Blog Alma Missionária

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quarta-feira, 23 de abril de 2014

ARTIGO

Jornalista do Vaticano avalia legado de JPII para comunicação

Jornalista da Rádio Vaticano acompanhou de perto o pontificado de João Paulo II e conta como era sua relação com os meios de comunicação
Silvonei José
Jornalista da Rádio Vaticano
Silvonei José Protz
Silvonei José, jornalista que trabalha na Rádio Vaticano em Roma / Foto: Rádio Vaticano
JPII: Comunicar a verdade
O Beato João Paulo II passou para a casa do Pai no dia 2 de abril de 2005, em meio à comoção geral de fiéis e não fiéis reunidos na Praça São Pedro e daqueles que, pelos meios de comunicação, seguiam os momentos derradeiros de um homem que fez parte da vida de milhões de pessoas. Não somente porque era o líder de mais de um bilhão de católicos em todo o mundo, mas porque era um homem que fascinou o coração dos homens de boa vontade, seja de qualquer religião à qual pertencessem. Um homem que foi instrumento de Deus.
O mundo ficou paralisado naqueles dias vendo a invasão pacífica de Roma e do Vaticano por pessoas provenientes de todas as partes do mundo: era um mar de gente que veio dar o último adeus a um homem que conquistou e sacudiu corações e mentes.
Os meios de comunicação, naqueles dias, abriram janelas intermináveis em suas programações para contar o que estava acontecendo em Roma; sim, os mesmos meios de comunicação, que seguiram o Pontificado de João Paulo II por mais de 27 anos, contando e analisando, com sua palavra, cada gesto seu. Foi uma relação de amizade cultivada durante todo o seu percurso como Pontífice; uma amizade que, com o tempo, cresceu sem medida, tornando os comunicadores que seguiam o seu magistério, pessoas da família, pessoas a quem contar a Boa Nova do Evangelho.
O apreço pelos meios de comunicação e pelos comunicadores foi tanto da parte de João Paulo II que, no seu último Angelus, em que pôde expressar palavras, no dia 13 de março de 2005, ainda na Policlíncia “Gemelli”, onde estava internado, afirmou que sentia, de modo particular, a presença e a atenção de tantos trabalhadores dos mass media. “Hoje – disse com a voz cansada –,  desejo dirigir-lhes uma palavra de gratidão, porque conheço o sacrifício com que desempenham o seu precioso serviço, graças ao qual os fiéis, em todas as partes do mundo, podem sentir-me mais próximo e acompanhar-me como afeto e com a oração”. Palavras textuais de um Papa que, mesmo no sofrimento, se recordou daqueles que, debaixo de sol e chuva, continuavam a contar ao mundo o drama vivido pelo “homem que veio de longe”.
João Paulo II, naquela ocasião, não perdeu a oportunidade de deixar a sua mensagem, que é atual, aos meios de comunicação e aos comunicadores, reforçando o importante papel dos mesmos na nossa época de comunicação global. Grande responsabilidade de quantos trabalham neste campo, chamados a fornecer sempre uma informação exata, respeitadora da dignidade da pessoa humana e atenta ao bem comum. Era tempo de Quaresma e JPII convidou todos a se alimentarem da Palavra de Deus, acrescentando: “apraz-me recordar que é possível nutrir o próprio espírito também mediante o rádio, a televisão e a internet. Estou grato a quantos se dedicam a estas novas formas de evangelização valorizando os meios de comunicação social”.
João Paulo II foi um homem que sempre usou os meios de comunicação para falar ao mundo e jamais se furtou de salientar o grande respeito e amor que tinha por aqueles que neles trabalham orientando e recordando a missão que cada um tem dentro da comunicação. Não interessa a que meio de comunicação você como comunicador pertença, grande ou pequeno, você, com o seu trabalho, é capaz de entrar na vida das pessoas e muitas vezes modificá-la, criar indagações, colocar pontos interrogativos.
O Beato João Paulo II que em breve será declarado Santo, certamente será sempre recordado, para além da sua grandeza como pessoa, como homem, como pontífice, como um homem de comunicação, e que fez entrar pela porta da frente a comunicação na Igreja. Basta recordar a sua Encíclica Redemptoris Missio  na qual afirma que a Comunicação Social não pode ser reduzida a simples instrumentos para a pregação, mas é um lugar de pregação da Boa Nova, revestindo as relações entre a Igreja Católica e a Comunicação Social com as roupas da Inculturação. Wojtyła tinha profunda consciência da importância da Comunicação e estava convencido da capacidade da Comunicação Social transformar as pessoas.
Ele deixou aos comunicadores e aos meios de comunicação um legado de responsabilidade afirmando que “comunicar é evangelizar”. Para muitos, João Paulo II foi o Papa, por excelência, da comunicação, “midiático” desde o instante em que foi eleito. Falava às massas, mas o diálogo era como se fosse com cada um, era individual.
Em uma conversa com João Paulo II, o então Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Joaquín Navarro-Valls, fez uma pergunta – disse ele – estúpida. “Nós estávamos nas montanhas, caminhando bem no alto. Era verão. “Santo Padre, se por acaso queimassem o Evangelho, se ele desaparecesse da terra, e o senhor tivesse a possibilidade de salvar só uma frase do evangelho, que frase seria?”. João Paulo II não teve dúvida nem por um segundo. “Aquela frase do Evangelho de São João que diz que ‘a verdade vos libertará’”. Este, sem dúvida, é para mim o grande legado de João Paulo II para nós comunicadores; comunicar a verdade, a beleza da verdade.

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