A FÉ FRAGMENTADA
Eu , você e milhões de outros achamos que não é o nosso caso. É a tendência de todo mundo: assumir os próprios acertos e negar ou minimizar as próprias insuficiências. A dos outros, sim, sobre ela aceitamos discutir. As nossas, não, porque quem nos questiona ou critica não sabe do que está falando. Não experimentou o que experimentamos…Então sua opinião não tem peso algum! É heresia que vem desde Montano, por volta dos anos 160. De repente nossa reposta-proposta que ontem era uma das muitas passa a ser a única possível para a Igreja. É aí que nossa eclesialidade começa a carunchar. Deixamos de ser uma, para ser “a”.
Esquecemos que ter provado um pequeno cálice do melhor vinho não nos faz enólogos nem especialistas em vinho. Existe gente que, sem ter bebido da nossa taça e da nossa garrafa entende mais de vinho do que nós. Catequese, mística e teologia são como vinhos da fé. Há quem veja mais longe e saiba mais do que nós. Se for papa ou bispo, sacerdote ou estudioso da fé católica ele pode, sim opinar sobre o que nós e nosso grupo experimenta. A Igreja não começou com a fundação de nossa comunidade, ordem ou movimento!
Há uma virtude que se adquire e que determina nosso jeito de ser católicos. Chama-se abertura, abrangência, amplitude. A ela se refere Paulo em Efésios, 3, 14-20 e 4, 20-30. Não há pregador que não tenha lido sobre as dimensões do Cristo em nós e sobre a edificação do homem novo em Cristo. Mas este homem novo ou mulher nova jamais acontecerá se não ampliarmos os nosso horizontes a ponto de sinceramente admitir que há luz, profecia, graça e sabedoria um pouco e muito além das nossas redomas.
Quando nos agarramos a um único modo de pensar, falar, orar e cantar e nem sequer fazemos esforço de aprender com os outros e com seu conteúdo, estamos nos setorizando, sectarizando, parcializando e reduzindo as dimensões do Cristo ás nossas dimensões. Ouve-se com frequência este discurso dos lábios de pregadores de novas comunidades, novas igrejas ou novos movimentos. Confundem seu novo jeito com o novo jeito da Igreja. E não é. É apenas o novo jeito deles! Tinham outro jeito de expressar a fé e agora aderiram a um novo jeito de crer, invocar, cantar, expressar sua fé e sem o perceber dão a entender, primeiro que é o novo jeito de toda a Igreja, depois que é o único jeito.
Aí entram os irmãos que ousam questionar e que tanto incomodam os pregadores de certeza. A um desses irmãos entusiasmados que proclamava o Século 21 como O Século do Espírito Santo, lembrei-lhe que seu colega de pregação, um pouco antes, o declarara O Século de Maria, e eu sustentava que continuaria sendo o Século de Jesus Cristo, porque todo poder lhe foi dado no Céu e na Terra. (Mt 28,18) Céu e Terra passariam, mas que sua Palavra permaneceria (Mt 24,35). Tudo seria submetido a ele. (Ap 5,13) Então, que explicasse o que queria dizer com sua afirmação. Disse que era efeito de linguagem. Respondi que o efeito de linguagem mal explicada acaba em efeito de catequese mal assimilada. Ênfases devem permanecer o que são: ênfases.
Somos Igreja Cristã e Jesus Cristo é o centro de nossa catequese. Qualquer outro canto que diminua este não é cristão.
O que tenho visto e ouvido em algumas pregações é acento excessivo numa determinada mística ou jeito de expressar a fé, ou acento quase que exclusivo num movimento em detrimento da diocese e de toda a Igreja. Com o tempo que seguiu Montano virou montanista; quem seguiu Ário virou ariano e quem aderiu a Donato se fez donatista.
É o cuidado que teremos que ter, para não comer, beber, dormir, cantar e orar apenas com nosso grupo. Acabaremos perdendo a eclesialidade, a abrangência e a capacidade de ouvir e acolher quem talvez tenha recebido tanta ou mais luz do que nós: o papa e os bispos, por exemplo!
