Blog Alma Missionária

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domingo, 23 de setembro de 2012

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segunda-feira, 2 de abril de 2012


Palavras do evangelista Marcos acerca da experiência de Fé - I


Alegra-me muito participar deste blog Catequese e Bíblia. Faço-o com as melhores disposições pessoais, procurando colaborar com este prestimoso blog. Que o Espírito Santo, inspirador da Palavra, inspire as melhores palavras de quem intuiu e instituiu o blog. Que seja assim também com quem o administra.

Preparamo-nos para o Ano da Fé. Bento XVI o proclamou nos quadros das celebra-ções do cinquentenário do Concílio Vaticano II e do ano vinteno do Catecismo da Igreja Católica. Eis sua expressão preocupada: “Sucede não poucas vezes que os cristãos sintam maior preocupação com as consequências sociais, culturais e políticas da fé do que com a própria fé, considerando esta como um pressuposto óbvio da sua vida diária. Ora um tal pressuposto não só deixou de existir, mas frequentemente acaba até negado...”

Na realidade, “ter fé” ou “viver da fé” foi uma inquietação desafiadora, que acompanhou muitos passos dos discípulos no seu caminho com Jesus. Por isso mesmo, podemos tentar um diálogo com o evangelista acerca desta temática. Sua reflexão sobre a experiência de fé dos discípulos de ontem, pode ajudar os discípulos de hoje. Em certo sentido seria desejável que por estas páginas nos deixássemos ensinar pelo evangelista.

Em Mc 2,5 encontramos o primeiro passo no qual aparece expressamente a palavra “fé”. O evangelista narra o vigor transformador que o ato de fé enseja: “Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: ‘Filho, os teus pecados são perdoados’”. O que significa, pois, “ter fé”? Jesus anunciava que estava próximo o reinado de Deus. Quem acolhe este reinado “tem a Deus por seu rei”. É Ele o soberano, cuja vontade está acima de qualquer outra possibilidade. No texto em apreço, ter fé equivalia a tomar por verdadeiro o que Jesus anunciava. A chegada do paralítico até Jesus, lutando contra todos os obstáculos (“Abriram o teto, bem em cima do lugar onde ele estava”), mostra o desejo do reinado de Deus e a confiança em Jesus, que o anuncia.

É interessante observar como o evangelista escreve: “Trouxeram-lhe um paralítico” (v. 3); “Não conseguiam aproximá-lo a Ele”. É fácil reconhecer que buscavam  proximidade  à pessoa de Jesus. E a tenacidade com que se empenham recebe o nome de “fé”. Trata-se do anseio de se achegarem-se a Ele como Salvador e mensageiro da salvação. O próprio Senhor reconheceu que eles não buscavam simplesmente um milagre que curasse a paralisia. Jesus “viu sua fé”. Em outras palavras, eles desejavam a salvação e tinham confiança de que Jesus poderia lhes conceder. Confiavam no seu amor e na sua potência para vencer aqueles poderosos traços de morte que dominavam aquele homem, a sua paralisia. Também é digno de nota que aquela disposição interior, aquela “fé”, fazia-se visível (“Vendo a fé que eles tinham...”), isto é, o esforço para fazer chegar o paralítico até Jesus evidenciava o vigor daquela força íntima que os inspirava.

Ante o comportamento de fé “deles” ressoou forte a palavra afetuosa do Senhor: “Filho, os teus pecados são perdoados” (v. 5). De um lado encontramos o Senhor e sua afeição por aquele homem sem liberdade (“paralítico”); de outro está o paralítico cuja conduta passada fora assinalada por graves pecados, a ponto de ver-se alienado de si mesmo. Estava escravizado por sua miséria moral. Ele ainda não era um homem de fé. Mas os que o eram aproximaram-no de Jesus. Fizeram chegar até Ele quem estava “aprisionado”. Estavam convencidos que em Jesus Deus exerceria sua soberania libertadora e misericordiosa. Quem ainda não era capaz de crer foi levado até o Senhor por quem tinha fé. E esta se tornou caridade.

Acredito que aqueles homens solidários, que levaram o paralítico até Jesus, se perguntados hoje sobre o sentido de fé, eles nos ofereceriam algumas proposições bastante singelas. Talvez até começassem por dizer o que a fé não é. E diriam: a) A fé não é apenas atitude psicológica ou pensamento positivo. b) Também não é intimismo que me traz alguns agrados subjetivos. c) Tampouco é religiosidade sem compromissos. Em seguida tentariam dizer o que é ser um homem ou mulher de fé. E destacariam: a) Ter fé equivale a aceitar a absoluta soberania de Deus. Que seja Ele o “rei” a quem entrego minha liberdade (reinado de Deus). b) Equivale também a aderir à pessoa e à mensagem de Jesus Cristo. Nele Deus revela seu amor e sua potência libertadora. c) Quem tem fé sente o desejo de levar outros até Jesus. E quem quer ter fé deixa-se levar até Ele.

D. José Antonio Peruzzo
Bispo de Palmas-Francisco Beltrão-PR e membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética

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