quarta-feira, 7 de agosto de 2013
Beatos Agatângelo de Vendôme e Cassiano de Nantes, mártires
Agatângelo nasceu em Vendôme, na província francesa de Túrones, de família distinta, a 31 de julho de 1598. Desde criança contava de perto com os capuchinhos, que recentemente tinham chegado a essa região, onde seu pai era presidente do tribunal e administrador do convento. Não admira portanto que nele tenha despertado cedo a vocação para a vida religiosa, e tenha sido recebido na ordem dos frades menores capuchinhos, na qual professou em 1620, e foi ordenado sacerdote depois de feitos os estudos requeridos.
Nos primeiros anos de sacerdócio encontrou-se com o P. José Leclerc, famoso conselheiro do cardeal Richelieu, que projetara um vasto plano de evangelização. Agatângelo foi escolhido como candidato para a missão da Síria. Ao chegar a Alepo em 1629, deparou com variadas confissões religiosas, entre as quais muçulmanos, ortodoxos gregos, armênios, e alguns católicos, em número reduzido. Adotando um método de proselitismo diferente do vulgar, centrado em obras de beneficência, amigáveis conversas familiares e uma catequese muito elementar, conseguiu sem dificuldade e com rapidez brilhantes resultados apostólicos, que no entanto não vingaram, por ciúmes das confissões rivais. Passou então a missão do Cairo na qualidade de superior, e aí trabalhou afincadamente na união dos Coptas com a Igreja católica. Destinado pela providência a ser pioneiro, abrindo a outros o campo missionário, foi depois encarregado pela Congregação da Fé de orientar uma expedição missionária a Etiópia, composta por ele e mais três sacerdotes capuchinhos.
Cassiano nasceu em Nantes a 15 de janeiro de 1607, da rica família portuguesa Lopes Neto. Desde tenra idade mostrou certa queda para as práticas de piedade e devoção. Com 17 anos foi recebido na ordem dos frades menores capuchinhos da província de Paris. Emitidos os votos religiosos, concluiu os estudos eclesiásticos em Rennes, onde recebeu a ordem sacerdotal e passou os primeiros anos de padre, assistindo a doentes vítimas da peste de 1631. Depois pediu para ser enviado às missões, e foi destinado a Etiópia. Encontrou-se no Cairo com o Beato Agatângelo, com quem compartilhou as lides apostólicas.
Temperamento fogoso, aberto e extremamente sensível ao sofrimento alheio, foi um apóstolo zeloso, cultivando em especial uma filial predileção pela Virgem Maria, cujo terço e oficio rezava todos os dias.
Desde o primeiro encontro, os dois futuros mártires sempre trabalharam e se sacrificaram juntos, centrando a sua atividade durante três anos no Cairo, a grande capital do Egito, e prestando especial interesse à conversão dos Coptas. No entanto, a sua atividade estendeu-se até aos distantes mosteiros de Santo Antão Abade e de São Macário em Nitra.
Na Etiópia, especialmente por ação dos missionários jesuítas, a Igreja Católica atingira um notável desenvolvimento, que culminou com a conversão do próprio imperador. Mas as conversões e o florescimento da fé terminaram quando um outro imperador adotou este lema: <<Mais vale estarmos sujeitos aos muçulmanos de Meca que aos católicos de Roma>>. Os nossos missionários decidiram por isso prestar auxílio aos pobres irmãos da fé perseguidos pelo ímpio imperador, munidos de documentos do patriarca copta de Alexandria. E por precaução, apesar de serem apenas quatro, dividiram-se em dois grupos. Foi assim que Agatângelo e Cassiano partiram para a Etiópia, numa demorada viagem de três meses. Ao chegarem à fronteira desse país, foram descobertos e feitos prisioneiros, por serem considerados espiões e conspiradores contra o imperador e o bispo abissínio Malário.
Instigado por súditos hereges, o imperador da Etiópia tinha dado ordens de prender dois religiosos europeus que vinham do Egito. Levados à sua presença e recebidos com insultos, foram encerrados numa horrível masmorra como transgressores de ordens imperiais, que proibiam católicos de entrarem no território abissínio. Os dois mansos filhos de São Francisco não descoroçoaram: mostraram os documentos do patriarca copta de Alexandria. Poucos dias depois foram conduzidos a Gondar, algemados e atados à cauda dum cavalo, para uma nova e dura prisão. A corte imperial foi manipulada por duas personalidades conhecidas de Agatângelo: o Abuna Macário, seu fingido amigo, e o luterano Pier Leone, seu inimigo declarado, que hipocritamente se tinha feito copta. No processo, dominado pelo sectarismo religioso e pela perfídia de Pier Leone, os dois missionários católicos foram condenados à morte. Interrogados pelo imperador sobre sua fé, Agatângelo respondeu: <<Estou pronto para morrer pela minha fé cristã; nunca a renegarei!>>. No dia 7 de agosto de 1638, em Gondar, expostos ao ludíbrio das turbas, foram enforcados e barbaramente lapidados pela fúria da populaça. Agatângelo tinha 40 anos e Cassiano 31
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