Blog Alma Missionária

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quinta-feira, 28 de março de 2013


CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
PRIMEIRA PARTE - SEGUNDA SEÇÃO:
A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ
OS SÍMBOLOS DA FÉ
CAPITULO II - ARTIGO 3 - PARÁGRAFO 3
OS MISTÉRIOS DA VIDA DE CRISTO

512         No tocante à vida de Cristo, o Símbolo da Fé fala somente dos mistérios da Encarnação (Conceição e Nascimento) Páscoa (Paixão, Crucifixão, Morte, Sepultamento, Descida aos Infernos, Ressurreição, Ascensão). Não diz nada, explicitamente dos mistérios da vida
1163    oculta e pública de Jesus. Mas os artigos da fé referentes à Encarnação e à Páscoa de Jesus iluminam toda a vida terrestre de Cristo. "Tudo o que Jesus fez e ensinou, desde o começo até o dia em que foi arrebatado" (At 1,1-2), deve ser visto à luz dos mistérios do Natal e da Páscoa.

513         A Catequese, conforme as circunstâncias, há desenvolver toda a riqueza dos Mistérios
426,561  de Jesus. Aqui é suficiente indicar alguns elementos comuns a todos os mistérios da vida de Cristo (I), para em seguida esboçar os principais mistérios da vida oculta (II) e pública (III) de Jesus.

I- Toda a vida de Cristo é mistério
514         Muitas coisas que interessam à curiosidade humana acerca de Jesus não figuram nos Evangelhos. Quase nada é dito sobre sua vida em Nazaré, e mesmo uma grande parte de sua vida pública não é relatada  . O que foi escrito nos Evangelhos foi "para crerdes que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome" (Jo 20, 31).

515         Os Evangelhos foram escritos por homens que estiveram entre os primeiros a ter a 
 126       e que queriam compartilhá-la com outros. Depois de terem conhecido na fé quem é Jesus, puderam ver e fazer ver os traços de seu mistério em toda a sua vida terrestre. Desde os paninhos de sua natividade  até o vinagre de sua Paixão  e o sudário de sua Ressurreição  , tudo na vida de Jesus é sinal de seu Mistério. Por meio de seus gestos, de seus milagres, de suas palavras, foi revelado que "nele habita corporalmente toda a
609,774  plenitude da divindade" (Cl 2,9). Sua humanidade aparece, assim, como o "sacramento", isto é, o sinal e o instrumento de sua divindade e da salvação que ele traz: o que havia de
 477        visível em sua vida terrestre apontava para o mistério invisível de sua filiação divina e de sua missão redentora.

OS TRAÇOS COMUNS DOS MISTÉRIOS DE JESUS
516         Toda a vida de Cristo é Revelação do Pai: suas palavras e seus atos, seus silêncios e
  65       seus sofrimentos, sua maneira de ser e de falar. Jesus pode dizer: "Quem me vê, vê o Pai" (Jo 14,9); e o Pai pode dizer: "Este é o meu Filho, o Eleito; ouvi-o" (Lc 9,35). Tendo Nosso Senhor se feito homem para cumprir a vontade do Pai  , Os mínimos traços de seus
2708       mistérios nos manifestam "o amor de Deus por nos  ".

517         Toda a vida de Cristo é mistério de Redenção. A Redenção nos vem antes de tudo pelo
606,1115 sangue da Cruz  , mas este mistério está  em ação em toda a vida de Cristo: já em sua Encarnação, pela qual, fazendo-se pobre, nos enriqueceu por sua pobreza  ; em sua vida oculta, que, por sua submissão, serve de reparação para nossa insubmissão  ; em sua palavra, que purifica seus ouvintes   ; em suas curas e em seus exorcismos, pelos quais "levou nossas fraquezas e carregou nossas doenças" (Mt 8,17  ); em sua Ressurreição, pela qual nos justifica. 

