A Alma Perfeita
No princípio, Deus contemplou toda a sua obra, e viu que tudo era muito bom (gn 1,31). Quer dizer, Aquele que é perfeitíssimo criou perfeitas todas as suas obras. Por isso, o Senhor Jesus Cristo, nossa salvação, nos ordena: “Sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48).
No paraíso, em virtude do pecado original, o que o homem em si mesmo perdeu? Ele não deixou de ser a imagem viva e perfeita do Criador, mas, revestiu-se de uma alma terrena; isto é, revestiu-se de uma vestimenta própria do meio sensível da matéria; onde vive.
“O rei entrou para vê-los e vil um homem que não trazia a veste nupcial. Perguntou-lhe: Meu amigo, como entraste aqui, sem a veste nupcial? O homem não proferiu palavra alguma. Disse então o rei aos servos: Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o nas trevas exteriores. Ali haverá choro e ranger de dentes” (Mt 22,11-13).
Como poderemos observar pela citação acima, a veste nupcial é a alma de santidade que nos reveste o espírito e o corpo, da plenitude da graça sobre graça que recebemos através do batismo de regeneração e renovação, pelo Espírito Santo, que nos foi concedido em profusão, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador (Tt 3,5-6)
Com o advento do pecado original, toda a criação, no céu, na terra, no universo e em tudo quanto neles há, perdeu a graça e a íntima presença do sobrenatural; isto é, o selo das perfeições divinas de que eram revestidos. Entretanto, o espírito, que foi infundido no homem, através do sopro divino, permaneceu vivo e perfeito, segundo a imagem da natureza de divina (Sb 23), isto é, continuou como imagem viva e perfeita do todo Poderoso, Senhor Javé.
Por que o espírito do homem, apesar do pecado de nossos primeiros pais, continuou vivo e perfeito? Porque é a imagem do Deus vivo, eterno e perfeitíssimo!
Como explicar? Se um homem e ou uma mulher está totalmente enlameado(a), encontra-se com sua compleição física e aparência inaceitáveis. Mas, tomando um banho, eis que ele ou ela se torna plenamente conhecido(a), conforme a natureza e aparência viva e perfeita, como, realmente, é conhecido(a).
Em virtude do pecado de nossos primeiros pais, o que o homem perdeu no paraíso? A alma de santidade, sem a qual ninguém verá a Deus (Hb 12,14), consequentemente, todos os dons preternaturais, tais como a imortalidade, a impassibilidade, a integridade, o paraíso etc.
Assim, como já dissemos, ficou sem a perfeição integral; isto é, da santidade que deve revestir o homem, no espírito e no corpo material, com o selo do Espírito Santo, selo de santidade e perfeição (Ef 1,13; 4,30).
“E o Senhor Deus disse: “Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal. Agora, pois, cuidemos que ele não estenda a sua mão e tome também do fruto da árvore da vida, e o coma, e viva eternamente.” O senhor Deus expulsou-o do jardim do Éden, para que ele cultivasse a terra donde tinha sido tirado. Ele expulsou-o e colocou, ao oriente do jardim do Éden, querubins armados de uma espada flamejante, para guardar o caminho da árvore da vida” (Gn 3,22-24).
Que isto significa? Que ao homem, pelas suas próprias forças e disposições, é impossível retornar à graça e a vida amorosa dos Dons do Espírito Santo, senão pela entrega incondicional ao Senhor Jesus Cristo, através do perdão, da reconciliação e da misericórdia divina.
“Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36).
Ora, onde queremos chegar ao pleno discernimento? Há em Deus dois princípios eternos: Deus é amor; por isso justo e misericordioso!
Então, pela bondade infinita de Deus, exclusivamente em virtude da misericórdia divina, o Senhor, nosso Deus, enviou o seu Filho ao mundo (Jo 3,16) – o segundo Adão – para salvar o seu povo de seus pecados (Mt 1,21), a fim de que todos renascessem da água e do espírito (Jo 3,5), como novas criaturas em Cristo Jesus (II Cor 5,17; Ef 4,23-24).
Isto posto, poderemos entender o porquê de o Senhor Javé, após o pecado de Adão, colocou ao oriente do jardim do Éden querubins armados de uma espada flamejante, para guardar o caminho da árvore da vida (Gn 3,23-24),
Isto significa dizer que ao homem era impossível, pôr si próprio, conquistar a alma de santidade que perdera no paraíso, em virtude de sua infidelidade ao Criador.
Não é verdade que Lúcifer, querubim de perfeição, tornou-se, por isso, inimigo de Deus?
“Eras um querubim protetor colocado sobre a montanha santa de Deus; passeavas entre as pedras de fogo. Foste irrepreensível em teu proceder desde o dia em que foste criado, até que a iniquidade apareceu em ti.” (Ez 28,14-15).
Assim, sem um coração puro (Mt 5,8), a paz e a santidade da alma, que corresponde a entrega incondicional ao Senhor Jesus Cristo, ninguém verá a Deus!
Ora, para alcançarmos do Espírito Santo tamanha graça, além das três virtudes teologais (Fé Esperança e a Caridade), precisamos da entrega incondicional ao Senhor Jesus Cristo (Mt 11,28-30), ânimo e coragem para vencer o mundo (Jo16,33), ser templo do Deus vivo, para vivermos num só espírito com o Senhor (I Cor 6,17), meditar dia e noite a lei do Senhor (Sl 1,2), ter a palavra de Deus dentro do coração e da alma (Dt 11,18), orar constantemente e sem nunca cessar (Lc 18,1 e sermos conduzidos pelo Espírito Santo, como Filhos de Deus (Rm 8.14) etc.
Somente assim estaremos inseridos da veste de santidade, conforme o ancião deu conhecimento ao apóstolo João: “Então um dos anciãos falou comigo e perguntou-me: “Esses, que estão revestidos de vestes brancas, quem são e de onde vêm”? Respondi-lhe: “Meu Senhor: Tu o sabes. E ele me disse: Esses são os sobreviventes da grande tribulação; lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro”
Texto: João C. Porto / jcarvalhoporto.blogspot.com.br/
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