6º Dia De Meditação Da Paixão De Cristo – JESUS CALAVA-SE
6º dia de meditação da Paixão de Cristo – JESUS CALAVA-SE
6 – JESUS CALAVA-SE
Anás remeteu Jesus, atado (Jo), a Caifás, o verdadeiro sumo-sacerdote.
Alguns membros do Sinédrio, talvez somente os mais adictos ao pontífice, foram avisados a essa hora tão intempestiva. Já mais difícil era preparar testemunhas dispostas a depor contra Jesus; procuravam febrilmente algum testemunho para condená-Lo à morte, e não o encontravam (Mc). Têm pressa em acabar quanto antes.
Todo o processo contra Jesus está cheio de pressas; aliás foi organizado ao contrário: começaram por condenar o réu (ao menos em seus corações), e agora procuram, como artifício jurídico, argumentos e testemunhas que dêem pé para a condenação. O que interessava era apenas essa cobertura, a aparência de legalidade.
Tudo corria, além disso, a marchas forçadas porque era um dia de grandes preparativos e, já ao cair da tarde do dia seguinte, sexta-feira, os judeus celebrariam a ceia pascal.
Iniciou-se o julgamento, provavelmente ao amanhecer. Muitos testemunharam falsamente contra o senhor, mas as denúncias eram contraditórias e inconsistentes. Algumas testemunhas aduziram uma frase sobre o Templo que talvez pudesse convencer o tribunal, já demasiado predisposto.
Jesus tinha dito: Destruí este templo e eu o reedificareis em três dias (Jo). Agora mudam as palavras e distorcem de um modo grosseiro o sentido da frase. Mas nem mesmo neste ponto os testemunhos coincidiam (Mc). Jesus calava-se. Via a má-fé estampada naqueles rostos.
O processo não avançava, pois não encontravam depoimentos que combinassem uns com os outros. Passaram pela sala muitas dessas testemunhas – assim o dizem São Mateus e São marcos -, mas sem resultado positivo. O silêncio de Jesus e aquelas acusações sem fundamento devem ter criado um clima de dúvida entre alguns dos membros do Sinédrio ali presentes.
Então Caifás dirigiu-se ao centro da sala e disse a Jesus: Não tens nada a responder ao que estes testemunham contra ti? O tom cada vez mais nervoso do pontífice não abalou o Senhor. Por outro lado, que havia de dizer? Ele permanecia em silêncio e nada respondeu.
Impressiona a figura calada do Senhor ao longo da Paixão.
Jesus não falará diante de Herodes e mal dirá duas palavras diante de Pilatos. Contemplá-Lo-emos igualmente de pé, sem dizer palavra, diante de Barrabás e dos seus inimigos excitados e à espreita do menor deslize. Isaías já o tinha profetizado muito tempo antes: Serei levado como ovelha ao matadouro e, como cordeiro diante de quem o tosquia, permanecerei calado e não abrirei a boca (Is 53,7). E o salmista fala do Salvador como se tivesse estado presente nessa noite: Os meus amigos e os que andavam comigo fugiram de mim. Os que tentavam tirar-me a vida procuravam consegui-lo com calúnias e falsos testemunhos. Os que pretendiam fazer-me mal só diziam mentiras e não faziam senão inventar falsidades contra mim. Mas eu, como se fosse surdo, não escutava, e como se fosse mudo, calava-me. Permaneci no meio dos meus acusadores como se não os ouvisse, como se não tivesse nenhum modo de me defender e de convencê-los do seu erro (Sl 37, 12-15). Foi isso, exatamente, o que o Senhor fez.
Nada respondeu…E, como se fosse mudo, calou-se.
O silêncio de Jesus é o de um Deus que é o Verbo, a Palavra eterna. Não era o momento de pronunciar palavras, mas de falar mudamente pelo sofrimento e pela humilhação. E hoje cala-se quando O ofendemos. Cala-se quando O ignoramos. Cala-se quando construímos a nossa vida de costas para Ele, que é o único caminho, a única verdade e a única vida. Silêncio paciente, Silêncio sempre à nossa espera, para nos dar a paz que o mundo não pode dar e devolver-nos a esperança.
Nada respondeu…
À imitação do Mestre, nós também devemos aprender a calar em muitas ocasiões, a desculpar quando tenhamos de fazê-lo. “Perdoemos sempre, com um sorriso nos lábios. Falemos com clareza, sem rancor, quando nos parecer em consciência que devemos falar. E deixemos tudo nas Mãos do nosso Pai-Deus, com um divino silêncio – Iesus autem tacebat, Jesus calava-se (Mt 26,23) -, se se trata de ataques pessoais, por mais brutais e indecorosos que sejam. Preocupemo-nos apenas de fazer boas obras, que Ele se encarregará de que elas brilhem diante dos homens (Mt 5,16)” ( É Cristo que passa, n.72 ).
Às vezes, o orgulho, a susceptibilidade, os ressentimentos que pareciam mortos e sepultados, fazem brotar palavras que deviam ficar dentro de nós, ou melhor, que deviam ser erradicadas da memória e da imaginação, porque da da abundância do coração fala a boca (Mt 12,34
Outras vezes, num estado de ânimo pouco sereno, saem-nos dos lábios palavras venenosas que nunca deveriam ser pronunciadas. Com que facilidade se afia a língua quando a injustiça nos atinge de perto, quando nos corrói a inveja ou quando alguém fere o nosso amor-próprio!
A figura calada de Jesus será um modelo sempre presente. Aprendamos dEle a silenciar as palavras inoportunas, queixumentas, revoltadas, vingativas ou ferinas, começando por expurgá-las do nosso mundo interior. In silentio et in spe erit fortitudo vestra, a vossa fortaleza estará no silêncio e na esperança, diz-nos o Espírito Santo (Is 30,15). “ De falar não te arrependerás nunca; de falar, muitas vezes” (Caminho, n.639).
Aprendamos também de Jesus a falar quando for necessário e em tom positivo. “As crianças, à força de escutarem as suas mães e de balbuciarem com ela, aprendem a falar a sua linguagem. Assim nós, permanecendo junto do Senhor, pela meditação, e observando as suas palavras, atos e afetos, aprenderemos, com a sua graça, a falar, a agir e a amar como Ele” (São Francisco de Sales, Introdução à vida devota, Apostolado da Imprensa, porto, 1958). (fonte: “A Cruz de Cristo”- Francisco Fernandez-Carvajal – Ed. Quadrante)

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