Blog Alma Missionária

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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Apologética
Transmissão do sacerdócio e da hierarquia eclesiástica no Novo Testamento
Fonte: Corazones
Autor: Padre Jordi Rivero
Tradução: Rogério SacroSancttus
A imposição das mãos como gesto de "ordenação" - os graus hierárquicos do sacerdocio
Tomado do livro de Casimir Romaniuk
O sacerdócio do Novo Testamento. Exegese e Tradição
Bologna (1976), 213-226.
Traduzido pela Irmã Maria das Virtudes, SSVM (Convento de Contemplativas, Pontina, Italia)
Capítulo VIII:
A TRANSMISSÃO DO SACERDÓCIO E A HIERARQUIA NOS ATOS DOS APÓSTOLOS E NAS CARTAS DE SÃO PAULO.

A graça... conferida através da imposição das mãos.
Nos livros do Novo Testamento encontram-se poucas referências sobre as imposições das mãos. A respeito do conteudo, este rito tem diversos significados. Em Mt.10, 13-16, por exemplo, expressa a benção dada a alguns através deste gesto. E também sobre todas as descrições de curas milagrosas, nos mostra Cristo que impõe as mãos. (Mt.9, 18; Mc.6, 5; 8,23-25; Lc.4, 40; 13,13). Os apóstolos nos apresenta este recurso gestual para conceder a cura (Atos.28, 8). Paulo mesmo recobra a vista quando Ananias impõe as mãos sobre ele (Atos.9, 12-17).
Mas existem textos nos quais a imposição das mãos é um sinal exterior da transmissão de um certo poder ou de uma função. Assim por exemplo, a eleição dos diáconos se realiza através da oração e a imposição das mãos de parte do colegio dos apóstolos sobre os sete candidatos que lhes são apresentados (Atos.6, 6). Do mesmo modo, impondo as mãos, Paulo e Barnabé instituiram anciãos em todas as comunidades (14, 13); com o mesmo rito foram instituidos os presbíteros e os bispos em Éfeso; assim vem descrito o envio a missião de Paulo e Barnabé entre os pagãos: «Então, jejuando e orando, impuseram-lhes as mãos e os despediram» (13,3).[1]
Sobre a base destes textos, podemos crer que o poder de exercitar o apostolado desde o tempo de Paulo era transmitido mediante a imposição das mãos e uma oração não especificada. Os textos 13,13 e 14,23 de Atos demonstram-nos claramente. Merecem também um atento exame nas três declinações de Pedro nas cartas a Timoteo: 1Tim. 4,14; 5,22; 2Tim. 1,6.
Para resolver mais cômodamente alguma dificuldade na interpretação destes textos convêm analizarmos juntos 1Tim.4,14 e 2Tim.1,6:
«não descuide do dom espiritual que existe em ti, que lhe foi conferido mediante uma intervenção profética acompanhado pela imposição das mãos de parte do colegio dos presbíteros»
1Tim.4,14 tradução espanhola
«Não negligencies o carisma que está em ti e que te foi dado por profecia, quando a assembléia dos anciãos te impôs as mãos.»
1Tim.4,14 tradução Ave Maria
«Por esse motivo, eu te exorto a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos.».
2Tim.1,6 Tradução Ave Maria
Aquí é Paulo mesmo que impôs as mãos sobre o discípulo, enquanto o texto de 1.Tim 4,14 fala de uma necessária comunidade sacerdotal. Bastantes dados biblicos nos parecem indicar portanto que aquela comunidade acompanhava Paulo e que ele era o ator principal do recordado rito: de fato nos dois textos foi usado duas preposições diversas. A participação da comunidade sacerdotal na cerimônia da imposição das mãos que está expressa na meta, e quase sempre designa as circunstâncias que acompanham uma ação. No texto de 2Tim.1,6, ao contrario, a frase que fala da imposição das mãos da parte de Paulo leva a preposição do dia, que em geral expressa a ideia de causalidade instrumental.
Não se trata de uma simples particularidade gramatical, mais parece um convite a considerar que em ambos casos é Paulo que impõe as mãos a Timoteo. Paulo está citado somente no segundo texto, enquanto que o primeiro fala da participação da comunidade dos anciãos.
O contexto não permite que entendamos estas imposição das mãos como uma benção qualquer e muito menos a narração de uma cura.
