Blog Alma Missionária

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quarta-feira, 27 de março de 2013


MENSAGEM DO DIA


10/04 A fé como produto - Pe. Zezinho, scj

A fé como produto
Pe. Zezinho, scj 

II Parte

Religião deveria ser ágape e não fast food! A vida não deveria ser fast food. Para a pressa dos nossos dias inventaram igrejas com milagres e curas garantidas, rápidas e com dia e hora marcados. Os fiéis vão lá onde se fala o que desejam ouvir, se faz o que desejam ver e aceitam pagar por isso porque é religião que enche os olhos.

Vitrais, imagens e paredes em catequese visual não lhes dizem muita coisa. O que os convence é o gesto dramático do irmão cheio de poder que derruba um demônio, faz um coxo andar e um mudo falar. Estes sinais os convencem. O sinal da cruz, uma cruz na parede, uma pintura de Jesus perdoando nada lhes diz. A fé dramática encanta mais do que a fé kerigmática.

Mas quem vai dizer isso às massas que, no dizer de Jean Baubrillard no seu livro sobre o fim do social e o surgimento das massas (Á Sombra das Maiorias Silenciosas) e de Zygmunt Bauman no seu livro sobre a transformação das pessoas em mercadoria ( Vida Para Consumo) falma da perda de sentido e de referências e da compra e da venda de mensagens num mundo habitado por consumidores que descobriram também a religião de consumo. Numa esquina compram em dois minutos uma refeição já pronta e à sua espera, numa outra entram numa igreja e em poucos minutos presenciam um milagre ou uma expulsão de demônios. É a fé urgente a serviço da vida urgente. 

Pregadores urgentes detectam em poucos minutos um anjo ou um demônio e acham uma resposta urgente garantindo que aquela resposta mudará a vida do fiel que adquirir aquela mensagem ou ir lá ouvir aquela pregação.

Criamos um mundo imediato de sapatos, roupas e comida prontos. Basta experimentar e pagar. O mundo ficou bem mais fácil. Como não poderia ser diferente alguém descobriu a religião com resposta rápida e garantida sem que voe precise aprender catecismo ou ler a Bíblia. Peque aquele trecho e pague os que o oferecem a você quando você precisar. Pronto! Problema resolvido. Semana que vem terá mais uma rodada de curas e milagres. Tiraram a decisão das mãos de Deus. Eles urgem com Deus, exortam e arrancam o milagre com suas preces intensas. Até publicam livros e panfletos de orações poderosas e infalíveis. 

Ao fiel que entende que a vida e a fé não funcionam desta forma respondem que ele não tem fé, porque a Deus nada é impossível e para quem crê não existem barreiras. 

E não faltam os palestristas que classificam a fé como produto. O fiel tem uma necessidade e o pregador tem uma resposta e uma solução, Vai ao livro ou conta uma história que anima o fiel a esperar pelo milagre. 

Uma coisa porém é vender objetos que ajudem a estudar melhor e aprofundar a nossa fé e outra garantir que aquele objeto perfumado ou trazido de Roma ou de Jerusalém e aquele óleo com gotas de óleo da Terra Santa tem mais chance de faze ro milagre acontecer!

Perguntei a uma senhora jovem que falava das maravilhas do rosário perfumado que trouxera de Jerusalém, que diferença havia entre manipular aquelas contas e as de outro rosário brasileiro. A resposta dela foi digna de um livro de Bauman ou de Baudrillard. Disse que o que valia não era o sentido, mas o sentimento. Este, sim é a única coisa verdadeira da vida! Pedi licença e revidei dizendo que o rapaz que diante da multidão acabara de matar a namorada refém, se governara pelo seu sentimento e não pelo sentido do seu ato!

Ela perguntou onde eu estudara!... Nos mesmos livros que seu pregador preferido também estudara! Mas optei por anunciar uma fé que não tem respostas tão urgentes nem tão mercadológicas. 

A dimensão mercadológica da fé assusta! Olhe as obras, ouça os apelos, calcule o rio de dinheiro que passa pelas igrejas, pergunte aonde vai tudo isso e depois reflita sobre o produto que ajuda a fé e sobre a fé que se vale do produto! O acento revelará a igreja e o pregador!

www.padrezezinhoscj.com
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