Blog Alma Missionária

Blog Alma Missionaria

quarta-feira, 29 de agosto de 2012


COMPÊNDIO DO
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
PRIMEIRA PARTE: OS SÍMBOLOS DA FÉ
CREIO EM DEUS PAI
CAPÍTULO TERCEIRO
A resposta do homem a Deus
EU CREIO
25. Como responde o homem a Deus que se revela ?
O homem, sustentado pela graça divina, responde a Deus com a obediência da fé, que é confiar plenamente em Deus e acolher a sua Verdade, porquanto garantida por ele, que é a própria Verdade. 142-143.
26. Quais são na Sagrada Escritura as principais testemunhas de obediência da fé ?
Há muitas testemunhas, em particular duas: Abraão, que, posto à prova, "creu em Deus" (Rm 4,3) e sempre obedeceu a seu chamado, tornando-se "pai de todos os crentes" (Rm 4,11.18); e a Virgem Maria, que realizou do modo mais perfeito, durante toda a sua vida, a obediência da fé: "Fiat mihi secundam Verbum tuum — Faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1,38). 144-149
27. Na prática, o que significa para o homem crer em Deus ?
Significa aderir ao próprio Deus, confiando nele e dando assentimento a todas as verdades por ele reveladas, porque Deus é a verdade. Significa crer num só Deus em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. 150-152 176-178
28. Quais são as características da fé?
A fé, dom gratuito de Deus e acessível a todos os que a pedem com humildade, é virtude sobrenatural necessária à salvação. O ato de fé é um ato humano, ou seja, um ato da inteligência do homem que, sob o impulso da vontade movida por Deus, dá livremente o próprio consenso à verdade divina. Além disso, a fé é certa porque fundada na Palavra de Deus, é operosa "pelo amor" (Gl 5,6); está em contínuo crescimento graças, em particular, à escuta da Palavra de Deus e à oração. Ela nos faz prelibar desde já a alegria celeste. 153-165 179-180 183-184
29. Por que não há contradições entre fé e ciência ?
Embora a fé supere a razão, jamais poderá haver contradição entre fé e ciência, porque ambas têm origem em Deus. É o mesmo Deus que dá ao homem tanto a luz da razão quanto a fé. 159 "Crê para compreender, compreende para crer" (Santo Agostinho).

NÓS CREMOS
30. Por que a fé é um ato pessoal e ao mesmo tempo eclesial ?
A fé é um ato pessoal, como livre resposta do homem a Deus que se revela. Mas é ao mesmo tempo um ato eclesial, que se exprime na confissão: "Nós cremos". Com efeito, é a Igreja que crê. Desse modo, com a graça do Espírito Santo, ela precede, gera e alimenta a fé de cada um. Por isso a Igreja é Mãe e Educadora. 166-169 181
31. Por que as fórmulas da fé são importantes ?
As fórmulas da fé são importantes porque permitem exprimir, assimilar, celebrar e partilhar juntamente com outros as verdades da fé, utilizando uma linguagem comum. 170-171
32. De que modo a fé da Igreja é uma só ?
A Igreja, embora formada por pessoas diferentes por língua, cultura e ritos, professa, com voz unânime, a única fé recebida de um só Senhor e transmitida pela única Tradição Apostólica. Professa um só Deus — Pai, Filho e Espírito Santo — e mostra um só caminho de salvação. Portanto, nós cremos, com um só coração e com uma só alma, em tudo o que está contido na Palavra de Deus, transmitida ou escrita, e é proposto pela Igreja como divinamente revelado. 172-175 182
Segunda Seção - A Profissão de Fé Cristã (Início até 174) ?
Esse antigo mosaico da basílica romana de São Clemente celebra o triunfo da Cruz, mistério central da fé cristã. Pode-se observar a florescência luxuriante de um feixe de acanto, do qual transbordam os numerosíssimos ramos que se estendem em todas as direções, com suas flores e seus frutos. A vitalidade dessa planta é dada pela cruz de Jesus, cujo sacrifício constitui a recriação da humanidade e do cosmo. Jesus é o novo Adão que, com o mistério da sua paixão, morte e ressurreição, faz reflorescer a humanidade, reconciliando-a com o Pai. Em torno de Cristo sofredor existem doze pombas brancas, que representam os doze apóstolos. Aos pés da cruz estão Maria e João, o discípulo predileto: "Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: 'Mulher, eis o teu filho!' Depois disse ao discípulo: 'Eis a tua mãe!'A partir daquela hora, o discípulo a acolheu junto de si" (Jo 19,26-27). No alto se destaca a mão do Pai, que oferece uma coroa de glória ao seu Filho vitorioso da morte com seu mistério pascal. Na base da planta há um pequeno cervo que combate a serpente do mal. Dessa planta, que representa a árvore da redenção, brota uma fonte de água borbulhante, que dá vida a quatro rios, que simbolizam os quatro Evangelhos, no qual os fiéis matam a sede, como fazem os cervos nas fontes de água viva. A Igreja aqui é representada como um jardim celeste vivificado por Jesus, verdadeira árvore da vida.
