CARTA DE UM PÁROCO A SEUS PAROQUIANOS.
UM PÁROCO DA DIOCESE DE FONTANARADINA DI SESSA AURUNCA, NA PROVINCIA DI CASERTA, ITÁLIA - DECIDIU NÃO CELEBRAR MAIS A MISSA NOVA SEGUNDO O MISSAL DO PAPA PAULO VI - O NOVUS ORDO.
Depois de ter experimentado por anos a pobreza do Novus Ordo Missae e de ter assistido às miríades de ofensas que tantos padres cometem a cada dia contra Nosso Senhor no curso da Missa (mesmo involuntariamente), ele se deu por conta de que a crise que a Santa Igreja atravessa há anos é devido essencialmente ao abandono da sua milenar liturgia.
Depois de uma profunda e sofrida reflexão, ele decidiu por retornar ao uso dos livros litúrgicos em vigor até 1962, valendo-se do indulto perpétuo concedido pelo Papa São Pio V com a Bulla Quo primum tempore, plenamente consciente dos enormes problemas com os quais teria que se confrontar: por amor a Cristo, pela Santa Igreja e por amor à alma de seus paroquianos. Para fazer com que todos compreendessem o verdadeiro significado de sua decisão, ele endereçou aos seus paroquianos três cartas, quase que um verdadeiro compêndio das suas sofridas reflexões.
Estas duas últimas, ele fez questão de participar ao seu Bispo, recebendo em troca incompreensões e repreensões disciplinares e então pensou em submeter a sua decisão ao Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o Cardeal Ratzinger, de quem recebeu compreensão e apoio espiritual.
O seu caso ainda está à espera de uma solução satisfatória, e ele, depois de um período de afastamento, está de volta à sua paróquia. A nossa esperança é que o Padre Louis se torne um exemplo pra muitos sacerdotes que, embora compartilhando de suas reflexões, consideram impossível assumirem posições corajosas. Cremos não exagerar quando afirmamos que amadureceu o tempo para que ocorra um retorno a verdadeira teologia do santo sacrifício da missa como sempre foi celebrado, mesmo já passado mais de 40 anos do concílio vaticano II. Período esse semelhante a aquele que o povo hebreu caminhou no deserto rumo a terra prometida.
As cartas do Pe. Demornex foram distribuídas na Diocese de Sessa Aurunca.
Sua Em.za Rev.ma Card. Joseph Ratzinger Prefetto della Congregazione per la Dottrina della Fede 00120 Cittàà del Vaticano - tel. 06/69.88.32.96.
Sua Em.za Rev.ma Card. Darìo Castrillòòn Hoyos Prefetto della Congregazione per il Clero Piazza della Città Leonina, 1 - 00193 Roma - Tel. 06/68.30.70.88
Sua Ecc.za Rev.ma Mons. Antonio Napoletano Vescovo di Sessa Aurunca Piazza Duomo, 2 - 81037 Sessa Aurunca (CE) - tel. 0823/93.71.67
Rev. Padre Louis Demornex, 81037 Fontanaradina di Sessa Aurunca (CE) tel. 0823/70.51.13
PRIMEIRA CARTA
Por que retornar à Missa de São Pio V?
Do Rev. Padre Louis Demornex a seus paroquianos.
O motivo determinante é a questão dos Fragmentos consagrados que estão sendo profanados de todos os modos possíveis:
1 - Na distribuição da comunhão:
- Sem a patena, os Fragmentos caem pelo corpo do comungante ou pelo chão e são pisados, varridos e dispersos;
- Dada a Hóstia na mão, restam Fragmentos grudados na mão do Comungante (Por quê até 1989 era sacrilégio tocar o Santíssimo e hoje isso virou ato de devoção? Onde está a verdade?);
- Nem sequer falamos do modo com que certas pessoas guardam a Partícula ou a levam embora com as mais diversas intenções.
2 - Depois da Comunhão, o Sacerdote:
- não purifica mais as mãos e nem se lava, mas simplesmente joga fora a água;
- grande desleixo no modo de purificar a patena ou a pisside com o purificatório, pelo qual os Fragmentos acabam ficando grudados no tecido e dispersos.
Tudo isso nos faz pensar numa mulher que joga o fruto da sua concepção na lata do lixo.
3- Ora todos esses modos de agir há algum tempo atrás eram considerados sacrílegos. E por que não são mais?
