Blog Alma Missionária

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domingo, 28 de julho de 2013

Papa Francisco no Teatro Municipal: "entre a indiferença egoísta e o protesto violento existe uma opção sempre possível: o diálogo"



Cidade do Vaticano (RV) – RealAudioMP3 Após a Missa celebrada na Catedral do Rio de Janeiro, Papa Francisco dirigiu-se no Papamóvel ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro, onde encontrou expoentes da sociedade civil, como intelectuais, artistas, políticos, esportistas, membros do Corpo Diplomático e representantes das maiores comunidades religiosas. Francisco foi saudado pelo Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, que também agradeceu a presença de todos, desejando que o encontro “ajude a olhar para a mesma direção, mesmo com interesses diversos”, para construir um mundo melhor “para nós e para a nova geração”. Após, um jovem do Rio de Janeiro deu seu testemunho, abraçando calorosamente o Santo Padre.

Antes de iniciar seu denso discurso, o Papa Francisco disse aos presentes: "Eu queria vos falar na bela língua portuguesa, mas para poder me expressar melhor, manifestar o que trago no coração, prefiro falar em castelhano. Peço-vos a cortesia de me perdoar!"

Ao começar seu discurso, Francisco fez diversas referências à cultura brasileira, dizendo que via nos presentes “a memória e a esperança: a memória do caminho e da consciência da Pátria e a esperança que esta, sempre à luz que irradia do Evangelho de Jesus Cristo, possa continuar a desenvolver-se no pleno respeito dos princípios éticos fundados na dignidade transcendente da pessoa”.

Ao destacar que todos aqueles que possuem um papel de responsabilidade em uma nação, “são chamados a enfrentar o futuro com os olhos calmos de quem sabe ver a verdade”, o Papa considerou três aspectos deste olhar: a originalidade de uma tradição cultural, a responsabilidade solidária para construir o futuro e o diálogo construtivo para encarar o presente.

Francisco salientou a necessidade de “valorizar a originalidade dinâmica que caracteriza a cultura brasileira, com sua extraordinária capacidade para integrar elementos diversos”, e que esta visão integral do homem e da vida em que está baseada a cultura brasileira “muito recebeu da seiva do Evangelho através da Igreja Católica: primeiramente a fé em Jesus Cristo, no amor de Deus e a fraternidade com o próximo. Mas a riqueza desta seiva deve ser plenamente valorizada! Ela pode fecundar um processo cultural fiel à identidade brasileira e construtor de um futuro melhor para todos”. E acrescentou:

Um processo que faz crescer a humanização integral e a cultura do encontro e do relacionamento cresçam é o modo cristão de promover o bem comum, a felicidade de viver. E aqui convergem a fé e a razão, a dimensão religiosa com os diversos aspectos da cultura humana: arte, ciência, trabalho, literatura...O cristianismo une transcendência e encarnação; sempre revitaliza o pensamento e a vida, frente a desilusão e o desencanto que invadem os corações e saltam para a rua”.

Após, Francisco refletiu sobre a responsabilidade social, que exige “um certo tipo de paradigma cultural e, consequentemente, de política”:

Somos responsáveis pela formação de novas gerações, capacitadas na economia e na política e firmes nos valores éticos. O futuro exige de nós uma visão humanista da economia e uma política que realize cada vez mais e melhor a participação das pessoas, evitando elitismos e erradicando a pobreza. Que ninguém fique privado do necessário, e que a todos sejam asseguradas dignidade, fraternidade e solidariedade: esta é a via a seguir”.

“Quem detém uma função de guia – observou o Papa - deve ter objetivos muito concretos, e buscar os meios específicos para consegui-los. Pode haver, porém, o perigo da desilusão, da amargura, da indiferença, quando as aspirações não se cumprem”, advertiu.

E destacou que partindo da própria responsabilidade e do interesse pelo bem comum, “a liderança sabe escolher a mais justa entre as opções, sendo esta a forma para chegar ao centro dos males de uma sociedade e vencê-los com a ousadia de ações corajosas e livres”:

Esta compreensão da totalidade da realidade, observando, medindo, avaliando, para tomar decisões na hora presente, mas estendendo o olhar para o futuro, refletindo sobre as consequências de tais decisões. Quem atua responsavelmente, submete a própria ação aos direitos dos outros e ao juízo de Deus. Este sentido ético aparece, nos nossos dias, como um desafio histórico sem precedentes. Além da racionalidade científica e técnica, na atual situação, impõe-se o vínculo moral com uma responsabilidade social e profundamente solidária”.