O Credo - Símbolo dos Apóstolos ?
Creio em Deus Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra. E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria; padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na santa Igreja católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna. Amém.
Symbolum Apostolicum ?
Credo in Deum Patrem omnipotentem, Creatorem caeli et terrae, et in Iesum Christum, Filium Eius unicum, Dominum nostrum, qui conceptus est de Spiritu Sancto, natus ex Maria Virgine, passus sub Pontio Pilato, crucifixus, mortuus, et sepultus, descendit ad inferos, tertia die resurrexit a mortuis, ascendit ad caelos, sedet ad dexteram Dei Patris omnipotentis, inde venturus est iudicare vivos et mortuos. Et in Spiritum Sanctum, sanctam Eccleesiam catholicam, sanctorum communionem, remissionem peccatorum, carnis resurrectionem, vitam aeternam. Amen.
Credo Niceno-Constantinopolitano ?
Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstanciai ao Pai. Por ele todas as coisas foram feitas. E por nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos céus e se encarnou, pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras, e subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fím. Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado, ele que falou pelos profetas. Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica. Professo um só batismo para remissão dos pecados. E espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir. Amém.
Symbolum Nicaenum-Constantinopolitanum ?
Credo in unum Deum, Patrem omnipotentem, Factorem caeli et terrae, visibilium omnium et invisibilium. Et in unum Dominum Iesum Christum, Filium Dei unigenitum et ex Patre natum ante omnia saecula: Deum de Deo, Lumen de Lumine, Deum verum de Deo vero, genitum, non factum, consubstantialem Patri: per quem omnia facta sunt; qui propter nos homines et propter nostram salutem, descendit de caelis, et incarnatus est de Spiritu Sancto ex Maria Virgine et homo factus est, crucifíxus etiam pro nobis sub Pontio Pilato, passus et sepultus est, et resurrexit tertia die secundum Scripturas, et ascendit in caelum, sedet ad desteram Patris, et iterum venturus est cum gloria, iudicare vivos et mortuos, cuius regni non erit finis. Credo in Spiritum Sanctum, Dominum et vivificantem, qui ex Patre Filioque procedit, qui cum Patre et Filio simui adoratur et conglorificatur, qui locutus est per Prophetas. Et unam saneiam catholicam et apostolicam Ecclesiam. Confiteor unum Baptisma in remissionem peccatorum. Et exspecto resurrectionem mortuorum, et vitam venturi saeculi. Amen.
33. O que são os Símbolos da fé ?
São fórmulas articuladas, chamadas também de "profissões de fé" ou "Credo", com que a igreja, desde suas origens, expressou de modo sintético e transmitiu a própria fé com uma linguagem normativa e comum a todos os fiéis. 185-188 192, 197
34. Quais são os mais antigos Símbolos da fé ?
São os Símbolos batismais. Uma vez que o Batismo é dado "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28,19), as verdades de fé neles professadas são articuladas em referência às três Pessoas da Santíssima Trindade. 189-191
35. Quais são os mais importantes Símbolos da fé ?
São o Símbolo dos Apóstolos, que é o antigo Símbolo batismal da Igreja de Roma, e o Símbolo niceno-constantinopolitano, fruto dos primeiros dois Concílios Ecumênicos de Nicéia (325) e de Constantinopla (381) e ainda hoje comum a todas as grandes Igrejas do Oriente e do Ocidente. 193-195

"CREIO EM DEUS PAI TODO-PODEROSO, CRIADOR DO CÉU E DA TERRA"