518        Toda a vida de Cristo é mistério de Recapitulação. Tudo o que Jesus fez, disse e sofreu
668,2748  tinha por meta restabelecer o homem caído em sua vocação primeira:
Quando ele se encarnou e se fez homem, recapitulou em si mesmo a longa história dos homens e, em resumo, nos proporcionou a salvação, de sorte que aquilo que havíamos perdido em Adão, isto é, sermos à imagem e à semelhança de Deus, o recuperamos em Cristo Jesus  . É, aliás, por isso que Cristo passou por todas as idades da vida, restituindo com isto a os homens a comunhão com Deus  

NOSSA COMUNHÃO COM OS MISTÉRIOS DE JESUS
519         Toda a riqueza de Cristo "é destinada a cada homem e constitui o bem de cada
793,602 um  ". Cristo não viveu sua vida para si mesmo, mas para nós, desde sua Encarnação "por nossos homens, e por nossa salvação"  até sua Morte "por nossos pecados" (1Cor 15,3) e sua Ressurreição "para nossa justificação" (Rm 4,25). Ainda agora, Ele é "nosso advogado junto do Pai" (1Jo 2,1), "estando sempre vivo para interceder a nosso favor" (Hb 7,25). Com tudo o que viveu e sofreu por nós vez por todas, Ele permanece
1085       presente para sempre "diante face de Deus a nosso favor" (Hb 9,24).

520         Em toda a sua vida, Jesus mostra-se como nosso modelo   Ele é "o homem perfeito
459,359    " que nos convida a tomar-nos seus discípulos e a segui-lo: por seu rebaixamento,
2607      deu-nos um exemplo a imitar   ; por sua oração  , atrai à oração; por sua pobreza chama a aceitar livremente o despojamento e as perseguições. 

521         Tudo o que Cristo viveu foi para que pudéssemos vivê-lo nele e para que Ele o vivesse
2715     em nós. "Por sua Encarnação, o Filho de Deus, de certo modo, se uniu a todo homem  ."
1391    Nós somos chamados a ser uma só coisa com Ele; Ele nos faz partilhar (comungar), como membros de seu corpo, de tudo o que (Ele), por nós e como nosso modelo, viveu em sua carne.
Devemos continuar e realizar em nós os estados e os mistérios de Jesus, e pedir-lhe muitas vezes que os complete e realize em nós e em toda a sua Igreja... Pois o Filho de Deus deseja conceder uma certa participação, e fazer como que uma extensão e continuação de seus mistérios em nós e em toda a sua Igreja, pelas graças que quer comunicar-nos, e pelos efeitos que quer operar em nós por esses mistérios. Por estes meios quer realizá-los em nós  .

II. Os mistérios da infância e da vida oculta de Jesus
A PREPARAÇÃO
522         A vinda do Filho de Deus à terra é um acontecimento de tal imensidão que Deus quis
711,762  prepará-lo durante séculos. Ritos e sacrifícios, figuras e símbolos da "Primeira Aliança"  , tudo ele faz convergir para Cristo; anuncia-o pela boca dos profetas que se sucedem em Israel. Desperta, além disso, no coração dos pagãos a obscura expectativa desta vinda.

523         São João Batista é o precursor  imediato  do Senhor, enviado para preparar-lhe o
712-720  caminho   . "Profeta do Altíssimo" (Lc; 1,76), ele supera todos os profetas   , deles é oúltimo   , inaugura o Evangelho   ; saúda a vinda de Cristo desde o seio de sua mãe   e encontra sua alegria em ser "o amigo do esposo" (Jo 3,29), que designa como "o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Jo 1,29). Precedendo a Jesus "com o espírito e o poder de Elias" (Lc 1,17), dá-lhe testemunho por sua pregação, seu batismo de conversão e, finalmente, seumartírio  .

524         Ao celebrar cada ano a liturgia do Advento, a Igreja atualiza esta espera do Messias:
1171    comungando com a longa preparação da primeira vinda do Salvador, os fiéis renovam o ardente desejo de sua Segunda Vinda.  Pela celebração da natividade e do martírio do Precursor, a Igreja se une a seu desejo: "É preciso que Ele cresça e que eu diminua" (Jo 3,30).

