Blog Alma Missionária

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domingo, 28 de outubro de 2012


JONAS E A BALEIA

Divaguemos e interpretemos. Não imagino que algum pregador estudioso de hoje sustente que de fato uma baleia engoliu Jonas e depois o cuspiu na praia, da mesma forma que nenhum pregador que estuda a linguagem bíblica dirá que foi naquela exata curva de estrada perto de Jerusalém que o bom samaritano acolheu o homem ferido. Já vi um pregador cheio de mensagens espetaculares mostrar, numa foto que tirou na sua viagem, o exato lugar do acontecimento!… É, pois é! Parábolas viram fatos quando não as aceitamos como são: histórias que ajudam a pensar a vida e a fé.
Pois não é que Jonas, o profeta rebelde e deprimido não quis ir a Nínive e fugiu de sua missão, escondendo-se no bojo de um navio que o levou a Tarsis? Jogado ao mar, foi engolido por um cetáceo e passou três dias e três noites naquela escuridão. Põe depressão nisso.
Mas o contumaz profeta heroicamente não parou de fugir de si mesmo. Orou ao Senhor que o matasse. Era melhor do que ter que profetizar. Em resumo: Jonas não queria nada com nada porque nada estava bom para ele!
Deus lhe deu mais uma chance e o mandou para Nínive, aonde ele já deveria ter ido a pregar o que já deveria ter pregado. Era ou… ou… Isto! As coisas não seriam do jeito do profeta e ponto final!
Então Jonas foi, e trágico como sempre, pregou horrores e anunciou o fim da cidade pecadora: o castigo viria. Mas Nínive se penitenciou e o castigo não veio porque Deus dialoga, tem compaixão e perdoa. Jonas não gostou! Como? Deus não fez acontecer o que ele predissera? Outra vez entrou em crise. O incorrigível Jonas, mesmo tendo visto o milagre de um pé de abóbora que cresceu numa tarde a ponto de suas folhas lhe darem sombra tornou a brigar Deus porque no dia seguinte a aboboreira secou. Que Deus era esse que dizia uma coisa e fazia outra? O temperamental profeta outra vez teve uma crise. Desmaiou e, ao voltar a si, adivinhem o que pediu? A morte… O sujeito definitivamente não se adaptava. Então Deus lhe deu a lição da misericórdia. Se Jonas quis que a aboboreira tivesse tido uma chance, por que Deus não daria uma chance a Nínive?
O livro não vai adiante. Nem precisa. Foi escrito para mostrar que profetas não podem ser maiores do que a profecia, nem mensageiros maiores do que a mensagem. Podemos até fugir do nosso chamado ou deturpar seu conteúdo em favor de nossos projetos, mas a lição é clara: ou engolimos nosso orgulho do tamanho de uma baleia ou nosso orgulho nos engole. Pregar exige renúncias!

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