O conteudo teológico do texto recebe todo seu significado em virtude dos paralelos vétero-testamentarios, nos quais a imposição de mãos sublinha a solidariedade entre aquele que abençoava e aquele que recebia a benção, e recebia assim um certo bem. (Lv.1, 4; 16,21; Num.8, 10; 27,15; Dt.34, 9) Está na presença de um rito bíblico que confere o Espírito e transmite um oficio, como se vê em Num.27, 18-23, aonde Moisés confere a sucessão para Josué.
O significado do rito da imposição de mãos é também: o ministério da nova aliança que se transmite, para que a missão e sacerdócio de Cristo não sejam comunicados somente aos apóstolos mas também a seus sucessores, até o fim dos tempos, como sugere 1Cor11, 26: «Assim, todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice lembrais a morte do Senhor, até que venha.».
A imposição das mãos estava acompanhada por uma oração, da qual não se conservou a fórmula. Esta devia expressar a vontade de Deus sobre o elegido, invocar sobre ele o Espírito de Deus. A partir disto pode se ter uma ideia, considerando ao carisma especial produzido pela imposição das mãos e da oração pronunciada naquela ocasião, carisma do qual se fala somente nos textos que aludem à aquele rito: anunciar o evangelho com verdadeira autoridade doutrinal; cumprir bem a obra apostólica (1Tim.4, 12-16); receber «um Espírito de fortaleza, de amor e de dominio de sí» (2Tim.1,7). Na graça deste «dom (carisma) que Deus tem depositado» nele, o apóstolo pode se mostrar forte pela graça de Deus, não se envergonhar pelo evangelho e proclama-lo ao mundo inteiro.
Paulo, então transmite seu poder (que ele mesmo havia recebido de Deus: 2Tim.1,11) a Timoteo. Este a sua vez, poderá comunica-lo a outros. De fato 1Tim.5,22 põe uma ressalva contra a pressa de impor as mãos sobre qualquer pessoa incontestavelmente  Alguns exegetas queriam distinguir ali algum traço do rito penitencial. Se trata, na verdade, do mesmo rito da qual 1Tim.4,14 e 2Tim.1,6; a alusão aos presbíteros imediatamente precedente (v.17-21) dá sustento a esta interpretação.[2]
Estos textos mostram que o oficio dos ministros do sacerdócio de Cristo se transmite através da imposição das mãos e a oração que o acompanha. É pouco provável que se refira a um rito instituido por Jesus ; e tampoco se pode atribuir a uma ideia de origem judeu-rabínico[3]. Os apóstolos, conscientes de preservar o futuro, se basearam num rito significativo praticado pelos responsáveis do Antigo Israel (Num.27, 18-23); no Novo povo de Deus, mediante a um mesmo rito que comunica o Espírito assegurando a perenidade de sua sucessão.
BIBLIOGRAFÍA
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Os graus hierárquicos do sacerdócio nos Atos dos Apóstolos e nas cartas de São Paulo.[4]
Discípulos e apóstolos
Existe algumas diferenças de terminologia a respeito da utilização do termo «discípulo» nos evangelhos e nos Atos dos apóstolos. Nos evangelhos são indicados como discípulos homens que haviam unido sua sorte a de Jesús, ou por um consentimento tácito ou por um desejo explícito. Eles constituíam sem duvida um grupo consistente, mas não ao ponto de confundir-se com a multidão de pessoas.
O autor do terceiro evangelho, usa frequentemente o termo «discípulo» também nos Atos dos apóstolos: esta por sua vez, indica simplesmente os fieis, os membros das diversas igrejas: «Naqueles dias, como crescesse o número dos discípulos, houve queixas dos gregos contra os hebreus... Por isso, os Doze convocaram uma reunião dos discípulos e disseram ... » (Atos.6, 1-2; cf. também Atos.6, 7; 9,25; 9,38; 11,26-29; 13,52; 14,20.22.28; 15,10; 16,1; 18,23-27; 19,1-30; 20,1-30; 21,4-16).