Esquecemos que ter provado um pequeno cálice do melhor vinho não nos faz enólogos nem especialistas em vinho. Existe gente que, sem ter bebido da nossa taça e da nossa garrafa entende mais de vinho do que nós. Catequese, mística e teologia são como vinhos da fé. Há quem veja mais longe e saiba mais do que nós. Se for papa ou bispo, sacerdote ou estudioso da fé católica ele pode, sim opinar sobre o que nós e nosso grupo experimenta. A Igreja não começou com a fundação de nossa comunidade, ordem ou movimento!
Há uma virtude que se adquire e que determina nosso jeito de ser católicos. Chama-se abertura, abrangência, amplitude. A ela se refere Paulo em Efésios, 3, 14-20 e 4, 20-30. Não há pregador que não tenha lido sobre as dimensões do Cristo em nós e sobre a edificação do homem novo em Cristo. Mas este homem novo ou mulher nova jamais acontecerá se não ampliarmos os nosso horizontes a ponto de sinceramente admitir que há luz, profecia, graça e sabedoria um pouco e muito além das nossas redomas.
Quando nos agarramos a um único modo de pensar, falar, orar e cantar e nem sequer fazemos esforço de aprender com os outros e com seu conteúdo, estamos nos setorizando, sectarizando, parcializando e reduzindo as dimensões do Cristo ás nossas dimensões. Ouve-se com frequência este discurso dos lábios de pregadores de novas comunidades, novas igrejas ou novos movimentos. Confundem seu novo jeito com o novo jeito da Igreja. E não é. É apenas o novo jeito deles! Tinham outro jeito de expressar a fé e agora aderiram a um novo jeito de crer, invocar, cantar, expressar sua fé e sem o perceber dão a entender, primeiro que é o novo jeito de toda a Igreja, depois que é o único jeito.
Aí entram os irmãos que ousam questionar e que tanto incomodam os pregadores de certeza. A um desses irmãos entusiasmados que proclamava o Século 21 como O Século do Espírito Santo, lembrei-lhe que seu colega de pregação, um pouco antes, o declarara O Século de Maria, e eu sustentava que continuaria sendo o Século de Jesus Cristo, porque todo poder lhe foi dado no Céu e na Terra. (Mt 28,18) Céu e Terra passariam, mas que sua Palavra permaneceria (Mt 24,35). Tudo seria submetido a ele. (Ap 5,13) Então, que explicasse o que queria dizer com sua afirmação. Disse que era efeito de linguagem. Respondi que o efeito de linguagem mal explicada acaba em efeito de catequese mal assimilada. Ênfases devem permanecer o que são: ênfases.
Somos Igreja Cristã e Jesus Cristo é o centro de nossa catequese. Qualquer outro canto que diminua este não é cristão.
O que tenho visto e ouvido em algumas pregações é acento excessivo numa determinada mística ou jeito de expressar a fé, ou acento quase que exclusivo num movimento em detrimento da diocese e de toda a Igreja. Com o tempo que seguiu Montano virou montanista; quem seguiu Ário virou ariano e quem aderiu a Donato se fez donatista.
É o cuidado que teremos que ter, para não comer, beber, dormir, cantar e orar apenas com nosso grupo. Acabaremos perdendo a eclesialidade, a abrangência e a capacidade de ouvir e acolher quem talvez tenha recebido tanta ou mais luz do que nós: o papa e os bispos, por exemplo!
Ao irmão que dizia que orar em línguas é sinal de maturidade na fé perguntei onde aprendera esta pseudo-verdade. A ser de fato verdade, então o que ele estava afirmando era que papas, cardeais, bispos, sacerdotes, teólogos, religiosos e religiosas, leigos que na sua quase totalidade não oram em línguas são todos imaturos na fé. Mas a mocinha de 17 anos que, naquela missa, emocionada, orou em línguas no Ato Penitencial era mais madura do que o papa…
Disse-me que eu exagerava. Mas corrigiu-se. Admitiu que quando acentuamos demais uma prática ou um ângulo perdemos de vista a sabedoria das outras visões. O diálogo pode fazer e faz a diferença. Não se trata de negar nossos valores e nossas luzes. Trata-se de admitir e admirar os outros valores e as outras luzes.
(DE PADRE ZEZINHO)
Disse-me que eu exagerava. Mas corrigiu-se. Admitiu que quando acentuamos demais uma prática ou um ângulo perdemos de vista a sabedoria das outras visões. O diálogo pode fazer e faz a diferença. Não se trata de negar nossos valores e nossas luzes. Trata-se de admitir e admirar os outros valores e as outras luzes.
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