DESCREVER JESUS:
Se eu puser 100 alunos a descrever uma ópera de 72 personagens e 50 outros componentes em torno de um ator principal, 12 dos quais com papéis de destaque, 3 deles com destaque ainda maior, eu certamente teria tantas visões quantos alunos. Todos eles a terão assistido, mas, na hora de descrevê-la, cada um o faria a partir do seu ângulo, da sua cultura e da sua visão; às vezes, a partir do seu temperamento.
Se escolhesse 4 dessas versões, ainda assim teria o básico da ópera, mas muitos detalhes não combinariam, porque seria o jeito deles de escreverem sozinhos, ou em grupos por eles formados, o que tinham visto e vivido.
Os evangelhos nasceram assim. Primeiro foram contados e depois escritos. A partir de Marcos passaram, cada qual, pelo jeito de ser da pessoa, ou do grupo que os escreveu. O Jesus que conhecemos passa pela cabeça dos pregadores e das comunidades que o anunciaram por escrito ou de viva voz. Se não continuarmos a procurá-lo, correremos o risco de não irmos com ele. A estrada para o céu não termina na porta da nossa casa nem do nosso grupo! Jesus é mais! O processo de conhecê-lo é progressivo.
Quem diz isso é o Papa Bento XVI no seu livro entrevista: Dio e IL Mondo que, espero que seja traduzido no Brasil. Falando da necessidade de um cristão estudar sua fé, responde ele ao jornalista Peter Seewald, e traduzo em linguagem de brasileiro:
-Deus não nos pouca do cansaço. A fé não é um instrumento miraculoso capaz de sortilégios, pirlimpimpins e magias. Ela oferece a chave com a qual nós mesmos devemos aprender, indagar e fazer nossas descobertas.
-Deus não nos pouca do cansaço. A fé não é um instrumento miraculoso capaz de sortilégios, pirlimpimpins e magias. Ela oferece a chave com a qual nós mesmos devemos aprender, indagar e fazer nossas descobertas.
O mesmo Papa lembra que nos evangelhos está uma descoberta progressiva de Jesus. Marcos afirma: És o Cristo. Lc: És o Cristo de Deus e Mateus: És o Cristo, Filho do Deus vivo. Ele chama a esta catequese de uma lenta evolução de aprendizado. Nossa cristologia de hoje não começou no século passado e não vai se cristalizar. Jesus é como ouro: quem procura mais, quase sempre acha mais. Quem não procura, talvez veja o que um outro achou, mas nem sempre lhe dá o devido valor. Quem desesperadamente sai por aí garantindo que seu grupo achou mais do que todos os outros acaba vendendo ganga como se ouro fosse! Ouça os pregadores, mas cuidado com os que dizem que Jesus lhes revelou tudo. Estes é que não merecem confiança. Jesus foi duro contra eles. Leia Mt 24,24-26.
Nenhum comentário:
Postar um comentário