| XXXIII Domingo Comum – Ano B | ![]() | ![]() | ![]() |
| Ano B |
| Sáb, 16 de Maio de 2009 23:36 |
Dn 12,1-3
Sl 15 Hb 10,11-14.18 Mc 13,24-32
Modelo I
Estamos no penúltimo domingo do ano litúrgico, ano da Igreja. Depois de termos celebrado o Advento, o Natal, a Quaresma e a Páscoa do Senhor, depois de mais de trinta domingos do chamado Tempo Comum, estaremos encerrando domingo próximo, com a Solenidade de Cristo Rei, o ano litúrgico. Dentro de quinze dias, entraremos num novo ano, com o primeiro domingo do Advento, preparando o santo Natal. O tempo passa, a vida passa... tudo passa!
Pois bem, é próprio da Liturgia, nos últimos domingos do ano litúrgico, fazer-nos pensar sobre o fim de todas as coisas; “fim” no sentido de final; mas também fim no sentido de finalidade e, portanto, de plenitude. E nossa fé nos diz que a plenitude, o "fim" de tudo é o Cristo Jesus: ele é o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim,“através dele e para ele tudo foi criado no céu e na terra” (cf. Cl 1,15ss), é ele quem, no final dos tempos, virá como “Filho do homem, nas nuvens com grande poder e glória” (evangelho). Ou seja, Cristo morto e ressuscitado é a consumação e a finalidade, a plenitude e o sentido de tudo quanto existe! Para ele tudo corre, como o rio corre para o mar; e, no fim, ele entregará tudo a Deus, seu Pai, na potência do Espírito Santo (cf. 1Cor 15,28)! Vejamos:
(1) Com a vinda do Cristo, com seu aparecimento glorioso, toda a criação será transfigurada. É isto que o evangelho deste domingo afirma numa linguagem simbólica, impressionante, chamada apocalíptica: “O sol vai escurecer, e a lua não brilhará mais, as estrelas começarão a cair do céu e as forças do céu serão abaladas”. Em outras palavras: este mundo como nós conhecemos será transfigurado, será purificado de toda fragilidade, de toda maldade, de toda tirania: “Vi então um novo céu e uma nova terra. Pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe” (Ap 21,1). A imagem é belíssima: passou o mundo antigo; o mar, símbolo do caos, foi destruído. Aquilo que já começou com a ressurreição de Cristo, aquilo que começou em nós com o Batismo acontecerá a toda a criação: “Se alguém está em Cristo, é criatura nova. O que era antigo passou, agora tudo é novo” (2Cor 5,17). Que consolo, que beleza: o mundo não caminha para o nada, para o vazio, para a destruição: por ocasião do aparecimento glorioso do Senhor Jesus Cristo, tudo será purificado com o fogo do Espírito Santo, será transfigurado, mais que nos dias de Noé, com a purificação pela água: “O Dia do Senhor chegará como um ladrão, e então os céus acabarão com um estrondo espantoso; os elementos, devorados pelas chamas, se dissolverão, e a terra será consumida com todas as obras que nela se encontrarem. O que esperamos são novos céus e nova terra” (2Pd 3,10.13). Mais uma vez, é preciso compreender: a linguagem é apocalíptica! No fogo do Espírito Santo, no qual o mundo será julgado (cf. Jo 16,8-11), tudo que não foi amor, que não foi segundo Cristo, será dissolvido; e o que foi amor, será transfigurado, e teremos novos céus e nova terra, livres de todo o pecado e de toda a maldade! Como não nos alegrar com tal esperança? Como não repetir, agradecidos, as palavras do Livro da Sabedoria? “Teu grande poder está sempre a teu serviço, e quem pode resistir à força do teu braço? O mundo inteiro está diante de ti como um nada na balança, como a gota de orvalho que de manhã cai sobre a terra. Mas te compadeces de todos, pois tudo podes, fechas os olhos diante dos pecados dos homens, para que se arrependam. Sim tu amas tudo o que criaste, não te aborreces com nada do que fizeste; se alguma coisa tivesses odiado, não a terias feito. E como poderia subsistir alguma coisa, se não a tivesses querido? Como conservaria sua existência se não a tivesses chamado? Mas a todos poupas, porque são teus: ó Senhor, amigo da vida!” (Sb 11,21-26).