- Ou não crêem mais que cada Fragmento seja Jesus Cristo inteiro e portanto são heréticos.
- Ou crêem e são sacrílegos.
Nós Católicos cremos na "transubstanciação", termo que significa a mudança de uma substância para uma outra. Por exemplo, se o chumbo se tornasse ouro, mudaria sua substancia para aquela do ouro, de Pb se tornaria Au, até mesmo no nível do átomo que é a menor partícula, infinitamente pequena. Todos compreendem que um miligrama de ouro ou um quintal de ouro é sempre ouro.
O mesmo se dá com a Santa Missa: da substância do pão se passa para a substância do Corpo do Senhor e a ciência nos ajuda a compreender exatamente que tal passagem ocorre até mesmo a nível do "infinitamente pequeno". Esta é a fé de sempre mantida pela Igreja Católica, Dogma de fé que jamais poderá ser mudado já que o Dogma é a eterna Verdade revelada.
E então como é possível justificar novidades tão negativas? De onde saiu um modo de agir tão irreverente, senão de um rito que leva a este triste êxito? Eis por que eu tive que tomar distância de um rito que de tantos modos profana o Santíssimo (comunhão na mão, tabernáculos removidos e esquecidos, Eucaristia na mão de "ministros extraordinários", quer seja homens ou mulheres, Missas inventadas, inculturadas etc.).
É absolutamente impossível seguir tal anarquia e pretender espelhar a fé Católica constante. Portanto tudo isso me obriga a tomar uma decisão: rechaçar todas essas novidades, por amor à Verdade, à Eucaristia, à Igreja e às vossas almas que têm direito à salvação por meio da graça.
Vocês me perguntarão porque demorei tanto a chegar a estas conclusões. Pois bem, eu busquei comunicar a fé católica através desses novos ritos, eu busquei rezar a Missa voltado para o povo por dois anos na esperança de exprimir também assim a fé Católica.
Mas a Missa voltado para o povo se torna obrigatoriamente oferta ao povo, na sua língua, com os seus cânticos. Torna-se um banquete, um convívio de festa, de fraternidade, uma reunião calorosa, dinâmica, participativa, alegre, enfim uma coisa da terra. Eu assisti certos ritos assim alegres e festivos que verdadeiramente, ainda que tivessem uma aparência simpática, faziam com que fosse impossível ver ali o Sacrifício do Calvário renovado na sua tremenda dramaticidade.
Temos então que nos confrontar com duas realidades totalmente diversas:
A - A Missa oficial atual; que se assemelha a um banquete, a uma comunhão fraterna entre os presentes para rezarem juntos celebrando a memória da última ceia de Jesus com os seus discípulos, pela qual Jesus está presente espiritualmente em meio aos fiéis (cf. art. 7 do missal romano). Sendo este rito dirigido aos fiéis, é lógico que deve ser dito em alta voz, em uma língua compreensível (até mesmo dialetos), freqüentemente inventado ou improvisado, variando segundo o lugar, hora, estação, idade dos presentes, a sua classe. Sem falar da música!
Mas vocês estão seguros de que em todas essas variações, caprichos, evoluções, improvisações, fantasias está sendo sempre expresso integralmente o dogma, a Verdade Católica?
Vocês estão seguros de atingirem a plenitude da graça que provém do rito perfeito definido pela Igreja por ocasião do Concílio de Trento?
Desta anarquia, desordem, criatividade, confusão litúrgica surge obrigatoriamente a confusão espiritual do povo cristão que criou uma religião do comodismo: entrar numa igreja com vestes indecentes, bater papo sem nenhum constrangimento diante do Santíssimo, sem nem mesmo uma pequena genuflexão, uma saudação, simplesmente como se não existisse. E sobretudo pegar a Hóstia com a mão como se fosse um pedaço de pão ordinário, sem o menor cuidado com os Fragmentos, sem a Confissão prévia, fazer de tudo durante a Comunhão sem nenhuma disciplina moral ou espiritual, freqüentemente em estado de pecado mortal, o qual, por outro lado já dizem que não existe mais.
Quantas surpresas diante do tribunal de Deus ! Realmente é de causar tremor!
Por outro lado, o fato de que o rito dessa Missa seja praticado até mesmo por protestantes de tendência anglicano-calvinista (altar voltado para o povo) demonstra que ela não exprime mais o dogma Católico.
