Blog Alma Missionária

Blog Alma Missionaria

domingo, 29 de julho de 2012


POR QUE SÃO TÃO MEDROSOS?

Imagem de Destaque

APRENDA A RECONHECER JESUS EM MEIO AOS CONFLITOS

Muitos procuram explicar quem é Jesus. Os discípulos estão na barca em direção à outra margem. O dia está para terminar. “Passar para a outra margem” do lago Genesaré significa ir a outros povos (pagãos) para levar a eles a força da semente. Ser comunidade cristã é estar a caminho, e este é, muitas vezes, penoso e assustador.
Jesus participa da travessia cheia de perigos e conflitos, mas tem-se a impressão de que Ele, ao dar a ordem de passar para o outro lado, toma a iniciativa e precede os discípulos no embarque. O evangelista recorda que "havia outras barcas para ele", sinal de que não só a comunidade dos primeiros discípulos, mas as de todos os tempos e lugares são convocadas a atravessar.

Assista também: "Por que caminhar com Jesus?", com o saudoso padre Léo 

A travessia é difícil e perigosa. Levanta-se um furacão no mar da Galileia, o qual sintetiza as forças geradoras do mal e hostis ao projeto de Deus. A cena toda possui caráter simbólico e catequético, ajudando a buscar, descobrir e superar todos os conflitos que emperram ou tentam sufocar o projeto de vida e liberdade, herança deixada por Jesus aos cristãos.

Em meio aos conflitos, as comunidades têm a sensação de que Jesus está alheio aos dramas e tempestades que as ameaçam. Ele está na parte de trás da barca e dorme sobre um travesseiro. 
Aos discípulos cabe a tarefa de remar, enfrentando o furacão. Daí a pergunta um tanto irônica dos discípulos: “Mestre, não te importas se vamos perecer?”

É um pouco a sensação dos que não acreditam, fortemente, na força que levam consigo no barco. De fato, as ordens de Jesus ao vento e ao mar: “Silêncio! Cale-se! E a consequente bonança obtida revelam quem Ele é.

Aplacar o mar e amansar suas ondas é, segundo o Antigo Testamento, prerrogativa exclusiva do Senhor. Em Jesus age Deus. Cristo tem o mesmo poder do Pai de reduzir ao silêncio e ao nada o que impede às comunidades cristãs a realização do projeto divino. Mais do que um Jesus taumaturgo, o Evangelho nos fala de Alguém a quem os cristãos precisam aderir plenamente, como condição única para realizar com sucesso a travessia. ”Por que são tão medrosos? Ainda não têm fé?”

Só os que, de fato, aderem plenamente ao Senhor é que poderão reconhecê-Lo como Filho de Deus.

Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora(MG)

OS PERIGOS DA MEIA CONVERSÃO

Imagem de Destaque

A MAIORIA MUDA PENSANDO EM SI E SAI PENSANDO EM SI

Falemos dos convertidos para alguma fé. Uma coisa é seguir em frente na mesma fé herdada dos pais e assumida pessoalmente e outra optar por outro púlpito, outros pregadores, outras maneiras de orar, outra forma de ver a ação de Deus na pessoa e na comunidade.