(2) Mas, não é só! A manifestação gloriosa do Senhor será também o dia bendito da nossa ressurreição. É verdade que, logo após a morte, na nossa dimensão espiritual, a que chamamos “alma”, seremos glorificados da glória de Cristo. Por isso mesmo São Paulo afirma: “Estamos cheios de confiança e preferimos deixar a moradia do nosso corpo, para ir morar junto do Senhor. Por isso, também, nos empenhamos em ser agradáveis a ele, quer estejamos no corpo, quer já tenhamos deixado esta morada (2Cor 5,9). Aos filipenses, o Santo Apóstolo confessava: “O meu desejo é partir para estar com Cristo” (Fl 1,23). Que ninguém duvide: nem a morte nos separa do amor de Cristo (cf. Rm 9,38): imediatamente após deixarmos este mundo, estaremos com o Senhor na nossa alma. Mas, nosso corpo, somente será glorificado no Dia final, no Dia da Ressurreição, quando toda a matéria for glorificada! É a este dia final que chamamos Dia da Ressurreição: “Muitos dos que dormem no pó da terra, despertarão, uns para a vida eterna, outros para o opróbrio eterno. Mas os que tiverem sido sábios, brilharão como o firmamento; e os que tiverem ensinado a muitos os caminhos da justiça, brilharão como as estrelas, por toda a eternidade” (1a. leitura). Que imagem impressionante! No Dia de Cristo, todos estaremos vivos no corpo e na alma. Mas, há uma discriminação, uma diferença de destino, uma separação, um julgamento: os que tiverem sido abertos para Cristo, com seu corpo e sua alma, com todo o seu ser, estarão na glória de Cristo; os que se fecharam para ele, já logo após a morte, estarão longe dele e, no fim dos tempos, tal danação será também a do corpo! Que destino miserável, que sorte horrenda! Seria melhor nem existir mais! Isto nos recorda a necessidade da vigilância, a necessidade de nos abrirmos para o Cristo nos dias de nossa vida! Por isso mesmo Jesus previne cada geração: “Aprendei, pois da figueira! Quando virdes acontecer estas coisas, ficai sabendo que o Filho do Homem está próximo, às portas! Esta geração não passará até que tudo isso aconteça. Quanto àquele dia e àquela hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai!”(evangelho). Jesus nos previne: cada geração deve estar atenta ao sinais de Deus; cada geração deverá compreender que chegou o tempo, o momento de decidir-se por Cristo ou contra Cristo, pela vida ou contra a vida! Vigiai! Estai preparados! Cristo “sentou-se para sempre á direita de Deus” (2a. leitura); ele se ofereceu por nós. Não recebamos em vão a sua graça, o convite que ele nos faz!
(3) Finalmente, a vinda do Senhor será a glorificação de toda a Igreja, Comunidade dos eleitos de Cristo: O Filho do Homem “enviará os anjos aos quatro cantos da terra e reunirá os eleitos de Deus, de uma extremidade à outra da terra” (evangelho). Então, a Igreja estará plena, totalmente completa, totalmente glorificada: “Vi também a Cidade Santa, a nova Jerusalém, descendo do céu, de junto de Deus, vestida como noiva enfeitada para o seu Esposo. Então, ouvi uma voz forte que saia do trono e dizia: ‘Esta é a morada de Deus com os homens. Ele vai morar junto deles. Eles serão o seu povo, e o próprio Deus-com-eles será o seu Deus. Ele enxugará toda lágrima de seus olhos. A morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem grito, nem dor, porque as coisas antigas passaram’. Aquele que está sentado no trono disse: ‘Eis que faço novas todas as coisas!’” (Ap 21,2-5). Que beleza: a Igreja será plenamente Corpo de Cristo, será plenamente santa no Espírito de Cristo, será plenamente católica, pois abarcará toda a humanidade salva, será totalmente una, pois toda a divisão trazida pelo pecado será superada, será totalmente apostólica, pois construída sobre os doze alicerces, que são os apóstolos do Cordeiro!