O MISTÉRIO DO NATAL
525         Jesus nasceu na humildade de um estábulo, em uma família pobre   ; as primeiras
 437     testemunhas do evento são simples pastores. É nesta pobreza que se manifesta a glória do
2443    Céu  . A Igreja não se cansa de cantar a glória dessa noite:
Hoje a Virgem traz ao mundo o Eterno
E a terra oferece uma gruta ao Inacessível.
Os anjos e os pastores o louvam
E os magos caminham com a estrela.
Pois Vós nascestes por nós, Menino, Deus eterno   
526         "Tornar-se criança" em relação a Deus é a condição para entrar no Reino   ; para isso é preciso humilhar-se   , tornar-se pequeno; mais ainda: é preciso "nascer do alto" (Jo 3,7), "nascer de Deus   " para tornar-nos filhos de Deus  . O mistério do Natal realiza-se em nós quando Cristo "toma forma" em nós  . O Natal é o mistério deste "admirável intercâmbio:
                     O admirabile commercium! Creator generis humani, anima corpus sumens, de Vir gine nasci digna tus
 660                       est;  et procedens homo sine semine, largitus est nobis suam deitatem - Admirável intercâmbio! O
                             Criador da humanidade, assumindo corpo e dignou-se nascer de uma Virgem; e, tomando-se
                             homem intervenção do homem, nos doou sua própria divindade  !

Os MISTÉRIOS DA INFÂNCIA DE JESUS
527         A circuncisão de Jesus, no oitavo dia depois de seu nascimento  , é sinal de sua
 580       inserção na descendência de Abraão, no povo da Aliança, de sua submissão à Lei   e de
1214    capacitação para o culto de Israel, do qual participará durante sua toda a vida. Este sinal prefigura "a circuncisão de Cristo", que é o Batismo. 

528         A epifania é a manifestação de Jesus como Messias Israel, Filho de Deus e Salvador do
 439    mundo. Com o Batismo de Jesus no Jordão e com as bodas de Caná  , ela celebra a adoração de Jesus pelos "magos" vindos do Oriente  . Nesses "magos", representantes das religiões pagãs circunvizinhas, o Evangelho vê as primícias das nações que acolhem a Boa Nova da salvação pela Encarnação. A vinda dos magos a Jerusalém para "adorar ao Rei dos Judeus  " mostra que eles procuram em Israel, à luz messiânica da estrela de Davi   , aquele que será  o Rei das nações  . Sua vinda significa que os pagãos só podem descobrir Jesus e adorá-lo como Filho de Deus e Salvador do mundo voltando-se para os judeus    recebendo deles sua promessa messiânica, tal como está  contida no  Antigo
711-716  Testamento.    A Epifania manifesta que "a plenitude dos pagãos entra na família dos
 122      patriarcas  " e adquire a "dignidade israelítica  ".

529         A apresentação de Jesus no Templo   mostra-o como o Primogênito pertencente ao
 583     Senhor  . Com Simeão e Ana, é toda a espera de Israel que vem ao encontro de seu Salvador (a tradição bizantina designa com este termo tal acontecimento). Jesus é
 439       reconhecido como o Messias tão esperado, "luz das nações" e "Glória de Israel", mas
 614     também "sinal de contradição". A espada de dor predita a Maria anuncia esta outra oblação, perfeita e única, da Cruz, que dará  a salvação que Deus "preparou diante de todos os povos".

530         A fuga para o Egito e o massacre dos inocentes    manifestam a oposição das trevas à  
            luz: "Ele veio para o que era seu e os seus não o receberam" (Jo 1,11). Toda a vida de
 574        Cristo estará  sob o signo da perseguição  . Os seus compartilham com Ele esta 
            perseguição. Sua volta do Egito     lembra o Êxodo     e apresenta Jesus como o
            libertador definitivo.

OS MISTÉRIOS DA VIDA OCULTA DE JESUS
531         Durante a maior parte de sua vida, Jesus compartilhou a condição da imensa maioria
2427     dos homens: uma vida cotidiana. Sem grandeza aparente, vida de trabalho manual, vida
          religiosa judaica submetida à Lei de Deus   , vida na comunidade. De todo este período é-
          nos revelado que Jesus era "submisso" a seus pais   e que "crescia em sabedoria, em
          estatura em graça diante de Deus e diante dos homens" (Lc 2,52).

532         A submissão de Jesus a sua Mãe e a seu pai legal cumpre com perfeição o quarto
2214-2220 mandamento. Ela é a imagem temporal de sua obediência filial a seu Pai celeste. A
 612      submissão diária de Jesus a José e a Maria anunciava e antecipava a submissão da  Quinta-feira Santa: "Não a minha vontade..." (Lc 22,42). A obediência de Cristo no cotidiano da vida condida inaugurava já  a obra de restabelecimento daquilo a desobediência de Adão havia destruído  .

