Blog Alma Missionária

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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

6º Momento do Estudo Religioso Particular




    Do Capitulo Seis do Livro do Genesis, versículos 1 a 8: A autossuficiência chega ao Maximo da pretensão: o homem começa a se considerar um deus ou semideus, projetando uma super-humanidade independente do projeto original de Deus. Vendo sua criação desfigurada, Javé decide extermina-la. Tudo perdido... Não. A historia vai continuar através de Noé, o homem justo.
   Dos versículos 9 a Capitulo 7, versículo 5: Inspirada nas inundações periódicas dos grandes rios, a narrativa do dilúvio e típica das antigas culturas não orientais. Os autores bíblicos a utilizaram por causa do seu significado simbólico: o dilúvio e uma volta ao caos primitivo (compare Gn 1,6-30 com 6,17 e 7,18-24). Contudo, qual e o dilúvio que acontece na historia... São os acontecimentos catastróficos gerados pela autossuficiência, que chega a formas tão extremadas que produz o caos na natureza e no mundo humano. O texto e também uma apologia do justo: este sabe discernir a catástrofe e tomar uma atitude para sobreviver e preservar a vida. E através do justo que a historia continua. 
   Do Capitulo 7, 6-24: O texto e repetitivo porque mistura duas tradições, de épocas diferentes, sobre o dilúvio. A comparação com Gn 1,1-10 mostra que o dilúvio significa uma volta ao caos primitivo; quando a humanidade destrói em si a imagem de Deus, a consequência e a destruição de todo o mundo criado. 

