Chegar aos setenta anos, como acabo de chegar, foi difícil e foi fácil, foi depressa e devagar. Fui andando e fui remando e de repente cheguei. Foi difícil ou foi fácil? Não me pergunte eu não sei! Eu busco a fonte da vida na selva deste viver.
Depois de 70 anos talvez esteja mais perto, atravessei mil desertos, mil rios atravessei. Estradas, as mais diversas, cordilheiras eu cruzei, talvez eu ache esta fonte, que a vida inteira busquei. No dia em que eu encontrar o poço da eternidade e nele enfim mergulhar, terei chegado ao final.
Chegar aos 70 anos, andando como eu andei, correndo como eu corri, voando como eu voei… Chegar aos 70 anos, remando como eu remei, não foi fácil nem difícil, fui vivendo e não cansei. Se pedirem que eu explique, explicar não saberei, como se chega aos 70, apenas sei que cheguei.
Talvez não chegue aos 80, talvez não chegue aos 90, mas foi bom ter respirado, ter pensado, ter sonhado, ter andado e ter voado do jeito que eu sempre fiz. Cheguei aos 70 anos e me proclamo feliz. Se essa tal felicidade é nunca sonhar demais, é ser como a formiguinha que só leva o seu pedaço, apenas ele e não mais.
Se ser feliz é saber encontrar nosso bastante e não querer muito mais, nem aceitar muito menos; e é caber entre os tijolos e saber o seu lugar; se é levar a boca o tanto que se pode mastigar; não ser guloso demais, não encher demais o copo… Então eu digo que sou.
Se ser feliz é prudência de não querer ter demais e com o que for de menos saber viver sem sofrer; se é ter perspectivas e abrangências serenas; e se é saber conviver… Então sou muito feliz, porque eu não vivo do ter…
Chegar aos 70 anos sem maiores ilusões, ou grandes desilusões, tendo aprendido a perder, tendo aprendido a vencer, tendo aprendido a orar, tendo aprendido a fazer; é descobrir a verdade dos arenques e salmões, que nascem perto da fonte e vão descendo pro mar, e ali vivem muitos anos para depois regressar…
Sei que a velhice é um retorno, à fonte da qual viemos; uma grande piracema, feita de riscos extremos. É o corpo ficando frágil, mas voltando para o poço, sem ilusão de ser moço… que a mocidade passou. Chegar aos 70 anos sem ser um velho alquebrado, porque se tomou cuidado, é caminhar para o ocaso sabendo que vale a pena.
Estou nadando de volta pra desovar nas origens e quando chegar ao poço onde tudo começou, descobrir a eternidade e enfim saber quem sou.
Não é mal nem dolorido, não é fácil nem difícil; é uma volta silenciosa, gostosa de se fazer e não existe pessoa que um dia não vai morrer. Velhice, se alguém tem sorte, é não ter medo da morte, é não ter medo da sorte, é não brincar de ser forte, é viver e conviver. E, se alguém estiver lendo, ore pelos anciãos. Estamos em piracema, talvez em arribação, mas estamos retornando ao poço fenomenal, e aos poucos nos preparando para o mergulho final.
Se chegarei aos oitenta? Se chegarei aos noventa? Eu não sei e não importa. Importa o que eu caminhei. Importa o que eu caminhar. O resto, só Deus conhece. Nele espero repousar!
Depois de 70 anos talvez esteja mais perto, atravessei mil desertos, mil rios atravessei. Estradas, as mais diversas, cordilheiras eu cruzei, talvez eu ache esta fonte, que a vida inteira busquei. No dia em que eu encontrar o poço da eternidade e nele enfim mergulhar, terei chegado ao final.
Chegar aos 70 anos, andando como eu andei, correndo como eu corri, voando como eu voei… Chegar aos 70 anos, remando como eu remei, não foi fácil nem difícil, fui vivendo e não cansei. Se pedirem que eu explique, explicar não saberei, como se chega aos 70, apenas sei que cheguei.
Talvez não chegue aos 80, talvez não chegue aos 90, mas foi bom ter respirado, ter pensado, ter sonhado, ter andado e ter voado do jeito que eu sempre fiz. Cheguei aos 70 anos e me proclamo feliz. Se essa tal felicidade é nunca sonhar demais, é ser como a formiguinha que só leva o seu pedaço, apenas ele e não mais.
Se ser feliz é saber encontrar nosso bastante e não querer muito mais, nem aceitar muito menos; e é caber entre os tijolos e saber o seu lugar; se é levar a boca o tanto que se pode mastigar; não ser guloso demais, não encher demais o copo… Então eu digo que sou.
Se ser feliz é prudência de não querer ter demais e com o que for de menos saber viver sem sofrer; se é ter perspectivas e abrangências serenas; e se é saber conviver… Então sou muito feliz, porque eu não vivo do ter…
Chegar aos 70 anos sem maiores ilusões, ou grandes desilusões, tendo aprendido a perder, tendo aprendido a vencer, tendo aprendido a orar, tendo aprendido a fazer; é descobrir a verdade dos arenques e salmões, que nascem perto da fonte e vão descendo pro mar, e ali vivem muitos anos para depois regressar…
Sei que a velhice é um retorno, à fonte da qual viemos; uma grande piracema, feita de riscos extremos. É o corpo ficando frágil, mas voltando para o poço, sem ilusão de ser moço… que a mocidade passou. Chegar aos 70 anos sem ser um velho alquebrado, porque se tomou cuidado, é caminhar para o ocaso sabendo que vale a pena.
Estou nadando de volta pra desovar nas origens e quando chegar ao poço onde tudo começou, descobrir a eternidade e enfim saber quem sou.
Não é mal nem dolorido, não é fácil nem difícil; é uma volta silenciosa, gostosa de se fazer e não existe pessoa que um dia não vai morrer. Velhice, se alguém tem sorte, é não ter medo da morte, é não ter medo da sorte, é não brincar de ser forte, é viver e conviver. E, se alguém estiver lendo, ore pelos anciãos. Estamos em piracema, talvez em arribação, mas estamos retornando ao poço fenomenal, e aos poucos nos preparando para o mergulho final.
Se chegarei aos oitenta? Se chegarei aos noventa? Eu não sei e não importa. Importa o que eu caminhei. Importa o que eu caminhar. O resto, só Deus conhece. Nele espero repousar!
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