533         A vida oculta de Nazaré permite a todo homem estar unido a Jesus nos caminhos mais
  cotidianos da vida:
2717                Nazaré é a escola na qual se começa a compreender a vida de Jesus: a escola do Evangelho...
                       Primeiramente, uma lição de silêncio. Que nasça em nós a estima do silêncio, esta admirável e
2204                indispensável condição do espírito... Uma lição de vida familiar. Que Nazaré nos ensine o que é a
                       família, sua comunhão de amor, sua beleza austera e simples, seu caráter sagrado e inviolável...
                       Uma lição de trabalho. Nazaré, ó casa do "Filho do Carpinteiro", é aqui que gostaríamos de
                       compreender e celebrar a lei severa e redentora do trabalho humano...; assim como gostaríamos
2427                finalmente de saudar aqui todos os trabalhadores do mundo inteiro e mostrar-lhes seu grande
                       modelo, seu Irmão divino. 

534         O reencontro de Jesus no Templo   é o único acontecimento que rompe o silêncio dos
583,2599 Evangelhos sobre os anos ocultos de Jesus. Nele Jesus deixa entrever o mistério de sua consagração total a uma missão decorrente de sua filiação divina: "Não sabíeis que devo
 964      ocupar-me com as coisas de meu Pai?" (Lc 2,49). Maria e José "não compreenderam" esta palavra, mas a acolheram na fé, e Maria "guardava a lembrança de todos esses fatos em seu coração" (Lc 2,51), ao longo dos anos em que Jesus permanecia mergulhado no silêncio de uma vida ordinária.

III. OS MISTÉRIOS DA VIDA PÚBLICA DE JESUS
O BATISMO DE JESUS
535         A vida pública de Jesus tem início   com seu Batismo por João no rio Jordão   .
719-720  João Batista proclamava "um batismo de arrependimento para a remissão dos pecados" (Lc 3,3). Uma multidão de pecadores, de publicanos e soldados  , fariseus e saduceus     eprostitutas     vem fazer-se batizar por ele. Jesus aparece, o Batista hesita, mas Jesus
 701     insiste. E Ele recebe o Batismo. Então o Espírito Santo, sob forma de pomba, vem sobre Jesus, e a voz do céu proclama: "Este é o meu Filho bem-amado" (Mt 3,13-17). É a
 438        manifestação ("Epifania") de Jesus como Messias de Israel e Filho de Deus.

536         O Batismo de Jesus é, da parte dele, a aceitação e a inauguração de sua missão de
 606      Servo sofredor. Deixa-se contar entre os pecadores   ; é, já, "o Cordeiro de Deus que
1224    tira o pecado do mundo" (Jo 1,29), antecipa já  o "Batismo" de sua morte sangrenta   . Vem, já, "cumprir toda a justiça" (Mt 3,15), ou seja, submete-se por inteiro à vontade de seu Pai: aceita por amor este batismo de morte para a remissão de nossos pecados  . A
 444      esta aceitação responde a voz do Pai, que coloca toda a sua complacência em seu Filho  .
 727     O Espírito que Jesus possui em plenitude desde a sua concepção vem "repousar" sobre
 739   Ele   . Jesus ser  a fonte do Espírito para toda a humanidade. No Batismo de Jesus, "abriram-se os Céus" (Mt 3,16) que o pecado de Adão havia fechado; e as  águas são santificadas pela descida de Jesus e do Espírito, prelúdio da nova criação.

537         Pelo Batismo, o cristão é sacramentalmente assimilado a Jesus, que antecipa em seu
1262    Batismo a sua Morte e a sua Ressurreição; deve entrar neste mistério de rebaixamento humilde e de arrependimento, descer à  água com Jesus para subir novamente com ele, renascer da  água e do Espírito para tornar-se, no Filho, filho bem-amado do Pai e "viver em uma vida nova" (Rm 6,4):
 628                   Sepultemo-nos com Cristo pelo Batismo, para ressuscitar com Ele; desçamos com Ele, para ser
                          elevados com Ele; subamos novamente com Ele, para ser glorificados nele   . Tudo o que
                          aconteceu com Cristo dá-nos a conhecer que, depois da imersão na  água, o Espírito
                          Santo voa sobre nós do alto do Céu e que, adotados pela Voz do Pai, nos tornamos filhos de

A TENTAÇÃO DE JESUS
538         Os Evangelhos falam de um tempo de solidão de Jesus no deserto, imediatamente após seu Batismo por João: "Levado pelo Espírito" ao deserto, Jesus ali fica quarenta dias sem
 394      comer, vive com os animais selvagens e os anjos o servem   . No final dessa permanência, Satanás o tenta por três vezes procurando questionar sua atitude filial para com Deus.
 518      Jesus rechaça esses ataques que recapitulam as tentações de Adão no Paraíso e de Israel no deserto, e o Diabo afasta-se dele "até o tempo oportuno" (Lc 4,13).