Na Bíblia de Jerusalém, no titulo do capitulo 6: Filhos de Deus e filhas dos homens, há a seguinte explicação: Episodio difícil (tradição javista). O autor sagrado se refere a uma lenda popular sobre os gigantes (em hebreu Neflim), que seriam os titãs orientais, nascidos da união entre mortais e seres celestes. Sem se pronunciar sobre o valor dessa crença e velando seu aspecto mitológico, ele apenas menciona essa lembrança de uma raça insolente de super-homens como um exemplo da crescente perversidade que motivara o dilúvio. O Judaismo posterior e quase todos os primeiros escritores eclesiásticos viram nesses “filhos de Deus” anjos culpados. Mas, a partir do século Iv, em função de uma noção mais espiritual dos anjos, os Padres interpretaram comumente os “filhos de Deus” como a linhagem de Set, e as “filhas dos homens” como a descendência de Caim.
Gn 6,3: “Iahweh disse: “Meu espírito não se responsabilizara indefinidamente pelo homem, pois ele e carne; não vivera mais que cento e vinte anos.”
 # Cento e vinte anos – duração máxima a que Deus reduziu a vida humana, segundo esta fonte javista; para a tradição sacerdotal, ver a nota de 5,1(“Eis o livro da descendência de Adão: No dia em que Deus criou Adão, ele o fez a semelhança de Deus.”)
A Bíblia de Jerusalém coloca como explicação do subtítulo “O Dilúvio” : Esta seção combina duas narrativas paralelas: uma javista, cheia de colorido e de vida (6,5-8 : “Iahweh viu que a maldade era grande sobre a terra, e que era continuamente mau todo desígnio de seu coração. Iahweh arrependeu-se de ter feito o homem sobre a terra, e afligiu-se o seu coração. E disse Iahweh: “Farei desaparecer da superfície do solo os homens que criei – e com os homens os animais, os repteis e as aves do céu - , porque me arrependo de os ter feito.” Mas Noé encontrou graça aos olhos de Iahweh.”;
Gn 6,6: “Iahweh arrependeu-se de ter feito o homem sobre a terra, e afligiu-se o seu coração.”
     # Este arrependimento de Deus exprime, a maneira humana, a exigência de sua santidade, que não pode suportar o pecado. 1Sm 15,29( “(Entretanto, a Gloria de Israel não mente nem se arrepende, porque não e homem para se arrepender.)”) afastara uma interpretação muito literal. Bem mais frequentemente, o “arrependimento” de Deus significa o aplacamento de sua cólera e a retirada de sua ameaça (ver Jr 26,3 : “Talvez eles escutem e se convertam cada um de seu caminho perverso: então eu me arrependerei do mal que eu pensava fazer-lhes por causa da perversidade de seus atos.”)
Gn 6,14: “Faze uma arca de madeira resinosa;tu a farás de caniços e a calafetaras com betume por dentro e por fora.”
     # A tradição latina traz arca (“cofre”), donde o português ‘arca’ – “madeira resinosa”, tradução aproximada. – “caniços” (como a “cesta” de Ex 2,3: “E como não pudesse mais esconde-lo, tomou um cesto de papiro, calafetou-o com betume e pez, colocou dentro a criança e a expos nos juncos, a beira do Rio”.), conj.; “ninhos” (cabinas), hebreu.
Gn 6,16: “Faras um teto para a arca e o remataras um côvado mais alto; farás a entrada da arca  pelo lado, e farás um primeiro, um segundo e um terceiro andar.”
     # Sentido incerto. Segundo a tradução adotada, o teto teria o declive de um côvado, para o escoamento das águas do céu (7,11: “No ano seiscentos da vida de Noé, no segundo mês, no décimo sétimo dia do segundo mês, nesse dia jorraram todas as fontes do grande abismo e abriram-se as comportas do céu”.)
Gn 6,17: “Quanto a mim, vou enviar o dilúvio, as águas, sobre a terra, para exterminar de debaixo do céu toda carne que tiver sopro de vida: tudo o que há na terra deve perecer.”
    # A palavra ruah designa o ar em movimento, seja o sopro do vento (Ex 10,13;Jo 21,18), seja o que sai das narinas (7,15.22,etc). Ela designa, portanto, a força vital, os pensamentos, os sentimentos e as paixões, nos quais ela se exprime (41,8;45,27;1Sm 1,15; 1Rs 21,5; Sl 104,29; Ecl 12,7). Ela e também o poder pelo qual Deus age, tanto na criação (Jo 33,4; Sl 104,29-30) quanto na historia dos homens (Ex 31,3), particularmente pela boca dos profetas (Jz 3,10; Ez 36,28)e do Messias (Is 11,2, Cf. Rm 1,9)
Gn 6,18: “Mas estabelecerei minha aliança contigo e entraras na arca, tu e teus filhos, tua mulher e as mulheres de teus filhos contigo.”
      #Não um pacto bilateral, mas um compromisso gratuito que Deus assume com aqueles que escolheu. Outras alianças se seguirão a esta: com Abraão (Gn 15;17) e com todo o povo (Ex 19,1), na esperança da “nova aliança” concluída na plenitude dos tempos (Mt 26,28;Hb 9,15)
Gn 6,20: “De cada espécie de aves, de cada espécie de animais, de cada espécie de todos os repteis do solo, vira contigo um casal, para os conservares em vida.”
        # Os seres não racionais são associados, no castigo e na salvação, ao destino do homem, cuja maldade corrompeu toda a criação (6,13); já estamos próximos de São Paulo (Rm 8,19-22).    
  Gn 7,1-5: “Iahweh disse a Noé: “Entra na arca, tu e toda a tua família, porque es o único justo que vejo diante de mim no meio desta geração. De todos os animais puros, tomaras sete pares, o macho e sua fêmea; dos animais que não são puros, tomaras um casal, o macho e sua fêmea (e também das aves do céu, sete pares, o macho e a sua fêmea), para perpetuarem a raça sobre a terra. Porque, daqui a sete dias, farei chover sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites, e farei desaparecer da superfície do solo todos os seres que eu fiz.” Noé fez tudo o que Iahweh lhe ordenara.”
Gn 7,9: “...um casal entrou na arca de Noé, um macho e uma fêmea, como Deus ordenara a Noé.)”
       # Adição que combina as duas narrativas, distinguindo animais puros e impuros com o javista, contando um casal de cada um, com o sacerdotal.

