MENSAGEM DO DIA
30/07 Exibição de voz - Pe. Zezinho, scj
A moça cantava bem. Voz estupenda! Não havia como não admirá-la. Mas não "bolava" tão bem quanto cantava. Faltou-lhe um curso de liturgia. Aliás, oferecido foi, mas ela não quis ir. Se tivesse ido, teria aprendido o suficiente para não cometer os graves erros que cometia a cada missa dominical, onde funcionava mais como crooner do que como cantora da fé. Seu irmão, excelente violonista, foi ao curso e voltou tocando com leveza, sem excesso de firulas, entrando e saindo na hora certa, sem nunca abafar a voz dos cantores e do povo. Dava gosto ouvi-lo. Quanto a ela, a voz era linda, mas era um desgosto ter que ouvi-la. Motivo: aparecia demais! Só dava ela ao microfone.Não resistia a umas firulas de voz, inventava palavras e intermezzos no meio da canção, para que sua linda voz aparecesse; jamais cantava apenas a melodia ou a letra. Dava um jeito de por uma palavrinha a mais no meio de uma sentença e outra e de dar mais uma voltinha na canção. Assim, sua linda voz apareceria uma dez vezes por música. Destacava-se tanto que os fiéis começaram a reagir e olhá-la com desaprovação.
O pároco resolveu intervir. Sentou-se pacientemente com ela e explicou por que deveria reaprender a cantar: sua presença no culto era excessiva, as outras vozes sumiam ante a dela. A impressão que se tinha era a de que ela era o coro da paróquia e a voz maior de todas as celebrações. Não liderava: abafava.
Não deu certo. Magoou-se com o pároco e parou de cantar. Uma colega a substituiu, do jeito que pede a liturgia. Toda a comunidade achou melhor, porque, agora, cantavam o coro e o povo. Raramente se ouvia a voz da líder, exceto para introduzir a canção. Sentindo-se preterida, ela, que não admitia ter que aprender, deixou de freqüentar as missas.
Seis meses depois, adivinhem onde ela estava? Numa recém fundada igreja pentecostal que a convidara para cantar. Lá o pregador não impôs nada. Poderia cantar como quisesse! Não podendo levar o irmão, levou com ela o namorado, ele, tecladista. Converteram-se.
A história não termina aqui. O pastor da nova igreja sofreu um acidente e passou a liderança a outro, que impôs normas para o canto na comunidade. Era da mesma linha dos católicos: solista não deve aparecer demais: deve liderar de maneira que outras vozes e o povo apareçam. Outra briga! Outra igreja! Foi vista cantando em duas outras igrejas pentecostais.
Isso, até que um padre jovem bem legal lhe ofereceu a liderança do coro, numa matriz de periferia, freqüentada por mais de 2 mil fiéis. Aquela voz lhe serviria! De pouca formação litúrgica o padre não opôs nenhum obstáculo. Melhor ela do que outras vozes desafinadas! Ela venceu! Está cantando como sempre quis, do jeito que sempre desejou e sem regra alguma que a impeça de mostrar o dom que Deus lhe deu.
Canta longos solos de oito minutos, sua voz se ouve, o tempo todo, a ecoar pelo templo. Quem passa lá fora só ouve a voz dela. Todo mundo está feliz e ela, mais ainda. Achou o lugar e a liturgia dos seus sonhos. É! Pois é!
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