Seu filho diferente
Pe. Zezinho, scj Foi bonito concebê-lo. Vocês dois o queriam, mais do que qualquer riqueza. E foi um mar de felicidade a notícia da gravidez, até aquele dia da outra notícia. Santo Deus, como doeu lá dentro! Sim, seriam pais, mas, pais de uma criança diferente. Síndrome de Down. Não fosse a paz do médico, da enfermeira, dos pais, não fosse a palavra serena do padre e dos amigos, não fosse aquele casal que também passou por isso, não fosse o pai e a mãe que vocês já eram, tudo seria dor e tragédia. Não foi... Ele nasceu. E aquele rostinho diferente, aqueles olhinhos diferentes, aquele serzinho humano e feliz iluminou vocês a cada gesto que fazia. Ensinou-lhes o sentido da esperança e a definição mais clara de pessoa. Às vezes, ainda doem algumas perguntas estranhas ou gesto imaturos; aquele casal insensível que olha e fala bobagem, aquela criança, ou aquela mocinha, que não sabem como acolher o mistério. Mas, vocês sabem que seu filho é diferente, apenas diferente. Anormal, nunca! Não mesmo! Ele chora, responde, ri, abraça e beija, e ama e ri, chora e reage. E compreende e apreende. Se é mais devagar que os outros, que importância tem? O que conta ele tem: uma carga de amor enorme. Afinal, o que é ser um ser humano? Seja qual for a definição, ele preenche todos os requisitos. E pelo que vocês já viram, em certos aspectos, vai além do normal. É capaz de muito mais amor do que muita gente de físico e cérebro perfeitos. Aqueles olhos amendoados e aquele rosto redondo, aquele jeito de andar não mudam o fato de que seu filho é pessoa inteira. Inteira e linda! Sem exagero nem favor algum. É feliz e os faz felizes. Depois dele, todos, todos os familiares, sem exceção, ficaram mais humanos e mais meigos. Ele fez isso! Por isso, vocês hoje assumem qualquer cansaço: por ele, tudo vale a pena. Seu filho é um ser iluminado. Vocês, que vivem com ele, sabem muito mais a respeito de luz. Doeu e ainda dói, mas, louvado seja Deus! Afinal, diante do seu infinito mistério, somos todos portadores da mesma síndrome. Somos todos diferentes... com a diferença que, às vezes, amamos infinitamente menos do que esses olhos amendoados e profundos. Se faz sentido? Eles acham que faz. Nunca vi um deles que fosse! E os seus pais costumam ser lindos, pacientes e sábios. Vocês, por exemplo! Agora, só falta-lhes uma coisa: abrir a boca e falar! O mundo precisa ouvir vocês sobre o que é humanidade. Disso, vocês entendem. Aqueles olhos são seus diplomas! www.padrezezinhoscj.com Comentários para: online@paulinas.com.br |
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