Blog Alma Missionária

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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

7º Momento do Estudo Bíblico Particular



     8,2b-3a.6-12.13b.20-22: “Fecharam-se as fontes do abismo e as comportas do céu: deteve-se a chuva do céu e as águas pouco a pouco se retiraram da terra: - as águas baixaram ao cabo de cento e cinquenta dias” ... “ No fim de quarenta dias, Noé abriu a janela que fizera na arca e soltou o corvo, que foi e voltou, esperando que as águas secassem sobre a terra. Soltou então a pomba que estava com ele para ver se tinham diminuído as águas na superfície do solo. A pomba, não encontrando um lugar onde pousar as patas, voltou para ele na arca, porque havia água sobre toda a superfície da terra; ele estendeu a mão , pegou-a  e a fez entrar para junto dele na arca. Ele esperou ainda outros sete dias e soltou de novo a pomba fora da arca. A pomba voltou ao entardecer, e eis que ela trazia, no bico, um ramo novo de oliveira! Assim Noé ficou sabendo que as águas tinham escoado da superfície da terra. Ele esperou ainda outros sete dias e soltou a pomba, que não voltou mais para ele.
Foi no ano seiscentos e um da vida de Noé, no primeiro mês,no primeiro do  mês  que as águas secaram sobre a terra.” ... “Noé construiu um altar a Iahweh e, tomando de animais puros e de todas as aves puras, ofereceu holocaustos sobre o altar. Iahweh respirou o agradável odor e disse consigo: “Eu não amaldiçoarei nunca mais a terra por causa do homem, porque os desígnios do coração do homem sao maus desde a sua infância; nunca mais destruirei todos os viventes, como fiz. Enquanto durar a terra, semeadura e colheita, frio e calor, verão e inverno, dia e noite não hão de faltar.”);
A outra sacerdotal, mais precisa e mais refletida, porem mais seca (6,9-22; 7,6-11.13-16a.18-21.24;8,1-2a.3b-5.13a.14-19;9,1-17). O redator final respeitou esses dois testemunhos recebidos da tradição, sem procurar suprimir suas divergências de detalhe. Possuímos muitas narrações babilônicas sobre o dilúvio, as quais apresentam notáveis semelhanças com a narrativa bíblica. Esta não depende daquelas, mas haure da mesma herança comum: a lembrança comum: a lembrança de uma ou varias inundações desastrosas do vale do Tigre e do Eufrates, que a tradição aumentou com as dimensões de um cataclisma universal. Mas, e nisto esta o essencial, o autor sagrado dotou essa lembrança de um ensino eterno sobre a justiça e a misericórdia de Deu, sobre a malicia do homem e a salvação concedida ao justo (cf. Hb 11,7: “Foi pela Fe que Noé, avisado divinamente daquilo que ainda não se via, levou a serio o oráculo e construiu uma arca para salvar a sua família. Pela Fe, ele condenou o mundo, tornando-se herdeiro da justiça que se obtém pela Fe”). E um julgamento de Deus, que prefigura o dos últimos tempos (Lc 17,26s; Mt 24,37s), como a salvação concedida a Noé figura a salvação pelas águas do batismo (1Pd 3,20-21).