36. Por que a profissão de fé começa com "Creio em Deus" ?
Porque a afirmação "Creio em Deus" é a mais importante, a fonte de todas as outras verda-des sobre o homem e sobre o mundo, e de toda a vida de cada um que nele crê. 198-199
37. Por que professamos um só Deus ?
Porque ele se revelou ao povo de Israel como o Único, quando disse: "Ouve, Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor" (Dt 6,4), "eu é que sou Deus e outro não há" (Is 45,22). O próprio Jesus o confirmou: Deus é "um só" (Mc 12,29). Professar que Jesus e o Espírito Santo são também Deus e Senhor não introduz nenhuma divisão no Deus único. 200-202 228
38. Com que nome Deus se revela ?
A Moisés Deus se revela como o Deus vivo, "o Deus de Abraão,o Deus de Isaac, o Deus de Jacó" (Ex 3,6). Ao mesmo Moisés, Deus revela o seu Nome misterioso: "Eu Sou Aquele que Sou (YHWH)". O nome inefável de Deus, já nos tempos do Antigo Testamento, foi substituído pela palavra Senhor. Assim, no Novo Testamento, Jesus, chamado de Senhor, mostra-se como verdadeiro Deus. 203-205 230-231
39. Somente Deus "é" ?
Somente Deus é em si mesmo a plenitude do ser e de toda perfeição, ao passo que as criaturas receberam dele tudo o que são e têm. Ele é "aquele que é", sem origem e sem fim. Jesus revela que também ele leva o Nome divino: "Eu sou" (Jo 8,28). 212-213
40. Por que é importante a revelação do nome de Deus ?
Ao revelar o seu Nome, Deus dá a conhecer as riquezas contidas no seu mistério inefável: somente ele é, desde sempre e para sempre, aquele que transcende o mundo e a história. É ele que fez o céu e a terra. É o Deus fiel, sempre próximo a seu povo para o salvar. É o santo por excelência, "rico em misericórdia" (Ef 2,4), sempre pronto a perdoar. É o Ser espiritual, transcendente, onipotente, eterno, pessoal, perfeito. É verdade e amor. 206-213 "Deus é o ser infinitamente perfeito que é a Santíssima Trindade" (São Turíbio de Mongrovejo).
41. Em que sentido Deus é a verdade ?
Deus é a própria Verdade e como tal não se engana e não pode enganar. Ele "é luz e nele não há trevas" (1Jo 1,5). O Filho eterno de Deus, Sabedoria encarnada, foi enviado ao mundo "para dar testemunho da verdade" (Jo 18,37). 214-217 231
42. De que modo Deus revela que ele é amor ?
Deus se revela a Israel como aquele que tem um amor mais forte do que o de um pai ou de uma mãe pelos seus filhos, ou de um esposo por sua esposa. Ele, em si mesmo, "é amor" (1Jo 4,8.16), que se doa completa e gratuitamente, "que amou tanto o mundo que deu o seu Filho único para que todo o que nele crer seja salvo por ele" (Jo 3,16-17). Enviando seu Filho e o Espírito Santo, Deus revela que ele próprio é eterna troca de amor. 218-221
43. O que comporta crer num só Deus ?
Crer em Deus, o único, comporta: conhecer sua grandeza e majestade; viver em ação de graças; confiar nele sempre, mesmo nas adversidades; reconhecer a unidade e a verdadeira dignidade de todos os homens, criados à imagem de Deus; usar corretamente as coisas criadas por ele. 222-227 229
44. Qual é o mistério central da fé e da vida cristã ?
O mistério central da fé e da vida cristã é o mistério da Santíssima Trindade. Os cristãos são batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. 232-237
45. O mistério da Santíssima Trindade pode ser conhecido pela pura razão humana ?
Deus deixou alguns vestígios do seu ser trinitário na criação e no Antigo Testamento, mas a intimidade do seu Ser como Trindade Santa constitui um mistério inacessível à pura razão humana e até mesmo à fé de Israel antes da Encarnação do Filho de Deus e da missão do Espírito Santo. Esse mistério foi revelado por Jesus Cristo e é a fonte de todos os outros mistérios. 237
46. O que Jesus Cristo nos revela do mistério do Pai ?
Jesus Cristo nos revela que Deus é "Pai", não somente porque é Criador do universo e do homem, mas sobretudo porque gera eternamente em seu seio o Filho, que é o seu Verbo, "resplendor da glória do Pai, expressão de seu ser" (Hb 1,3). 240-242