O Papa completou sua reflexão com o terceiro ponto, indicando como fundamental para enfrentar o presente, “o diálogo construtivo”:

Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo. O diálogo entre as gerações, o diálogo com o povo, a capacidade de dar e receber, permanecendo abertos à verdade. Um país cresce, quando dialogam de modo construtivo as suas diversas riquezas culturais: cultura popular, cultura universitária, cultura juvenil, cultura artística e tecnológica, cultura econômica e cultura familiar e cultura da mídia. É impossível imaginar um futuro para a sociedade, sem uma vigorosa contribuição das energias morais numa democracia que evite o risco de ficar fechada na pura lógica da representação dos interesses constituídos”.

Neste ponto, o Santo Padre destaca que é fundamental a contribuição das grandes tradições religiosas, “que desempenham um papel fecundo de fermento da vida social e de animação da democracia. Favorável à pacífica convivência entre religiões diversas é a laicidade do Estado que, sem assumir como própria qualquer posição confessional, respeita e valoriza a presença do fator religioso na sociedade, favorecendo as suas expressões concretas”.

E ressaltou uma vez mais a necessidade do diálogo:

Quando os líderes dos diferentes setores me pedem um conselho, a minha resposta é sempre a mesma: diálogo, diálogo, diálogo. A única maneira para uma pessoa, uma família, uma sociedade crescer, a única maneira para fazer avançar a vida dos povos é a cultura do encontro; uma cultura segundo a qual todos têm algo de bom para dar, e todos podem receber em troca algo de bom. O outro tem sempre algo para nos dar, desde que saibamos nos aproximar dele com uma atitude aberta e disponível, sem preconceitos. Só assim pode crescer o bom entendimento entre as culturas e as religiões, a estima de umas pelas outras livre de suposições gratuitas e no respeito pelos direitos de cada uma. Hoje, ou se aposta na cultura do encontro, ou todos perdem; percorrer a estrada justa torna o caminho fecundo e seguro”.

Após seu pronunciamento muito aplaudido, o Papa foi envolvido por um grupo de jovens da Corpo de Baile do Teatro Municipal. O Papa recebeu flores de uma criança e retribuiu as manifestações de afeto de todos com muito carinho. Após, foi saudado por diversas personalidades e recebeu um cocar de um grupo de indígenas, representando a cultura brasileira.(JE)





Texto proveniente da página http://pt.radiovaticana.va/news/2013/07/27/papa_francisco_no_teatro_municipal:_entre_a_indiferen%C3%A7a_ego%C3%ADsta_e_o/bra-714552
do site da Rádio Vaticano 



Na Missa celebrada na Catedral do Rio, Papa Francisco exorta à promoção de uma 'cultura do encontro'



Rio de Janeiro (RV) – RealAudioMP3 O Papa Francisco presidiu na manhã deste sábado, na Catedral do Rio de Janeiro, a uma Missa na presença de Bispos, Sacerdotes, seminaristas e religiosos. O Santo Padre saiu da Residência do Sumaré às 8 horas da manhã, seguindo no Papamóvel até a Catedral, aonde chegou por volta das 8h30min. Chovia no Rio de Janeiro, o que não foi um empecilho para que milhares de pessoas o saudassem ao longo do trajeto.

Francisco foi acolhido com muito entusiasmo e emoção por 655 Bispos, 8 mil Presbíteros, 9 mil Religiosos, 7 mil seminaristas e 700 diáconos, entre outros. Por ocasião do Ano da Fé, os textos da celebração foram tirados da Missa para a Evangelização dos Povos. O canto gregoriano entoado na celebração esteve a cargo da Schola Cantorum do Seminário Arquidiocesano de São José e do Coro de jovens da Arquidiocese.

Na sua homilia, o Papa Francisco convidou a todos para “anunciar o Evangelho aos jovens para que encontrem Cristo, luz para o caminho, e se tornem construtores de um mundo mais fraterno”. O Papa então, refletiu sobre três aspectos da vocação: chamados por Deus, chamados para anunciar o Evangelho e chamados para promover a cultura do encontro.

