Blog Alma Missionária

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quarta-feira, 13 de março de 2013


26º Dia De Meditação Da Paixão De Cristo – POR QUÊ…?

26º dia de meditação da Paixão de Cristo – POR QUÊ…?
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Escureceu-se toda a terra…(Mt) Parecia que a natureza se vestia de luto pela agonia do seu Senhor(São Jerônimo, Comentário a São Mateus, in loc.). Então Jesus, com voz inesperadamente forte, lançou um grito de amorosa queixa ao pai: Eloí, Eloí, Eloí lema sabacthaní?, que significa: Meu Deus, meu Deus, por que me desamparaste? (Mc)
Jesus encontra-se assim, desamparado, no meio daquelas trevas. A sua alma é como um deserto. Sofre a trágica experiência da completa solidão e do abandono. As suas palavras, tiradas de um salmo, faziam a referência à oração do justo que, perseguido e encurralado, não encontra saída alguma; e que, na sua extrema necessidade, recorre a Yavé : Meu Deus, meu Deus, por que me desamparastes?…Na verdade tu és a minha esperança desde o seio de minha mãe…Não tardes em socorrer-me. Apressa-te a vir em meu auxílio (Sl 22,2.10.20).
Por que me abandonastes? São palavras duríssimas, pronunciadas por Nosso Senhor.
Nesse “por que?”dirigido a seu Pai, Jesus estabelece um novo modo de solidariedade com os homens que , com tanta frequência, levantam os olhos e os lábios para exprimir o seu lamento e alguns, até, a sua impotência ou o seu desespero ou a sua revolta (Cfr. João Paulo II, Audiência geral, 30.11.88). Por que morreu essa pessoa jovem quando mal iniciava o seu caminho pela vida? Por que morreu essa pessoa jovem quando mal iniciava o seu caminho pela vida? Por que esta doença, esta ruína econômica…? Por que parece que Deus não escuta a minha oração nesta necessidade urgente…?
A nossa alma enche-se de paz ao ouvir Jesus pronunciar esse “por que?” Nós também podemos orar assim quando sofremos…, mas temos que ter as mesmas disposições de confiança e de abandono filial de que Jesus é mestre e modelo para todos. Nessas palavras, não há ressentimento nem rebeldia que O levem a afastar-se do Pai. Não há a menor sombra de censura. O Senhor exprime nesses momentos a experiência da fragilidade e da solidão, próprias da alma que se encontra no mais completo abandono.
Jesus converte-se assim no primeiro dos “desamparados” (Cfr. João Paulo II, Audiência geral, 30.11.88), dos que se encontram sem proteção alguma. Mas, ao mesmo tempo, ensina-nos também que, mesmo sobre os que se encontram nessa situação extrema, vela olhar benigno e misericordioso de Deus.
Na realidade, ainda que Jesus sofra por esse sentir-se abandonado por seu Pai, sabe, no entanto, que não o está de maneira nenhuma. No cimo da sua alma, tem a visão clara de Deus e a certeza da sua união com o Pai. Mas, nas zonas que limitam com a sensibilidade e, por isso, mais sujeitas às impressões sensíveis das experiências dolorosas, internas ou externas, a sua alma humana encontra-se cheia de aridez. Não sente a “presença”do Pai, mas apenas a experiência do abandono e da solidão.
O Pai, agora, cala-se. Esse silêncio de Deus pesa duramente sobre Jesus, como a pena mais dolorosa, tanto mais dolorosa quanto os seus adversários consideram esse silêncio como o seu fracasso e reprovação por parte de Deus: Pôs a sua confiança em Deus; que Deus o livre agora, se o ama, já que ele disse: eu sou Filho de Deus (Mt).
Nos campos dos sentimentos e dos afetos, este sentido da ausência de Deus foi a pena mais terrível para a alma de Jesus, que tirava a sua força e a sua alegria da união com o Pai. Na agonia da Getsêmani, o Senhor tinha já experimentado como que uma antecipação dos sofrimentos na cruz. Agora chegam à sua plenitude. Mas Ele sabe como essa dor derradeira, que atingiu as fibras mais íntimas do seu coração, culmina a sua obra redentora.
Por outro lado, ainda que o evangelista só cite o começo do salmo, podemos pensar que Jesus continuou depois a recitá-lo mentalmente. Assim Ele, que sabia como continuava esse texto, transformou-o num hino de libertação e num anúncio de salvação. A experiência do abandono foi passageira, e logo deu lugar ao júbilo da salvação universal, onde todos os seus sofrimentos encontravam sentido.Estava próxima a hora da vitória (Cfr. João Paulo II, Audiência geral, 30.11.88).
Solidão de Jesus. Solidão que todos nós podemos experimentar, na medida da nossa capacidade, limitada até para o sofrimento.
“Também tu podes sentir algum dia a solidão do Senhor na Cruz. Procura então o apoio dAquele que morreu e ressuscitou. Procura para ti abrigo nas chagas de suas mãos, de seus pés, do seu lado aberto”(Via Sacra, estação XII, n. 2). Ali nunca estamos sós…, ainda que nos pareça o contrário. O Senhor não tarda em vir em nossa ajuda.
Temos de continuar a orar, sobretudo quando parece que Deus não nos escuta. Não importa que nos queixemos a sós com Ele. Dessa oração sairemos purificados e fortalecidos. Existe uma maturidade interior que só adquirimos junto de Jesus na Cruz, quando verdadeiramente nos abandonamos nEle.
(fonte: “ A Cruz de Cristo” – Francisco Fernandez-Carvajal – Ed. Quadrante)

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