47. Quem é o Espírito Santo revelado a nós por Jesus Cristo ?
É a terceira Pessoa da Santíssima Trindade. É Deus, uno e igual ao Pai e ao Filho. Ele "procede do Pai" (Jo 15,26), o qual, princípio sem princípio, é a origem de toda a vida trinitária. E procede também do Filho (Filioque), pelo dom eterno que o Pai faz ao Filho. Enviado pelo Pai e pelo Filho encarnado, o Espírito Santo conduz a Igreja ao conhecimento "da verdade plena" (Jo 16,13). 243-248
48. Como a Igreja exprime a sua fé trinitária ?
A Igreja exprime a sua fé trinitária ao confessar um só Deus em três Pessoas: Pai e Filho e Espírito Santo. As três Pessoas divinas são um só Deus porque cada uma delas é idêntica à plenitude da única e indivisível natureza divina. Elas são realmente distintas entre si pelas relações que as põem em referência umas com as outras: o Pai gera o Filho, o Filho é gerado pelo Pai, o Espírito Santo procede do Pai e do Filho. 249-256 266
49. Como operam as três Pessoas divinas ?
Inseparáveis na sua única substância, as Pessoas divinas são inseparáveis também em suas operações: a Trindade tem uma só e mesma operação. Mas no único agir divino cada Pessoa está presente segundo o modo que lhe é próprio na Trindade. 257-260 267 "Ó meu Deus, Trindade que adoro... pacifica a minha alma; faz dela o teu céu, a tua morada amada e o lugar do teu repouso. Que eu não te deixe jamais só, mas que eu esteja ali, toda inteira, completamente vigilante na minha fé, toda adoradora, toda entregue à tua ação criadora" (Bem-aventurada Elisabete da Trindade).
50. O que significa que Deus é todo-poderoso ?
Deus se revelou como "Forte e Poderoso" (Sl 24,8), aquele ao qual "nada é impossível" (Lc 1,37). A sua onipotência é universal, misteriosa, e se manifesta ao criar o mundo do nada e o homem por amor, mas sobretudo na Encarnação e na Ressurreição do Seu Filho, no dom da adoção filial e no perdão dos pecados. Por isso a Igreja dirige a sua oração ao "Deus todo-poderoso e eterno" ("Omnipotens sempiterne Deus..."). 268-278
51. Por que é importante afirmar: "Deus criou o céu e a terra" (Gn 1,1)? ?
Porque a criação é o fundamento de todos os divinos desígnios salvíficos; manifesta o amor onipotente e sapiente de Deus; é o primeiro passo para a Aliança do único Deus com o seu povo; e o início da história da salvação que culmina em Cristo; é uma primeira resposta às interrogações fundamentais do homem acerca da própria origem e do próprio fim. 279-289 315.
52. Quem criou o mundo ?
O Pai, o Filho e o Espírito Santo são o princípio único e indivisível do mundo, ainda que a obra da criação do mundo seja particularmente atribuída a Deus Pai. 290-292 316
53. Para que o mundo foi criado ?
O mundo foi criado para a glória de Deus, que quis manifestar e comunicar a sua bondade, verdade e beleza. O fim último da criação é que Deus, em Cristo, possa ser "tudo em todos" (1Cor 15,28), para a sua glória e para a nossa felicidade. 293-294 319 "A glória de Deus é o homem vivo e a vida do homem é a visão de Deus" (Santo Ireneu).
54. Como Deus criou o universo ?
Deus criou o universo livremente com sabedoria e amor. O mundo não é o produto de uma necessidade, de um destino cego ou do acaso. Deus criou "do nada" (ex nihilo: 2Mc 7,28) um mundo ordenado e bom, que ele transcende de modo infinito. Deus conserva no ser a sua criação e a sustenta, dando-lhe a capacidade de agir e levando-a à sua realização, por meio do seu Filho e do Espírito Santo. 295-301 317-320
55. Em que consiste a Providência divina ?
Consiste nas disposições com que Deus conduz as suas criaturas para a perfeição última, para a qual ele as chamou. Deus é o autor soberano do seu desígnio. Mas para a sua realização se serve também da cooperação das suas criaturas. Ao mesmo tempo, dá às criaturas a dignidade de agirem elas mesmas, de serem causa umas das outras. 302-306 321