As formas de organização da igreja foram se desenvolvendo a partir do momento em que Cristo elegeu os doze. Os Atos dos apóstolos deixam suspeitas que a hierarquia na igreja foi se constituindo propriamente a partir deste grupo. Os Atos nos apresenta o nome dos apóstolos sem reserva-los exclusivamente a eles já que é atribuido também a Paulo e aqueles que em os doze apostolos e Paulo chamaram para fazer parte do grupo, como José chamado Barnabé, originário de Chipre (Atos.4, 36). São Tiago, o irmão do mestre, chefe da comunidade de Jerusalém, foi ele também, ao menos segundo alguns exegetas, um apóstolo instituido não por Cristo, mas pelos homens. Contrariamente ao Barnabé, apóstolo itinerante  São Tiago permanece em Jerusalém até o final de sua vida. O primeiro representa uma hierarquia ambulante e o segundo o tipo de um poder residencial. Ambos eram plenipotenciários do Colégio dos Apóstolos, quer dizer, daqueles que acompanharam o Senhor Jesus todo o tempo em que Ele viveu entre eles (Atos.1, 21) e que o viram ressuscitado.
São menos conhecidos, também Andrônico e Junias que eram segundo o mesmo Paulo, autênticos apóstolos instituidos pelos homens (Rom.16, 7).
Portanto assim são chamados apóstolos, homens que se consagravam a um trabalho apostólico, qualquer que seja. Paulo os distingue claramente do corpo dos doze, não os coloca nunca ao mesmo nivel e não afirma nunca que eles são instituidos como apóstolos de Jesus Cristo.
Ele tem conciência de que se faz presente algo incomunicável na experiência dos doze em relação a sua propria.
Os diáconos
Com o passar do tempo, a Igreja se separa sempre mais da sinagoga, e pelos empenhos de caráter social que vai assumindo, tem a necessidade de novas forças. Chega-se assim a instituição do diaconato (Atos. 6, 1-7), cuja existência assinala uma etapa na história da organização da Igreja primitiva. Os diáconos tem principalmente a tarefa de organizar a obra caritativa da Igreja (Atos.6, 3)[5]. Eles podem também ensinar, como prova a atividade de Santo Estevão (6,8-51) e de Felipe (8,5 ss); tem também a autoridade para batizar (8,38). E mais acima vemos que eles são instituídos diáconos por meio da imposição das mãos. Participam muito no ministerio dos apóstolos.
Em Fil.1, 1 eles são recordados como personagens particularmente dignos. E são lhes impostas algumas exigências morais importantes: cf. 1Tim.3,8-10,12,13.
Vale a pena notar que em 1Tim.3,11 faz-se uma alusão a algumas mulheres, as diaconizas. Parece que uma delas seja Febe, uma piedosa mulher recordada em Rom.16, 1 que prestava serviço em Cêncris. Sucessivos documentos atribuem a essas diaconizas o dever de ensinar a outras mulheres as verdades da fé, de assistir aos ritos de batismo de outras mulheres e visitar os enfermos. Os textos do Novo Testamento não dizem nada sobre o modo em que as recrutava e não conhecemos os detalhes de sua atividade apostólica.
Os diáconos portanto não tinham o poder de governar as diversas igrejas locais. Assim também não é nunca afirmado que tenham imposto as mãos a alguém. A comunidade estava unida a pessoa do apóstolo que era seu chefe efetivo e exercitava seu poder, ou pessoalmente com visitas periódicas as Igrejas que havia fundado, por correspondência ou también por meio de enviados especiais.
Os presbíteros-bispos
Com o passar do tempo, junto a esta hierarquia intinerante se instala uma hierarquia local, particularmente nas comunidades palestinas e sobre o modelo das administrações civis.
Pensamos distintamente na instituição dos anciãos (presbyteroi). Era um colégio composto geralmente por sete homens experiêntes e respeitados por todos. Tinham um poder administrativo e judicial e deviam preocupar-se das questôes financeiras da comunidade. Portanto, parece que não haviam desempenhados funções sacerdotais.[6]
Nas sociedades não cristãs, os anciãos formavam, com os peritos nas Escrituras, a classe dos chefes do povo; em Jerusalém eram membros do Sanedrim (Flavio Josefo, Antiq. IX, 3,15; XIV, 5,4). Agora alguns textos dos Atos dos Apóstolos nos fazem uma relação de um sistema similar administrativo também entre os cristãos. Por exemplo, Paulo e Barnabé entregam os dons para a Igreja de Antioquia propriamente nas mãos dos anciãos. (Atos.11, 30) Alem disso alguns dos deveres dos anciãos necessitam das funções dos diáconos. Segundo Atos 15,6 os anciãos tomaram parte ativa do «concilio» de Jerusalém: não somente tomaram ali na palavra, mas também certas decisões:
«Então pareceu bem aos apóstolos e aos anciãos com toda a comunidade escolher homens dentre eles e enviá-los a Antioquia com Paulo e Barnabé.» (Atos.15, 22).