Vejam o que disse Lutero sobre a Missa Católica: «Afirmo que todos os homicídios, os furtos, os adultérios são ainda menos piores do que esta abominável Missa (Sermão do 1E° domingo de Advento). Quando a Missa for derrubada, penso que teremos derrubado o inteiro papado. (Tratado contra Henricum)».
Na sua carta ao Santo Padre Paulo VI, o cardeal Ottaviani, Prefeito do Santo Ofício (não um analfabeto qualquer, portanto, uma pessoa em posto de responsabilidade) disse a propósito da nova Missa: «O Novus Ordo Missae representa, seja no seu todo como nos particulares, um impressionante afastamento da teologia da Santa Missa, tal qual ela foi formulada na sessão XXII do Concilio Tridentino», e anexou a essa carta um breve exame critico o qual até hoje não recebeu resposta.
B - A Missa Católica, que é a renovação não cruenta do único sacrifício do Calvário, onde Jesus, por meio de si mesmo como Sacerdote, se oferece a Deus Pai para obter o perdão dos pecados dos vivos e dos mortos, é o mistério terrível desta Vítima divina e eterna que renova a expressão máxima de sua compaixão pela humanidade arruinada, corrupta, atraída mais para o mal do que para o bem, excluída do Paraíso, presa à própria malícia e ao demônio.
A Missa católica é portanto súplica, a oferta do Redentor que se faz pecado para lavar no seu Sangue os nossos pecados.
Esta Missa deve ser seguida com respeito, profundo silêncio, contemplação devota, participação comovida do coração que contempla e se une à ação do seu Redentor que ali se apresenta, feito pecado, ao justo Juiz que sobre tudo faz um exame exato, e intercede a nosso favor para que sejamos perdoados.
Jesus diz ao Pai: «Pai, olha para esta perfeita adoração, para esta perfeita reparação que te ofereço com o meu Sangue puríssimo tirado de uma Virgem para que se tornasse purificação dos pecados de todo o mundo. Olhando para o meu Sangue, o meu amor, a minha dor, a minha oração, perdoa-lhes, esqueça-Se de seus pecados, olhe apenas para mim que te amo com amor eterno, perfeito, infinito, que os amo mais do que minha própria vida, por isso os tornei preciosos porque foram comprados a preço do meu próprio Sangue divino.»
E nós expectadores, adorantes desta súplica, devemos unir nossos corações ao coração de Jesus que fala por nós, a nosso favor. Deixemo-lo falar com as palavras e os gestos que a Igreja definiu e canonizou através dos séculos.
Eis aqui alguns documentos da Igreja, referentes à Missa:
- Concílio de Trento: decreto e cânones sobre a Missa:
Cap. 4:
«E porque as coisas santas devem ser administradas santamente e, de todas, este é o sacrifício mais santo: A Igreja Católica, para que esse pudesse ser oferecido e recebido dignamente com todo o respeito, estabeleceu desde muitos séculos o sagrado cânon, de tal forma purificado de qualquer erro, que não contém nada que não exale grande santidade e piedade e não eleve a Deus a mente daqueles que o oferecem. Este, de fato, é composto seja das mesmas palavras do Senhor, seja da Tradição apostólica e também de tudo o quanto foi estabelecido piamente pelos Santos Pontífices.» (nE° 1745).
O culto de adoração, a oferta do sacrifício é portanto algo definido pela Igreja, desde sempre e não pode ser modificado, alterado, proibido.
- Da Bulla Quo primum tempore de São Pio V de 14 de julho de 1570:
«Já que é soberanamente oportuno que, na Igreja de Deus, haja uma só maneira de salmodiar e um só rito para celebrar a Missa, parecia-nos necessário providenciar, o mais cedo possível, o restante desta tarefa, ou seja, a edição do Missal. Para tanto, julgamos dever confiar este trabalho a uma comissão de homens eruditos. Restituíram o mesmo Missal na sua antiga forma segundo a norma e o rito dos santos Padres.»
« A Missa não poderá ser cantada ou recitada de outro modo senão aquele prescrito pelo ordenamento do Missal por nós publicado.»
« Por Nossa presente Constituição, que será valida para sempre, Nós decretamos e ordenamos, sob pena de nossa indignação, que o uso de seus missais próprios seja supresso e sejam eles radical e totalmente rejeitados; e, quanto ao Nosso presente Missal recentemente publicado, nada jamais lhe deverá ser acrescentado, nem supresso, nem modificado.»
