Blog Alma Missionária

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quarta-feira, 6 de março de 2013


19º Dia De Meditação Da Paixão De Cristo – SIMÃO DE CIRENE

19º dia de meditação da Paixão de Cristo – SIMÃO DE CIRENE
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Jesus estava muito debilitado e viam-No tropeçar com freqüência. A tradição transmitiu-nos que caiu ao menos três vezes. Parecia que não conseguiria alcançar o pequeno cume do Calvário. Mas os que O haviam condenado tinham o maior interesse em que Ele chegasse com vida ao lugar do patíbulo. Queriam um homem crucificado, não um cadáver para enterrar. Por isso, obrigaram um homem que vinha do campo, chamado Simão de Cirene, pai de Alexandre e de Rufo, a carregar a cruz de Jesus (Mc). Onde estavam os Apóstolos que não tinham vindo em ajuda do seu Mestre? Onde os amigos? Ninguém se apresentou.
Jesus sentiu alívio físico com a ajuda do Cireneu. Como é que lhe terá manifestado o seu agradecimento ? Com um olhar? Com umas poucas palavras? Ao nomear os filhos de Simão, Alexandre e Rufo, São Marcos parece indicar que eram cristãos bem conhecidos da comunidade romana, à qual se destinava o seu Evangelho. Jesus deve ter se mostrado agradecido a Simão com um gesto, talvez alguma palavra sussurrada, e sobretudo com o dom da fé para ele e depois para os seus filhos. O Senhor é sempre bom pagador. O próprio Simão nunca chegou a imaginar que aquele seria o maior dia da sua vida: ajudou o Filho de Deus no seu caminho para a cruz, para a redenção do gênero humano! Podemos pensar que deve ter participado na descida do corpo de Jesus e permanecido ao lado de Maria naquelas horas tão densas e emotivas.
Conta-se de uma alma boa que, enquanto meditava nesta cena da Paixão, perguntou ao Senhor:
-          Posso ajudar-Te?
E ouviu na intimidade do seu coração:
-          Quando ajudas o teu próximo, é a mim que ajudas.
Temos muitas ocasiões ao longo do dia para aliviar Jesus da sua Cruz, descarregando dela os ombros dos outros.
Conhecemos talvez pessoas a quem a doença ou um acidente reduziram à imobilidade e consomem os seus dias numa cadeira de rodas, ou na cama, com os mais variados sofrimentos, ou que passaram a vida doentes. Se as ajudarmos a compreender que essa é a forma mais autêntica de se unirem à Paixão de Cristo, descobrirão a secreta grandeza das suas vidas e o imenso benefício  – oculto, mas real – que delas recebe diariamente toda a Igreja. Estão ajudando de modo especial Jesus a corredimir com Ele a humanidade! Não esqueçamos que “a Paixão de Cristo se prolonga até o fim dos séculos”, (São Leão Magno, Sermão 70,5) porque cada homem de cada geração precisa hoje de ser redimido,  precisa de sangue não infectado, do Sangue puríssimo do Deus feito homem. Essa dor, essa vida de dor, tem sentido!
No Corpo de Cristo, que cresce incessantemente a partir do seu sacrifício na Cruzprecisamente o sofrimento, impregnado do espírito do Gólgota, é o mediador insubstituível e o autor dos bens indispensáveis para a salvação do mundo. “O sofrimento, mais que qualquer outra coisa, é o que abre o caminho para a graça que transforma as  almas. O sofrimento, mais que todo o resto, faz presente na história da Humanidade a força da redenção” (Beato  João Paulo II, Carta Apostólica Salvifici doloris, n.27).
Existe, além disso, uma intimidade com Cristo que só se alcança quando se sobe  com Ele até o Calvário, passo a passo, levando uma parte da Cruz divina. Há muitos que acompanham Cristo até a Quinta-feira Santa, mas poucos os que O seguem até Sexta-feira Santa, diz a Imitação(Tomás de Kempis, Imitação de Cristo, II,11,1). No entanto, não existe uma sem a outra, e os comovedores momentos da Última Ceia só se explicam à luz do transe da subida ao Calvário e do sacrifício cruento na Cruz. Na Santa Missa, fundem-se esses dois dias sagrados; são uma unidade que não se pode romper sem falsificar um e outro: o amor só é verdadeiro se leva ao sacrifício; o sacrifício só se explica por amor.
É possível que Deus não queira agora para nós uma vida inteira de sofrimento e de dores sem cura. Espera-nos então na cruz pequena de cada dia, nas dificuldades normais de qualquer vida, que procuraremos aceitar com paz, e no espírito de renúncia diário, que encontraremos, sobretudo, no cumprimento dos nossos deveres de cada momento.
E junto de Cristo aprenderemos como a alegria não está nunca muito longe da cruz, acolhida com amor e por amor:
  Os que desconfiam da cruz
  É porque não estão feitos para o amor…( Paul Claudel, Poémes divers, in Obras completas, vol.II )
Desde há muitos séculos, os Padres da Igreja aplicaram a Cristo na sua Paixão a figura das águas amargas de Mara, que se transformaram em doces ao contato com o bastão que sobre elas lançou Moisés (Ex 15,23 e segs.). A amargura da dor torna-se doce junto de Cristo paciente. Ele espera que nos unamos ao seu sacrifício redentor, agora. Não é demasiado tarde para acompanhá-Lo.
Chegaste num bom momento para carregar com a Cruz: a Redenção está-se fazendo – agora! – e Jesus precisa de muitos Cirineus” (Via Sacra, estação V, n.2). Ele conta conosco.
Senhor, posso ajudar-Te? Nós já sabemos a resposta.
Virgem Mãe, ensina-nos também a deixar-nos socorrer pelos outros, como o teu Filho a caminho do Calvário, sempre que estejamos precisados, isto é, todos os dias.
(fonte: “ A Cruz de Cristo” – Francisco Fernandez-Carvajal – Ed. Quadrante)

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