A fórmula «os apóstoles e os anciãos» se repete mais vezes nos Atos dos Apóstolos (15,2-4.22) o que nos leva a pensar que os presbíteros tinham não somente um certo poder administrativo, mas também a possibilidade de se pronunciar nas questões que implicavam a vida e o futuro da Igreja.
Sobre o modelo da sociedade palestina existem colégios de anciãos também nas comunidades fundadas por Paulo e Barnabé na Asia Menor e na Grécia. Como já temos visto, eles recebem seu oficio mediante a imposição das mãos. (Atos 14, 23)[7].
Os anciãos estão unidos pessoalmente a comunidade de origem; por isto diz-se comumente: «os anciãos desta ou daquela igreja». Mas nada indica que um deles tenha usurpado o privilégio do primado, nem que tenham estado como chefe da Igreja local. O poder supremo está sempre mas mãos dos apóstolos em sua pessoa, em verdade os anciãos exercitavam um certo poder de direção (1Tim.5,17). Contrariamente ao procedimento de eleição observado nas comunidades palestinas não cristãs.
Paulo nas igrejas fundadas por ele, elege somente os anciãos e lhes impõe as mãos. Temos aqui uma nova indicação sobre a natureza do sacerdocio ministerial: a mediação vem de Deus, e esta é transmitida por tradição.
O termo «ancião», visto o uso frequente que é feito nos Atos dos Apóstolos, parece remontar muito distantemente, o que faz pensar que a mesma função tenha começado a existir nos costumes da Igreja primitiva antes do episcopado[8].
Com o passar do tempo aparece nas mesmas comunidades um novo título: «custódio», «epíscopos», e os titulares deste oficio tem um certo poder sobre os diáconos e sobre os fieis. A comunidade na qual se encontram como guias se chama a igreja de Deus (1Tim.3,5) e na vida destas comunidades, a oração litúrgica ocupa o primeiro lugar. O «governo» (proistámenoi, 1Tim.3,4) é um dos principais deveres do bispo. Ele deve também saber dirigir e sobre o exemplo de Cristo deve ser um pastor (poimén). Mas principalmente ele vela sobre a comunidade, a «vigia».
Assim é sobretudo nas igrejas da Asia Menor, no tempo de Ignacio de Antioquía, quer dizer, entre o 1° e 2° século. Nos concedem fé nisto os escritos de Ignacio de Antioquía, as cartas de Clemente de Roma e o «ensino dos doze apóstolos»[9]. Mas o termo epíscopos aparecia ja nos Atos dos apóstolos e nas cartas de São Paulo, aonde indica, as vezes, as mesmas pessoas que em outro lugar são chamados «anciãos». Por exemplo, em Atos 20,17, Paulo convoca em Mileto aos anciãos de Éfeso e lhes recorda a responsabilidade que eles tem em virtude de sua instituição no ofício de bispos, da parte do Espírito Santo. Eles são bispos para velar pela igreja de Deus: «Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos». (Atos 20, 28).
Na introdução da carta aos filipenses, Paulo, saúda aos bispos e aos diáconos. O fato de Paulo deixar os anciãos poderia ser explicado admitindo que o temo Epíscopo designa alguém ao mesmo tempo seja os bispos como os anciãos. É provável que o termo Epíscopo seja usado em modo análogo em 1Tim. 3,2.
Não poderia ser compreendido de outro modo a brusca mudança com o qual o texto passa de bispos aos diáconos. Ainda mais: a alusão aos bispos (em plural), da cidade de Filipos ou de Éfeso, estaria em plena contradição com a tradição da Igreja: é notório o fato de que se proíbe a dois bispos de residir em uma mesma cidade[10]. O texto de Tito 1, 5-7 é todavia mais iluminador sobre o significado dos termos epíscopos e presbyteros: «Eu te deixei em Creta para acabares de organizar tudo e estabeleceres anciãos em cada cidade, de acordo com as normas que te tracei....»
O bispo, de fato, em sua qualidade (deî gár tòn epíscopon eînai). Se trata aqui das mesmas pessoas, se bem que no inicio eram chamadas «bispos» e depois «anciãos».
