Bispo comenta encíclica de João XXIII sobre a paz
Pacem in terris
Em entrevista, Dom José Luiz recorda importância da encíclica Pacem in terris, escrita por João XXIII e publicada em 1963
Rogéria Nair
Da Redação
Da Redação
Uma das encíclicas de destaque de João XXIII foi “Pacem in Terris”, Paz na Terra, publicada em 11 de Abril de 1963. Em meio à Guerra Fria, o Santo Padre escreveu esta encíclica convidando os povos a promoverem a paz mundial tendo por base a verdade, a justiça, a caridade e a liberdade. O primeiro diferencial deste documento é que foi endereçado a “todos os homens de boa vontade”, já que, comumente, os Papas escreviam para os católicos.
“Pacem in Terris, sem dúvida, tem sua grande importância para a Doutrina Social da Igreja, tendo em vista que o grande desejo da humanidade está enraizado em dois grandes fundamentos: a justiça e a paz” , afirma Dom José Luiz Ferreira de Salles, C.Ss.R., bispo da Diocese de Pesqueira (PE) e membro da Comissão Caridade, Justiça e Paz da CNBB.
Dom José Luiz recorda que, no período em que a Encíclica foi publicada, havia grande debate dentro da Igreja sobre a cooperação em questões políticas, econômicas, sociais e culturais com os não-crentes, especialmente os marxistas.
“João XXIII desejava o reconhecimento da dignidade de todos os seres humanos (…) Eu creio que, depois de mais de meio século, a encíclica continua atual e contemporânea. É um dos mais importantes textos para compreendermos os desafios e as possibilidades do nosso tempo e tem uma notável inserção na realidade brasileira e latino-americana” afirma o bispo.
Neste documento, o Papa Bom afirma: “A paz na terra, anseio profundo de todos os homens de todos os tempos, não se pode estabelecer nem consolidar senão no pleno respeito da ordem instituída por Deus. O progresso da ciência e as invenções da técnica evidenciam que reina uma ordem maravilhosa nos seres vivos e nas forças da natureza. Testemunham outrossim a dignidade do homem capaz de desvendar essa ordem e de produzir os meios adequados para dominar essas forças, canalizando-as em seu proveito”
O bispo destacou que a Ciência talvez seja um dos empreendimentos humanos de maior sucesso em toda a história e que benefícios trazidos por ela à humanidade, felizmente, superam os malefícios que a sua utilização desvirtuada e sem ética pode causar. “Porém, o Papa nos adverte que não bastam esses conhecimentos para se garantir as relações de convivência verdadeiramente humanas baseadas na verdade, justiça, amor e liberdade”, explica Dom José Luiz.
Para o bispo, apesar de muitos avanços, a paz sobre a terra ainda é um desejo. “Penso que nós temos que guardar “no coração e na memória” o desejo do “papa Bom” e por em prática os seus inspirados e luminosos ensinamentos”.
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