"Contemplarei, justificado, a vossa face; e serei saciado quando se
manifestar a vossa glória." (Sl 16,15)
Irmãos e irmãs,
A missão de evangelização é urgente e pede de cada um de nós
um grande despojamento. Por isso, o Evangelho deste domingo
(Mc 6,7-13) nos pede que imitemos a Jesus. Os apóstolos
recebem de Jesus a autoridade para curar, para exorcizar e fazer
os sinais assim como Ele. Ao imitarem Jesus, os apóstolos
faziam acontecer o Reino de Deus, convertendo os incréus,
anunciando o Evangelho e dando continuidade ao Projeto de
Jesus, projeto de seguimento, projeto de partilha, projeto de
comunidade.
No domingo passado, refletimos que Jesus fora rejeitado pelos
seus conterrâneos, pelo povo de Nazaré. Hoje, o Divino Mestre
vem falar do envio dos seus apóstolos para a missão.
Essa missão tem muitos momentos de alegria e de
contentamento espiritual; mas também suas grandes dificuldades,
desilusões, incompreensões, perseguições e seus reveses.
Lembrando ainda a mensagem evangélica do domingo passado,
o verdadeiro discípulo não pode e não deve estar preocupado
em ser ou não ser aceito, e, muito menos, aplaudido no desempenho
da sua missão. A conseqüência disso é não se preocupar com nada
, nem com o que vai acontecer com sua vida, porque, se for necessário,
terá que perder a sua vida em benefício do anúncio do Reino de Deus.
O mais importante é que todos nós sejamos fiéis ao projeto do Reino de
Deus, fiéis ao Evangelho, comprometidos com a missão. Carregando a
Cruz de Cristo, chegaremos todos à glória da ressurreição final.
Meus irmãos, Jesus envia os seus discípulos para a missão. Ora, todos nós temos que conhecer as verdades de nossa fé, por isso
freqüentamos a catequese. Os discípulos também foram catequizados
pelo maior e mais santo catequista, o próprio Senhor Jesus.
Depois de ser diplomados, de ter aprendido a missão, é hora de colocá-la
em prática. É hora de colocar a mão na massa. Fé e vida, uma dialética
muito importante na nossa caminhada de cristãos. Colocar no
nosso cotidiano, em prática, tudo aquilo que vivemos e entendemos
intelectualmente. Daí a grande advertência de Jesus aos seus
discípulos: o DESAPEGO. Desapegar-se das coisas do mundo e
apegar-se ao amor generoso do Sagrado Coração de Jesus. Deixar se
contaminar pelo coração misericordioso e amoroso do Senhor
da Messe e Pastor do Rebanho. Ser misericordioso, acolher com o
abraço e o sorriso do Senhor que nos faz um apelo ingente: VEM E
SEGUE-ME!
Para ser um verdadeiro discípulo, não devemos servir aos nossos
projetos pessoais, mas devemos nos apagar, devemos nos aniquilar,
para que o CRISTO APAREÇA E ILUMINE A NOSSA MISSÃO DE
EVANGELIZADORES.
Evangelizamos para quem? Evangelizamos por quem? Evangelizamos
quem?
Permitimo-nos ser evangelizados e nos tornamos evangelizadores
somente para Jesus, o Ressuscitado.
Para pregar a Palavra de Deus, temos que nos desapegar até de
nossos caprichos e vaidades pessoais.
Precisamos nos tornar ser instrumentos da misericórdia e da
graça de Deus. O verdadeiro discípulo é aquele que se despega
do pão, do dinheiro, das posses e bens materiais, da
segurança, da vaidade, por isso Jesus adverte no Evangelho de
hoje: “Mandou que andassem de sandálias e que não levassem
duas túnicas” (Mc 6, 9).
O apóstolo é aquele que serve. Ele é o primeiro servidor, aquele
que “serve com alegria”. O SERVIÇO passa pelo diálogo,
pela escuta, pela comunicação necessária do entendimento e
da partilha. É evangelizar a partir do prisma da necessária comunicação
da paz e do amor. O apóstolo e o discípulo devem esquecer de si mesmo
e preocupar-se com as coisas de Deus. Isso exige um despojamento
contínuo da ostentação, da vaidade, das aparências falsas.