Eis a nossa esperança! Eis a nossa certeza! Eis para onde caminhamos! Num mundo que dorme, vigiemos:“ficai sabendo que o Filho do Homem está próximo, às portas!” (evangelho). Não durmamos, como os pagãos! Não somos da noite; somos filhos deste Dia bendito: Dia de Cristo, Dia da Ressurreição, Dia da Salvação: ‘Vós, meus irmãos, não andais em trevas, de modo que esse Dia vos surpreenda como um ladrão; pois que todos vós sois filhos da Luz, filhos do Dia. Não somos da noite nem das trevas. Portanto, não durmamos como os outros; mas vigiemos e sejamos sóbrios! Deus não nos destinou para a ira, mas sim para alcançarmos a salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós, a fim de que nós, na vigília ou no sono, vivamos em união com ele” (1Ts 5,4-6.9-10). Não esqueçamos: a Luz é Cristo, o Dia é Cristo. Vivemos na luminosidade dessa Luz, na perspectiva desse Dia!
Que a certeza da nossa esperança em Cristo preencha os pobres dias de nossa vida, para que vivendo bem neste mundo, plantemos a nossa eternidade. A Cristo, Senhor dos tempos, a glória para sempre. Amém!
Modelo II
Estamos no penúltimo Domingo do Ano Litúrgico. No Domingo próximo, a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo encerrará este ano da Igreja. Pois bem, hoje a Palavra de Deus, nos recorda que, como o ano, também a nossa vida passa, e passa veloz... Assim, o Senhor nos convida à vigilância e nos exorta a que não percamos de vista o nosso caminho neste mundo e o destino que nos espera. Nossa vida tem um rumo, caríssimos; o mundo e a história humana têm uma direção, meus irmãos!
A nossa fé nos ensina, amados no Senhor, que toda a criação e toda a história humana caminham para um ponto final. Este fim não será simplesmente o término do caminho, mas a sua plenitude, a sua finalidade, sua bendita consumação. O universo vai evoluindo, a história vai caminhando... Onde o caminho vai dar? Com palavras e idéias figuradas, a Escritura Sagrada nos ensina que tudo terminará em Jesus, o Cristo glorioso que, por sua morte e ressurreição, tornou-se Senhor e Juiz de todas as coisas. Vede bem: a criação não vai para o nada; a história humana não caminha para o absurdo! Eis aqui o essencial, que o evangelho de hoje nos coloca com palavras impressionantes: “Então verão o Filho do Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória!” Ou seja: tudo quanto existe caminha para Cristo, aquele que vem sobre as nuvens como Deus, aquele que é nosso Juiz porque, como Filho do Homem, experimentou nossa fraqueza e se ofereceu uma vez por todas em sacrifício por nós! Vede, irmãos: o nosso Salvador será também o nosso Juiz! Aquele que está à Direita do Pai e de lá virá em glória para levar à consumação todas as coisas é o mesmo que se ofereceu todo ao Pai por nós para nos santificar e nos levar à perfeição! Repito: nosso Juiz é o nosso Salvador! Quanta esperança isso nos causa, mas também quanta responsabilidade! Que faremos diante do seu amor? Que diremos àquele que por nós deu tudo, até entregar a própria vida para nossa salvação? Que amor apresentaremos a quem tanto e tanto nos amou? Pensai bem!
Hoje, a Palavra de Deus adverte: tudo estará debaixo do senhorio de Cristo! Por isso, numa linguagem de cores fortes e figuras impressionantes, Jesus diz que a criação será abalada pela sua Vinda: “O sol vai escurecer e a lua não brilhará mais, as estrelas começarão a cair do céu e as forças do céu serão abaladas”. Que significa isso? Que toda a criação será palco dessa Revelação da glória do Senhor, toda a criação será transfigurada e alcançará a plenitude no parto de um novo céu e uma nova terra onde a glória de Deus brilhará para sempre! O Senhor afirma ainda que também a história chegará ao fim e será passada a limpo. Cristo fala disso usando a imagem da grande tribulação, isto é, as dores e contradições do tempo presente, que vão, em certo sentido se intensificando neste mundo. Por isso mesmo, a primeira leitura, do Profeta Daniel, fala em combate e em tempo de angústia... É o nosso tempo, este tempo presente, que se chama “hoje”.