539         Os evangelistas assinalam o sentido salvífico desse acontecimento misterioso. Jesus é o
 397      novo Adão, que ficou fiel onde o primeiro sucumbiu à tentação. Jesus cumpre à perfeição a vocação de Israel: contrariamente aos que provocai outrora a Deus durante quarenta anos nodeserto  , Cristo se revela como o Servo de Deus totalmente obediente à vontade
 385      divina. Nisso Jesus é vencedor do Diabo: ele "amarrou o homem forte" para retomar-lhe a presa  . A vitória de Jesus sobre o tentador no deserto antecipa a vitória da Paixão,
 609       obediência suprema de seu amor filial ao Pai.

540         A tentação de Jesus manifesta a maneira que o Filho de Deus tem de ser Messias o
2119       oposto da que lhe propõe Satanás e que os homens   desejam atribuir-lhe. E por isso que
519,2849 Cristão venceu o Tentador por nós: "Pois não temos um sumo sacerdote incapaz de   compadecer-se de nossas fraquezas, pois Ele mesmo foi provado em tudo como nós, com  exceção do pecado" (Hb 4,15). A Igreja se une a cada ano, mediante os quarenta dias da
1438       Grande Quaresma, ao mistério de Jesus no deserto.

"O REINO DE DEUS ESTÁ BEM PRÓXIMO"
541         "Depois que João foi preso, Jesus veio para a Galiléia proclamando, nestes termos, o
2816      Evangelho de Deus: "Cumpriu-se O tempo e o Reino de Deus está  próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho"' (Mc 1,14-15). "Para cumprir a vontade do Pai, Cristo inaugurou o Reino dos céus na terra  ." Ora, a vontade do Pai é "elevar os homens à
669,768, participação da Vida Divina  ". Realiza tal intento reunindo os homens em torno de seu
865       Filho, Jesus Cristo. Esta reunião é a Igreja, que é na terra "O germe e o começo do Reino deDeus  "

542         Cristo está  no centro do congraçamento dos homens na "família de Deus". Convoca-os
2233     junto a si por sua palavra, por seus sinais que manifestam o reino de Deus, pelo envio de seus discípulos. Realizar  a vinda de seu Reino sobretudo pelo grande mistério de sua Páscoa: sua morte na Cruz e sua Ressurreição. "E eu, quando for elevado da terra,
 789       atrairei todos a mim" (Jo 12,32). A esta união com Cristo são chamados todos os

O ANUNCIO DO REINO DE DEUS
543         Todos os homens são chamados a entrar no Reino. Anunciado primeiro aos filhos de Israel  , este Reino messiânico está destinado a acolher os homens de todas as
 764       nações   . Para ter acesso a ele, é preciso acolher a palavra de Jesus:
Pois a palavra do Senhor é comparada à semente semeada no campo: os que a ouvem com fé e são contados no número da pequena grei de Cristo receberam o próprio Reino; depois, por sua própria força, a semente germina e cresce até o tempo da messe  .

544         O Reino pertence aos pobres e aos pequenos, isto é, aos que o acolheram com um
709,2443  coração humilde. Jesus é enviado para "evangelizar os pobres" (Lc 4,18  ). Declara-os
 2546      bem-aventurados, pois "o Reino dos Céus é deles" (Mt 5,3); foi aos "pequenos" que o Pai se dignou revelar o que permanece escondido aos sábios e aos entendidos  . Jesus compartilha a vida dos pobres desde a manjedoura até a cruz; conhece a fome  , a sede   e a indigência    . Mais ainda: identifica-se com os pobres de todos os tipos e faz do amor ativo para com eles a condição para se entrar em seu Reino  .