Irmãos e Irmãs, A grande qualidade do cristão é colocada em relevo pelo Evangelho
de hoje: ser testemunhas do Senhor Ressuscitado.
Jesus manda sacudir a poeira das sandálias, caso fossem rejeitados.
Era um costume israelita, toda vez que, tendo estado em território pagão,
regressavam para casa.
Pagãos agora não seriam mais os não-judeus, mas aqueles que não
quisessem receber a Boa Nova de Jesus, o Reino das Bem-aventuranças.
Pelo que nos ensina o Evangelho de hoje, os Apóstolos tiveram êxito
na sua primeira missão, na sua primeira evangelização.
Outro aspecto a ser valorizado é a nossa vocação para evangelizar. Pelo Batismo, somos todos lavados do pecado original e nos tornamos
na Igreja cidadãos que têm direitos e deveres, obrigações.
Mas a nossa vocação batismal é eminentemente evangelizadora. A
missão dos apóstolos de ontem é a missão dos discípulos de hoje e
de amanha: “fui enviado para anunciar a Boa Notícia do Reino de
Deus” (Lc 4,43).
Os apóstolos seguiram a caminhada de Jesus percorrendo vilas,
anunciando o Reino de Deus, curando doentes, exorcizando demônios
e, mais do que tudo isso, valorizando a sua vocação profética
anunciando o Evangelho da Salvação. Os apóstolos ontem, e nós hoje,
somos convidados, com renovado ardor missionário, a ser
uma Igreja inteiramente evangelizadora, misericordiosa e participativa,
onde todos se sintam co-responsáveis no envio, no estudo, na vivência
da palavra de Deus, dando testemunho e sendo testemunho vivo da
missão do Senhor Ressuscitado.
Caros fiéis, A Primeira Leitura deste domingo(Am 7,12-15) nos ensina a missão
do profeta. A gente não se faz profeta: Deus é que chama, mesmo a
quem aparentemente não está preparado: por exemplo, Amós,
que era pastor e agricultor. Amós apela para a missão “forçada”,
quando o sacerdote de Betel, em Israel, do Norte, farto de suas
críticas, o quer mandar de volta para a sua terra, Judá, do Sul.
A Segunda Leitura(Ef 1,3-14 ou 1,3-10) nos apresenta que Deus nos
chamou à santidade e à unidade em Cristo. A Carta aos Efésios nos
apresenta o mistério da salvação. Ela inicia com um hino de louvor,
que resumo todo o agir de Deus no conceito de “bênção”. A vontade
de Deus visa, em última instância, o “louvor da glória de sua graça”,
ou seja, que todo o mundo possa reconhecer sua bondade. Esta
consiste, concretamente, em nossa adoção filial, o perdão dos pecados,
nossa participação de seu Reino e glória. Tudo isto, ele o opera através
de Cristo Cabeça da criação. A garantia, já a recebemos no Espírito
que nos é dado no batismo e na vida.
Irmãos e Irmãs, O critério básico do evangelizador é a SANTIDADE DE VIDA E
DE ESTADO. O Evangelizador não precisa ser especialista, capaz
de discutir nas praças e nas ruas. Nem precisa ser um excelente
orador, muito menos especialista somente nas coisas secundárias,
ou melhor, nas coisas supérfluas.
Ser um bom evangelizador é ser santo, é ser simples, é ser coerente,
é amar a Deus, temendo a sua Palavra e o seu Evangelho, fazendo
da sua vida um santuário de salvação. A palavra do pregador será
fidedigna, se acompanhada de uma prática que mostre no Reino
de Deus em gestos e, particularmente, na mão na massa na prática.
OREMOS, pois, irmãos e irmãs, para que nossos líderes leigos
e todos os fiéis em geral exerçam a sua missão com sua presença
no mundo, na sua família, no seu trabalho, nas relações
sociais, para que, dando testemunho do Cristo Ressuscitado,
evangelizem aqueles que estão fora do grêmio da salvação e
colaborem na implantação, aqui e agora, do reino de justiça
e da paz. Amém!
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domingo, 15 de julho de 2012
Liturgia Dominical "O cristão é um homem a quem Jesus Cristo confiou outros homens."
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