Blog Alma Missionária

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sexta-feira, 8 de março de 2013


21º Dia De Meditação Da Paixão De Cristo – A CRUCIFIXÃO

21º dia de meditação da Paixão de Cristo – A CRUCIFIXÃO
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Logo que os réus chegaram ao alto do Calvário, procedeu-se à crucifixão. Jesus estava exausto. Fazia tempo que todos os seus esforços estavam centrados num único objetivo: manter-se de pé. Era meio-dia. Os evangelistas não nos dão muitos dados sobre este suplício, porque era bem conhecido de todos.
Os soldados começaram a sua tarefa despojando Jesus das suas vestes e pertences. Os judeus costumavam vestis uma túnica, que estava em contato com o corpo, e um manto, por fora. Este compunha-se de várias peças de pano cosida. Já a túnica podia ser de uma só peça.
Ao contato com a túnica, as feridas produzidas pela flagelação tinham-se reaberto. Agora, voltam  a abrir-se, e o sangue jorra de novo. Entre as chagas dos açoites e as que tinham sido produzidas pela cruz e pelas quedas, o corpo de Jesus não tem um só lugar são.
Quando iam começar a cravar as mãos no madeiro, os soldados ofereceram a Jesus um vinho forte misturado com mirra (Mc). Era costume reservá-lo para o momento em que o condenado ia sofrer esse terrível tormento. Tinha um certo caráter analgésico; adormecia e amortecia um pouco a sensibilidade da vítima  quando os pregos penetravam na carne. O livro dos Provérbios indicava: Dai licor aos miseráveis e vinho aos aflitos: para que bebendo esqueçam a sua miséria e não se lembrem mais das suas dores. (Prov 31, 6-7).
Jesus provou a mistura (Mt), mas não a tomou. Rejeitou-a porque queria estar bem consciente até o fim. Santo Agostinho diz que o Senhor quis sofrer até o extremo de pagar o máximo preço do nosso resgate. Não quis privar-se de nenhuma dor. (Comentário aos Salmos, 21,2,8)
E o crucificaram (Mc). Estas breves palavras resumem tudo.
Jesus ficou colocado olhando para o céu, com os braços estendidos sobre o tosco madeiro transversal. Os pregos, longos, de carpinteiro, atravessaram a carne e separaram os tendões: primeiro uma mão, depois a outra.
É provável, como se vê no Santo Sudário (O Santo sudário, págs. 25-26), que os pregos tenham penetrado pelos pulsos. Se tivessem atravessado as mãos pela palma, não teriam achado entre os ossos senão tecidos moles, que se teriam desfeito facilmente sob o peso do corpo que pendia deles, até fazê-lo desprender-se da Cruz. Pelo contrário, trespassando os pregos pelos pulsos, pelo pequeno espaço que existe entre o conglomerado de ossinhos que os configuraram, o crucificado permanecia solidamente preso `a cruz, e não era necessário quebrar nenhum osso, de modo que os pregos penetravam com uma só martelada. Este procedimento provocava uma dor lancinante, pois por esse lugar passam todos os nervos da mão, dos quais dependem todas as sensações e a mobilidade dos dedos. Esses nervos, entre eles o chamado mediano, têm uma enorme sensibilidade, que reage ao menor toque. Provocam uma dor agudíssima se são feridos ou tocados.
Depois de pregar as mãos, içaram o corpo do Senhor, mediante uma polia, até o madeiro vertical, que já estava  cravado não chão. Depois foram pregados os pés. Não deve ter sido fácil; o prego rompia a carne, os tendões, as veias… Mas os que levavam a cabo a tarefa sabiam bem como fazê-lo.
O peso do corpo suspenso dos pregos, a forçosa imobilidade, a febre alta e a sede provocadas pelas tonturas, os espasmos e as convulsões, produziram em Jesus uma dor intensíssima. Chegara a sua hora, aquela que Ele vinha esperando há tantos anos.
Os crucificados podiam morrer rapidamente, dessangrados por qualquer rompimento interno de um órgão vital, devido aos golpes da flagelação. No entanto, o normal era que resistissem com vida muitas horas e até dias inteiros, e por isso os soldados costumavam apressar o desenlace partindo-lhes as pernas com uma pancada, atravessando-os com uma lança ou ateando junto a cruz uma fogueira cuja fumaça, muito densa, os asfixiava.
Olhemos devagar para Cristo na Cruz. “Ponde os olhos no Crucificado – aconselhava Santa Teresa -, e tudo (dificuldades, cansaço, escassez…) se tornará pouco para vós” (Teresa de Ávila, Castelo Interior, VII,4,8). Tudo é suportável se estamos ao pé da Cruz, junto de Cristo a quem amamos de verdade.
“Amo tanto Cristo na Cruz, que cada crucifixo é como uma censura carinhoso do meu Deus: – Eu sofrendo, e tu… covarde. Eu amando-te, e tu… esquecendo-Me. Eu pedindo-te, e tu… negando-Me. Eu, aqui, com gesto de Sacerdote Eterno, padecendo quanto é possível por amor de ti, e tu… te queixas ante a menor incompreensão, ante a menor humilhação…” (Via Sacra XI,n.2).
Aceitemos com paz, com amor, esses pequenos contratempos diários que tantas vezes nos fazem perder os nervos. Com freqüência, são a única coisa que podemos oferecer. Não os deixemos passar sem proveito ou numa pobre atitude de resignação desconsolada. Peçamos a Jesus crucificado que saibamos reconhecê-los na hora, como elementos desse painel de dores a que Ele, uma por uma, não quis poupar-se, na carne e no espírito. E estaremos preparados para tudo o que Ele permitir que nos aconteça, sem pôr cara de surpresa, sem revoltas, com uma aceitação viril que fará de nós essas “colunas reparadoras” de que nós, a Igreja e o mundo precisamos.
(fonte: “ A Cruz de Cristo” – Francisco Fernandez-Carvajal – Ed. Quadrante)

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