Blog Alma Missionária

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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Manchetes da Bíblia
 2008-10-25 07:36:00
Dom Luiz Demétrio Valentini

Neste domingo termina em Roma o Sínodo sobre a Palavra de Deus. Pelo número

 de peritos convidados, fica evidente a provocação para um renovado interesse pela
 Bíblia, uma coletânea de escritos que recolhem dois milênios, de Abraão ao primeiro 
século de nossa era, que servem de paradigma para toda a humanidade

Sua mensagem continua válida. Mas sua natureza de texto escrito a partir de vivências
 concretas, coloca sempre de novo a necessidade de transpor estas experiências para os

 novos contextos que a história vai engendrando. Disto decorre ao mesmo tempo a
 permanência da Bíblia como “significante” estruturado, portador de um “significado”
 que precisa ser deduzido e atualizado, para usar palavras da moderna lingüística. É
 o permanente desafio da correta “interpretação” da Bíblia.

Anos atrás, nos bons tempos da aprendizagem escolar a partir do “livro-texto”, era

 preciso “passar de livro”. A Igreja não precisa “passar de livro”! Ela pode ficar os
 séculos todos com o mesmo livro, escrito em parceria única de Deus com os meandros
 da história humana..

Em sua forma final, a mensagem da Bíblia é apresentada como “Boa Notícia”, “Boa Nova”,
 um “Evangelho”, como ficou cunhada a palavra típica para se referir à mensagem de Jesus
 de Nazaré. Antes de apresentar o “noticiário”, sempre convém destacar as manchetes
 centrais, que atraem a atenção.

Percorrendo a Bíblia, identificamos logo algumas destas “manchetes”, que ajudam a situar
 o conjunto da mensagem.

A primeira delas é a respeito de Deus e do relacionamento especial que ele estabeleceu com
 seu povo: “Escuta, Israel, o Senhor é o teu Deus, um só é o Senhor” (Dt 6,4). São palavras
 muito densas. Contêm ao mesmo tempo a afirmação do senhorio de Deus sobre seu povo, e
 a enfática declaração de sua unicidade. É a passagem mais lembrada pela espiritualidade
 hebraica, na famosa expressão retomada com freqüência nos salmos: “shemá, Israel, o
 Senhor é o teu Deus, um é o Senhor!”, reafirmada sem rodeios por Jesus (Mc 12,29)

Aí encontramos a contribuição religiosa mais importante do povo hebreu. A ele devemos a
 clara consciência do moteismo, indispensável para balizar corretamente toda a revelação
 bíblica a respeito de Deus. Bastaria isto para sermos eternamente agradecidos aos nossos
 “irmãos maiores”, os judeus. Historicamente eles se identificam com esta nobre causa da 
afirmação inequívoca da unicidade de Deus, que abre caminho para a correta compreensão
 do seu mistério, refletido na sua criação, e revelado por sua iniciativa.

Em decorrência desta afirmação teológica, segue a outra “manchete”, de ordem ética, o
 “mandamento” do amor total a este Deus único e exclusivo: “Portanto, amarás o Senhor,
 teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua força” (Dt 6,4).


A estas duas manchetes convém logo acrescentar a terceira, que liga o amor a Deus com o
 amor ao próximo: “Amarás o próximo como a ti mesmo”. Quando perguntado pelos fariseus
 sobre o “primeiro” mandamento, Jesus sempre fazia questão de lembrar que havia um
 “segundo”, que inclusive comprovava a veracidade do primeiro (Mt 22,38). E acrescentava:
 “Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas” (Mt 22,40).

Depois, vieram as “manchetes” decorrentes da “Boa Nova” anunciada por Jesus. Ele
 colocou a si próprio como referência para o amor ao próximo. E fez questão de ressaltar:

 “este é o meu mandamento, que vos ameis uns aos outros como eu vos tenho amado”
 (Jo 13,34). Amar o próximo como a si mesmo fazia parte da antiga lei. Amar o próximo
 como Jesus amou, faz parte do Novo Testamento.

Por fim, outra “manchete” que pode ser colocada nesta perspectiva de evolução da
 mensagem bíblica, é aquela que o apóstolo João nos apresenta: “Deus é amor, e quem
 ama permanece em Deus e Deus permanece nele” (1Jo 4,16).

Como robustos varais, estas “manchetes” permitem desdobrar todas as páginas da Bíblia,
 e estendê-las ao sol da compreensão humana.


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