Amados em Cristo, estas leituras são muito atuais e consoladoras, sobretudo nos dias atuais, quando vemos o Cristo enxovalhado, o cristianismo perseguido e desprezado, a santa Igreja católica caluniada... Pensem no Código da Vinci, pensem nas obras de arte blasfemas e sacrílegas frequentemente expostas sem nome de uma pérfida liberdade, pensem nas freiras das porcas novelas da Globo, pensem no ridículo a que os cristãos são expostos aqui e ali, com cínicas desculpas e camufladas intenções, pensem nos valores cristãos que vão sendo destruídos, nas famílias destruídas pelo divórcio, pela infidelidade, pela imoralidade, pensem nos jovens desorientados pela falta de Deus, pela negação de todas as certezas e o desprezo de todos os valores, pensem, por fim, na vida humana desrespeitada pelo aborto, pela manipulação genética, pelas imorais e inaceitáveis experiências com células-tronco embrionárias com pretextos e desculpas absolutamente imorais... Não é de hoje, caríssimos, que a Igreja sofre e que os cristãos são perseguidos, ora aberta, ora veladamente... Já no longínquo século V, Santo Agostinho afirmava que a Igreja peregrina neste tempo, avançando entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus... O perigo é a gente perder de vista o caminho, perder o sentido do nosso destino, esfriar na vigilância, perder a esperança, abandonar a fé...
Caminhamos para o Senhor, caríssimos – tende certeza disto! O mudo vai terminar no Cristo, como um rio termina no mar; a história vai encontrar o Cristo, tão certo quanto a noite encontra o dia; nossa vida estará diante do Senhor, tão garantido quanto o vigia cada manhã está diante da aurora! Por isso mesmo, é indispensável vigiar e trazer sempre no coração a bendita memória do Salvador, a firme esperança nas suas promessas, a segura certeza da sua salvação! Vede bem: na Manifestação do nosso Senhor, ele nos julgará! Na sua luz, tudo será posto às claras: se é verdade que sua Vinda é para a salvação, também é verdade que todos quantos se fecharam para ele, perderão essa salvação. Caríssimos, nosso destino é o céu, mas estejamos atentos: o inferno, a condenação eterna, a danação sem fim, o fogo que devora para sempre, são uma real possibilidade para todos nós! Haverá um Juízo de Deus em Jesus Cristo, meus amados no Senhor: “Muitos dos que dormem no pó a terra despertarão, uns para a vida eterna, outros para o opróbrio eterno. Nesse tempo, teu povo será salvo, todos os que se acharem escritos no Livro”. Caríssimos, não brinquemos de viver, não vivamos em vão, não sejamos fúteis e levianos, não corramos a toa a corrida da vida! É o nosso modo de viver agora que decidirá nosso destino para sempre! Por isso mesmo, Jesus nos previne: “Em verdade vos digo: esta geração não passará até que tudo isto aconteça!” Em outras palavras: não importa quando ele virá – ele mesmo diz: “Quanto àquele dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai” -; importa, sim, que estejamos atentos, importa que vivamos de tal modo que, quando ele vier no momento de nossa morte, estejamos prontos para comparecer diante dele e diante dele estar no último Dia, quando tudo for julgado! O juízo que nos espera é um processo: começa logo após a nossa morte, quando, em nossa alma, estaremos diante do Cristo e receberemos nossa recompensa: o céu ou o inferno! E no final dos tempos, quando Cristo se manifestar em sua glória, nosso destino também será manifestado com toda a criação e o nosso corpo, ressuscitado no fim de tudo, receberá também a mesma recompensa de nossa alma: o céu ou o inferno, de acordo com o nosso procedimento nesta vida!
Meus caros, quando a Escritura Sagrada nos fala do fim dos tempos não é para descrever como as coisas acontecerão. Isso seria impossível, pois aqui se tratam de realidades que nos ultrapassam e que já não pertencem a este nosso mundo. Portanto, palavras deste mundo não podem descrever o que pertence ao mundo que há de vir... O que a Escritura deseja é nos alertar a que vivamos na verdade, vivamos na fé, vivamos na fidelidade ao Senhor... vivamos de tal modo esta nossa vida, que possamos, de fé em fé, de esperança em esperança, alcançar a vida eterna que o Senhor nos prepara, vida que já experimentamos hoje, agora, nesta santíssima Eucaristia, sacrifício único e santo do nosso Salvador que, à Direita do Pai nos espera como Juiz e Santificador. A ele a glória pelos séculos dos séculos. Amém.
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