Popular, Papa João Paulo II deixou a Igreja Católica simpática aos fiéis
Pontífice será canonizado neste domingo (27) pelo Papa Francisco.
Ele se torna santo apenas nove anos após sua morte, em 2005
O Papa das multidões, amado e venerado em todo o mundo, responsável por revitalizar a Igreja Católica e torná-la mais simpática aos olhos de seus fiéis. Esta é uma das imagens mais conhecidas de Karol Wojtyla, o Papa João Paulo II, que ficou 26 anos à frente da Santa Sé e será canonizado neste domingo (27) no Vaticano.
Durante seu pontificado, o mais longo do século XX, ele se transformou em uma das personalidades mais emblemáticas das últimas décadas, com influência tanto entre os fiéis católicos como na geopolítica mundial.
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O processo de canonização de João Paulo II é um dos mais rápidos da história. Ela teve início um mês após sua morte, em 2005, quando seu sucessor, Bento XVI, dispensou as regras e deu início às investigações da santidade – que em geral só ocorrem cinco anos depois do falecimento.
Para muitos católicos, entretanto, o processo foi demorado – durante seu funeral, após quase 27 anos de pontificado, a multidão reunida no Vaticano gritou "santo súbito".
Os dois milagres de João Paulo II foram comprovados por uma comissão do Vaticano e confirmados por decretos dos Papas Bento XVI e Francisco. Sua beatificação, após a comprovação do primeiro milagre - da freira francesa Marie Simon-Pierre, que alegou ter sido repentinamente curada de mal de Parkinson dois meses após a morte do Pontífice – foi realizada em 1º de maio de 2011, seis anos após sua morte.
Já o segundo milagre foi registrado na Costa Rica, com uma mulher, cuja identidade é mantida em segredo, que diz ter sido curada de um aneurisma cerebral após pedir a intercessão de João Paulo II.
Trajetória
Karol Józef Wojtyla nasceu em 18 de maio de 1920 na pequena cidade de Wadowice, na Polônia. Ele era o mais novo de três irmãos. Sua mãe, Emilia Kaczorowska, morreu pouco tempo depois, em 1929. Seu irmão mais velho, Edmund, morreu em 1932, e seu pai em 1941. Sua irmã, Olga, morreu antes de seu nascimento.
Karol Józef Wojtyla nasceu em 18 de maio de 1920 na pequena cidade de Wadowice, na Polônia. Ele era o mais novo de três irmãos. Sua mãe, Emilia Kaczorowska, morreu pouco tempo depois, em 1929. Seu irmão mais velho, Edmund, morreu em 1932, e seu pai em 1941. Sua irmã, Olga, morreu antes de seu nascimento.
Após terminar a escola, Wojtyla foi estudar teatro na Universidade Jagiellonian em Cracóvia, em 1938 – em sua juventude, ele queria ser ator. A ocupação nazista forçou a universidade a ser fechada em 1939. Wojtyla foi então trabalhar em uma pedreira e depois em uma indústria química, onde permaneceu entre 1940 e 1944 para evitar sua deportação para Alemanha.
Em 1942, ele entrou em um seminário clandestino na Cracóvia, onde iniciou seus estudos eclesiásticos. Na mesma época, ele também atuava em um teatro clandestino.
Após o fim da Segunda Guerra, ele retomou seus estudos na Universidade Jagiellonian, onde passou a estudar teologia. Sua ordenação como padre aconteceu em 1946.
Pouco depois, Wojtyla foi enviado a Roma para trabalhar com dominicanos franceses. Ele continuou seus estudos, finalizando um doutorado em teologia em 1948. No mesmo ano, ele retornou à Polônia, onde passou a atuar como vigário em diversas paróquias de Cracóvia até 1951. Mais tarde, passou a lecionar teologia e ética social no seminário e na Faculdade de Teologia de Lublin.
Wojtyla se tornou bispo de Ombi e bispo auxiliar da Cracóvia em 1958. Em 1964, ele se tornou Arcebispo da Cracóvia. Três anos depois, se tornou cardeal, apontado pelo Papa Paulo VI.
Pouco antes, o então arcebispo Wojtyla participou do Concílio Vaticano II, onde fez uma importante contribuição na autoria da Constituição Gaudium et spes.
Pontificado
Wojtyla foi eleito Papa em 16 de outubro de 1978, no conclave que sucedeu a morte do Papa João Paulo I – cujo pontificado durou apenas um mês. Seu pontificado começou no dia 22 de outubro do mesmo ano, sob o o lema "Totus tuus ego sum" ("Todo teu sou eu"), uma frase que o acompanhou durante seus anos à frente da Santa Sé. Ele foi o primeiro papa não italiano desde 1523, e soube utilizar a mídia como nenhum outro na história.
Wojtyla foi eleito Papa em 16 de outubro de 1978, no conclave que sucedeu a morte do Papa João Paulo I – cujo pontificado durou apenas um mês. Seu pontificado começou no dia 22 de outubro do mesmo ano, sob o o lema "Totus tuus ego sum" ("Todo teu sou eu"), uma frase que o acompanhou durante seus anos à frente da Santa Sé. Ele foi o primeiro papa não italiano desde 1523, e soube utilizar a mídia como nenhum outro na história.