545         Jesus convida os pecadores à mesa do Reino: "Não vim chamar justos, mas os
1443,588   pecadores" (Mc 2,17  ). Convida-os à conversão, sem a qual não se pode entrar no
1846       Reino, mas mostrando-lhes, com palavras e atos, a misericórdia sem limites do Pai por
1439     eles    e a imensa "alegria no céu por um único pecador que se arrepende" (Lc 15,7). A prova suprema deste amor ser  o sacrifício de sua própria vida "em remissão dos pecados" (Mt 26.28).

546         Jesus convida a entrar no Reino por meio das parábolas, traço típico de seu
2613      ensinamento   . Por elas, convida ao festim do Reino   , mas exige também uma opção radical: para adquirir o Reino é preciso dar tudo   ; as palavras não bastam, são necessários atos    As parábolas são como espelhos para o homem: este acolhe a palavra como um solo duro ou como uma terra boa  ? Que faz ele dos talentos recebidos   ? Jesus e a presença do Reino neste mundo estão secretamente no coração das parábolas. E preciso entrar no Reino, isto é, tomar-se discípulos de Cristo para
 542    "conhecer os mistérios do Reino dos Céus" (Mt 13,11). Para os que ficam "de fora" (Mc 4,11), tudo permanece enigmático  .

OS SINAIS DO REINO DE DEUS
547         Jesus acompanha suas palavras com numerosos "milagres, prodígios e sinais" (At 2,22)
 670      que manifestam que o Reino está presente nele. Atestam que Jesus é o Messias

548         Os sinais operados por Jesus testemunham que o Pai o enviou   . Convidam a crer
156,2616  nele  . Aos que a Ele se dirigem com fé, concede o que pedem   . Assim, os
           milagres fortificam a fé naquele que realiza as obras de seu Pai: testemunham que Ele é o
574,447  Filho de Deus  . Eles podem também ser "ocasião de escândalo   ". Não    se destinam a satisfazer a curiosidade e os desejos mágicos. Apesar de seus milagres tão evidentes, Jesus é rejeitado por alguns  ; acusam-no até de agir por intermédio dos demônios  .

549         Ao libertar certas pessoas dos males terrestres da fome  , da injustiça  , da
1503    doença e da morte  , Jesus operou sinais messiânicos; não veio, no entanto, para abolir todos os males da terra  , mas para libertar os homens da mais grave das escravidões,
 440    a do pecado  , que os entrava em sua vocação de filhos de Deus e causa todas as suas escravidões humanas.

550         O advento do Reino de Deus é a derrota do reino de Satanás  : "Se é pelo Espírito
 394      de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus já  chegou a vós" (Mt 12,28).
1673     Os exorcismos de Jesus libertam homens do domínio dos demônios  . Antecipam a
 440     grande vitória de Jesus sobre "o príncipe deste mundo  ". E pela Cruz de Cristo que o
2816    Reino de Deus ser  definitivamente estabelecido: "Regnavit a ligno Deus - Deus reinou
         do alto do madeiro  ".

"AS CHAVES DO REINO"
551         Desde o início de sua vida pública, Jesus escolhe homens em número de doze para estar
 858     com Ele e para participar de sua missão   ; dá-lhes participação em sua autoridade "e enviou-os a proclamar o Reino de Deus e a curar" (Lc 9,2). Permanecem eles para sempre
 765       associados ao Reino de Cristo, pois Jesus dirige a Igreja por intermédio deles:
Disponho para vós o Reino, como meu Pai o dispôs para mim, a fim de que comais e bebais à minha mesa em meu Reino, e vos senteis em tronos para julgar as doze tribos de Israel (Lc 22,29-30)

552         No colégio dos Doze, Simão Pedro ocupa o primeiro lugar  . Jesus confiou-lhe uma
880,153   missão única. Graças a uma revelação vinda do Pai, Pedro havia confessado: "Tu és o
 442     Cristo,  o Filho do Deus vivo" (Mt 16,16). Nosso Senhor lhe declara na ocasião: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as Portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela" (Mt 16,18). Cristo, "Pedra viva  "; garante a sua Igreja
 424      construída sobre Pedro a vitória sobre as potências de morte. Pedro, em razão da fé por ele confessada, permanecerá como a rocha inabalável da Igreja. Terá  por missão defender esta fé de todo desfalecimento e confirmar nela seus irmãos  .

