Blog Alma Missionária

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segunda-feira, 26 de novembro de 2012


A GRAÇA DO MENOS E DO MAIS


O assunto renderia um volumoso tratado de espiritualidade que provavelmente seria lido por ínfima minoria. Mas Paulo tratou dele em diversas ocasiões: “A graça de viver feliz no menos e no mais”. Disse ele:
Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. (Flp 4,12)
Foi Paulo também que deixou claro seu projeto de apóstolo. Não consistia em números.
Para ver se de alguma maneira posso incitar à emulação os da minha carne e salvar alguns deles. (Rm 11, 14)
O que muito colheu não teve de mais; e o que colheu pouco, não teve de menos. (2 Cor 8, 15)
Jesus falou em ser pobre no Reino e pobre pelo Reino. Recomendou aos que desejam optar radicalmente pelo Reino que sejam desprendidos e pobres. Não via como sabedoria o acúmulo de bens e a preocupação com mais riquezas.( Mc 4,19) Proclamou o desprendimento como bem aventurança e fórmula sofrida, mas serena de felicidade. Ele nunca disse que ceder seria fácil porque conhecia o ser humano. ( Jo 2,24) ( Mt 9,4).
Está enraizada em nós a luta entre ser e não ser, querer e não querer, escolher entre o bem e o mal e viver o conflito do menos e do mais. O rico se ressente quando o pregador sem maiores reflexões lhe diz que deve ficar menos rico para que o pobre seja menos pobre. Ele prefere quem lhe proponha que fique o mais rico que puder e ajude o pobre a ficar menos pobre, mas não à custa de o rico ficar menos rico. O pobre ou servidor se ressente quando lhe pedem que faça mais por menos. Ele espera recompensa e plano de carreira. Desde criança temos a tendência de obter mais com menos esforço: queremos o máximo possível com o menos possível e não admitimos perder na barganha com os pais e com os irmãos.
Por sermos altamente competitivos aceitamos fazer maior esforço, mas nunca por menos. Queremos recompensa. Aceitar menos pelo bem dos outros é virtude para poucos. Em família, sim, porque o amor leva avós, pais, filhos, irmão mais velhos a ceder em favor do mais frágil. Na sociedade dos que não amam o bastante para sofrer por ela, poucos cedem em favor dos menos favorecidos. Ajudam aqui e acolá, desde que não percam. Algumas igrejas fazem o mesmo. Dialogar, sim, mas sem ceder em nada! Nada menos do que o mais!
No entanto a mística do menos para nós e mais para os outros já fez muitos santos na Igreja. Mas é ascese para pouquíssimos: coisa de Reino dos céus…

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Pe. Zezinho scj

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