Não ao progressismo; não à carolice
Através da verdadeira piedade o fiel fala a Deus –– evitando as melúrias de uma religiosidade sentimental e os desvarios do progressismo
Paulo Francisco Marto
Nossa revista é de ação, de oração e de salão. Também, quando necessário, de praça pública. Mas, se é assim, perguntará o leitor: como “reza” Catolicismo? Como é sua atitude nas ocasiões em que se coloca no campo especificamente religioso?
Assim, dentre os vários temas para os quais o ser humano está voltado, os mais importantes são os de ordem religiosa, pois se referem mais diretamente à finalidade dele. E, tratando de outros assuntos, o homem nunca deve perder de vista o “princípio e fundamento”.
Compulsando a coleção de Catolicismo, ao longo de 40 anos, verifica-se que a revista afina inteiramente com essa linha de ação.
Nosso Senhor Jesus Cristo –– Sendo Deus o Autor da graça, Catolicismo volta-se sobretudo para a Pessoa do Divino Salvador, o Verbo de Deus encarnado.
Nesse sentido, Catolicismo já teve a honra de estampar, na íntegra, dois magníficos textos de Via Sacra, compostos pelo Prof Plinio Corrêa de Oliveira. E, em abril último, um desses textos foi re-impresso, em forma de folheto, e distribuído gratuitamente aos nossos leitores.
A Sagrada Eucaristia –– Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Cristo –– tem sido objeto de muitos artigos em Catolicismo. Ocupam também lugar de destaque na revista os artigos e reportagens sobre o Santo Sudário. A campanha publicitária, promovida recentemente contra a Sagrada Relíquia, com base num teste de Carbono-14, ficou desmoralizada depois que importantes cientistas atestaram a autenticidade do Sagrado Lençol. Catolicismo analisou detidamente o importantíssimo assunto, tendo inclusive entrevistado cientistas e utilizado a melhor bibliografia a respeito.
Nossa Senhora –– A devoção a Maria Santíssima, propagada por Catolicismo, baseia-se em tudo quanto de sólido e admirável se disse na Igreja a respeito da Mãe do Verbo Encarnado, e largamente nessa obra-prima da mariologia que é o “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, de São Luís Maria Grignion de Montfort.
Catolicismo tem como ponto de honra realçar –– e o faz com enorme gáudio –– as grandezas daquela que pôde dizer de Si mesma, no Magnificat, “Quia fecit mihi magna qui potens est” (Grandes coisas fez em mim Aquele que é poderoso).
A Virgem Santíssima, enquanto esmagando, no dizer da Sagrada Escritura, os inimigos da Igreja e da civilização cristã, é tema freqüentemente lembrado. As impressionantes intervenções de Nossa Senhora a favor dos católicos na batalha de Lepanto e no monte das Tabocas (Pernambuco) são alguns exemplos, entre outros.
Dentre os múltiplos e santos títulos com que legitimamente se pode invocar a Mãe de Deus e nossa, nenhum tem sido tão inculcado em nossas páginas quanto o de Nossa Senhora de Fátima. Tendo a Virgem Santíssima, na Cova de Iria, advertido o mundo contra os erros espalhados pela Rússia, Catolicismo dedicou-se, e continua a dedicar-se com ardor, a difundir essa mensagem essencialmente contra-revolucionária. Em suas edições de maio de 1967 e julho de 1975, por exemplo, publicou a obra séria e já famosa do engenheiro Antonio Augusto Borelli Machado, “As aparições e a Mensagem de Fátima, conforme os manuscritos da Irmã Lúcia”.
Sendo o ideal de Catolicismo a exaltação da Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana, a única verdadeira, em suas páginas a revista procura sempre “aproveitar todas as ocasiões para apontar a missão da Igreja como mestra da virtude, fonte da graça, e inimiga irreconciliável do erro e do pecado” (Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, p. 52).
Virtudes esquecidas.–– Adulterando o sentido da magna virtude teologal chamada caridade, a Revolução a apresenta, em geral, como consistindo numa mera manifestação de sentimentalismo ou filantropia. Esquecese de que ela é, em sua raiz, amor a Deus, e que portanto comporta, contra os inimigos do Senhor, o “ódio perfeito” de que nos fala o Profeta David. É o que ensina São Tomás de Aquino.
Catolicismo, ao explicar o verdadeiro significado da caridade, tem mostrado também o importante papel da cólera santa para a perfeição dessa virtude.
Eis um texto de São João Crisóstomo, publicado em nossa edição de setembro de 1951:
“Só aquele que se enraivece sem motivo se torna culpado; quem se enraivecer por um motivo justo não tem culpa alguma. Pois, se faltasse a ira, a ciência de Deus não progrediria, os julgamentos não teriam consistência e os crimes não seriam reprimidos. Mais ainda: aquele que não se enraivecer quando a razão o exige, comete um pecado grave; pois a paciência não regulada pela razão propaga os vícios, favorece as negligências e leva ao mal, não somente os maus, mas sobretudo os bons. (Hom. XI, in Nath)”.
A humildade, segundo a interpreta a Revolução, leva-nos em última análise a considerar como maus em si mesmos o poder de mando, as honras, as dignidades, os trajes faustosos. Assim, dever-se-ia almejar um mundo onde todos fossem iguais, vivendo na pobreza e na simplicidade.
Catolicismo mostra que o igualitarismo é fruto do orgulho, e não da humildade. Participa do ódio luciferino a toda superioridade.
A verdadeira humildade nos conduz a amar as desigualdades que Deus estabeleceu na criação, quer na Igreja hierárquica, instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo, quer na sociedade temporal cristã. Esta deve ser profundamente ordenada e harmônica nas suas classes sociais, famílias e indivíduos. E a ordem só é possível onde há desigualdade.
Catolicismo sempre inculca as virtudes mais omitidas pela Revolução, tais como: a combatividade, a intransigência, a vigilância, a magnanimidade, a magnificência, a castidade, a obediência.
Essas virtudes esquecidas são recordadas não apenas teoricamente, mas também nas biografias dos heróis da Fé. E as grandes figuras do Antigo Testamento vêm sendo lembradas na seção “História Sagrada em seu lar”.
Assim fazendo, Catolicismo tem em vista ainda preparar as almas para os acontecimentos que deverão atingir o mundo, caso este não se converta, bem como para o Reino de Maria, previstos por Nossa Senhora em Fátima.
Nota:
1- “Exercidos Espirituais”, Livraria Apostolado de Imprensa, Porto, 1966, p. 27.
http://www.catolicismo.com.br/materia/materia.cfm/idmat/51A28891-3048-313C-2E88215DB0E2FC22/mes/Janeiro1991
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