553         Jesus confiou a Pedro uma autoridade específica: "Eu te darei as chaves do Reino dos
 381     Céus: o que ligares na terra será ligado nos Céus, e o que desligares na terra será  desligado nos Céus" (Mt 16,19). O "poder das chaves" designa a autoridade para governar a casa de Deus, que é a Igreja. Jesus, "o Bom Pastor" (Jo 10,11), confirmou
1445    este encargo depois de sua Ressurreição: "Apascenta as minhas ovelhas" (Jo 21,15-17). O poder de "ligar e desligar" significa a autoridade para absolver os pecados, pronunciar juízos doutrinais e tomar decisões disciplinares na Igreja. Jesus confiou esta autoridade à
641,881 Igreja pelo ministério dos apóstolos   e particularmente de Pedro, o único ao qual confiou explicitamente as chaves do Reino.

UM ANTEGOZO DO REINO: A TRANSFIGURAÇÃO
554         A partir do dia em que Pedro confessou que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo, o Mestre "começou a mostrar a seus discípulo que era necessário que fosse a Jerusalém e sofresse... que fosse morto e ressurgisse ao terceiro dia" (Mt 16,21): Pedro rechaça este anúncio   , os demais também não o compreendem  . É neste contexto que se situa
697,2600 o episódio misterioso da Transfiguração de Jesus    sobre um monte elevado, diante de três testemunhas escolhidas por ele: Pedro, Tiago e João. O rosto e as vestes de Jesus tornam-se fulgurantes de luz, Moisés e Elias aparecem, "falavam de sua partida que iria
 444      se consumar em Jerusalém" (Lc 9,31). Uma nuvem os cobre e uma voz do céu diz: "Este é o meu Filho, o Eleito; ouvi-o" (Lc 9,35).

555         Por um instante, Jesus mostra sua glória divina, confirmando, assim, a confissão de
2576,2583 Pedro. Mostra também que, para "entrar em sua glória" (Lc 24,26), deve passar pela Cruz em  Jerusalém. Moisés e Elias haviam visto a glória de Deus sobre a Montanha; a Lei e os profetas tinham anunciado os sofrimentos do Messias  . A Paixão de Jesus é
 257     sem dúvida a vontade do Pai: o Filho age como servo de Deus   . A nuvem indica a presença do Espírito Santo: "Tota Trinitas apparuit: Pater in voce; Filius in homine, Spiritus in nube clara - A Trindade inteira apareceu: o Pai, na voz; o Filho, no homem; o Espírito, na nuvem clara    ":
Vós vos transfigurastes na montanha e, porquanto eram capazes, vossos discípulos contemplaram vossa Glória, Cristo Deus, para que, quando vos vissem crucificado, compreendessem que vossa Paixão era voluntária e anunciassem ao mundo que vós sois verdadeiramente a irradiação do Pai  .

556         No limiar da vida pública, o Batismo; no limiar da Páscoa, a Transfiguração. Pelo Batismo de Jesus "declaratum fuit mysterium primae regenerationis - foi manifestado o mistério da primeira regeneração": o nosso Batismo; a Transfiguração "est sacramentum secundae regenerationis - é o sacramento da segunda regeneração": a nossa própria
1003     ressurreição  . Desde já  participamos da Ressurreição do Senhor pelo Espírito Santo que age nos sacramentos do Corpo de Cristo A Transfiguração dá-nos um antegozo da vinda gloriosa do Cristo, "que transfigurar  nosso corpo humilhado, conformando-o ao seu corpo glorioso" (Fl 3,21). Mas ela nos lembra também "que é preciso passarmos por muitas tribulações para entrarmos no Reino de Deus" (At 14,22):
Pedro ainda não tinha compreendido isso ao desejar viver com Cristo sobre a montanha  . Ele reservou-te isto, Pedro, para depois da morte. Mas agora Ele mesmo diz: Desce para sofrer na terra, para servir na terra, para ser desprezado, crucificado na terra. A Vida desce para fazer-se matar; o Pão desce para ter fome; o Caminho desce para cansar-se da caminhada; a Fonte desce para ter sede; e tu recusas Sofrer    ?
A SUBIDA DE JESUS A JERUSALÉM
557         "Ora, quando se completaram os dias de sua elevação, Jesus tomou resolutamente o caminho de Jerusalém" (Lc 9, 51  ). Com esta decisão, indicava que subia a Jerusalém pronto para morrer. Por três vezes tinha anunciado sua Paixão e sua Ressurreição   . Ao dirigir-se para Jerusalém, disse: "Não convém que um profeta pereça fora de Jerusalém" (Lc 13,33).

