Blog Alma Missionária

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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013


São Paulo E A Criação Dos Anjos

São Paulo e a criação dos Anjos

     Catedral+de+São+Paulo+-+SP+-+Carniato[1]

 

A presença dos Anjos na vida de São Paulo mostra-nos a ampla dimensão do seu coração. Paulo foi ameaçado de morte pelos homens e pelas forças extremas da natureza, e foi confortado pelo seu Anjo; “foi arrebatado até o terceiro céu”(2Cor 12,2), e ficou comovido com os gemidos de toda a criação(cf. Rm 8,22).
Mesmo a perspicácia objetiva do seu raciocinar tem algo de uma experiência mística. Quanto ao tempo, por lado, olha para frente, para a segunda vinda de CRISTO, e por outro, para trás, para a criação, feita n’Ele e por Ele.
1 - “N’Ele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as… visíveis e as invisíveis”(Cl 1,16)
 Na carta aos Colossenses, São Paulo oferece-lhes um belo hino a CRISTO e ensina-nos acerca da criação dos Anjos:
Ele é a imagem de DEUS invisível, o Primogênito de toda criação. N’Ele foram criadas todas as  coisas nos céus e na terra, as criatura visíveis e as invisíveis. Trono, Dominações, Principados, Virtudes: tudo foi criado por Ele e para Ele. Ele existe antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem n’Ele. (Cl 1,15-17)
 Noutra ocasião, ele retira do Salmista duas imagens que expressam o amor, a submissão e a boadisposição dos Anjos: “A respeito dos Anjos, diz: <Ele faz dos Seus Anjos sopros de vento e dos Seus Ministros chamas de fogo>”(Hb 1,7; cf. Sl 103,4). São Paulo refere-se à criação dos Anjos, mas fá-lo precisamente para maior glória e louvor do seu Senhor e DEUS.
No solene hino já mencionado dedicado a CRISTO, ele expressou a sua fé em CRISTO como o verdadeiro e eterno FILHO de DEUS, que é, juntamente com o PAI e o ESPÍRITO SANTO, divino,  eterno e onipotente, o único Criador de todas as coisas, “ n’Ele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as criaturas visíveis e invisíveis…tudo foi criado por Ele e para Ele. Ele existe antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem n’Ele” (Cl 1,15-17). (Cf. a expressão semelhante em HB 1,1-3: “Muitas vezes e de diversos modos outrora falou DEUS aos nossos pais pelos profetas. Ultimamente nos falou por Seu FILHO, que constituiu herdeiro universal, pelo qual criou todas as coisas. Esplendor da glória (de DEUS) e imagem do Seu ser, sustenta o universo com o poder de Sua palavra. Depois de ter realizado a purificação dos pecados, está sentado à direita da Majestade no mais alto dos céus”)
 A formulação “céu e a terra” lembra-nos o próprio início da Sagrada Escritura: “ No princípio, DEUS  criou os céus e a terra”(Gn 1,1). São Paulo faz um apelo a toda a criação para dar testemunho da grandeza e Majestade de JESUS: a Igreja expressa isto solenemente na Liturgia da festa dos santos Anjos:
 Senhor, PAI santo, DEUS eterno e todo-poderoso. É a Vós que glorificamos, ao louvarmos os Anjos, que criastes e que foram dignos do Vosso amor. A admiração que eles merecem nos mostra como sois grande e como deveis ser amado acima de todas as criaturas.(Missal Romano, Prefácio dos Anjos)
É bom reconhecer que a Liturgia é primeiramente caracterizada por esta orientação: a honra e a glória de DEUS : “ Por CRISTO, com CRISTO, em CRISTO, a Vós, DEUS PAI todo-poderoso, na unidade do ESPÍRITO SANTO, toda a honra e toda a glória, agora e para sempre” (Missal Romano).
Cada criatura, só pelo simples fato de existir, dá testemunho da grandeza de DEUS, da Sua sabedoria e potência infinitas, do Seu amor e da atenção que dedica, tanto às coisas maiores como às mais pequeninas.
 2 – Os Anjos na presença de DEUS
 Pode ser uma surpresa escutar que São Paulo recorre aos ”céus”, isto é, aos puros espíritos, para descrever e explicar quem é CRISTO. No entanto, ao descrever a Encarnação de CRISTO aos Filipenses, ele termina igualmente com uma exortação universal:
Por isso DEUS O exaltou soberanamente e Lhe outorgou o nome que está acima de todos os   nomes, para que ao  nome de JESUS se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. E toda língua confesse, para a glória de DEUS PAI, que JESUS CRISTO é Senhor.(Fl 2,9-11)
 A) “Na presença do Senhor” (Tb 12,15)     
