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quinta-feira, 3 de abril de 2014

Bispo comenta encíclica de João XXIII sobre a paz

Pacem in terris

Em entrevista, Dom José Luiz recorda importância da encíclica Pacem in terris, escrita por João XXIII e publicada em 1963
Rogéria Nair
Da Redação
Bispo comenta encíclica de João XXIII sobre a paz
Dom José Luiz destaca que é preciso colocar em prática os ensinamentos do “Papa Bom” / Foto: Diocese de Pesquaira
Uma das encíclicas de destaque de João XXIII foi “Pacem in Terris”, Paz na Terra, publicada em 11 de Abril de 1963. Em meio à Guerra Fria, o Santo Padre escreveu esta encíclica convidando os povos a promoverem a paz mundial tendo por base a verdade, a justiça, a caridade e a liberdade. O primeiro diferencial deste documento é que foi endereçado a “todos os homens de boa vontade”, já que, comumente, os Papas escreviam para os católicos.
Pacem in Terris, sem dúvida, tem sua grande importância para a Doutrina Social da Igreja, tendo em vista que o grande desejo da humanidade está enraizado em dois grandes fundamentos: a justiça e a paz” , afirma Dom José Luiz Ferreira de Salles, C.Ss.R., bispo da Diocese de Pesqueira (PE) e membro da Comissão Caridade, Justiça e Paz da CNBB.
Dom José Luiz recorda que, no período em que a Encíclica foi publicada, havia grande debate dentro da Igreja sobre a cooperação em questões políticas, econômicas, sociais e culturais com os não-crentes, especialmente os marxistas.
“João XXIII desejava o reconhecimento da dignidade de todos os seres humanos (…) Eu creio que, depois de mais de meio século, a encíclica continua atual e contemporânea. É um dos mais importantes textos para compreendermos os desafios e as possibilidades do nosso tempo e tem uma notável inserção na realidade brasileira e latino-americana” afirma o bispo.
Neste documento, o Papa Bom afirma: “A paz na terra, anseio profundo de todos os homens de todos os tempos, não se pode estabelecer nem consolidar senão no pleno respeito da ordem instituída por Deus. O progresso da ciência e as invenções da técnica evidenciam que reina uma ordem maravilhosa nos seres vivos e nas forças da natureza. Testemunham outrossim a dignidade do homem capaz de desvendar essa ordem e de produzir os meios adequados para dominar essas forças, canalizando-as em seu proveito”
O bispo destacou que a Ciência talvez seja um dos empreendimentos humanos de maior sucesso em toda a história e que benefícios trazidos por ela à humanidade, felizmente, superam os malefícios que a sua utilização desvirtuada e sem ética pode causar. “Porém, o Papa nos adverte que não bastam esses conhecimentos para se garantir as relações de convivência verdadeiramente humanas baseadas na verdade, justiça, amor e liberdade”, explica Dom José Luiz.
Para o bispo, apesar de muitos avanços, a paz sobre a terra ainda é um desejo. “Penso que nós temos que guardar “no coração e na memória” o desejo do “papa Bom” e por em prática os seus inspirados e luminosos ensinamentos”.

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