De repente, alguém ferido no corpo e na alma encanta-se com as notícias de que, em determinados templos, existem curas e palavras de conforto. Não vai lá pelos dogmas e sim pela cura e pelo conforto. Em questão de fé, o sentir pesa muito mais do que o intuir ou o entender.
Na verdade, o convertido pensa em si, depois em Deus, Ele quer respostas que alguém lhe oferece em nome do Senhor e são aquelas respostas prometidas que levam um convertido ao novo templo. Ele queria e por enquanto achou um lugar e um ambiente que favoreça a prática de sua fé. Se vier a decepção sempre haverá outros templos e outras igrejas… Muda-se!
Quando o culto e as pregações da igreja na qual foi batizado não satisfazem e o entusiasmo e as pregações da outra igreja trazem respostas tipo: "Deus é", "Deus quis", "Deus quer", "Você foi escolhido", ele se identifica. "É a palavra que eu andava procurando…". Paulo toca no assunto quando escreve a Timóteo sobre os que procurariam outros mestres que diriam ou desejariam ter ouvido. (cf. Tm 4,-1-5). Sentir-se escolhido e eleito é outra coisa do que ser um no meio de bilhões. Esta singularização já levou muitas pessoas da grande para as pequenas comunidades onde são mais notadas e acolhidas.
O gigantismo nem sempre ajuda uma igreja. Não há ministros para cuidar de tanta gente. Equivale ao hipermercado com mais de 100 mil visitas diárias e número insuficiente de funcionários. A pessoa procura melhor atendimento. Isso tem acontecido com a Igreja católica, além de outras diferenças que levaram muitos fiéis a procurar igrejas menores onde se sentem menos número. Não é o dogma que as leva para lá. É a atenção e são as promessas e garantias de resultado que todos os dias são mostrados lá na frente ou na televisão. Vão para os templos onde a graça acontece e é mostrada.
Os católicos fazem o mesmo quando vão a lugares de peregrinações ou movimentos onde se sentem singularizados. “Você” e “Deus” e “Jesus” são as três palavras mais usadas por estes pregadores. Corresponde ao que estes fiéis queriam ouvir.
Convertem-se porque querem o melhor para si. Depois é que começam a querer o louvor de Deus e o melhor para os outros. Mas quando vem a dificuldade e este fiel que mudou de fé percebe que não aconteceu o melhor, a doença voltou, os problemas voltaram, a filha não mudou, o marido não mudou, ou voltam, vão procurar o mais novo pregador e a mais nova igreja que apareceu na televisão. É para lá que fazem romaria. Há um novo pregador bombando na mídia. E vão ouvi-lo porque sua religião é altamente personalizada da mesma forma que é sua fé. Mudam também o enfoque a partir do pregador em evidência. Se ontem era Jesus, depois era o Espírito Santo, agora é o Pai. Se ontem era a graça Universal, agora é o Poder Mundial. Se ontem era o “não sofra mais”, agora é o “não espere mais”. Decida!
Os nossos tempos, à mercê da cultura do indivíduo soberano, geraram milhões de migrantes da fé. Mudam com enorme facilidade e sem nenhum drama de consciência de um templo para o outro e de um caminho para o outro. E ouvem os pregadores a dizer que se não estão confortáveis num caminho devem buscar sua realização no outro porque Deus criou muitos caminhos para que o indivíduo exerça sua liberdade de escolha. Na maioria das vezes é o jeito de o pregador justificar por que ele mesmo mudou duas ou três vezes, trocou de igreja ou de grupo de espiritualidade e até fundou a própria, sempre dizendo que Deus queria a mais nova igreja.
“Você não está feliz onde está? Venha conosco!” É o que se ouve nesses púlpitos. Mas não há muita lógica, porque nunca se ouve dos mesmos pregadores: “Você não é está feliz conosco? Procure outra igreja”. Aí, não! Vir, pode, ir embora é abandonar o caminho certo! O marketing chega a ser deslavadamente cruel. “Deixar a outra igreja pode, deixar a nossa, nunca!”
Não se ensina que não há igreja nem religião perfeita, nem estradas perfeitas. Uma pode ser melhor do que a outra, mas sempre haverá buracos, empecilhos, barreiras. Aí depende muito do individuo ser capaz de se perdoar e perdoar a sua igreja que segundo sua avaliação errou para com ele não lhe dando o conforto que ele esperava. Perdoará a mais nova igreja quando ela também falhar? E ele, por acaso, não precisa pedir perdão à sua antiga e agora à sua nova igreja? As igrejas são pecadoras, mas o sujeito que muda de opção, quando as coisas não saem do seu jeito, não o é?
Contornar barreiras e seguir aquele caminho ou, decepcionado, voltar atrás porque não achou o que queria é o grande drama da conversão! Se foi opção verdadeira o convertido pensará nos outros e fará todos os sacrifícios possíveis para prosseguir no caminho de sempre. Se não foi opção pelos outros e sim por si mesmo, ele mudará e irá lá onde de um jeito ou de outros era protagonista e fará o que sempre sonhou fazer.
Mas no novo caminho, ao primeiro grande conflito, se converterá de novo. Ou deixara de praticar ou mudará outra vez e achará algum culpado pelo seu novo desânimo. Evidentemente. O problema nunca será ele. Mudou porque os outros não o acolheram ou respeitaram…
O perigo da meia conversão existe, como também existe o perigo da meia vocação, da meia promessa e do meio casamento. Todos eles se assemelham à meia virgindade. A história de todas as religiões coincide nesse aspectoOs que ficam e perdoam sua igreja e os que se cansam dela e buscam outra que lhe fale mais ao coração. Os dogmas aparecem depois. As dúvidas contra sua própria igreja são alimentadas pelo pregador que deseja mais alguém em suas fileiras, sempre cuidadoso a não mostrar os podres da sua igreja. Lá tudo é graça, tudo é força, tudo é luz porque um novo tempo exige uma nova igreja! O marketing é bonito, mas nem sempre honesto!
A maioria muda pensando em si e sai pensando em si. Não havendo nem alteridade nem altruísmo, não haverá ascese, e não havendo ascese, foi apena meia conversão! Se o ego do fiel for outra vez desafiado ele não hesitará em mudar. Sua individualidade está acima de qualquer religião ou fé. Releia a segunda Carta de Paulo a Timóteo, 4,1-5. Já naquele tempo a alteridade andava em baixa!…

Pe. José Fernandes de Oliveira - Pe. Zezinho, scj
Escritor, compositor e cantor. Congregação Dehonianos

Nenhum comentário: