Blog Alma Missionária

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segunda-feira, 11 de março de 2013


23º Dia De Meditação Da Paixão De Cristo – PAI PERDOA-LHES

23º dia de meditação da Paixão de Cristo – PAI PERDOA-LHES
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Do alto da cruz, o Senhor contempla os que O rodeiam: curiosos chegados de paragens longínquas, o príncipes dos sacerdotes, que seguiram muito de perto toda a execução… Além de sofrer tantos e tão terríveis tormentos, os que passavam injuriavam-No movendo a cabeça e dizendo: Tu que destróis o Templo e em três dias o reedificas, salva-te  a ti mesmo e desce da cruz(Mc).Era uma crueldade acrescentada e desnecessária. Enquanto aguardava a morte, Jesus escutou todo o tipo de zombarias e de injúrias.
São Marcos e São Mateus referem os insultos saídos da boca de todos, que devem ter-se prolongado durante as quase três horas de agonia. Já São Lucas apresenta alguns matizes. Não era propriamente o povo que O insultava. Talvez alguns sim. Mas em geral a multidão permanecia em silêncio ou falava em voz baixa, com um misto de curiosidade, temor e pena. O povo estava ali e olhava (Lc). São os vitoriosos daquela manhã, os príncipes dos sacerdotes, quem toma parte mais ativa nesse cenário de irrisões. Riem-se do crucificado e o ultrajam com insultos bem escolhidos entre os que mais podiam magoar Jesus e contribuir para desacreditá-Lo diante do povo: Tu que destróis o Templo e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo descendo da cruz (Mc). Lançaram-Lhe um verdadeiro repto. Jesus ouve–os com imensa pena.
São Marcos escreve que faziam troças entre eles. Tratavam de ridicularizar e aviltar a sua morte. Diziam:Salvou os outros e a si mesmo não pode salvar-se. Que o Cristo, o rei de Israel, desça agora da cruz, para que vejamos e acreditemos (Mc). Também O insultavam os soldados e um dos ladrões (Mc,Lc). Entretanto, Jesus suplicava: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem(Lc).
Não sabiam? Nada mesmo? Que bom é o Senhor, que desculpa dessa maneira! As suas palavras são de amor e misericórdia. O amor sobrepõe à dor. Cumpre agora o que tantas vezes tinha pregado aos seus discípulos. Desculpa aqueles que sabiam que condenavam um inocente; manifesta a maior benevolência com aqueles que O tinham rejeitado. Pedro, nos seu sermão no Templo, far-se-á eco dessas palavras de Jesus. Referindo-se à morte do Mestre, dirá: Já sei, irmãos, que fizestes isso por ignorância. Como também os vossos príncipes (At 3,17). Algo de parecido escreverá São Paulo: Se tivessem sabido, nunca teriam crucificado o Senhor da glória (1 Cor 2,8).                   A caridade sempre soube desculpar, mesmo aquilo que parecia não ter desculpa alguma.O amor encontra sempre uma desculpa para as ofensas dos outros. E, como dizia alguém, se não a encontra, inventa.
Pai, perdoa-lhes…
São palavras que denotam a paz e a serenidade da alma de Jesus, refletidas no seu rosto no meio dos maiores tormentos. Os seus discípulos de todos os tempos souberam imitá-LoSanto Estevão, o primeiro mártirmorrerá, como o seu Mestre, tendo o perdão nos lábios enquanto o lapidavam: Senhor, recebe o meu espírito. E, posto de joelhos, clamou com voz forte: Senhor, não lhes imputes este pecado. E dizendo isso, morreu (At 7, 59-60)
Pai, perdoa-lhes…
Se uma vez ou outra temos de perdoar uma ofensa real, devemos compreender que se nos oferece uma ocasião muito particular de imitar Jesus. Enriquecer-se-á o nosso coração: far-se-á maior, com mais capacidade de amar. Não devemos esquecer então que “nada nos assemelha tanto Deus como estar sempre dispostos ao perdão” (São João Crisóstomo, Homilias sobre São Mateus,19,7). Ele é “o grande Pedoador”.
São Paulo, seguindo o Mestre, exortava assim os cristãos de Colossas: Suportai-vos mutuamente e perdoai-vos quando alguém tiver alguma queixa contra o outro; como o Senhor vos perdoou, fazei assim também vós (Col  3, 13). E aos de Tessalônica, urgia-os: Estais atentos para que ninguém devolva mal por mal, antes pelo contrário, procurai sempre o bem mútuo (1 Tess 5, 15).Se aprendermos a desculpar, não teremos sequer de perdoar, porque não nos sentiremos ofendidos. Viveríamos muito mal o nosso caminho de discípulos de Cristo se, ao menor atrito – no lar, no escritório, no trânsito… – a nossa caridade esfriasse e nos sentíssemos ofendidos e isolados.
O amor ao Senhor levar-nos-á a desculpar tudo de todos, prontamente, generosamente, sem conservar uma lista de agravos, muitas vezes fruto de uma imaginação febril, cheia de recalques que nos amesquinham. Pensemos se de modo habitual o nosso perdão é sincero, de coração, e se rezamos aoSenhor pelas pessoas que – tantas vezes sem nenhuma intenção de magoar-nos, por fraqueza ou precipitação -, nos fizeram algum mal, nos ofenderam ou simplesmente nos melindraram.
E assim conseguiremos que a misericórdia divina perdoe tantas fraquezas nossas. Não é verdade que, sem a misericórdia divina, estaríamos perdidos? Quanto nos perdoaste, Senhor! Quanto precisamos de que continues a perdoar-nos! Não havemos então de saber desculpar as misérias de uma palavra mais áspera, de uma pequena crítica injusta, na vida corrente? E se alguma vez forem injúrias mais graves, não havemos de imitar Cristo, que semeou de perdões o Calvário?
Bem aventurados os misericordiosos, porque alcançarão a misericórdia (Mt 5,7). São palavras do Senhor que estabelecem uma proporção entre o perdão que temos recebido dEle e o perdão  que concedemos a nosso próximo. De que lado pende a balança? Que dívida de misericórdia com o nosso próximo nos fica por pagar!
(fonte: “A CRUZ DE CRISTO” – Francisco Fernandez-Carvajal, Ed. Quadrante)

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