558         Jesus lembra o martírio dos profetas que tinham sido mortos em Jerusalém  . Todavia, persiste em convidar Jerusalém a congregar-se em torno dele: "Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha recolhe seus pintainhos debaixo das asas... e não o quiseste" (Mt 23,37b). Quando Jerusalém está à vista, chora sobre ela   e exprime uma vez mais o desejo de seu coração: "Ah! Se neste dia também tu conhecesses a mensagem de paz! Agora, porém, isto está  escondido a teus olhos" (Lc 19,42).

A ENTRADA MESSIÂNICA DE JESUS EM JERUSALÉM
559         Como vai Jerusalém acolher seu Messias? Embora sempre se tivesse subtraído às tentativas populares de fazê-lo rei  . Jesus escolhe o momento e prepara os detalhes de sua entrada messiânica na cidade de "Davi, seu pai" (Lc 1,32  ). É aclamado como o filho de Davi, aquele que traz a salvação ("Hosana" quer dizer salva-nos!", "dá a salvação!") Ora, o "Rei de Glória" (Sl 24,7-10) entra em sua cidade "montado em um jumento" (Zc 9,9): não conquista a Filha de Sião figura de sua Igreja, pela astúcia nem pela violência, mas pela humildade que dá  testemunho daVerdade   . Por isso os súditos de
 333     seu Reino, nesse dia, são as crianças     e os "pobres de Deus" que o aclamam como os anjos o anunciaram aos pastores  . A aclamação deles - "Bendito seja o que vem em
1352     nome do Senhor" (S1 118,26)- é retomada pela Igreja no "Sanctus" da liturgia eucarística, para abrir o memorial da Páscoa do Senhor.

560         A entrada de Jesus em Jerusalém manifesta a vinda do Reino que o Rei-Messias vai
550,2816 realizar pela Páscoa de sua Morte e de sua Ressurreição. E com sua celebração, no
 1169     Domingo de Ramos, que a liturgia da Igreja abre a grande Semana Santa.

RESUMINDO
561         "Toda a vida de Cristo foi um contínuo ensinamento: seus silêncios, seus milagres, seus gestos, sua oração, seu amor ao homem, sua predileção pelos pequenos e pelos pobres, a aceitação do sacrifício total na Cruz pela redenção do mundo, Sua Ressurreição constituem a atuação de sua palavra e o cumprimento da Revelação   .

562         Os discípulos de Cristo devem conformar-se com Ele até Ele se formar neles   " É por isso que somos inseridos nos mistérios de sua vida, com Ele configurados, com Ele mortos e com Ele ressuscitados, até que com Ele reinemos  .

563         "Seja pastor, seja mago, não se pode atingir a Deus na terra senão ajoelhando-se diante da manjedoura de Belém e adorando-o escondido na fraqueza de uma criança.

564         Por sua submissão a Maria e José, assim como por seu humilde trabalho durante longos anos em Nazaré, Jesus nos dá o exemplo da santidade na vida cotidiana da família e do trabalho.

565         Desde o início de sua vida pública, em seu Batismo, Jesus é o "Servo", inteiramente consagrado à obra redentora que se realizará  pelo "Batismo" de sua paixão.

566         A tentação no deserto mostra Jesus, Messias humilde que triunfa sobre Satanás por sua total adesão ao desígnio de salvação querido pelo Pai.

567         O Reino dos céus foi inaugurado na terra por Cristo. "Manifesta-se lucidamente aos homens na palavra, nas obras e na presença de Cristo   . "A Igreja é o germe e o começo desde Reino. Suas chaves são confiadas a Pedro.

568         A Transfiguração de Cristo tem por finalidade fortificar a fé dos apóstolos em vista da Paixão: a subida à "elevada montanha" prepara a subida ao Calvário. Cristo, Cabeça da Igreja, manifesta o que seu Corpo contém e irradia nos sacramentos "a esperança da Glória" (Cl 1,27  ).

569         Jesus subiu voluntariamente a Jerusalém, embora soubesse que lá  morreria de morte violenta por causa da contradição por parte dos pecadores   .

570         A entrada de Jesus em Jerusalém manifesta a vinda do Reino que o Rei-Messias, acolhido em sua cidade pelas crianças e pelos humildes de coração, vai realizar por meio da Páscoa de sua Morte e Ressurreição.

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