« Além disso, em virtude de Nossa Autoridade Apostólica, pelo teor da presente Bula, concedemos e damos o indulto seguinte: que, doravante, para cantar ou rezar a Missa em qualquer Igreja, se possa, sem restrição seguir este Missal com permissão e poder de usá-lo livre e licitamente, sem nenhum escrúpulo de consciência e sem que se possa encorrer em nenhuma pena, sentença e censura, e isto para sempre. Da mesma forma decretamos e declaramos que os Prelados, Administradores, Cônegos, Capelães e todos os outros Padres seculares, designados com qualquer denominação, ou Regulares, de qualquer Ordem, não sejam obrigados a celebrar a Missa de outro modo que o por Nós ordenado; nem sejam coagidos e forçados, por quem quer que seja, a modificar o presente Missal, e a presente Bula não poderá jamais, em tempo algum, ser revogada nem modificada, mas permanecerá sempre firme e válida, em toda a sua força. »
« Assim, portanto, que a ninguém absolutamente seja permitido infringir ou, por temerária audácia, se opor à presente disposição de nossa permissão, estatuto, ordenação, mandato, preceito, concessão, indulto, declaração, vontade, decreto e proibição.»
« Se alguém, contudo, tiver a audácia de atentar contra estas disposições, saiba que incorrerá na indignação de Deus Todo-poderoso e de seus bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo.»
Por outro lado, como vocês puderam ver, o rito celebrado é um rito antigo confirmado pela imemorável tradição, canonizado pelo Concílio de Trento e por São Pio V, que muitos de vocês ainda recordam.
- Pelo Direito Canônico:
Antigo Código:
Titulus XII, De delictis contra religionem
Can. 2320 - Qui species consecratas abiecerit vel ad malum finem abduxerit aut retinuerit, est suspectus de hææresi; incurrit in excommunicationem latææ sententiææ specialissimo modo Sedi Apostolicæ reservatam; est ipso facto infamis, et clericus prææterea est deponendus.
(Quem profanar as espécies consagradas, apoderar-se delas ou retê-las com fins sacrílegos, torna-se suspeito de heresia, incorre na excomunhão latææ sententiææ reservada de modo especialíssimo à Sede Apostólica; o réu é ipso facto infame e além disso, se for um eclesiástico, deve ser deposto).
Novo Código:
Can 1367 - Qui species consecratas abicit aut in sacrilegum finem abducit vel retinet, in excommunicationem latææ sententiææ Sedi Apostolicææ reser-vatam incurrit; clericus prææterea alia poena non exclusa dimissione e statu clericali, puniri potest.
(Quem profana as espécies consagradas, ou então as carrega ou as conserva com objetivo sacrílego, incorre na excomunhão latææ sententiææ reservada à Sede Apostólica; o clérigo além disso pode ser punido com outra pena, não excluída a demissão do estado clerical).
Quem duvidará que a essa práxis atual da comunhão na mão não se possa aplicar esse cânon? Isso é o mesmo que dizer que muitos sacerdotes e bispos se encontram excomungados pela Igreja Católica! Os fatos são fatos e contra fatos não há argumentos! É bem verdade que não jogam fora os Fragmentos com propósito maligno, todavia sabem que os Fragmentos caem , sabem que em cada um desses Fragmentos está Deus Sacramentado. O que diríamos então de uma mãe que joga seu filho pela janela sem nenhuma maldade, sem querer? Se não é criminosa, é louca!
O horror, o ódio, a ojeriza absoluta pela Missa Tridentina tem qualquer coisa que ultrapassa a lógica, o raciocínio e até os motivos pastorais. Esta Missa moderna é um pesadelo,um pecado mortal que faz-nos recordar os comentários altamente teológicos de Lutero:
«Quando a missa for derrubada, estou convencido de que juntamente com ela conseguiremos derrubar o inteiro papismo. O papismo, de fato, se apóia sobre a missa como sobre uma rocha, todo inteiro, com os seus mosteiros, bispados, colégios, altares, ministérios e doutrina, em uma palavra , com todo o seu bojo. Tudo isso cairá necessariamente quando cair a sua missa sacrílega e abominável. Eu declaro que todos os bordéis, os homicídios, os furtos, os assassinatos e os adultérios não são nada em comparação com aquela abominação que é a missa papista.» (Para quem tem uma obsessão por reabilitar Lutero!).
Como explicar esse fanatismo contra a Santa Missa?