 Que testemunho maior poderemos encontrar a favor de CRISTO do que este: a humildade e a alegre adoração dos puros espíritos e a sua disposição abnegada para assumir todo e qualquer serviço pelo Seu amor! São Paulo não os descreve de modo mais pormenorizado, mas São João dá-nos uma idéia do que são, descrevendo um deles como “revestido de uma nuvem e com o arco-íris em torno da cabeça. Seu rosto era como sol, e as suas pernas como coluna de fogo”(Ap 10,1;cf. Ez 10,2-3)
Os santos Anjos dobram os joelhos diante de DEUS e diante de CRISTO, o FILHO de DEUS.  Estão cheios de santo  temor e nada desejam conhecer senão o seu Senhor e DEUS. “Estar na presença de DEUS” é como que o bilhete de identidade dos Anjos fiéis.
São Rafael disse a Tobit e a seu filho: “Eu sou o Anjo Rafael, um dos sete que assistimos na presença do Senhor”(Tb 12,15). São Gabriel, por sua vez, afirmou: “Eu sou Gabriel, que assisto diante de DEUS”(Lc 1,19); e o próprio JESUS confirma: “seus Anjos no céu contemplam sem cessar a face de Meu PAI que está nos céus”(Mt 18,10).
Isaías viu os Serafins com “o Senhor sentado num trono…Os Serafins se mantinham junto d’Ele…Suas vozes se revezavam e diziam: <Santo, santo, santo é o Senhor DEUS do universo! E terra inteira proclama a Sua glória!>” (Is 6,1-3). Quanto aos Querubins, o próprioDEUS indicou a Moisés como ele deveria fazer o propicatório:
Farás dois querubins de ouro, e os farás de ouro batido, nas duas extremidades da tampa, um de um lado e outro de outro, fixando-os de modo a formar uma só peça com as extremidades da tampa. Terão esses querubins suas asas estendidas para o alto, e protegerão com elas a tampa, sobre a qual terão a face inclinada. Colocarás a tampa sobre a arca e porás dentro da arca o testemunho que Eu te der. (Ex 25,18-21)
São João também escreve: “Eu vi os sete Anjos que assistem diante de DEUS”(Ap 8,2). Na sua provação, a decisão que os Anjos tomaram foi precisamente esta: ficar ou não ficar servindo na presença de DEUS, dar-Lhe ou não a honra devida na adoração, dobrar ou não os joelhos diante de CRISTO, o FILHO eterno, um com o PAI. Os santos Anjos querem ser e são a Sua glorificação viva, pois “toda língua”, também a dos Anjos, confessa que JESUS CRISTO é Senhor”(Fl 2,11).
B) “Anda na Minha presença e sê íntegro”(Gn 17,1)
 São Paulo ensina: “Tronos, Dominações, Principados, Virtudes: tudo foi criado por Ele e para Ele”, todos “subsistem n’Ele (Cl 1,16-17). Esta visão tão fundamental não é nova. Já os Patriarcas tinham compreendido isto. Eles entenderam que a vida deve ser um “caminho na presença de DEUS” e transmitiram isto através da história como um ideal que se tornou sinônimo de ser santo. Diz-se isto, pela primeira vez, de Henoc, que “andou com DEUS”(Gn 5,22); depois de Noé (cf. Gn 6,9) e Abraão: “O Senhor apareceu-lhe e disse-lhe:<Eu sou o DEUS Todo-poderoso. Anda em Minha presença e sê íntegro>”(Gn 17,1).
No livro do Gênesis faz-se, por duas vezes, referência a este ideal: Disse Abraão ao seu servo:” O Senhor…em cujo caminho sempre andei, mandará o seu Anjo contigo e fará bem-sucedida a tua viagem”(Gn 24,40) e Jacó no fim da sua vida, “abençoou José, dizendo: <O DEUS em cujo caminho andaram meus pais Abraão e Isaac… o Anjo que me tem livrado de todo mal, abençoe estes meninos!>”(Gn 48,15ss – Cf. também 1Rs 8,25; 2rs 20,3; 2Cr 6,16; Ez 28,14). Viver na presença de DEUS quer dizer estar perto dos Anjos e ser beneficiado com todo o Seu amor e atenção, ou como diz o salmista: “há abundância de alegria junto de Vós, e delícias eterna à Vossa direita”(Sl 15,11).
Sem dúvida, São Paulo é fiel a esta tradição; ele não vê os Anjos senão na sua entrega total a DEUS, por CRISTO ao PAI, dobrando os joelhos e confessando para a Sua glória. Isto contribuiu também para o seu fervor ardente por DEUS. Quando descobriu em Atenas o altar dedicado ao DEUS desconhecido, imediatamente falou aos Atenienses que o “DEUS, que fez o mundo e tudo o que nele há, é o Senhor do céu e da terra…é Ele quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas…Ele não está longe de cada um de nós. Porque é n’Ele que temos a vida, o movimento e o ser”(At 17,24-28 – Cf. Rm 1,19-20. Acerca desta criação de Sênera: cf. BENTO XVI, Audiência 2 de julho 2008).
DEUS é grande, infinito e, apesar disso, está próximo de nós. Tudo está patente aos olhos d”Aquele que sonda “os corações e os rins”(Sl 7,10) e todos terão de prestar contas a Ele.
3- Criados para a adoração
