Blog Alma Missionária

Blog Alma Missionaria

sábado, 9 de março de 2013


22º Dia De Meditação Da Paixão De Cristo – O ESPÓLIO

22º dia de meditação da Paixão de Cristo – O ESPÓLIO
 17511_523855470992118_1407827730_n[1]
Levantaram Jesus até o alto da cruz. O costume judaico, ao contrário do romano, não permitia que os corpos ficassem completamente despidos; cobriam-nos com um pano à volta da cintura.
Logo depois, os soldados trataram de repartir os pertences do Senhor, que tinham guardado enquanto levavam a cabo a sua tarefa. Esse era o costume. Jesus não tinha quase nada, mas sempre era alguma coisa: a túnica, o manto, as sandálias, o cinto de couro, o pano que Lhe cobria a cabeça… Fizeram quatro partes, uma para cada soldado. A túnica, que era sem costura, tecida toda ela de alto a baixo, uma boa túnica, foi deixada à parte, e depois lançaram  sortes sobre ela, pois não queriam rasgá-la. Tratava-se possivelmente de uma peça feita a mão por Maria ou por alguma das mulheres que acompanhavam o Senhor na sua pregação. O manto podia ser dividido com facilidade pelas costuras das diversas peças.
A túnica sem costura foi considerada pelos Santos Padres como um símbolo da unidade da Igreja(Cfr. Santo Agostinho, Comentário ao Evangelho de São João, 118,4). São João recordará, ao escrever o seu Evangelho, a profecia do salmo 21: Repartiram entre si as minhas vestes e lançaram sortes sobre a minha túnica. São Mateus acrescenta que os soldados se sentaram, enquanto procediam à repartição dos despojos. Ali ficaram, enquanto vigiavam para que ninguém tentasse descer o réu antes de terem comprovado a sua morte.
Jesus ficou despojado de tudo na Cruz.
“É o espolio, o despojamento, é a pobreza mais absoluta. Nada restou ao Senhor, a não ser um madeiro.                    – Para chegar a Deus, Cristo é o caminho. Mas Cristo está na Cruz; e. para subir à Cruz, é preciso ter o coração livre, desprendido das coisas da terra” ( Via Sacra, estação X)
Senhor, deixaram-Te sem nada. Aos teus discípulos, por vezes não nos falta quase nada… e nos queixamos.
Se acompanharmos o Senhor de perto, desprendidos de tudo, pouca coisa nos bastará para andarmos pela vida com a alegria dos filhos de Deus. Se nos afastarmos dEle, nada será suficiente para preencher o nosso coração, sempre insatisfeito. Os bens materiais, procurados como fim, são pobres sucedâneos da felicidade a que aspira o mais íntimo do nosso ser. Muitos procuram a felicidade por esses caminhos, e o resultado, lá no fim, é sempre o mesmo: uma profunda decepção, um grande vazio interior, e, não poucas vezes, um profundo desalento.
Senhor: se queres tudo, toma-me tudo! Para que quero, mesmo as coisas mais ricas e valiosas, as coisas mais atraentes, de mais êxito, se não me levam a Ti? Compreendo bem aquelas palavras de São Paulo:Tudo tenho por lixo, desde que ganhe Cristo. Também eu gostaria de ter tudo por lixo, ou se ao menos como algo de pouco valor. Tu és o único tesouro. Tudo o mais só tem sentido em Ti,e, se não, separa-me de Ti. Se tenho a Deus, que me pode faltar? Se não O tenho, que me pode bastar?
Santo Agostinho aconselhava aos cristãos do seu tempo: “Procurai o suficiente, procurai o que basta. O resto é aflição, não alívio; abate, não levanta” ( Santo Agostinho, Sermão 85,6). Como conhecia bem o coração humano! Porque a verdadeira pobreza é incompatível, não somente com os bens supérfluos, mas também coma angustiosa preocupação pelos necessários.
O desprendimento pleno que Jesus pede aos seus é conseqüência da vida de fé. A pobreza exprime a condição de quem se colocou por inteiro nas Mãos de Deus, deixando nEle as rédeas da sua própria vida, sem procurar outra segurança. Trata-se da retidão de espírito de quem não quer depender dos bens da terra, ainda que os possua e precise deles como meio para outros bens mais altos.
Muitos cristãos de hoje são tentados pela idolatria do consumo, que os faz esquecer a imensa riqueza do amor a Deusa única coisa que preenche o coração. Cristo, despojado de tudo na Cruz, é o grande antídoto perante esta sociedade dominada pela ânsia de riquezas, de comodidades, de bem-estar… A nossa vida sóbria e temperada servirá de fermento para que muitos encontrem o Senhor. Do alto da cruz, Jesus anima-nos a não ter medo ao completo desprendimento dos bens materiais, a deixar de lado o supérfluo… Convida-nos a não pôr o coração nas coisas da terra, tão pequenas, tão insignificantes
“Desprendimento. – Como custa!… Quem me dera não ter mais atadura que três cravos, nem outra sensação em minha carne que a Cruz!” (Caminho, n.151)
Pensemos hoje nas possíveis ataduras que nos impedem de chegar a uma verdadeira intimidade com o Senhor. Será uma reflexão muito fecunda e rica em conseqüências.
 (fonte: “ A Cruz de Cristo” – Francisco Fernandez-Carvajal – Ed. Quadrante)

Nenhum comentário: