O Purgatório na Sagrada Escritura e na Tradição
Quando alguém morre, seu corpo é sepultado e sua alma vai para o Purgatório (se morreu na graça de Deus), onde passa por um processo purificador que se realiza fora do “tempo” como o concebemos aqui na Terra.
Esta purificação final dos eleitos é absolutamente distinta do castigo aplicado aos condenados ao inferno.
Com base em certos textos da Sagrada Escritura (por exemplo, I Cor 3, 15; I Pt 1, 7), a Tradição da Igreja explica que as almas do Purgatório sofrem o efeito de um fogo purificador, “até que lhes seja franqueado o acesso da Pátria celestial, onde nada de impuro pode entrar” (Catecismo Romano, Parte I, cap. VI, 3).
Esse processo de purificação das almas é sem dúvida misterioso, tanto mais para nós que temos dificuldade em conceber algo sem as noções de espaço, tempo e matéria; de onde também termos dificuldade em compreender esse “fogo purificador”, que não é material e atua sobre as almas, que são espirituais!
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| Juízo Final, Capela degli Scrovegni, Giotto da Bondone |
Quando chegar o dia do Juízo Final, todas as almas que estão no Purgatório deverão estar com as suas “contas pagas”, a fim de apresentar-se purificadas diante do Senhor.
Por isso, no dia do Juízo final o Purgatório não terá mais razão de existir.
O purgatório é um local onde ficam as almas que morrem em estado de graça, isto é, sem pecado mortal, mas que tem “penas temporais” ainda a expiar por seus pecados ou algumas imperfeições (ou pecados veniais) que não foram suficientemente purificadas, pois no céu “nada de impuro pode entrar” (Ap. 21, 27).
O Purgatório é uma verdade positivamente revelada por Deus, que não admite dúvida.
Disse Jesus, um dia, à multidão de povo que acabava de ouvir o sublime sermão das bem-aventuranças: “Reconcilia-te com o teu adversário… enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário de entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao ministro e te encerrem na prisão. Em verdade te digo que, de modo nenhum, sairás dali, enquanto não pagares até o último ceitil” (Mt 5, 25-26).
O texto citado refere-se claramente ao purgatório. Trata-se de uma prisão à qual Nosso Senhor tem soberania, é Ele quem manda e decide.
Como não pode se tratar do inferno, visto que o inferno é eterno (Mt 25, 41), e não se trata de uma prisão material, trata-se, pois, de uma prisão temporária, onde as almas sofrem, por certo tempo, em expiação de seus pecados; onde são purgadas das faltas leves, que não merecem o inferno, mas impedem de entrar no céu. “Nada de impuro entrará no céu” (Apoc 21, 27).
Outra alusão à existência do purgatório encontramos em I Cor 3, 12-15: “…Aquele, cuja obra (de ouro, prata, pedras preciosas) sobre o alicerce resistir, esse receberá a sua paga, aquele, pelo contrário, cuja obra, (de madeira, feno, ou palha), for queimada, esse há de sofrer prejuízo; ele próprio, porém, poderá salvar-se, mas como que através do fogo“.
Depois, temos o uso da razão. Para onde iria uma alma que não é bastante santa para ir para o céu e nem bastante má para ir para o inferno? Ela deve ir para um local de expiação, que é o purgatório.
Existem textos ainda mais claros nos livros que os protestantes retiraram da Bíblia por contradizerem sua doutrina.
O texto mais expressivo sobre a existência do purgatório é o do Livro II dos Macabeus (XII, 43), o qual narra como Judas Macabeu mandou oferecer um sacrifício pelos que haviam morrido na batalha, por exemplo, por expiação de seus pecados:
“Judas, tendo feito uma coleta, mandou duas mil dracmas de prata a Jerusalém, para se oferecer um sacrifício pelo pecado. Obra bela e santa, inspirada pela crença na ressurreição… Santo e salutar pensamento de orar pelos mortos. Eis porque ele ofereceu um sacrifício expiatório pelos defuntos, para que fossem livres de seus pecados.”
Ora, ser livre de seus pecados, depois da morte, pelo sacrifício expiatório, indica claramente a existência do purgatório.
O Concílio Tridentino (Sess. XXV, D.B. 983), define como verdade de fé a existência do purgatório.
Entre outros testemunhas cristãs dos primeiros séculos, escreve Tertuliano: “A esposa roga pela alma de seu esposo e pede para ele refrigério, e que volte a reunir-se com ele na ressurreição; oferece sufrágios todos os dias aniversários de sua morte.” (De Monogamia, 10)


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