 Gn 7,7-10: “Noé – com seus filhos, sua mulher e as mulheres de seus filhos – entrou na arca para escapar das águas do dilúvio. (Dos animais puros e dos animais que não são puros, das aves e de tudo o que rasteja sobre o solo, um casal entrou na arca de Noé, um macho e uma fêmea, como Deus ordenara a Noé.) Passados sete dias chegaram as águas do dilúvio sobre a terra.”
Gn 7,11: “ No ano seiscentos da vida de Noé, no segundo mês, no décimo sétimo dia do segundo mês, nesse dia jorraram todas as fontes do grande abismo e abriram-se as comportas do céu.”
       # As águas de baixo e as águas de cima rompem os diques que Deus lhes pusera (1,7): e o retorno ao caos. Segundo a narrativa javista, o dilúvio e causado por uma chuva torrencial (7,4.12)
 Gn 7,12.16b.17.22-23: “A chuva caiu sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites.” Fechou a porta por fora.”
                                “Durante quarenta dias houve o dilúvio sobre a terra; cresceram as águas e ergueram a arca, que ficou elevada acima da terra.”
                              “ Morreu tudo o que tinha um sopro de vida nas narinas. Isto e, tudo o que estava em terra firme. Assim desapareceram todos os seres que estavam na superfície do solo, desde o homem ate os animais, os repteis e as aves do céu: eles foram extintos da terra; ficou somente Noé e os que estavam com ele na arca.”;
8,2b-3a.6-12.13b.20-22: “Fecharam-se as fontes do abismo e as comportas do céu: deteve-se a chuva do céu e as águas pouco a pouco se retiraram da terra: - as águas baixaram ao cabo de cento e cinquenta dias” ... “ No fim de quarenta dias, Noé abriu a janela que fizera na arca e soltou o corvo, que foi e voltou, esperando que as águas secassem sobre a terra. Soltou então a pomba que estava com ele para ver se tinham diminuído as águas na superfície do solo. A pomba, não encontrando um lugar onde pousar as patas, voltou para ele na arca, porque havia água sobre toda a superfície da terra; ele estendeu a mão , pegou-a  e a fez entrar para junto dele na arca. Ele esperou ainda outros sete dias e soltou de novo a pomba fora da arca. A pomba voltou ao entardecer, e eis que ela trazia, no bico, um ramo novo de oliveira! Assim Noé ficou sabendo que as águas tinham escoado da superfície da terra. Ele esperou ainda outros sete dias e soltou a pomba, que não voltou mais para ele.
Foi no ano seiscentos e um da vida de Noé, no primeiro mês,no primeiro do  mês  que as águas secaram sobre a terra.” ... “Noé construiu um altar a Iahweh e, tomando de animais puros e de todas as aves puras, ofereceu holocaustos sobre o altar. Iahweh respirou o agradável odor e disse consigo: “Eu não amaldiçoarei nunca mais a terra por causa do homem, porque os desígnios do coração do homem sao maus desde a sua infância; nunca mais destruirei todos os viventes, como fiz. Enquanto durar a terra, semeadura e colheita, frio e calor, verão e inverno, dia e noite não hão de faltar.”);
A outra sacerdotal, mais precisa e mais refletida, porem mais seca (6,9-22; 7,6-11.13-16a.18-21.24;8,1-2a.3b-5.13a.14-19;9,1-17). O redator final respeitou esses dois testemunhos recebidos da tradição, sem procurar suprimir suas divergências de detalhe. Possuímos muitas narrações babilônicas sobre o dilúvio, as quais apresentam notáveis semelhanças com a narrativa bíblica. Esta não depende daquelas, mas haure da mesma herança comum: a lembrança comum: a lembrança de uma ou varias inundações desastrosas do vale do Tigre e do Eufrates, que a tradição aumentou com as dimensões de um cataclisma universal. Mas, e nisto esta o essencial, o autor sagrado dotou essa lembrança de um ensino eterno sobre a justiça e a misericórdia de Deu, sobre a malicia do homem e a salvação concedida ao justo (cf. Hb 11,7: “Foi pela Fe que Noé, avisado divinamente daquilo que ainda não se via, levou a serio o oráculo e construiu uma arca para salvar a sua família. Pela Fe, ele condenou o mundo, tornando-se herdeiro da justiça que se obtém pela Fe”). E um julgamento de Deus, que prefigura o dos últimos tempos (Lc 17,26s; Mt 24,37s), como a salvação concedida a Noé figura a salvação pelas águas do batismo (1Pd 3,20-21).
   

     
         



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