Ao refletir sobre o primeiro ponto, chamados por Deus, o Papa falou da importância em reavivar esta realidade que, frequentemente, é esquecida no meio de tantas atividades do dia-a-dia, recordando João 15, 16 ‘Não fostes vós que me escolhestes, mas eu que vos escolhi”, ou seja, a importância de retornar à fonte do nosso chamado:

Não é a criatividade pastoral, não são as reuniões ou planejamentos que garantem os frutos, mas ser fiel a Jesus, que nos diz com insistência: «Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós» (Jo 15, 4). E nós sabemos bem o que isso significa: Contemplá-lo, adorá-lo e abraçá-lo, particularmente através da nossa fidelidade à vida de oração, do nosso encontro diário com Ele presente na Eucaristia e nas pessoas mais necessitadas. O “permanecer” com Cristo não é se isolar, mas é um permanecer para ir ao encontro dos demais. Vem-me à cabeça umas palavras da Bem-aventurada Madre Teresa de Calcutá: «Devemos estar muito orgulhosas da nossa vocação, que nos dá a oportunidade de servir Cristo nos pobres. É nas favelas, nos «cantegriles» nas Villas miseria, que nós devemos ir procurar e servir a Cristo. Devemos ir até eles como o sacerdote se aproxima do altar, cheio de alegria». Jesus, Bom Pastor, é o nosso verdadeiro tesouro; procuremos fixar sempre mais n’Ele o nosso coração”.

Ao meditar sobre o segundo ponto – chamados para anunciar o Evangelho -, Francisco destacou o compromisso em ajudar a fazer arder nos corações dos jovens, o desejo de serem discípulos missionários de Jesus e a perceberem que ser discípulo missionário é uma conseqüência de ser batizado, é parte essencial do ser cristão, e que, o primeiro lugar a evangelizar é a própria casa, o ambiente de estudo ou de trabalho, a família, os amigos:

Ajudemos os nossos jovens a descobrir a coragem e a alegria da fé, a alegria de ser pessoalmente amados por Deus, que deu o seu Filho Jesus para nossa salvação. Eduquemo-los para a missão, para sair, para partir. Jesus fez assim com os seus discípulos: não os manteve colados a si, como uma choca com os seus pintinhos; Ele os enviou! Não podemos ficar encerrados na paróquia, nas nossas comunidades, quando há tanta gente esperando o Evangelho! Não se trata simplesmente de abrir a porta para acolher, mas de sair pela porta fora para procurar e encontrar. Decididamente pensemos a pastoral a partir da periferia, daqueles que estão mais afastados, daqueles que habitualmente não freqüentam a paróquia. Também eles são convidados para a Mesa do Senhor”.

No terceiro ponto – chamados a promover a cultura do encontro – Francisco uma vez mais enfatizou que “em muitos ambientes, ganhou espaço a cultura da exclusão, a cultura do descartável. “Não há lugar para o idoso, nem para o filho indesejado; não há tempo para se deter com o pobre caído à margem da estrada. Às vezes parece que, para alguns, as relações humanas são regidas por dois “dogmas” modernos: eficiência e pragmatismo. Então, exortou os presentes a seguir contra a corrente:

Queridos Bispos, sacerdotes, religiosos e também vocês, seminaristas, que se preparam para o ministério, tenham a coragem de ir contra a corrente. Não renunciemos a este dom de Deus: a única família dos seus filhos. O encontro e o acolhimento de todos, a solidariedade e a fraternidade são os elementos que tornam a nossa civilização verdadeiramente humana. Temos de ser servidores da comunhão e da cultura do encontro. Permitam-me dizer: deveríamos ser quase obsessivos neste aspecto! Não queremos ser presunçosos, impondo as “nossas verdades”. O que nos guia é a certeza humilde e feliz de quem foi encontrado, alcançado e transformado pela Verdade que é Cristo, e não pode deixar de anunciá-la”.

Ao concluir, exortou uma vez mais para que todos promovam uma cultura do encontro, tomando a Virgem Maria como modelo.

Papa Francisco saiu da Catedral do Rio de Janeiro às 11 hora, dirigiu-se ao Teatro Municipal para encontrar representantes da sociedade civil. (JE)





Texto proveniente da página http://pt.radiovaticana.va/news/2013/07/27/na_missa_celebrada_na_catedral_do_rio,_papa_francisco_exorta_%C3%A0/bra-714537
do site da Rádio Vaticano 

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