Estes termos, epíscopos e presbyteros, não são sinônimos. O segundo, designa um estado, enquanto que o primeiro expressa a ideia de uma vigilância e indica uma determinada função[11].
Como consequência, quando estes mesmos personagens constituíam o colégio dirigente das igrejas locais eram chamados de anciãos e quando, com o passar do tempo algumas de suas funções foram sendo melhor designados, se começou a chama-los de bispos[12].
Os resultados das exegéses recentes não permitem sustentar mais a tese da qual os epíscopoi do Novo Testamento seriam os verdadeiros predecessores dos sacerdotes ministeriais, enquanto os presbyteroi haviam sido os leigos, sem voz no capítulo no que diz respeito aos ensinamentos e ao culto, com atividade limitada a administração puramente exterior das igrejas. Muitos textos escriturísticos permanecem em contradição com tal interpretação.
Em Atos 5, 24 vem citado, que se imponham as mãos tanto aos anciãos como aos bispos; e da carta de São Tiago. 5, 14 se pode concluir que eram propriamente os anciãos os que cumpriam com a unção dos enfermos, na qual tinha um carater sacramental. Parece então que aqueles que sustentam a tese que os anciãos tinham o mesmo poder sacerdotal que os bispos tem razão em suas afirmações. Estes últimos, em certas circunstâncias, formavam um comite executivo especial criado pelo colegio dos anciãos. O regime de organização das comunidades não cristãs, judias e helenistas, nos dão muitos exemplos que sustentam ainda mais esta hipótese[13].
Na Igreja primitiva existiam por uma parte anciãos-bispos que tinha o dever de presidir as assembleias litúrgicas, oferecer a eucaristia, ensinar no sentido restrito da palavra e administrar os bens materiais da igreja; por outra parte, os anciãos que não eram bispos, haviam recebido todos os poderes requeridos para cumprir os atos recém mencionados, não exercitavam este poder; ou se o exercitava, faziam em turnos, chegando a ser assim, bispos[14].
Mas esta regra admite demasiadas excepções. Já tivemos a ocasião de constatar como os autores inspirados se serviam de dois termos querendo assim atrair a atenção sobre a diversidade e amplitude das funções do chefe da comunidade.
Esta observação assume todo seu significado quando se recordam os outros títulos atribuidos aos responsáveis. Se trata de palavras correntes que nos ambientes judeus ou gregos, designan aos funcionários e aos chefes. Paulo fala de «colocados a assistência e ao governo da Igreja» (1Cor 12,38). Termo usado também em Rom. 12,8 «aquele que preside» e em 1 Tim 5,17. Não se trata de um posto honorífico, mas de um importante cargo de governo. Os nomes hegeúmenoi (Hebreos 13,7-17-24) e poiménes (Ef. 4,11-12; 1Pe. 5,1-4) expressam a ideia que na comunidade cristã o chefe-guia, conduz, nutre ao seu rebanho: «os pastores (estão) encarregados de organizar os santos para a obra do ministerio em vista da construção do corpo de Cristo que é a igreja» (Ef. 4,11-12). Enfim , a palabra epimeletés evoca a função do curator romano, que convoca a assembleia para as festas e para os jogos ou vigiava os trabalhos ordenados pelos organismos públicos.
O estudo dos graus hierárquicos do sacerdócio nos conduz as seguintes conclusões:
1- Nos livros do Novo Testamento e sobretudo nas cartas de São Paulo, os termos «bispo» e «ancião» são usados de modo em poder ser intercambiaveis, ainda que não se devam minimizar certas diferenças de significado.
2- O uso do nome «ancião» ao definir o chefe da comunidade é de origem judaica. Coloca em ressalva a seriedade, a dignidade, a madurez pessoal de responsavel da Igreja.
3- O termo epíscopos e a função que ele designa são de origem helenista (grega). Indica mais a função que a dignidade da pessoa.
4- Assim a situação que se reflete nas cartas de Paulo, causada pela imprecisão e da fluidez das expressões, se aparta do estado de coisas que observamos na vida da Igreja do segundo e terceiro século.
5- O vocabulario especifica que a função dos apóstolos e da hierarquia por eles instituida é de governo, de responsabilidade feita ao novo povo de Deus. Este dever se realiza por uma parte na evangelização, e por outra na assembleia litúrgica. O ministro de Jesus anuncia aos homens a palavra e faz subir a Deus a oferenda do povo santo reunido em torno do sacrificio de seu Senhor.
