JESUS CRISTO PARCELADO
O padre piedoso e sincero falava aos pés ensanguentados, as mãos ensanguentadas, à cabeça ensangüentada de Jesus. Pela frases que enunciava ficou claro que não falava com Jesus e sim com aquela parte dele. Orou também às santas lágrimas do Cristo e ao precioso sangue que gotejou da cruz. Voltara ao passado e ao invés de falar com a pessoa de Jesus falava com partes dele. Ninguém de nós faz isso com um amigo. Falamos com ele e não com seus pés.
Lembrei-me do dia em que, num retiro, um pregador me alertou contra esta maneira dicotômica de rezar. Daquele dia em diante orei a Jesus cujo coração bateu por nós e não ao coração de Jesus que bateu por nós. Eu sei que é linguagem simbólica, mas sei também que há milhões de pessoas que têm enorme dificuldade de entender que, ao orarmos às mãos, aos pés ou à cabeça, estávamos querendo orar a Jesus que sofreu golpes naqueles órgãos.
Pregador que sou, decidi ser bem mais claro, começando comigo e depois externando esta linguagem para que o povo compreenda que Jesus não foi esquartejado e que seus pés, suas mãos, seus olhos e seu coração não estão separados de seu corpo glorioso.
Nem nos damos conta que de certa forma existe uma devoção ao Cristo esquartejado. Como aquele piedoso padre, às vezes oramos às partes de Jesus como se elas existissem independentes dele. Não é nada incomum ouvir católicos orando a alguma parte de Jesus. Fiz a reflexão e optei por seguir a catequese católica em plenitude. Então agora eu oro a Jesus dizendo:
- Ó Jesus cujo coração foi transpassado por mim. Ó Jesus vosso sagrado coração bateu por nós. E aconselho outros católicos a orarem- Oh Jesus cujas mãos ensangüentadas traduzem o vosso sofrimento por nós,
Decidi não Mais orar às partes de Jesus como se fossem separadas dele. Assim fica mais claro para quem me ouve.
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