Apesar do perfil popular e conciliador, João Paulo II tinha visões eclesiásticas rígidas, e fez posicionamentos públicos contra o aborto, o controle de natalidade, o uso de camisinhas para evitar a Aids, a homossexualidade, o divórcio, a pornografia, a ordenação de mulheres, a eutanásia e os testes de clonagem humana
Ele também foi muito ativo em relação a assuntos políticos, como as sanções dos Estados Unidos contra o Iraque. João Paulo II reconheceu o Estado palestino e, em 1994, o Vaticano estabeleceu relações diplomáticas com Israel.
Do ponto de vista histórico, seu papel foi considerado fundamental até mesmo na reorganização das fronteiras europeias. Para muitos analistas políticos, ele teve atuação decisiva nos processos de fim da União Soviética e queda da Cortina de Ferro.
Enquanto foi Papa, João Paulo II visitou 129 países e realizou 146 visitas pastorais dentro da Itália. Apenas em Roma, ele visitou 317 das 322 paróquias. Em 4 de outubro de 1995 ele atingiu um curioso recorde: passou de um milhão de quilômetros percorridos.
Em sua primeira visita à Polônia, em 1979, milhões de pessoas foram às ruas para recebê-lo – foi também um momento crucial na política do país.
Ele foi o Papa que teve mais encontros com líderes religiosos e políticos do que qualquer um de seus antecessores. Recebeu várias visitas no Vaticano, como as do presidente da União Soviética Mikhail Gorbachev e a do líder cubano Fidel Castro, encontro que significou o primeiro passo na normalização das atividades religiosas em Cuba.
Mais de 17,6 milhões de pessoas participaram de suas audiências semanais ministradas às quartas-feiras – foram mais de 1160 em quase 27 anos – sem contar outras audiências especiais e cerimônias religiosas. Apenas na comemoração de seus 20 anos de pontificado compareceram 8 milhões de pessoas.
João Paulo II também encorajou o diálogo com outras religiões, principalmente com os judeus, convidados diversas vezes para encontros para celebrar a paz.
Durante seu pontificado – um dos três mais longos da história – João Paulo II escreveu 14 encíclicas, 15 Exortações Apostólicas, 11 constituições apostólicas, organizou 15 assembleias do Sínodo dos Bispos e nomeou 231 cardeais em nove consistórios, além de ter publicado cinco livros.
João Paulo II também teve um grande ímpeto nas canonizações e beatificações, com foco nos exemplos que poderiam incentivar a população ao redor do mundo. Durante seu pontificado, 1.338 pessoas foram beatificadas e 482 declaradas santas, em 51 cerimônias de beatificação.
Wojtyla também demonstrou ao longo de seu pontificado uma grande preocupação com as pastorais, e iniciou a celebraçao da Jornada Mundial da Juventude, que ajudou a atrair milhares de jovens à Igreja.
Saúde
Logo no início de seu pontificado, em 1981, João Paulo II foi vítima de um atentado – ele foi baleado pelo turco Mehmet Ali Agca, na Praça São Pedro, em meio a 10 mil fieis. O papa estava com uma criança no colo e foi atingido por três tiros. Ele precisou passar por uma cirurgia.
Logo no início de seu pontificado, em 1981, João Paulo II foi vítima de um atentado – ele foi baleado pelo turco Mehmet Ali Agca, na Praça São Pedro, em meio a 10 mil fieis. O papa estava com uma criança no colo e foi atingido por três tiros. Ele precisou passar por uma cirurgia.
Agca foi preso. Dois anos depois, em 1983, recebeu a visita de João Paulo II na prisão, na qual o Papa manifestou seu perdão.
O atentado afetou para sempre a saúde do Papa. Em 1992, ele retirou um tumor benigno do intestino Em 1994, foram iniciados rumores na imprensa de que ele estaria sofrendo do Mal de Parkinson, o que foi comprovado nos anos seguintes. No mesmo ano, ele colocou uma prótese na perna após uma fratura no fêmur.
Em 1996, o Papa passou por uma cirurgia para a retirada do apêndice. No mesmo ano, surgem rumores sobre um câncer no intestino, negados pelo Vaticano. O Mal de Parkinson, entretanto, já era admitido. Também houve rumores de que ele sofreria de câncer nos ossos, o que foi negado pela Santa Sé.
Em 2005, dois meses antes de morrer, o papa passou por duas internações de urgência, por dificuldades de respiração.
Ele morreu no dia 2 de abril de 2005, após dois dias de agonia e dúvidas para católicos de todo o mundo. Segundo o Vaticano, a morte ocorreu dentro de seus aposentos no Palácio Apostólico. Seu funeral foi realizado no dia 8 de abril – no intervalo, mais de 3 milhões de pessoas foram a Roma para homenagear o Papa, com filas que chegaram a 24 horas para entrar na Basílica de São Pedro.
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