Chamam-na "nostalgia pelo passado":
Mas será que um rito...
- Feito segundo "a norma e o rito dos Santos Padres", isto é desde os primeiríssimos séculos da Igreja,
- Que santificou a Igreja e foi celebrado pelos maiores santos,
- Que reflete o eterno presente de Deus, isto é sem passado nem futuro, sempre idêntico a si mesmo,
- Regulado pela norma habitual e à qual se anexa uma lei escrita, totalmente aprovada por atos infalíveis,
- Universalmente celebrado na sua língua sacra e "estabelecido há muitos séculos",
Pode por acaso este rito estar sujeito a um gosto (nostalgia) ou desgosto pessoal?
Estes sentimentalismos e preferências são a característica do protestantismo, religião criada pelos gostos e pela soberba do homem, não revelada do Alto.
Acusam-na de "imobilismo litúrgico".
Na verdade, se deveria admirar a sua "estabilidade" ao longo dos séculos, como coisa não humana e sim divina, prova da sua perfeição. Certamente que não possuem o menor senso de humor estes "instáveis", os quais, sob o pretexto da participação, da compreensão por parte do povo, usando termos científicos como: "atualização contínua, inculturação, aprofundamento, a formação permanente etc., dão asas a todos os seus anseios por novidades, tomando por lei tudo que não passa de capricho do momento.
E quando uma comunidade condena seu próprio passado, chamando de saudosistas aqueles que ainda o amam, seguramente acontecerá que num certo amanhã, esta mesma comunidade acabará por renegar também o seu presente.
Assim fazem os instáveis: para ocultar a sua fragilidade, estão sempre em busca, escrevem livros competentes, fazem elocubrações eruditas, mas nada disso diminui o fato de que o mutante está sempre em necessidade, de agora em diante necessidade de uma contínua fuga avante, efeito de uma instabilidade de caráter, de um desejo de protagonismo, de uma ambição de escrever e reescrever a história, com contínuas correções ao ponto que no final agem etsi Deus non daretur, "como se na Missa não se importassem mais se Deus está presente ou não, se nos fala e se nos escuta " (CARD. RATZINGER, La mia vita).
E no final eis o "patatrac"! O último achado: a comunhão na mão.
Todavia, desta vez a coisa se torna grave. São profanações claras e evidentes. Di-lo a Fé, a piedade cristã, o Direito Canônico.
Descobre-se que não sabem mais quem é Deus.
Celebram com convicção e algumas vezes com dignidade, mas um rito pessoal, onde a "comunidade celebra a si mesma, sem que valha a pena " (CARD. RATZINGER, La mia vita).
"Sejam bons atores", é o que tem dito ultimamente o bispo de B. aos seus sacerdotes.
É verdade, no teatro, os atores buscam envolver emotivamente os expectadores, caso contrário, que tipo de atores seriam?
Cria-se, portanto, comunhão, transmissão de uma mensagem. Com efeito, na busca da comunicação de homem para homem (sumpaqeia) estão tão atarefados que se esquecem, por distração, da dimensão vertical do Sagrado.
O Sacerdote vai em busca do povo com grande afã, deve agradar ao povo, necessita do povo, não pode mais celebrar sem o povo.
Por outro lado, o Sacerdote se colocou no lugar onde antes se encontrava Deus, manifestando assim a sua sede de poder, de aparecer, de presidir, de comandar, de ser valorizado.
E o povo dá sua opinião: "como ele celebra bem", "mas ele não acaba nunca!", "pelo menos esse aí celebra rápido!", "parece que essa Missa não anda". Ouvimos de tudo, já que se trata dos ritos e das fantasias do celebrante.
"Se o sal perde o seu sabor... para nada mais serve senão para ser lançado fora e calcado pelos homens" (Mt., 5, 13). O Sacerdócio é pisoteado juntamente com a Santíssima Eucaristia, já que agora são os leigos que mandam no Sacerdote: "Dá- me a hóstia na mão porque eu tenho esse direito". O sacerdote então é obrigado pelo leigo a cometer uma profanação.
Dir-me-ão que estão todos de acordo entre si. É verdade, mas na anarquia.
Dir-me-ão que estão todos juntos nisso. É verdade, mas a maioria não faz a Verdade.