Saber-se criados e aceitar que subsistimos n’Ele leva à adoração de DEUS. De fato, São Paulo aponta para os Anjos fiéis: “Adorem-n’O todos os Anjos de DEUS” (Hb 1,6). A sua comunhão com os Anjos fê-lo entender que esta resposta Angélica devia ser uma luz para o homem, que também tem de reconhecer DEUS como seu Criador e dar-Lhe uma resposta perfeita. No fim de sua apresentação de JESUS, Paulo admoesta os Filipenses: “trabalhai na vossa salvação com temor e tremor…Porque é DEUS quem, segundo o Seu beneplácito, realiza em vós o querer e o executar”(Fl 2,12-13). Ele mesmo treme de santo temor na presença de DEUS, até mais concretamente “diante de DEUS e de CRISTO JESUS e dos Anjos escolhidos”(1Tm 5,21).
Segundo as palavras do Apóstolo deveríamos orar sem cessar por gratidão, pois, “que é que possuis que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não tivesse recebido?”(1Cor 4,7). Por isso: “não cessamos de dar graças a DEUS por todos vós” (1Ts 1,2), “vivei sempre contentesOrai sem cessarEm todas as circunstâncias dai graças, porque esta é a vosso respeito a vontade de DEUS em JESUS CRISTO”(1Ts 5,16-18). “Sede…perseverantes na oração”(Rm 12,12), “orai em toda circunstância, pelo ESPÍRITO, no qual perseverai em intensa vigília de súplica”(Ef 6,18), porque “fomos escolhidos, predestinados…para servirmos à celebração de sua glória”(Ef 1,11-12).
No entanto não somente os cristãos, mas todos os homens devem prestar culto a DEUS:
Quanto aos pagãos, eles só glorificam a DEUS em razão de Sua misericórdia, como está escrito: “Por  isso, eu Vos louvareis entre as nações e cantarei louvores ao Vosso nome”. Noutro lugar diz: “Alegrai-vos, nações, com seu povo” E ainda diz:”Louvai ao senhor, nações todas, e glorifica-O, todos os povos”! Isaías também diz:”Da raiz de Jessé surgirá um rebento que governará as nações; nele esperarão as nações”(Rm 15,9-12).
Este texto da Carta aos Romanos aponta, segundo o Santo Padre Bento XVI, à “liturgia cósmica, em  que o próprio mundo dos homens deve tornar-se adoração de DEUS e oblação no ESPÍRITO SANTO. Quando o mundo no seu conjunto se tornar liturgia de DEUS, quando na sua realidade se tornar adoração, então terá alcançado a sua meta”; por isso, devemos tornar-nos “verdadeiros liturgistas de JESUS CRISTO” (BENTO XVI, Homilia, 29 de junho de 2008)
A criação dos Anjos, a sua existência e a sua adoração, lembram-nos que também nós existimos para glorificar a adorar DEUS, para reconhecê-l’O “ como DEUS, como o Criador e o Salvador, o Senhor e o Dono de tudo o que existe, o Amor infinito e misericordioso” (Catecismo da Igreja Católica, 2096s).Existimos e vivemos para a Sua maior glória. “Nós Vos louvamos pela Vossa imensa glória”(cf. o Glória da santa Missa). E não somente nós, mas toda a criação que DEUS confiou aos cuidados dos Seus Anjos, como veremos ainda, encontrará com eles, mais perfeitamente a sua meta.
Isto é, sem dúvida, a visão do nosso Apóstolo que sempre vê toda a criação junta ou unida “no céu, na terra e nos infernos. E toda língua confesse, para a glória de DEUS PAI, que JESUS CRISTO é o Senhor”( Fl 2,9-11). Assim também “venceu” o gnosticismo que proclamava que proclamava uma liturgia (adoração) dos espíritos. Para São Paulo nada é mais claro do que isto: em CRISTO, por Ele e para Ele, todas as coisas foram criadas, no céu e na terra e todas elas subsistem n’Ele.
Deriva daqui a forte chamamento a sermos santos, a andarmos na presença de DEUS, a orarmos sem cessar. Já podemos contemplar esta vida realizada nos santos Anjos: olhar para eles e para o seu maior conhecimento animam a ansiedade do homem para a sua vocação.
Antes de enviar os Apóstolos em missão, JESUS designou-os “para ficar em Sua companhia”(Mc 3,14; cf.Jô 12,26; 17,24). Assim seriam como os santos Anjos que “caminham sempre em DEUS” (BENTO XVI, Homilia, 11 de setembro de 2006; cf. Homilia, 29 de setembro de 2007). Estando conscientes de que o agir se segue ao ser e que a alma de todo o apóstolado é intimidade com DEUS”(Cf. CONGREGAÇÃO PARA O CLERO, Adoração eucarística pela santificação dos Sacerdotes e maternidade espiritual, 8 de dezembro de 2007 em ID., Projeto de adoração eucarística e maternidade espiritual WWW.clerus.org),estendamos as mãos para os santos Anjos que estão na presença de DEUS, para que, por CRISTO, nos conduzam ao PAI. E o PAI que deu início a esta boa obra, “lhe dará o acabamento até o dia de JESUS CRISTO”(Fl 1,6)                       (livro : “Entre Anjos e demônios”  -Testemunho e doutrina de São Paulo – Titus Kieninger  ORC)

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