Gn 8,13: “Foi no ano seiscentos e um da vida de Noé, no primeiro mês, no primeiro do mês que as águas secaram sobre a terra.”
        # “da vida de Noé”, grego (cf. 7,11: “ No ano seiscentos da vida de Noé, no segundo mês, no décimo sétimo dia do segundo mês, nesse dia jorraram todas as fontes do grande abismo e abriram-se as comportas do céu.”); omitido pelo hebreu.
Gn 8,21: “Iahweh respirou o agradável odor e disse consigo: “Eu não amaldiçoarei nunca mais a terra por causa do homem, porque os desígnios do coração do homem são maus desde a sua infância; nunca mais destruirei todos os viventes, como fiz.”
    # Literalmente: “o odor pacifico. Esse antropomorfismo passara para a linguagem técnica do ritual (cf. Ex 29,18.25: “Assim, queimaras todo o carneiro, fazendo subir a sua fumaça sobre o altar. E um holocausto para Iahweh. E um perfume de suave odor, uma oferta queimada para Iahweh
      # Este antropomorfismo exprime a satisfação que Deus encontra na oferenda que lhe e feita (cf. abaixo passim; Gn 8,21;Lv 1,9;Nm 28,2);
 Lv 1,9.13: “O homem lavara com água as entranhas e as patas, e o sacerdote queimara tudo sobre o altar. Este holocausto será uma oferenda queimada de agradável odor a Iahweh”... “O homem lavara as entranhas com água, bem como as patas, e o sacerdote oferecera tudo e o queimara sobre o altar. Este holocausto será uma oferenda queimada em agradável odor a Iahweh.”   
      # A expressão designa não somente, como aqui, holocausto, mas a parte de todo o sacrifício que se queimava para Iahweh. A oferenda não era considerada um alimento material que o homem oferecia a Deus e dividia com ele (cf. Dt 18,1: “Os sacerdotes levitas, a tribo inteira de Levi, não terão parte nem herança em Israel: eles viverão dos manjares oferecidos a Iahweh e do seu patrimônio.”), mas era assimilada a fumaça do holocausto ou do incenso, que subia em “odor agradável”. (Cf. 29,18: “Portanto, ouvindo as palavras deste pacto com imprecação, se alguém abençoar a si próprio no coração, dizendo: “Vou ter paz, mesmo que ande conforme a obstinação do meu coração, pois a abundancia da água fará a sede desaparecer”
             # Outra tradução: “de modo que seja arrancado o terreno irrigado com o terreno seco”: um provérbio que significaria destruição total. O grego traduziu: “de modo que o pecador não seja destruído com o que não tem pecado”). 
O coração e o interior do homem, distinto do que se vê e sobretudo da “carne” (2,21). E a sede das faculdades e da personalidade, de onde nascem pensamentos e sentimentos, palavras, decisões e ações. Deus o conhece profundamente, quaisquer que sejam as aparências (1Sm 16,7; Sl 17,3; 44,22; Jr 11,20). O coração e o centro da consciência religiosa e da vida moral (Sl 51,12.19; Jr 4,4; 31-33; Ez 36,26). E em seu coração que o homem procura a Deus (Dt 4,29; Sl 105,3; 119,2.10), que o ouve (1Rs 3,9;Eclo 3,29; Os 2,16;cf. Dt30,14) que o serve (1Sm 12,20.24), o louva (Sl 111,1), o ama (Dt 6,5). O coração simples, reto, puro, e aquele que não esta dividido por nenhuma reserva ou segunda intenção e por nenhuma falsa aparência em relação a Deus ou aos homens 9cf. Ef 1,18)  
As leis do mundo são estabelecidas para sempre. Deus sabe que o coração do homem permanece mau, mas ele salva sua criação e, apesar do homem, a conduzira para onde quiser.
Gn 8,22: “Enquanto durar a terra, semeadura e colheita, frio e calor, verão e inverno, dia e noite não hão de faltar.”
         # O homem e de novo abençoado e consagrado rei da criação, como nas origens, mas não e mais um reinado pacifico. A nova época conhecera a luta dos animais com o homem e dos homens entre si. A paz paradisíaca só reflorescera nos últimos tempos (Is 11,6: “Então o lobo morara com o cordeiro, e o leopardo se deitara com o cabrito. O bezerro, o leãozinho e o gordo novilho andarão juntos e um menino pequeno os guiara.”
        # A revolta do homem contra Deus (Gn 3) havia quebrado a harmonia entre o homem e a natureza (Gn 3,17-19), entre o homem e o homem (Gn 4). Os profetas anunciam guerras e invasões como castigo das infidelidades de Israel. Ao invés, trazendo o perdão dos pecados, a reconciliação com Deus e o reino da justiça, a era messiânica estabelece a paz que e sua consequência: fertilidade do solo (Am 9,13-14; Os 2,20.23-24); desarmamento geral (Is 2,4;9,4; Mq 4,3-4; 5,9-10; Zc9,10);paz perpetua (Is 9,6;32,17;60,17-18; Sf 3,13; ZC 3,10; Jl 4,17). A Nova Aliança e uma aliança de paz (Ez 34,25; 37,26). O reino messiânico e um reino de paz (Zc 9,8-10; Sl 72,3-7). Esta paz estende-se ao reino animal, ate a serpente, responsável pela primeira falta: a era messiânica e descrita aqui simbolicamente como um retorno a paz paradisíaca)).

Gn 8,1 a Gn 9,7 - Através do justo, Deus começa uma nova criação (comparar 9,1-7: “Deus abençoou Noé e seus filhos, dizendo: “Sejam fecundos, multipliquem-se e encham a terra. Todos os animais da terra temerão e respeitarão vocês: as aves do céu, os repteis do solo e os peixes do mar estão no poder de vocês. Tudo o que vive e se move servira de alimento para vocês. E a vocês eu entrego tudo, como já lhes havia entregue os vegetais. Mas não comam carne com o sangue, que e a vida dela. Vou pedir contas do sangue, que e a vida de vocês; vou pedir contas a qualquer animal; e ao homem vou pedir contas da vida do seu irmão. Quem derrama o sangue do homem, terá o seu próprio sangue derramado por outro homem. Porque o homem foi feito a imagem de Deus. Quanto a vocês, seja fecundos e se multipliquem, povoem e dominem a terra”...  com Gn 1,28-30: “E Deus os abençoou e lhes disse: “Sejam fecundos, multipliquem-se, encham e submetam a terra; dominem os peixes   do mar, as aves do céu e todos os seres vivos que rastejam sobre a terra”. E Deus disse; “Vejam! Eu entrego a vocês todas as ervas que produzem semente e estão sobre toda a terra, e todas as arvores em que há frutos que dão semente: tudo isso será alimento para vocês. E para todas as feras, para que todas as aves do céu e para todos os seres que rastejam sobre a terra e nos quais há respiração de vida, eu dou a relva como alimento”. E assim se fez. E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo o que havia feito, e tudo o que era bom. Houve uma tarde e uma manha: foi o sexto dia.”). A nova criação começa com uma oferta a Javé, que não deixa o homem ser dominado pelo caos. Ele promete nunca mais destruir a sua criação: doravante, ele aceita a ambiguidade humana (v. 21: “E Deus criou as baleias e os seres vivos que deslizam e vivem na água, conforme a espécie de cada um, e as aves de asas conforme a espécie de cada uma. E Deus viu que era bom.”), que também e responsável pela ambiguidade do mundo e da historia. Experimenta-se a graça na estabilidade da ordem natural, não obstante o continuo pecar do homem.


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