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Notas
[1] O livro dos Números nos mostra um exemplo análogo no Antigo Testamento: «Moisés fez como Yahvé havia ordenado. Tomou Josué, o fez ir até Eleazar, sacerdote, e diante toda a comunidade, impôs as mãos sobre ele e lhe deu suas ordens, como havia dito Yahvé através de Moisés» (27,22-23).
[2] Sobre este tema, cf. N.ADLER, Die Handauflegung im NT bereits ein Bussritus? Zur Auslegung von 1 Tim 5,22 (Neutestamentliche Aufsätze-Festschrift für J. Schmid), Regensburg, 1963,pp.1-6.
[3] Cf. J. LECUYER, Il sacerdozio di Cristo e della Chiesa, Bologna 1964, p. 319 s.
[4] Aqueles que recusam admitir a autenticidade paulina das cartas pastorais apelam, entre otras coisas, ao fato de que os graus hierárquicos deo sacerdocio citados nestes textos não se encontram confirmados mas que nas fontes históricas não bíblicas do 2° e inicio do 3° século. Segundo estes autores, as cartas pastorais provunham daquela época e não seriam por isso de São Paulo. Outros, que tampoco reconhecem a autenticidade das cartas pastorais, pensam que podem falar de interpolações ulteriores, pelo menos para os fragmentos nos quais se trata de graus hierárquicos ja determinados. Cf, A. HARNACK, Entstehung und Ent wicklung der Kirchenverfassung und des Kirchen rechts, Leipzig 1910, p. 50 ss; H. LIETZMANN, Zur altchristlichen Verfassungsgeschichte, Wwiss Th 55, 1913, pp. 97-152.
[5] «O serviço da mesa», ainda que seja o sentido exato do verbo diakonéin, não é certamente o único motivo pelo qual os sete diáconos foram chamados. Cf. J. COLSON, Les ecclésiales aux premiers siècles, París, 1956, p. 30 ss; K.THIEME, Diaconie primordiale, remède au schisme primordial, «Dieu vivant» 26, 1954, pp. 101-123.
[6] Cf. W. MICHELIS, Das Altesamt der christlichen Gemeinde im Lichte der Heiligen Schrift, Bern, 1953, p. 9 ss; E. SCHURER, Geschichte des jüdischen Volkes, Leipzig, 1907, II, pp. 241-258; J. B. FREY, Les Communautés juives aux prèmiers siècles de l’Églis, RSR 19, 1931, pp. 137-139.
[7] A eleição dos zeqenim, quer dizer dos anciãos, ja no AT se fazia de modo análogo. ( cf. Num. 11,16; 28,18).
[8] Mas os textos de Cubran poderiam sugerir que o título de bispo na forma hebraica mebbaqqer, poderia chegar a um frau tão alto quanto aquele de ancião.
[9] É usado pelos setenta (Num. 4,16), na qual expressa também a dignidade da pessoa que o leva. No NT, este título se aplica uma vez a Cristo em pessoa ( 1Pe. 2,25).
[10] Cf. P. BENOIT, Les origines apostoliques de l’épiscopat, in «L’Evêque dans l’ Eglise du Christ». Trabajo del Symposium de L’Abresle, 1960, recolhidos e editado por H. BUESSÈ y A. MANDUOZE, París, 1963, p. 16 ss. Se pode referir também ao artígo traduzido em lingua italiana: BENOIT, Le origini dell’episcopato nel NT, «Benoit, Esegesi e teologia», Roma, 1964, p. 461-487 (n.d.E.).
[11] Esta diferenciação no uso de dois termos é visivel nos tradutores dos 70 (Septuaginta) e na literatura grega não bíblica. Cf. P. BENOIT Les origines apostoliques de l’épiscopat, pp. 18-32.
[12] Ibidem, p. 36.
[13] Ibidem, p. 44, notas 1-2.










[14] Cf. P. BENOIT, Les origines apostoliques de l’épiscopat, pp. 44-45. A hipótese avançada de J. COLSON, o qual retem que os termos episcopos e presbyteros sejan sinônimos, é menos verosímil e simplifica demasiado o problema: havia-se de fato o uso do primeiro sobretudo em ambiente helenístico e do segundo nas comunidades formadas principalmente pelos judeus-cristãos. (Les fonctions ecclésiales aux deux premiers siècles, p. 108 ss). 

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