Blog Alma Missionária

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segunda-feira, 29 de julho de 2013

sábado, 27 de julho de 2013

“COMUNIDADE DE COMUNIDADES: UMA NOVA PARÓQUIA”

ESTUDOS Nº 104 DA CNBB

UM OLHAR A PARTIR DA CATEQUESE


Desde o ano de 2007, existe na Igreja do Brasil o desafio de buscar uma renovação das comunidades paroquiais, pois naquele ano a Conferência de Aparecida fez um forte apelo : “Nenhuma comunidade deve isentar-se de entrar decididamente, com todas as forças, nos processos constantes de renovação missionária e de abandonar as ultrapassadas estruturas que já não favorecem a transmissão da fé” (cf. DAp n. 365). Por isso a 51ª Assembléia Geral dos Bispos do Brasil, ocorrida em abril/2013, para enfrentar essa problemática, colocou como Tema Central “Comunidade de Comunidades: Uma Nova Paróquia”. Após ser discutido na Assembleia, esse tema continuará sendo estudado e aprofundado, para ser retomado na assembleia do próximo ano. Todas as pastorais e organismos eclesiais estão sendo convidados para colaborarem nessa reflexão uma vez que se trata de um assunto que atinge a todos.

Para a catequese, sem dúvida, esta temática é muito relevante, pois, se não houvercatequese renovada também não haverá nova paróquia. Por esse motivo, nos interessa muito participar dessa discussão nacional e, inclusive, colaborar para que esta renovação se realize dentro da perspectiva da Iniciação à Vida Cristã que mexe com toda a estrutura comunitária e paroquial, envolvendo a todos numa experiência de profundo encontro com Jesus Cristo, capaz de transformar as comunidades em escolas de discipulado.

1 -A COMUNIDADE É FRUTO DE CATEQUESE COMUNITÁRIA

A compreensão de comunidade para a nossa fé cristã vem da vida e do ensinamento de Jesus, praticado pelos apóstolos nas comunidades, que depois da Ressurreição foram nascendo em toda parte, suscitadas pela ação do Espírito Santo. Na base da experiência comunitária que Jesus propôs, está a experiência de comunhão. Jesus inicia seu ministério chamando os discípulos para viverem com ele (Jo.1,35ss). O discipulado não é apenas o seguimento do mestre, mas também a vida em comum com os outros que o seguem. A dimensão comunitária, portanto, é fundamental na Igreja. Fundadana Trindade, perfeita comunidade de amor, a Igreja só pode existir de forma comunitária. Sem comunidade, não há como viver uma verdadeira experiência cristã.

A catequese, nestes últimos 30 anos, auxiliada pelo documento “Catequese Renovada”se empenhou de corpo e almapara educar a todosna dimensão comunitária da fé cristã. Muitos fatores, porém, tem dificultado esta tarefa. Entre estes certamente tem maior pesoa ideia de paróquia como “schopping de sacramentos”, onde a pessoa busca o que lhe interessa, paga por isso, mas também não tem mais compromisso nenhum. Isto gerou uma mentalidade que será muito difícil de ser superada, prova disso é que os 30 anos de Catequese Renovada não lograram ainda um avanço tão significativo como desejado. Precisamos, portanto, aproveitar esse momento em que todas as forças na igreja do Brasil se movem em busca de um novo modelo comunitário.

2 –A COMUNIDADE É FRUTO DE CATEQUESE VIVENCIAL

O processo histórico, passando pela experiência da cristandade nos conduziu a modelos paroquias que já não correspondem às características das primeiras comunidades onde o forte era a vivência e a experiência. Por isso é urgente e necessário agora fazer um processo de conversão pastoral. A Igreja, expressão do amor da Trindade, precisa voltar a ser a comunidade da caridade. O amor ao próximo, radicado no amor de Deus, é um dever de toda comunidade eclesial.  Neste ponto entra de cheio a catequese a serviço da iniciação à vida cristã que educa para agir nas situações concretas conforme o evangelho ensina: os famintos devem ser saciados, os nus vestidos, os doentes tratados para serem curados, os presos visitados, as crianças acolhidas com toda dignidade (cf. Mt. 25). Essa postura implicará também em apoiar e se engajar em causas que garantam a justiça e a paz para todos de forma mais ampla.
Em nossos dias, a vulnerabilidade social clama para que todas as comunidades paroquiais e as pastorais nelas existentes se aproximem das situações onde a vida estiver ameaçada: “Só a proximidade que nos faz amigos nos permite apreciar profundamente os valores dos pobres de hoje, seus legítimos desejos e seu modo próprio de viver a fé” (DAp, n. 398). A aproximação com os pobres e sofredores educa a comunidade cristã. Tal atitude muda as pessoas mais do que os discursos. Basta ver o processo catequético que o papa Francisco deflagrou em todo mundo, não tanto com palavras, mas com gestos vivenciados de forma muito bela e verdadeira. É a vivência que leva a transformação em vista do Reino.

3 – A COMUNIDADE É FRUTO DE CATEQUESE BÍBLICA

A revitalização das comunidades, com a renovação paroquial, implica em estabelecer novas relações entre as pessoas, que ajudem a superar o anonimato e a solidão. A Palavra de Deus é a fonte principal da alegria que se produz quando as pessoas se reúnem e através da Leitura Orante da Bíbliase encontram com seu Senhor. Na comunidade a gente aprende a unir a fé com a vida, a se alegrar e chorar com o outro, na atenção às pessoas e suas necessidades. Isto leva ao autêntico encontro com Jesus Cristo que é a meta e o fim de toda a evangelização. E nos ajuda a abandonar a ideia de paróquia como uma organização bem estruturada e funcional, para atender a demanda em torno dos sacramentos.
A vida das pequenas comunidades, revitalizadas pela Palavra e alimentadas pela Eucaristia, será expressão de uma novidade. Será um novo jeito de viver a fé cristã de forma comunitária, mais do que o resultado de novas iniciativas e técnicas, que nem sempre qualificarão o ser cristão.  Estamos, portanto, diante de um desafio muito grande, que vai depender de uma renovada experiência de Deus capaz de provocar uma conversão pessoal e pastoral.


Pe. Décio José Walker 
Assessor da Comissão de Animação 
Bíblico-Catequética

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