Há quem corre na frente, quem permanece atrás, quem empurra e quem freia quem segue despreocupado a novidade do momento, a sugestão mais aceitável. Do rito da missa ao repertório dos cânticos (até isso de acordo com o local) se assiste a uma babel de funções, todas, cada uma mais disputada do que a outra, uma verdadeira confusão. Cada paróquia se torna um gueto com os seus ritos próprios, cânticos e usanças.... Como no ecumenismo:unidade na diversidade, de fato são todos irmãos: na confusão..
A Igreja Católica ao invés diz: unidade na Verdade. A estabilidade litúrgica, a uniformidade dos ritos plasma cada sacerdote como numa estampa única, uniforme, fabricada na antiguidade, conservada e transmitida íntegra pela Autoridade.
O sacerdote se aniquila no rito porque nele é a Igreja que celebra. E então se pode estar seguro de que o dogma é transmitido, vivido, a graça se torna presente e é eficaz.
Em todos os lugares da Terra, o sacrifício é único, única a língua, único o canto, e portanto única a casa onde se encontram todos os católicos, irmãos na Verdade, na verdadeira adoração, na celebração de um rito puro, santo, completo, inspirado por Deus, agradável a Deus, alma da Igreja, luz dos corações. Rito que não tem nada de humano, totalmente despojado de elementos e tonalidades terrestres.
"Imobilismo" significa estabilidade, solidez, eternidade, verdade, segurança.
Quando no "Russicum" (Roma), foi proposto pelo Reitor de se cantar em italiano a epístola e o Evangelho, os romanos se encarregaram de imprimir os textos em italiano para os fiéis, desde que os textos fossem cantados em slavone.
Não me parece que nos outros ritos exista um movimento litúrgico de tipo latino, isto é "ecumênico-evolucionista manipulado pela base e imposto pela Autoridade".
De qualquer modo é claro que esta mentalidade atual não tem nada a ver com a mentalidade católica. A ruptura é evidente, primeiramente na mentalidade e depois nos fatos.
« A promulgação da proibição do missal que havia se desenvolvido por séculos, desde o tempo dos sacramentos da antiga Igreja, comportou uma ruptura na história da liturgia, cujas conseqüências só podiam ser trágicas...»
« Estou convencido de que a crise eclesial na qual nos encontramos hoje se deve em grande parte à decadência da liturgia. »
« A reforma litúrgica produziu danos extremamente graves para a fé.»
(trechos de CARD. RATZINGER, La mia vita, ed. San Paolo, 1997).
É provável também que a crise mundial dependa da abolição do sacrifício perpétuo. De fato no mesmo período (anos 70):
- cerca de cem mil sacerdotes e bispos abandonaram o sacerdócio;
- Foram aprovadas leis sobre o divórcio e sobre o aborto (em abril de 1997 só a Itália superou mais de um milhão de mortos por abortos e o total de abortos em todo o mundo supera o número de vítimas de todas as guerras da história humana e depois ainda fingem que a pena de morte já foi abolida!)
- As Brigadas vermelhas e o terrorismo na Itália;
- A droga;
- O satanismo.
"Porque o mistério da iniquidade já está em ação, apenas esperando o desaparecimento daquele que o detém. Então o tal ímpio se manifestará." (II Tess., 2, 7-8).
Teria sido esta reforma a causa desta apostasia?
Seria o Sacrifício da Missa o obstáculo que detinha o adversário?
«Caros filhos e filhas, Nós queremos mais uma vez convidá-los a refletirem sobre esta novidade que é o novo rito da missa, o qual será utilizado na celebração do santo sacrifício, a partir do próximo domingo, dia 30 de novembro, primeiro domingo do Advento. Novo rito da missa! É uma mudança que toca uma venerável tradição multisecular. Esta mudança se dá sobre o desenvolvimento das cerimônias da missa. Constataremos talvez um certo mal estar porque no altar, as palavras e os gestos não serão mais idênticos àqueles que estávamos de tal forma habituados que quase nem mais prestávamos atenção... Devemos nos preparar para estes múltiplos incômodos que são inerentes a todas as novidades que mudam os nossos hábitos.
« Os sacerdotes que celebram em latim, privadamente poderão utilizar até o dia 28 de novembro de 1971, seja o Missal Romano, seja o novo rito. Se usarem o Missal Romano, poderão. Se usarem o novo rito, deverão seguir o texto oficial» (PAOLO VI, Alocução da audiência geral do dia 26 de novembro de 1969).
Portanto, o rito moderno é oposto ao rito romano tradicional.
Padre Louis Demornex.
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