56. Como o homem colabora com a Providência divina ?
Ao homem Deus concede e pede, respeitando a sua liberdade, a colaboração de suas ações, de suas orações, mas também de seus sofrimentos, suscitando nele "tanto o querer como o fazer, conforme o seu agrado" (Fl 2,13). 307-308 323
57. Se Deus é todo-poderoso e providente, por que existe o mal ?
A essa interrogação, tão dolorosa quanto misteriosa, pode dar resposta somente o conjunto da fé cristã. Deus não é de modo algum, nem direta nem indiretamente, a causa do mal. Ele ilumina o mistério do mal em seu Filho, Jesus Cristo, que morreu e ressuscitou para vencer aquele grande mal moral que é o pecado dos homens e que é a raiz dos outros males. 309-310 324, 400
58. Por que Deus permite o mal ?
A fé nos dá a certeza de que Deus não permitiria o mal se do mesmo mal não tirasse o bem. Deus já realizou isso de modo admirável por ocasião da morte e ressurreição de Cristo: com efeito, do maior mal moral, a morte do seu Filho, ele auferiu os maiores bens, a glorificação de Cristo e a nossa redenção. 311-314 324

O céu e a terra
59. O que Deus criou ?
A Sagrada Escritura diz: "Deus criou o céu e a terra" (Gn 1,1). A Igreja, na sua profissão de fé, proclama que Deus é o criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, de todos os seres espirituais e materiais, ou seja, dos anjos e do mundo visível e, de modo particular, do homem. 325-327
60. Quem são os anjos ?
Os anjos são criaturas puramente espirituais, não-corpóreas, invisíveis e imortais, seres pessoais dotados de inteligência e de vontade. Eles, contemplando Deus face a face incessantemente, glorificam-no, servem-no e são seus mensageiros no cumprimento da missão de salvação para todos os homens. 328-333 350-351
61. De que modo os anjos estão presentes na vida da Igreja ?
A Igreja se une aos anjos para adorar a Deus, invoca a assistência deles e celebra liturgicamente a memória de alguns. 334-336 352 "Cada fiel tem ao próprio lado um anjo como protetor e pastor, para o conduzir à vida" (São Basílio Magno).
62. O que ensina a Sagrada Escritura acerca da criação do mundo visível ?
Por meio da narração dos "seis dias" da criação, a Sagrada Escritura nos faz conhecer o valor da criação e a sua finalidade de louvor a Deus e de serviço ao homem. Todas as coisas devem a própria existência a Deus, do qual recebe a própria bondade e perfeição, as próprias leis e o próprio lugar no universo. 337-344
63. Qual é o lugar do homem na criação ?
O homem é o cume da criação visível, porquanto é criado a imagem e semelhança de Deus. 343-344 353
64. Que tipo de ligação existe entre as coisas criadas ?
Existe entre as criaturas uma interdependência e uma hierarquia queridas por Deus. Ao mesmo tempo, existe uma unidade e solidariedade entre as criaturas, pois todas têm o mesmo criador, são por ele amadas e estão ordenadas à sua glória. Respeitar as leis inscritas na criação e as relações que derivam da natureza das coisas é, portanto, princípio de sabedoria e fundamento da moral. 342 354
65. Que relação há entre a obra da criação e a da redenção ?
A obra da criação culmina na obra ainda maior da redenção. Com efeito, esta dá início à nova criação, na qual tudo encontrará seu pleno sentido e seu cumprimento. 345-349

O homem
66. Em que sentido o homem é criado à "imagem de Deus" ?
O homem é criado à imagem de Deus no sentido de que é capaz de conhecer e de amar, na liberdade, o próprio criador. É a única criatura nesta terra que Deus quis em si mesma e que chamou a partilhar, no conhecimento e no amor, a sua vida divina. Criado à imagem de Deus, ele tem a dignidade de pessoa: não é alguma coisa, mas alguém, capaz de se conhecer, de se doar livremente e de entrar em comunhão com Deus e com as outras pessoas. 355-357
67. Para qual fim Deus criou o homem ?
Deus criou tudo para o homem, mas o homem foi criado para conhecer, servir e amar a Deus, para oferecer-lhe, neste mundo, toda a criação em ação de graças e ser elevado à vida com Deus no céu. Somente no mistério do Verbo encarnado encontra a verdadeira luz o mistério do homem predestinado a reproduzir a imagem do Filho de Deus feito homem, que é a perfeita "imagem do Deus invisível" (Cl 1,15). 358-359 381
