro converter-se, isto é, mudar de comportamento
e depois aproximar-se humildemente do sacramento da confissão para receber
a absolvição. Então poderá receber digna e frutuosamente a comunhão
eucarística.
Nossa Santa Igreja continua a expor esta doutrina através dos séculos. O
Servo de Deus Papa João Paulo II declarou oficialmente:
“Se o cristão tem na consciência o peso de um pecado grave, então o
itinerário da penitência, através do sacramento da reconciliação,
torna-se o caminho obrigatório para se abeirar e participar plenamente
do sacrifício eucarístico” (ENCÍCLICA “ECCLESIA DE EUCHARISTIA” n. 37).
Neste mesmo documento o Papa transcreve a seguinte exortação proferida
pelo grande doutor da Igreja São João Crisóstomo: “Também eu levanto a
voz e vos suplico, peço e esconjuro para não vos abeirardes desta Mesa
sagrada com uma consciência manchada e corrompida. De fato, uma ta
l aproximação nunca poderá chamar-se comunhão, ainda que toquemos
mil vezes o corpo do Senhor, mas condenação, tormento e redobrados
castigos”.
“O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA (n. 1415) estabelece o mesmo princípio:
“Quem quer receber a Cristo na comunhão eucarística deve estar em
estado de graça. Se alguém tem consciência de ter pecado mortalmente,
não deve comungar a Eucaristia sem ter recebido previamente, a
absolvição no sacramento da penitência”.
Infelizmente, hoje em dia circulam teorias falsas afirmando que podem receber
a comunhão eucarística pessoas que vivem habitualmente em situação de
pecado, p. ex., casais que vivem em situação matrimonial irregular, ou seja,
na assim chamada “segunda união”.Sobre este problema o mesmo Papa João
Paulo II se pronunciou claramente na EXORTAÇÃO APOSTÓLICA “ FAMILIARIS
CONSORTIO” n. 84. Eis suas palavras:
“A Igreja, reafirma a sua práxis, fundada na Sagrada Escritura, de não
admitir à comunhão eucarística os divorciados que contraíram nova
união. Não podem ser admitidos, do momento em que o seu estado e
condições de vida contradizem objetivamente aquela união de amor
entre Cristo e a Igreja, significada e atuada na Eucaristia. Há, além
disso, um outro peculiar motivo pastoral: se se admitissem estas
pessoas à Eucaristia, os fiéis seriam induzidos em erro e confusão
acerca da doutrina da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio”.
O mesmo princípio foi reafirmado recentemente pelo atual Santo Padre Bento
XVI na sua EXORTAÇÃO APOSTÓLICA “SACRAMENTUM CARITATIS” n. 29:
“O Sínodo dos Bispos confirmou a prática da Igreja, fundada na
Sagrada Escritura (Mc 10, 2-12), de não admitir aos sacramentos o
s divorciados re-casados, porque o seu estado e condição de vida
contradizem objetivamente aquela união de amor entre Cristo e a
Igreja que é significada e realizada na Eucaristia”.
A insistência do Santo Padre, por meio de declarações oficiais e solenes,
demonstra a atualidade e a importância pastoral deste problema. Quem
tivesse a ousadia de defender a doutrina contrária afirmando que os que
estão em situação de pecado e, especificamente aqueles que vivem “em
segunda união matrimonial” podem receber a eucaristia, tal pessoa
evidentemente estaria discordando do Vigário de Cristo na terra e
colocando-se em grave situação de pecado, por estar induzindo outros
a comungar sacrilegamente.
A Eucaristia, como já dizia Santo Tomás de Aquino, “é o bem máximo
da Igreja”. O Concílio Vaticano II, declarou: “a Eucaristia é a fonte
e ápice de toda a vida Cristã”(LUMEN GENTIUM n. 11).
Podemos então logicamente concluir que nossa vida eucarística é o
termômetro de toda a nossa vida espiritual: se quisermos saber
qual o atual nível de nossa vida espiritual, é suficiente examina
nossa devoção eucarística.
Fonte: Arquidiocese de Olinda e Recife.
http://derradeirasgracas.com/2.%20Segunda%20P%C3%A1gina/O%2
0Poder%20da%20Santa%20Missa/PARA%20COMUNGAR%20BEM..htm
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