68. Por que os homens formam uma unidade ?
Todos os homens formam a unidade do gênero humano pela comum origem que têm em Deus. Além disso, Deus "de um só homem fez toda a espécie humana" (At 17,26). Todos, pois, têm um único Salvador e todos são chamados a partilhar da eterna felicidade de Deus. 360-361
69. Como a alma e o corpo formam no homem uma unidade ?
A pessoa humana é um ser ao mesmo tempo corporal e espiritual. O espírito e a matéria, no homem, formam uma única natureza. Essa unidade é tão profunda que, graças ao princípio espiritual que é a alma, o corpo, que é material, torna-se um corpo humano e vivo, e participa da dignidade de imagem de Deus. 362-365 382
70. Quem dá a alma ao homem ?
A alma espiritual não vem dos pais, mas é criada diretamente por Deus e é imortal. Ao separar-se do corpo por ocasião da morte, ela não perece; unir-se-á novamente ao corpo no momento da ressurreição final. 366-368 382
71. Que relação estabeleceu Deus entre o homem e a mulher ?
O homem e a mulher foram criados por Deus numa igual dignidade como pessoas humanas e, ao mesmo tempo, numa recíproca complementaridade como homem e mulher. Deus os quis um para o outro, para uma comunhão de pessoas. Juntos, são também chamados a transmitir a vida humana, formando no matrimônio "uma só carne" (Gn 2,24), e a dominar a terra como "intendentes" de Deus. 369-373 383
72. Qual era a condição originária do homem segundo o desígnio de Deus ?
Deus, ao criar o homem e a mulher, tinha lhes dado uma especial participação na própria vida divina, em santidade e justiça. No desígnio de Deus, o homem não deveria nem sofrer nem morrer. Além disso, reinava uma harmonia perfeita no homem em si mesmo, entre criatura e Criador, entre homem e mulher, bem como entre o primeiro casal humano e toda a criação. 374-379 384

A queda
73. Como se compreende a realidade do pecado ?
Na história do homem está presente o pecado. Essa realidade se esclarece plenamente apenas à luz da Revelação divina e sobretudo à luz de Cristo Salvador de todos, que fez superabundar a graça onde abundou o pecado. 385-389
74. O que é a queda dos anjos ?
Com esta expressão indica-se que Satanás e os outros demônios de que falam a Sagrada Escritura e a Tradição da Igreja, de anjos criados bons por Deus transformaram-se em maus, porque com livre e irrevogável escolha rejeitaram a Deus e o seu Reino, dando assim origem ao inferno. Eles tentam associar o homem à sua rebelião contra Deus; mas Deus afirma em Cristo a sua vitória segura sobre o Maligno. 391-395 414
75. Em que consiste o primeiro pecado do homem ?
O homem, tentado pelo diabo, deixou que se apagasse em seu coração a confiança em relação a seu Criador e, desobedecendo-o, quis se tornar "como Deus" sem Deus, e não segundo Deus (Gn 3,5). Assim, Adão e Eva perderam imediatamente para si e para todos os seus descendentes a graça da santidade e da justiça originais. 396-403 415-417
76. O que é o pecado original ?
O pecado original, no qual todos os homens nascem, é o estado de privação da santidade e da justiça originais. É um pecado por nós "contraído", não "cometido"; é uma condição de nascimento e não um ato pessoal. Em virtude da unidade de origem de todos os homens, ele se transmite com a natureza humana aos descendentes de Adão, "não por imitação, mas por propagação". Essa transmissão permanece um mistério que não podemos compreender plenamente. 404 419
77. Que outras conseqüências provoca o pecado original ?
Em conseqüência do pecado original, a natureza humana, sem ser totalmente corrompida, está ferida em suas forças naturais, submetida à ignorância, ao sofrimento, ao poder da morte e inclinada ao pecado. Essa inclinação é chamada concupiscência. 405-409 418
78. Depois do primeiro pecado, o que fez Deus ?
Depois do primeiro pecado, o mundo foi inundado pelos pecados, porém Deus não abandonou o homem ao poder da morte, mas, ao contrário, prognosticou-lhe de modo misterioso - no "Proto-evangelho" (Gn 3,15) - que o mal seria vencido e o homem elevado da queda. É o primeiro anúncio do Messias redentor. Por isso, a queda será chamada de feliz culpa, porque "mereceu tal e tão grande Redentor" (Liturgia da Vigília pascal) 410-412 420.

Nenhum comentário: